sábado, 29 de março de 2014

Nono Mandamento

Êxodo 20.16

No estudo anterior, o oitavo mandamento:

ð  Vimos que, o mandamento apresenta nossa obrigação moral para com o nosso próximo no tocante ao dinheiro e à propriedade. Proíbe a apropriação dos bens alheios e exige a preservação dos bens e propriedades do próximo. Significa não possuir coisa alguma que não tenha sido obtida por meios lícitos e honestos.

ð  Vimos, também, as práticas pecaminosas proibidas no oitavo mandamento tanto no contexto do Antigo com do Novo Testamento: Furto ou roubo; Sequestro e tráfico de seres humanos; Negócios desonestos e injustiça social; Má administração de recursos: acúmulo e desperdício.

ð  E os deveres exigidos pelo oitavo mandamento: Confiança na providência divina; Proteção dos bens e da propriedade; Trabalho, negócios honestos e socorro material dos necessitados; e Moderação, simplicidade e frugalidade.

ð  Terminamos afirmando que o oitavo mandamento diz muito sobre quem somos e, ao invés de caminharmos voltados para a satisfação de nossas próprias ambições, podemos prosseguir respeitando-nos, auxiliando-nos mutuamente e sustentando a causa divina.

Nosso estudo de hoje é sobre o nono mandamento – Êxodo 20.16 – Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

No nono mandamento, juntamente com o terceiro, somos lembrados de que as nossas palavras têm consequências emocionais, sociais e espirituais. “O que dizemos pode preservar, defender, condenar ou destruir uma pessoa. Mais ainda, pode dividir ou unir uma comunidade. A língua estremece, pulveriza ou fortalece relacionamentos. Somos convocados por Deus a testemunhar em favor do que é verdadeiro e bom”.[1]

Está claro, pelo seu contexto, que o nono mandamento “é mais uma maneira de expressarmos amor ao nosso próximo; neste caso, preservando a sua honra por meio de nossas palavras”.[2]

A observância do nono mandamento contribuirá para a harmonia no convívio social, pois ninguém deve causar dano ao próximo por meio de palavras proferidas por sua boca, antes, deve fazer uso de palavras para falar bem e a verdade para todos.

Observemos agora as proibições e os deveres contidos no nono mandamento:

I. Proibições do nono mandamento

1. A mentira – A mentira não deve fazer parte da vida do cristão – Lv 19.11; Pv 12.22; Sl 119.163; Pv 30.3. O compromisso do crente é com a verdade – Cl 3.9; Ef 4.25.

2. Juízos falsos e calunias – Esse mandamento alerta para a cautela que o cristão deve ter quando abrir a sua boca para se referir ao seu próximo. Ninguém deve manchar a reputação de seu próximo com juízos falsos, principalmente em público. (cf. Lv 19.15; Pv 19.5; 6.19; Sl 15.3)

3. Boatos falsos, fofocas e tagarelices – Todos os boatos sem fundamento, fofocas e conversas infrutíferas que visam prejudicar a reputação de alguém são modos de quebra o nono mandamento. (cf. Tg 4.11; Tt 3.2; Pv 16.28; Lv 19.16; 1Co 15.33)

4. Insultos, xingamento e maledicência – O insulto é uma maneira de violência, por palavras, contra alguém que visa destruir sua reputação e acabar com sua vida. Jesus proibiu o insulto, pois o considerou, figuradamente, uma forma de assassinar uma pessoa – Mt 5.22. O termo usado por Jesus aqui é racá e traduz todo o espírito do insulto que significa dizer que uma pessoa não vale nada ou é um nada.

5. Falsidade e falsos profetas – Aqui temos a proibição tanto dos que mentem para depreciar a reputação de alguém quanto aos bajuladores. (cf. Sl 12.2; Lc 18.11) Uma coisa para o que se deve atentar aqui, também, é para aqueles que tentam depreciar o próprio Deus, os falsos profetas – Jr 14.13-15.

