quinta-feira, 20 de março de 2014

Oitavo Mandamento

Êxodo 20.15

No estudo anterior, o sétimo mandamento:

ð  Vimos que, o sétimo mandamento revela o padrão de Deus para a pureza da mente e do corpo, bem como da fidelidade pactual.

ð  Enfatizamos que, na busca de uma liberdade anárquica e em busca de realizações egoístas, o ser humano substitui o Deus verdadeiro por um falso. Do mesmo modo, alegando que merece ser feliz pisa o cônjuge e troca-o por outra pessoa que o satisfaça. Em ambos os casos deixa de amar o real para abraçar o imaginário, ilusório e passageiro.

ð  Observamos como guardar a nossa mente e o nosso corpo do adultério de modo prático: 1º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se vê; 2º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se ouve; 3º) Guardar a mente por meio do cuidado com o que se lê.

ð  E concluímos afirmando que, para os verdadeiros cristãos, os compromissos pactuais exigem uma aliança de pureza pessoal: Pertenço a Deus, por isso me consagro a ele; pertenço a meu cônjuge, dou-me somente a ele. Deus e meu cônjuge são minha alegria e prazer.

Nosso estudo de hoje é sobre o oitavo mandamento – Êxodo 20.15 – Não furtarás.

O mandamento apresenta nossa obrigação moral para com o nosso próximo no tocante ao dinheiro e à propriedade. Proíbe a apropriação dos bens alheios e exige a preservação dos bens e propriedades do próximo. Significa não possuir coisa alguma que não tenha sido obtida por meios lícitos e honestos.[1]

Todas as pessoas possuem coisas tangíveis e intangíveis e ninguém tem o direito de tomá-las, a menos que lhe seja concedido isso. O que as pessoas têm ou obtém pode ser dádiva ou recompensa. Dádiva é o que alguém recebe de outrem. Recompensa é o que uma pessoa obtém com resultado de seu trabalho, isto é, o que acumula em decorrência de seu esforço e disciplina.

As práticas pecaminosas proibidas no oitavo mandamento no contexto do Antigo e do Novo Testamentos são:

1ª) Furto ou rouboÊx 22.1-15; Ef 4.28; 2ª) Sequestro e tráfico de seres humanosÊx 21.16; 1Tm 1.10; 3ª) Negócios desonestos e injustiça socialDt 15.7-9; Lv 19.3; Am 8.4-6; Rm 4.4; Tg 5.4; 4ª) Má administração de recursos: acúmulo e desperdício Pv 21.20; Lc 12.15; Lc 15.11-32; Pv 6.6; 28.19.

Os deveres exigidos pelo oitavo mandamento são:

1º) Confiança na providência divina – O mandamento estimula os cristãos a confiarem em Deus como a suficiente garantia para a sobrevivência e a não se deixarem iludir pela confiança nos próprios recursos – Sl 24.1; 1Cr 29.14; Sl 37.25; Mt 6.33.

2º) Proteção dos bens e da propriedade – O cristão deve empenhar-se por preservar a sua dignidade financeira e material e também a do seu próximo – Dt 19.14; Lv 6.4, 5. A possibilidade de possuir confere dignidade à pessoa. Ao respeitar aquilo que outra pessoa possui reconhecemos sua dignidade. Cabe aqui, reconhecer que a prática da generosidade é um meio de concessão de dignidade humana. (cf. Dt 15.11; Pv 19.17; 22.9)

3º) Trabalho, negócios honestos e socorro material dos necessitados – Trabalho honesto e diligente e socorro material são formas de erradicar o furto – Ef 4.28; 1Tm 6.11-19; At 2.42-47; 4.32-37; Sl 128.2.

4º) Moderação, simplicidade e frugalidade – Um entendimento correto e completo do oitavo mandamento ensina o cristão a viver com moderação em relação as coisas deste mundo – Lc 12.15; Cl 3.5; Hb 13.5; Fp 4.5; 1Tm 6.6; Jo 6.12.

Assim, o oitavo mandamento deve orientar todas as relações possíveis do cristão com os bens materiais, os seus direitos e deveres, e em relação à propriedade sua e alheia.

Concluindo

Termino citando o Catecismo de Heidelberg.

Pergunta 110: O que Deus proíbe do oitavo mandamento?

Deus não somente proíbe aqueles furtos e ou roubos que são punidos pelas autoridades, mas também classifica como roubo todos os maus propósitos e as práticas maliciosas, por meio dos quais tentamos nos apropriar dos bens que pertencem ao nosso próximo, seja pela força, seja pela aparência de direito, como a falsificação de peso, de medidas, a propaganda enganosa, as moedas falsas, a usura, ou por qualquer outro meio proibido por Deus.

Pergunta 111: Mas o que Deus ordena nesse mandamento?

Que eu devo promover, tanto quanto possível, o bem do meu próximo, e tratá-lo como quero que os outros me tratem; e também que eu devo fazer fielmente o meu trabalho para que possa ajudar ao necessitado.

Lendo criticamente essas perguntas e respostas, podemos afirmar que isso, também, diz algo sobre a prática de dedicar a Deus dízimos e ofertas. Consagramos a Deus tudo o somos e temos. Agora, o que os dízimos e ofertas têm a ver com o oitavo mandamento, que consta entre os deveres para com o próximo? É que os recursos arrecadados pela igreja devem ser investidos no sustento das causas do reino, ou seja, na evangelização local e mundial, nos cuidado dos pobres, no sustento dos vocacionados e na adequação das estruturas da igreja de modo a oferecer conforto as pessoas de todas as faixas etárias, especiais e enfermos. (cf. Ml 3.10, 11; 2Co 9.6-8; At 4.34, 35)

Finalmente, o oitavo mandamento diz muito sobre quem somos. Ao invés de caminharmos voltados para a satisfação de nossas próprias ambições, podemos prosseguir respeitando-nos, auxiliando-nos mutuamente e sustentando a causa divina.”[2]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 20/03/14


[1] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 10, p. 45.
[2] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 24.

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