Em
nossos estudos anteriores, temos adquirido a compreensão de que “todos os dez
mandamentos interagem de maneira que um se liga aos outros, sob um propósito
comum, que é o de amar a Deus sobre todas as coisas e, como resultado disto,
amar ao próximo”.[1]
João, em sua primeira carta, trata esse assunto – 1Jo 2.9-11.
Portanto,
“aprendemos a amar o próximo, primeiramente amando os nossos pais, valorizando
a vida do próximo e, por fim, de maneira prática e desafiadora, amando nosso
cônjuge, assim, demonstraremos amor a Deus”.[2]
Nosso
estudo de hoje é sobre o sétimo
mandamento – Êxodo 20.14 – Não
adulterarás.
O
mandamento está inserido na parte do decálogo que se costumou chamar de segunda tábua da Lei. Isso tem base no
entendimento de que os quatro primeiros mandamentos fazem uma referência direta
ao amor a Deus e os demais apontam
para o amor ao próximo. Assim, o
sétimo mandamento tem como função, propor esse amor ao próximo começando pela
pessoa mais próxima daqueles que são casados, o cônjuge. Mas, creio também, que
o sétimo mandamento foi colocado aqui como uma ponte que indica o valor
espiritual da família na formação e no caráter das pessoas que querem amar a
Deus acima de tudo.[3]
Na
compreensão mais comum do que é o adultério, ele, significa abandonar a
fidelidade conjugal por meio de uma relação fora dos laços do matrimônio. A
expressão latina ad alterum torum,
literalmente significa: na cama de outro.
Mas, o adultério tem raízes mais profundas, pois já é real antes mesmo de se
consumar em um ato sexual extraconjugal.[4] Por
isso, creio que, “o sétimo mandamento revela
o padrão de Deus para a pureza da mente e do corpo, bem como da fidelidade
pactual.”[5]
O
potencial destruidor da imaginação, sem o poder purificador da Palavra de Deus,
já foi indicado no segundo mandamento – Êx
20.3-5; Ef 5.26; Rm 12.1, 2. Na busca de uma liberdade anárquica e em busca
de realizações egoístas, o ser humano substitui o Deus verdadeiro por um falso.
Do mesmo modo, alegando que merece ser feliz pisa o cônjuge e troca-o por outra
pessoa que o satisfaça. Em ambos os casos deixa de amar o real para abraçar o
imaginário, ilusório e passageiro.
Vejamos,
de modo prático, pela Escritura, como guardar a nossa mente e o nosso corpo do
adultério.
1º) Guardar a mente por meio do cuidado
com o que se vê. Segundo a Bíblia, o
adultério tem lugar na mente. Da mente ele desce para o coração, subjuga a
vontade e manifesta-se em ação – Mt
5.27, 28 (cf. Tg 4.1-9). Se a mente é a fábrica onde se processa o
adultério, os olhos são um dos canais de abastecimento da matéria prima impura.
Por esse canal o pecado é apresentado de duas maneiras:
ð
Por sugestão
– exemplos disso: Gn 39.7 – A mulher de Potifar; e Davi – 2Sm 11.2;
ð
Por imagem consumada – através das cenas de nudez e relações sexuais pelos meios de
comunicação, bem como do sexo explícito da pornografia. Pornografia é definida
pelo Dicionário Houaiss como: ... coleção de pinturas ou gravuras obscenas;
caraterística do que se fere o pudor (numa publicação, num filme, etc.);
obscenidade; indecência; licenciosidade; qualquer coisa feita com o intuito de
ser pornográfico, de explorar o sexo tratado de maneira chula, como atrativo...
violação ao pudor, ao recato... libertinagem, imoralidade. Na Bíblia, a
palavra usada e traduzido por impureza,
adultério, fornicação e prostituição é a mesma – porneia. “A palavra pornografia pode ser entendida como impureza visualizada”.[6] (ver Sl 101.3-4; Jó 31.1-4; 1Co 6.9-11)
2º) Guardar a mente por meio do cuidado
com o que se ouve. Outro canal de
entrada de impureza que se deve resguardar são os ouvidos. Conversas e músicas
impuras sujam a mente e prejudicam nossa pureza moral e espiritual. (cf. Fp 4.8) Para que se possa resistir a
esses impulsos carnais deve-se buscar a Deus, pela oração e pela Escritura, e
afastar-se de toda fonte de impureza – Gn
39.12; Mt 5.29, 30; 2Tm 2.22; Mt 6.33.
3º) Guardar a mente por meio do cuidado com
o que se lê. A Bíblia recomenda ao
cristão a leitura e o estudo, não somente das Escrituras, mas também de outras
literaturas. Mas, em matéria de moral e espiritualidade sadia, Ela, é a única
que deve ser guardada no coração – Sl
119.9-12; 1Ts 5.21-24.
Concluindo
Para
os cristãos verdadeiros, “os compromissos pactuais exigem uma aliança de pureza
pessoal: Pertenço a Deus, por isso me
consagro a ele; pertenço a meu cônjuge, dou-me somente a ele. Deus e meu
cônjuge são minha alegria e prazer.”[7]
O
compromisso cristão de fidelidade conjugal envolve muito mais do isso, trata-se
de dedicação incondicional e vitalícia ao bem estar do cônjuge. O sétimo
mandamento é quebrado quando os cônjuges deixam
de amar, honrar, cuidar ou permanecer honestos um para com o outro. (cf. Hb 13.4)
Por
fim, creio que, o sétimo mandamento inibe o divórcio, pois na Bíblia, os únicos
motivos válidos para a separação conjugal são o adultério ou o abandono obstinado – Ml 2.13-16; Mt 5.31, 32; 1Co 7.10-15.
Quero
terminar citando a pergunta 139 do
Catecismo Maior de Westminster: Quais são os pecados proibidos no sétimo
mandamento?
Os pecados
proibidos no sétimo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos, são o
adultério, a fornicação, o rapto, o incesto, a sodomia e todas as
concupiscências desnaturais; todas as imaginações, os pensamentos, os propósitos e os afetos
impuros; todas as comunicações corruptas ou torpes, ou o ouvir as mesmas; os
olhares lascivos, o comportamento impudente ou leviano; o vestuário imodesto, a proibição
de casamentos lícitos e a permissão de casamentos ilícitos; [...] permitir,
tolerar ou ter bordéis e a frequentação deles; os votos embaraçadores de
celibato; a demora
indevida de casamento; ter mais que uma mulher ou mais que um marido ao mesmo
tempo; o divórcio ou o abandono injusto; a ociosidade, a glutonaria, a bebedice, a
sociedade impura; os cânticos, livros, gravuras, danças, espetáculos lascivos e
todas as demais provocações à impureza, ou atos de impureza, quer em nós
mesmos, quer nos outros.
Este
mandamento provém do Deus libertador. Somos verdadeiramente felizes
e livres quando lidamos com a sexualidade e os relacionamentos conforme
a orientação do Criador.[8]
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 15/03/14
[1] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da
Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 9, p. 40.
[3] Ibid., p. 40.
[4] Ibid., p. 41.
[5] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do
discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 19.
[6] Ibid., p. 19.
[7] Ibid., p.20.
[8] Ibid., p. 22.
Nenhum comentário:
Postar um comentário