II. Deveres do nono mandamento

1. Amar e falar a verdade – Uma das evidências de obediência cristã quanto ao nono mandamento é o amor à verdade, sempre. “Quem ama de fato a Deus e ao próximo como a si mesmo deve ter sua real satisfação em falar a verdade”.[3] (cf. 1Co 13.6; Ef 4.29; Cl 3.9, 10; Mt 5.37)

2. Zelar pela boa reputação do próximo – Os cristãos são chamados a defender a verdade de Deus, a defender uns aos outros e a não se calarem diante de mentiras proferidas contra eles e contra a Igreja de Jesus Cristo. (cf. Rm 2.2; 1Co 5.8; 2C0 13.8; Ef 5.9; Fp 4.8; Tg 3.14)

3. Domínio próprio – Essa é uma das virtudes cristãs que mais está relacionada ao nono mandamento – Gl 5.23; Tg 3.1-12.

Concluindo

O puritano Thomas Brooks (1608-1680) disse o seguinte: “... nós conhecemos os metais pelo som que produzem e os homens por aquilo que falam!”. Na verdade, as palavras que saem da boca de um homem são uma expressão bem clara de quem ele é de fato. Deus se preocupa muito com as palavras que proferimos por isso ele nos deu o nono mandamento.[4] (cf. Mt 12.34; Mt 12.36, 37)

Termino citando o Catecismo de Heidelberg, pergunta 112O que é exigido no nono mandamento?

Que eu não dê falso testemunho contra ninguém, e nem falsifique as suas palavras; que eu não seja mexeriqueiro ou caluniador; que eu não julgue, e nem ajude a condenar qualquer homem de modo leviano e sem que ele seja ouvido; mas devo evitar todo tipo de mentiras e enganos como obras próprias do diabo, para que eu não caia sob a pesada ira de Deus; do mesmo modo, que em julgamento e em qualquer outra ocasião, devo amar a verdade, falar a verdade e confessá-la francamente; também eu devo defender e promover, tanto quanto puder,a honra e a boa reputação do meu próximo.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 29/03/14




[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 25.
[2] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 11, p. 50.
[3] Ibid., p. 52.
[4] Ibid., p. 50.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Oitavo Mandamento

Êxodo 20.15

No estudo anterior, o sétimo mandamento:

ð  Vimos que, o sétimo mandamento revela o padrão de Deus para a pureza da mente e do corpo, bem como da fidelidade pactual.

ð  Enfatizamos que, na busca de uma liberdade anárquica e em busca de realizações egoístas, o ser humano substitui o Deus verdadeiro por um falso. Do mesmo modo, alegando que merece ser feliz pisa o cônjuge e troca-o por outra pessoa que o satisfaça. Em ambos os casos deixa de amar o real para abraçar o imaginário, ilusório e passageiro.

ð  Observamos como guardar a nossa mente e o nosso corpo do adultério de modo prático: 1º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se vê; 2º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se ouve; 3º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se lê.

ð  E concluímos afirmando que, para os verdadeiros cristãos, os compromissos pactuais exigem uma aliança de pureza pessoal: Pertenço a Deus, por isso me consagro a ele; pertenço a meu cônjuge, dou-me somente a ele. Deus e meu cônjuge são minha alegria e prazer.

Nosso estudo de hoje é sobre o oitavo mandamento – Êxodo 20.15 – Não furtarás.

O mandamento apresenta nossa obrigação moral para com o nosso próximo no tocante ao dinheiro e à propriedade. Proíbe a apropriação dos bens alheios e exige a preservação dos bens e propriedades do próximo. Significa não possuir coisa alguma que não tenha sido obtida por meios lícitos e honestos.[1]

Todas as pessoas possuem coisas tangíveis e intangíveis e ninguém tem o direito de tomá-las, a menos que lhe seja concedido isso. O que as pessoas têm ou obtém pode ser dádiva ou recompensa. Dádiva é o que alguém recebe de outrem. Recompensa é o que uma pessoa obtém com resultado de seu trabalho, isto é, o que acumula em decorrência de seu esforço e disciplina.

As práticas pecaminosas proibidas no oitavo mandamento no contexto do Antigo e do Novo Testamentos são:

1ª) Furto ou rouboÊx 22.1-15; Ef 4.28; 2ª) Sequestro e tráfico de seres humanosÊx 21.16; 1Tm 1.10; 3ª) Negócios desonestos e injustiça socialDt 15.7-9; Lv 19.3; Am 8.4-6; Rm 4.4; Tg 5.4; 4ª) Má administração de recursos: acúmulo e desperdício Pv 21.20; Lc 12.15; Lc 15.11-32; Pv 6.6; 28.19.

