Nosso Salmo Messiânico anterior foi o Salmo 72, e
o tema foi: uma oração de Salomão para
que seu reinado seja caracterizado por:
justiça (vv.1-4), paz (vv.5-7), poder (vv.8-11), compaixão (vv.12-15), e prosperidade (vv.16-17). As notas finais do livro, são de louvor (vv.18-20) e encerram o Segundo Livro de
Salmos.
Nosso Salmo Messiânico, de hoje, é o Salmo 89. Ele é terceiro salmo mais
longo da Bíblia, o primeiro e o 119 e o segundo o 78. “É considerado um salmo
messiânico porque descreve a aliança eterna entre Deus e Davi, o qual tem sua
validade e seu cumprimento definitivo somente em Jesus Cristo”[1].
As referências são: Salmo 89.3, 4 – Lucas 1.31-33; Salmo 89.20-29 – At 13.34;
2Tm 2.8.
O autor desse salmo é Etã, o que, “de acordo com
o dicionário de nomes de Abraham Meister, significa Deus é durabilidade, persistência. Não foi por acaso que este
salmo, que fala da aliança eterna de Deus com Davi, foi escrito por um homem
com esse nome”[2].
Basta
conhecer um pouco do Antigo Testamento para que se identifique essa aliança
estabelecida por Deus para com seu servo Davi, conhecida como “aliança
davídica” (2Sm 7.11-16 cf. Sl 89.3). Ela previa um reinado perpétuo da
dinastia de Davi sem, contudo, ignorar o pecado dos seus descendentes.
Entretanto, a certeza da perpetuidade do trono davídico superava qualquer
incerteza baseada na disciplina temporal dos reis de Judá e até no hiato
temporal que envolveu a queda desse trono.
Esse
salmo foi escrito em tempos de disciplina de um rei de Judá, descendente de
Davi. O trono israelita sofreu um golpe (v.38) e os palácios e fortalezas reais
foram derrubados (v.40). Tudo ao redor promove sofrimento e desesperança no que
tange ao futuro da monarquia israelita. Mas é justamente nessa situação que os
efeitos da promessa de Deus se fazem sentir no meio do seu povo. Assim, o
salmista Etã olha para a aliança e vê nela alguns atributos de
Deus ligados ao cumprimento daquilo que Deus garantiu realizar.[3]
Nosso
estudo de hoje enfatizará os atributos de
Deus que garantem o cumprimento das suas promessas nas Escrituras, não somente
na aliança davídica, mas em todas as suas alianças e dispensações.
Esses
atributos são: 1º) Fidelidade – vv.1-5; 2º) Poder – vv.6-18; 3º) Bondade – vv.19-29; 4º) Graça – vv.30-37; 5º) Santidade – vv.38-51; e 6º) Glória – v.52.
I. Fidelidade no cumprimento da promessa
– vv.1-5
Certamente,
a palavra “fidelidade” recebe um destaque especial no salmo, sendo utilizada
nada menos que sete vezes (vv.1, 2, 5, 8, 24,
33, 49).
Se
essa verdade é afirmada ao longo de todo o salmo, os primeiros versículos do
texto a enfatizam sem parcimônia, não apenas pelo uso da palavra “fidelidade”,
mas pela afirmação das consequências naturais de Deus ser fiel.
Uma
das consequências da fidelidade do Senhor é o tempo de duração do cumprimento
da promessa – “para sempre” (v.2)
v.3 – foi uma aliança pessoal!
A
ênfase pretendida não deixa que o salmista fale disso apenas uma vez nesse
trecho inicial (v.4): “A tua semente estabelecerei para
sempre” – adiante daqui, a palavra traduzida como “para sempre” reaparece nos vv.28, 36, 37, 52.
Outro
modo, ainda no v.4,
de afirmar a perpetuidade do cumprimento da promessa é dizer que o trono seria
estabelecido “de geração em geração”. Por essa causa, também o louvor a Deus
duraria para sempre e por todas as gerações (v.1, 5).
II. Poder para garantir o prometido –
vv.6-18
O
salmista afirma a supremacia do Deus verdadeiro e único, ao qual nada, nem
ninguém pode se igualar (v.6).
Ele
é superior aos anjos, pelo que eles o temem e louvam (vv.6, 7).
Seu
poder controla tudo que existe (vv.8, 9) e a grandeza da criação revela a
ausência de limitações no Criador (vv.11, 12).
Esse
poder se revela soberano também sobre a história das nações e dos exércitos (vv.10, 13-18).
Olhando
sob esse prisma, o salmista vai interpretar as tragédias dos seus dias como
“propósitos de Deus” e não como efeito de “incapacidade divina de dominar a
história”. É baseado nessa mesma visão que o salmista – e todos nós – pode
confiar na promessa de Deus a na fidelidade do seu cumprimento.[4]
III. Bondade concedida ao seu povo no
cumprimento da promessa – vv.19-29
v.19 – Se o assunto é a aliança de Deus com Davi, o texto lembra que nem
sempre Davi foi grande. Davi foi escolhido por Deus do meio do povo e elevado a
realeza.