Os deveres exigidos pelo oitavo mandamento são:

1º) Confiança na providência divina – O mandamento estimula os cristãos a confiarem em Deus como a suficiente garantia para a sobrevivência e a não se deixarem iludir pela confiança nos próprios recursos – Sl 24.1; 1Cr 29.14; Sl 37.25; Mt 6.33.

2º) Proteção dos bens e da propriedade – O cristão deve empenhar-se por preservar a sua dignidade financeira e material e também a do seu próximo – Dt 19.14; Lv 6.4, 5. A possibilidade de possuir confere dignidade à pessoa. Ao respeitar aquilo que outra pessoa possui reconhecemos sua dignidade. Cabe aqui, reconhecer que a prática da generosidade é um meio de concessão de dignidade humana. (cf. Dt 15.11; Pv 19.17; 22.9)

3º) Trabalho, negócios honestos e socorro material dos necessitados – Trabalho honesto e diligente e socorro material são formas de erradicar o furto – Ef 4.28; 1Tm 6.11-19; At 2.42-47; 4.32-37; Sl 128.2.

4º) Moderação, simplicidade e frugalidade – Um entendimento correto e completo do oitavo mandamento ensina o cristão a viver com moderação em relação as coisas deste mundo – Lc 12.15; Cl 3.5; Hb 13.5; Fp 4.5; 1Tm 6.6; Jo 6.12.

Assim, o oitavo mandamento deve orientar todas as relações possíveis do cristão com os bens materiais, os seus direitos e deveres, e em relação à propriedade sua e alheia.

Concluindo

Termino citando o Catecismo de Heidelberg.

Pergunta 110: O que Deus proíbe do oitavo mandamento?

Deus não somente proíbe aqueles furtos e ou roubos que são punidos pelas autoridades, mas também classifica como roubo todos os maus propósitos e as práticas maliciosas, por meio dos quais tentamos nos apropriar dos bens que pertencem ao nosso próximo, seja pela força, seja pela aparência de direito, como a falsificação de peso, de medidas, a propaganda enganosa, as moedas falsas, a usura, ou por qualquer outro meio proibido por Deus.

Pergunta 111: Mas o que Deus ordena nesse mandamento?

Que eu devo promover, tanto quanto possível, o bem do meu próximo, e tratá-lo como quero que os outros me tratem; e também que eu devo fazer fielmente o meu trabalho para que possa ajudar ao necessitado.

Lendo criticamente essas perguntas e respostas, podemos afirmar que isso, também, diz algo sobre a prática de dedicar a Deus dízimos e ofertas. Consagramos a Deus tudo o somos e temos. Agora, o que os dízimos e ofertas têm a ver com o oitavo mandamento, que consta entre os deveres para com o próximo? É que os recursos arrecadados pela igreja devem ser investidos no sustento das causas do reino, ou seja, na evangelização local e mundial, nos cuidado dos pobres, no sustento dos vocacionados e na adequação das estruturas da igreja de modo a oferecer conforto as pessoas de todas as faixas etárias, especiais e enfermos. (cf. Ml 3.10, 11; 2Co 9.6-8; At 4.34, 35)

Finalmente, o oitavo mandamento diz muito sobre quem somos. Ao invés de caminharmos voltados para a satisfação de nossas próprias ambições, podemos prosseguir respeitando-nos, auxiliando-nos mutuamente e sustentando a causa divina.”[2]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 20/03/14


[1] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 10, p. 45.
[2] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 24.

sábado, 15 de março de 2014

Sétimo Mandamento

Êxodo 20.14

Em nossos estudos anteriores, temos adquirido a compreensão de que “todos os dez mandamentos interagem de maneira que um se liga aos outros, sob um propósito comum, que é o de amar a Deus sobre todas as coisas e, como resultado disto, amar ao próximo”.[1] João, em sua primeira carta, trata esse assunto – 1Jo 2.9-11.

Portanto, “aprendemos a amar o próximo, primeiramente amando os nossos pais, valorizando a vida do próximo e, por fim, de maneira prática e desafiadora, amando nosso cônjuge, assim, demonstraremos amor a Deus”.[2]

Nosso estudo de hoje é sobre o sétimo mandamento – Êxodo 20.14 – Não adulterarás.