Ao dizer “dentre o povo”, a ideia é que Davi não era
diferente dos demais, a não ser no fato de Deus o ter separado para realizar
nele seus planos benéficos. Por isso, o que sobressai aqui não são as
qualidades do rei, mas a bondade de Deus rendida a ele.[5]
A
generosidade divina para com o menino que se tornou rei se revelou na nomeação
real pelo Senhor (v.20), na capacitação para o cargo (v.21),
no sucesso militar (vv.22, 23), no crescimento como servo de
Deus e como rei distinto na história (vv.24-27) e na aliança perpétua que Deus fez
com ele (vv.28,
29).[6]
IV. A graça de caráter incondicional no
cumprimento da promessa – vv.30-37
vv.30, 31 – Não havia nada em Davi e na sua posteridade que os
fizesse merecer essas inauditas bênçãos de Deus. O salmista vai assegurar que
merecimento não é a causa das bênçãos, mas, sim, a promessa divina. Notamos
isso quando o salmista relata a previsão da infidelidade dos descendentes de
Davi que se assentariam em seu trono.
v.32 – Mas, quando isso ocorresse, haveria punição.
v.33 – Contudo, a promessa do trono perpétuo nunca perderia
seu valor e Deus nunca desistiria de cumpri-la (2Sm
7.15).
vv.34-37 – Assim, o cumprimento da promessa de Deus não estava
atrelado ao merecimento da descendência de Davi, mas ao caráter fiel do próprio
Senhor, demonstrando coerência entre o conceito da graça, favor imerecido de Deus, e a incondicionalidade, ou seja, ausência de condições favoráveis no
homem que levem Deus a beneficiá-lo.[7]
V. Santidade no tratamento com o seu
povo – vv.38-51
v.38, 39 – O fato de Deus estar disciplinado o povo de modo
severo, não significa que tenha se tornado infiel ou tenha desconsiderado a
aliança que fez. Pelo contrário, continua sendo fiel ao que prometeu, já que
previu punição aos pecados.
Deus, em sua santidade, não pode aceitar o pecado como
se fosse algo normal,
nem pode conviver com a iniquidade. Portanto, apesar
da certeza do cumprimento da promessa de um trono davídico permanente, os dias
do salmista foram marcados pela disciplina aos pecados do rei de Judá.
Isso
foi sentido na ira de Deus contra o rei dos dias do salmista (v.38),
na queda e destruição das fortalezas reais (v.40), no seu
escarnecimento pelos inimigos vitoriosos (vv.41-44) e no seu
sofrimento e perda de alegria figurados por um envelhecimento precoce (v.45).
Eis
a razão do clamor do escritor pela mudança da sorte de Israel baseado na
esperança de uma restauração futura (vv.46-51).[8]
VI. Glória de Deus no cumprimento da
aliança prometida – v.52
A
expressão “Bendito seja o Senhor” é utilizada para louvar a Deus diante da
revelação do seu caráter e da aplicação do seu poder e graça.
Não
se trata de mera constatação histórica, mas da percepção da glória majestosa de
Deus, a qual leva o homem a se curvar em louvor diante dele. Essa consciência
no salmista é tão grande quanto seu impulso de adorar o Senhor, pelo que encerra
o versículo bradando “Amém, e amém”, atestando a exatidão de toda a verdade a
respeito da fidelidade gloriosa do soberano.
Concluindo
Nós,
filhos de Deus, não somos descendentes da linhagem real de Davi, mas não
poderia haver maior relevância desse salmo para nossas vidas. Isso porque o
cumprimento da promessa da perpetuidade da descendência real de Davi se cumpre
na volta de Cristo, filho de Davi segundo a carne (Rm
1.3), para estabelecer o reino prometido (Lc 1.32), trazer julgamento sobre a impiedade e
promover justiça e paz no mundo (Is 42.1-4; Mt 25.31, 32;
At 17.31; Ap 19.11). Além de trazer ao mundo a justiça que ansiamos
e aguardamos, por sua graça tomaremos parte nessa tarefa real e na herança de
Cristo (Rm 8.17; 1Co 6.3; 2Tm 2.12; Ap 5.10).[9]
Por
isso, ainda que vivamos em dias nos quais a promessa, apesar da sua
confiabilidade, ainda não se vê em pleno cumprimento, não desanimemos de
esperar, nem de viver como quem aguarda a vida gloriosa. Antes, nos encorajemos
mutuamente e renovemos, a cada dia, nossa fidelidade para com o Deus fiel. E,
como quem vai reinar, sigamos o mesmo caminho do nosso rei, que seguiu primeiro
para a cruz para, posteriormente, subir ao trono.
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 01/09/13
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