O mandamento está inserido na parte do decálogo que se costumou chamar de segunda tábua da Lei. Isso tem base no entendimento de que os quatro primeiros mandamentos fazem uma referência direta ao amor a Deus e os demais apontam para o amor ao próximo. Assim, o sétimo mandamento tem como função, propor esse amor ao próximo começando pela pessoa mais próxima daqueles que são casados, o cônjuge. Mas, creio também, que o sétimo mandamento foi colocado aqui como uma ponte que indica o valor espiritual da família na formação e no caráter das pessoas que querem amar a Deus acima de tudo.[3]

Na compreensão mais comum do que é o adultério, ele, significa abandonar a fidelidade conjugal por meio de uma relação fora dos laços do matrimônio. A expressão latina ad alterum torum, literalmente significa: na cama de outro. Mas, o adultério tem raízes mais profundas, pois já é real antes mesmo de se consumar em um ato sexual extraconjugal.[4] Por isso, creio que, “o sétimo mandamento revela o padrão de Deus para a pureza da mente e do corpo, bem como da fidelidade pactual.”[5]

O potencial destruidor da imaginação, sem o poder purificador da Palavra de Deus, já foi indicado no segundo mandamento – Êx 20.3-5; Ef 5.26; Rm 12.1, 2. Na busca de uma liberdade anárquica e em busca de realizações egoístas, o ser humano substitui o Deus verdadeiro por um falso. Do mesmo modo, alegando que merece ser feliz pisa o cônjuge e troca-o por outra pessoa que o satisfaça. Em ambos os casos deixa de amar o real para abraçar o imaginário, ilusório e passageiro.

Vejamos, de modo prático, pela Escritura, como guardar a nossa mente e o nosso corpo do adultério.

1º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se vê. Segundo a Bíblia, o adultério tem lugar na mente. Da mente ele desce para o coração, subjuga a vontade e manifesta-se em ação – Mt 5.27, 28 (cf. Tg 4.1-9). Se a mente é a fábrica onde se processa o adultério, os olhos são um dos canais de abastecimento da matéria prima impura. Por esse canal o pecado é apresentado de duas maneiras:

ð Por sugestão – exemplos disso: Gn 39.7 – A mulher de Potifar; e Davi2Sm 11.2;

ð Por imagem consumada – através das cenas de nudez e relações sexuais pelos meios de comunicação, bem como do sexo explícito da pornografia. Pornografia é definida pelo Dicionário Houaiss como: ... coleção de pinturas ou gravuras obscenas; caraterística do que se fere o pudor (numa publicação, num filme, etc.); obscenidade; indecência; licenciosidade; qualquer coisa feita com o intuito de ser pornográfico, de explorar o sexo tratado de maneira chula, como atrativo... violação ao pudor, ao recato... libertinagem, imoralidade. Na Bíblia, a palavra usada e traduzido por impureza, adultério, fornicação e prostituição é a mesma – porneia. “A palavra pornografia pode ser entendida como impureza visualizada”.[6] (ver Sl 101.3-4; Jó 31.1-4; 1Co 6.9-11)

2º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se ouve. Outro canal de entrada de impureza que se deve resguardar são os ouvidos. Conversas e músicas impuras sujam a mente e prejudicam nossa pureza moral e espiritual. (cf. Fp 4.8) Para que se possa resistir a esses impulsos carnais deve-se buscar a Deus, pela oração e pela Escritura, e afastar-se de toda fonte de impureza – Gn 39.12; Mt 5.29, 30; 2Tm 2.22; Mt 6.33.

3º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se lê. A Bíblia recomenda ao cristão a leitura e o estudo, não somente das Escrituras, mas também de outras literaturas. Mas, em matéria de moral e espiritualidade sadia, Ela, é a única que deve ser guardada no coração – Sl 119.9-12; 1Ts 5.21-24.

Concluindo

Para os cristãos verdadeiros, “os compromissos pactuais exigem uma aliança de pureza pessoal: Pertenço a Deus, por isso me consagro a ele; pertenço a meu cônjuge, dou-me somente a ele. Deus e meu cônjuge são minha alegria e prazer.”[7]

O compromisso cristão de fidelidade conjugal envolve muito mais do isso, trata-se de dedicação incondicional e vitalícia ao bem estar do cônjuge. O sétimo mandamento é quebrado quando os cônjuges deixam de amar, honrar, cuidar ou permanecer honestos um para com o outro. (cf. Hb 13.4)

Por fim, creio que, o sétimo mandamento inibe o divórcio, pois na Bíblia, os únicos motivos válidos para a separação conjugal são o adultério ou o abandono obstinadoMl 2.13-16; Mt 5.31, 32; 1Co 7.10-15.

Quero terminar citando a pergunta 139 do Catecismo Maior de Westminster: Quais são os pecados proibidos no sétimo mandamento?
Os pecados proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são o adultério, a fornicação, o rapto, o incesto, a sodomia e todas as concupiscências desnaturais; todas as imaginações, os pensamentos, os propósitos e os afetos impuros; todas as comunicações corruptas ou torpes, ou o ouvir as mesmas; os olhares lascivos, o comportamento impudente ou leviano; o vestuário imodesto, a proibição de casamentos lícitos e a permissão de casamentos ilícitos; [...] permitir, tolerar ou ter bordéis e a frequentação deles; os votos embaraçadores de celibato; a demora indevida de casamento; ter mais que uma mulher ou mais que um marido ao mesmo tempo; o divórcio ou o abandono injusto; a ociosidade, a glutonaria, a bebedice, a sociedade impura; os cânticos, livros, gravuras, danças, espetáculos lascivos e todas as demais provocações à impureza, ou atos de impureza, quer em nós mesmos, quer nos outros.

Este mandamento provém do Deus libertador. Somos verdadeiramente felizes e livres quando lidamos com a sexualidade e os relacionamentos conforme a orientação do Criador.[8]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 15/03/14




[1] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 9, p. 40.
[2] Ibid., p. 40.
[3] Ibid., p. 40.
[4] Ibid., p. 41.
[5] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 19.
[6] Ibid., p. 19.
[7] Ibid., p.20.
[8] Ibid., p. 22.

sábado, 8 de março de 2014

Sexto Mandamento

Êxodo 20.13

Em nosso estudo anterior, sobre o quinto mandamento:

ð  Citamos ações práticas, que creio, estão inclusas nessa exigência: honrar aos pais ouvindo; honrar aos pais considerando; e honrar aos pais obedecendo em submissão.

ð  Vimos, pela Palavra de Deus que, se por um lado, filhos devem honrar seus pais, devotando-lhes a obediência devida, por outro, os pais, investidos de autoridade, devem exercê-la de modo responsável e respeitoso, cuidando para não abusarem dela, provocando os filhos a ira.

ð  Observamos que, embora as primeiras implicações do quinto mandamento digam respeito à vida familiar, ele expressa, também, a necessidade, o valor e a importância da autoridade de um modo geral e exige daqueles que estão investidos ou sujeitos à autoridade, que se portem como pais e filhos.

ð  Terminamos afirmando que, a correta relação entre pais e filhos é fundamental para o bem estar da alma. Por meio de Cristo, pais e filhos, podem  reaproximar-se uns dos outros. O poder de Deus, pela sua Palavra, é suficiente para encher de amor a ambos, para perdão e restauração.

Nosso estudo de hoje é sobre o sexto mandamento – Êxodo 20.13 – Não matarás.

Esse mandamento proíbe o homicídio doloso e culposo e “demonstra a elevada prioridade que Deus dá à vida humana”.[1] Ele se revela como o autor da vida desde Gênesis e é o único que possui autoridade para tirá-la – Gn 1.1-2.1, 17; Dt 32.39.

Para uma compreensão correta do sexto mandamento precisamos de uma base teísta para a valorização da vida. O reducionismo biológico, embora reafirme que o homem é um ser racional, trata o ser humano como um simples animal conduzido unicamente pela lei da sobrevivência do mais apto, onde matar o fraco deixa de ser amoral e se torna encaminhamento natural e até necessário. A cosmologia mística, por sua vez, assenta-se sobre a ideia, ainda que não articulada conscientemente, de que tudo o que existe é divino, ou seja, o panteísmo. Ainda que propondo algo diferente do reducionismo biológico, a cosmologia mística nos conduz a resultados semelhantes.[2] Assim, não há um alicerce adequado para a dignidade humana por esses caminhos.

A Bíblia ensina que a vida humana é preciosa porque é criação singular de Deus. “Pela estrutura do relato de Gênesis, que parte do simples para o complexo, da preparação do arcabouço pertinente à vida, até o clímax da criação no sexto dia, quando surge o homem”[3] (Gn 1.1-31 (cf. 1.26, 27), o relato é cuidadoso e destaca a criação das coisas conforme ou segundo a sua espécie – Gn 1.11, 12, 21, 24, 24, 25. Mas, em Gn 1.26 fica claro que o ser humano é uma criatura distinta das demais.

Assim, a dignidade humana não pode ser constatada a partir de um paradigma meramente biológico (materialismo), nem muito menos místico (panteísmo), mas, sim a partir da aceitação de um Deus criador e pessoal, que fez o ser humano à sua imagem e semelhança (Gn 1.26, 27). Esse é o único lastro consistente para a articulação de qualquer conceito da dignidade da vida humana. Esse ponto de vista é chamado de Teísmo Cristão.

Mas, o sexto mandamento, também, revela e coíbe o ímpeto homicidada existente no coração humano por causa da queda. Vemos que nos primeiros capítulos da Bíblia, a morte é mencionada quatro vezes: Em Gn 2.17apresentada como possibilidade; em Gn 3.19apontada com resultado imediato da queda, ou como destino; e em Gn 4, a morte é um fato por duas vezes – 4.8, 23 – isso demonstra a existência de um ímpeto homicida no coração humano decaído.

O Senhor Jesus ensinou em Mc 7.21 que o coração humano depravado pelo pecado é a fonte do homicídio. Assim, esse mandamento é dado a fim de revelar e estancar essa fonte.

O sexto mandamento da Lei de Deus é desafiador para as relações humanas. O ensino do Senhor Jesus sobre a dignidade humana, como imagem de Deus, traz uma advertência séria sobre isso – Mt 5.21, 22; cf. Hb 12.14-17. Para ele, a ira abrigada na alma já é um homicídio em potencial.  Jesus afirma, ainda, que a falta de acerto na relação com próximo impede o culto – Mt 5.23-26; cf. Is 58.3, 4.

O mandamento confronta o ódio que leva ao desejo de vingança, ambição desenfreada, banalização da vida humana e autocomiseração. O ódio ou a raiva pode manifestar-se de três modos: 1º) Em fúria – claramente publicado; 2º) em indiferença ou trato polido – percebido por alguns; e 3º) disfarçado sob um verniz de amabilidade – sutilmente oculto. Em todos os casos há violência, que pode ser: agressão física, moral, psíquica e espiritual. O ódio produz obsessão (onde se dedica todas as energias à destruição ou apagamento do outro), distanciamento (quando se considera o outro morto), doença mental (quando obcecado pelo mal do outro, se adoece) e doença espiritual (falta de comunhão com Deus).[4]

Mesmo sabendo que no mundo em que vivemos teremos inimigos, pela defesa de nossa fé e dos princípios morais absolutos da Palavra de Deus, a Bíblia nos constrange a buscarmos a paz com todos os homens e depositar nossas causas nas mãos de Deus – Mt 5.9; Rm 12.9-21.

O sexto mandamento implica, também, em nosso cuidado pessoal e na função social das autoridades constituídas, isto é, em que não devemos fazer mal a nós mesmos e isso coíbe tanto o ato extremo do suicídio quanto o descuido com nosso equilíbrio pessoal, e que as autoridades constituídas receberam a incumbência de manter a ordem social e, para isso, podem e somente elas podem, usar a força para coibir o mal e motivar o bem.[5] (cf. Ef 5.29; 1Tm 4.16; At 20.2, 3; Rm 13.4)

No controverso tema do uso da violência em legitima defesa, o Senhor Jesus recomenda a vigilância – Mt 24.43; Lc 22.35-38.

Concluindo

No Catecismo de Heidelberg, pergunta 105, temos: O que Deus exige no sexto mandamento?

Que eu não devo desonrar, odiar, ferir ou matar meu próximo, seja eu pessoalmente, ou por meio de outros, mas que devo abandonar todo desejo de vingança; e também que eu não fira a mim mesmo, e nem deliberadamente me exponha a qualquer perigo. Para isso, as autoridades dispõem de armas para evitar homicídios.

No Catecismo Maior de Westminster, pergunta 135, temos: Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?

... a justa defesa (da vida) contra a violência; a paciência em suportar a mão de Deus; o sossego de espírito, a alegria de coração e o uso sóbrio da comida, da bebida, de remédios, do sono, do trabalhos e dos recreios; pensamentos caridosos, amor, compaixão, mansidão, benignidade, bondade, comportamento e palavras pacíficos, brandos e corteses; a longanimidade; a prontidão para se reconciliar, suportando pacientemente e perdoando as injúrias, pagando o mal com o bem; confortar e socorre os aflitos; e proteger e defender os inocentes.

Creio que, por último, o mandamento sugere sentimentos, atitudes, hábitos e comportamentos construtivos.[6]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira, 08/03/14



[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 172.
[2] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 7, p. 35.
[3] Ibid., p. 36.
[4] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 16.
[5] Ibid., p. 16.
[6] Ibid., p. 17.

sábado, 1 de março de 2014

Três verdades imprescindíveis reveladas por Jesus

João 12.20-36

Para muitos cristãos o Evangelho de João é livro mais precioso do Novo Testamento. Como literatura, ele é a biografia mais fascinante de Jesus. Teologicamente, o texto mais profundo acerca da divindade de Jesus, ou seja, o livro de João é a biografia mais fascinante de Jesus e o texto mais profundo acerca da sua divindade[1].

O Evangelho de João foi escrito com o objetivo de persuadir os seus leitores a crer em Jesus – Jo 20.30, 31. “Nos sinais escritos, a divindade de Jesus é revelada; na fé, temos a reação que estes sinais devem produzir; na vida eterna, o resultado que a fé traz”[2]. Mas, a ênfase de João está na necessidade do ser humano pecador crer em Jesus, como ele é apresentado nas Escrituras. Assim, ele, usa a palavra crer ou 98 vezes, no evangelho, para ensinar que a fé em Jesus é indispensável para a salvação da humanidade.

Para efeitos didáticos pode ser divido em três partes: 1ª) ParteO Ministério Público de Jesus, seus discursos e seus milagres – João 1-12; 2ª) ParteO Ministério Particular de Jesus, suas instruções aos discípulos mais íntimos – João 13-17 – os quais estava preparando para serem seus apóstolos, oferecendo um conjunto de prioridades pelas quais deveriam pautar suas vidas sob a orientação do Espírito Santo; e 3ª) ParteA Paixão de Jesus, o Filho de Deus, sua missão redentora é vindicada por sua morte expiatória e sua ressurreição – João 18-21.

Então, a partir do final do capítulo 12, Jesus deixa as multidões e se retira para um círculo íntimo de seus discípulos. Esse capítulo registra o final do ministério público de Jesus que, vai para Jerusalém passando por Betânia, por ser o seu destino a cruz e depois a glória. Mas, antes de ser humilhado e morrer, Jesus é honrado com um jantar e com uma unção em Betâniavv.1-10, é aclamado triunfalmente em Jerusalémvv.11-19, é honrado pelos gregos que desejam conhecê-lo pessoalmentevv.20-36, e ele mesmo faz um resumo do seu ensino, com uma explicação sobre a incredulidade dos judeus e uma descrição da verdadeira févv.37-50.

Depois de sua entrada triunfal em Jerusalém, Jesus vai ao templo e, pela segunda vez expulsa de lá os comerciantes, isto de acordo com um estudo da harmonia dos Evangelhos, que tenta traçar a vida e o ministério de Jesus em ordem cronológica. Uma coisa digna de nota aqui é como Jesus foi honrado triunfalmente ao entrar na cidade de Jerusalém. Observe comigo os seguintes versículos: v.13a Jesus honrado como Rei SalvadorHosana palavra que significa “salve agora” ou “nós te imploramos, ó Deus, salva-nos agora”; v.13bJesus honrado como o Messias prometido pelas Escrituras – O povo cantava o Salmo 118.26: “Bendito é o que vem em nome do Senhor”. Jesus é o enviado bendito! e vv.14, 15Jesus honrado com Rei da Paz – Cumprindo a profecia de Zacarias 9.9, Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho. Jesus é o Rei da paz, manso e humilde.

A entrada triunfal e limpeza do templo em Jerusalém, por Jesus, provavelmente chamou a atenção dos gregos que estavam ali e participavam da festa – v.20. Essa festa era a Páscoa, uma das sete festas principais do povo de Israel, instituída pelo próprio Deus. Em Levítico 23, Deus ordenou, através de Moisés, que Israel celebrasse sete festas, as chamadas festas solenes do Senhor. As primeiras quatro festas são celebradas na primavera – Páscoa, Primícias, Pães Asmos e Pentecostes. As três últimas, no outono – Trombetas, Expiação e Tabernáculos.

Esses gregos que participavam da festa, se dirigiram a Filipe... e lhe rogaram: Senhor, queremos ver Jesus. (v.21) É interessante observar, também, a atitude de Filipe no v.22Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus. O que esse modo de agir de Filipe e André sugere? Ordem, organização, hierarquia, respeito, submissão e reverência.

A partir desse pedido, o Senhor Jesus revela três verdades imprescindíveis: Primeira verdadeJesus fala da sua mortevv.23, 24; Segunda verdadeJesus fala daqueles que desejam segui-lovv.25, 26; e Terceira VerdadeJesus fala da sua missãovv.27-36.

I. Primeira verdade imprescindível – Jesus fala da sua morte – vv.23, 24

Jesus ensina, aqui, acerca da sua morte, ressurreição, ascensão e coroação, deixando para nós três lições:

1. A morte de Jesus aconteceu exatamente no tempo certo, o tempo determinado por Deus - É chegada a hora... (v.23a) (cf. Jo 7.30; 17.1; Gl 4.4, 5)

2. A morte de Jesus foi absolutamente necessária – v.24aEm verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só...

3. A morte de Jesus produziu e produz ainda muitos frutos – v.24b –... mas, se morrer, produz muito fruto. (cf. Is 53.11, 12; Ap 1.5-7; 5.9, 10)

II. Segunda verdade imprescindível – Jesus fala daqueles que desejam segui-lo – vv.25, 26

Falando daqueles que por sua morte comprou com o seu sangue, Jesus, deixar claro que a partir do momento em que pela graça são salvos por meio da fé passam a viver uma nova vida, pois, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. (Ef 2.8; 2Co 5.17) Por isso ele afirma: Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. (v.25)

Assim, para segui-lo pelo resto de suas vidas é necessário observar três coisas básicas:

1. Seguir a sua norma – v.26aSe alguém me serve, siga-me,... – Alguém já disse que seguir Jesus é o mais fascinante projeto de vida!

2. Usar os seus recursos – v.26b – ... e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. O maior recurso dado por Jesus àqueles que o seguem é o fato dele estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos – Mt 28.20b. Por isso é correto afirmarmos que ele está no céu, ele está conosco e nós estaremos pessoalmente com ele no céu no futuro. (cf. Jo 14.3; 17.24)

3. Desfrutar do resultado de segui-lo – v.26cE, se alguém me servir, o Pai o honrará. (cf. 1Co 15.58; Hb 6.9-12)

III. Terceira verdade imprescindível – Jesus fala da sua missão – vv.27-36

Cumprir a missão que lhe foi dada pelo Pai não seria fácil, mas, Jesus, apesar da angustia não desistiu e reafirmou a sua decisão espontânea de entregar sua vida para salvar a humanidade perdida – v.27.

Jesus, na presença de todos atribui toda a glória da redenção a Deus e é honrado pelo Pai – v.28. A voz de Deus foi um testemunho publico de que Jesus era realmente o seu filho e estava fazendo a sua vontade – v.29, 30.

Ao explicar a sua missão, ele, diz que por sua morte na cruz, duas bênçãos aconteceriam:

1. O mundo seria julgado e o seu príncipe, Satanás, seria expulso – v.31. Na cruz Jesus venceu o pecado e despojou todos os principados e potestades espirituais do mal – Cl 2.14, 15.

2. Ele atrairia, isto é, salvaria pessoas de todos os lugares – v.32, 33. (cf. Tt 2.11; Jo 1.12; Ap 5.9, 10)

Concluindo

As pessoas que ouviram essa explicação de Jesus sobre a sua morte e os resultados extraordinários dela, infelizmente não creram. A multidão de maioria religiosa judaica e apegada a sua religião legalista, tentaram contra argumentar com Jesus citando o que a sua vida toda aprenderam com seus líderes na Lei – v.34. Jesus lhes respondeu a indagação com amor fazendo três afirmações (vv.35, 36), que usarei como minha conclusão hoje:

1ª) Ele é a luz que veio a este mundo trazendo salvação, vida, santidade e direção.
2ª) Viver sem ele neste mundo é andar nas trevas do pecado e na ignorância espiritual.
3ª) Todo aquele que nele crê, torna-se um filho da Luz (filho de Deus).

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 28/02/14




[1] Casimiro, Arival Dias, Estudos Expositivos em João – Capítulo 1 a 11, 2011, p. 03.
[2] Ibid., p. 03.