domingo, 30 de junho de 2013

O noivo-rei (Jesus) e a noiva-princesa (Igreja)


Salmo 45

Em nosso estudo anterior dos salmos messiânicos, vimos o Salmo 41 e o tema foi: Bem-aventurança, consciência e gratidão. Para uma compreensão mais proveitosa do salmo, estudamo-lo em três pontos: 1º) A bem-aventurança da misericórdiavv.1-3; 2º) Consciência – pecados pessoais e luta espiritualvv.4-10; e 3º) Gratidão e Louvorvv.11-13.

No salmo messiânico de hoje é o Salmo 45. A referência messiânica direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 45.6, 7 – Hebreus 1.8, 9.

O Salmo 45 foi composto pelos filhos de Corá. Aqueles que não morreram na rebelião que o levita Corá e outras pessoas influentes do povo de Israel, levantaram contra Moisés e Arão. (Conf.: Números 16.11, 31-33; 26.9-11) A esses filhos de Corá são atribuídos a autoria de onze salmos bíblicos, entre os quais está o Salmo 45, “no qual transparece a estreita comunhão deles com Deus”[1]. Uma curiosidade bíblica é que o profeta Samuel veio da descendência de Corá – 1Cr 6.16-23.

Esse salmo foi composto para um casamento real, possivelmente o de Salomão, e motivado pela dedicação a um rei terreno, mas, como todos os outros salmos reais, “ultrapassa o que qualquer rei terreno poderia ser e chega até ao tão esperado Messias, em que todas as glórias são verdadeiras. Do mesmo modo, ele fala de forma impressionante à Noiva de Cristo a respeito de sua verdadeira posição, beleza e dedicação (2Co 11.2; Ef 5.27; Ap 14.4; 19.7; 21.9)”[2].

Nesse salmo, composto para um casamento real, o salmista fala do noivo-rei (Jesus)suas qualidades, seus feitos, sua grandeza, e eminência (vv.1-9); e da noiva-princesa (Igreja) seu desafio, seu cortejo seus futuros filhos (vv.10-17).

I. O noivo-rei – suas qualidades, seus feitos, sua grandeza, e eminência (vv.1-9)

1. Suas qualidades – formosura e graça (bondade)

v.1 – temos nessas palavras o entusiasmo do salmista pelo rei. Ele “está absolutamente emocionado por causa da circunstância do casamento do rei”[3].

v.2 – No AT um dos pré-requisitos para ser rei era ser formoso, ou a beleza física – Conf.: 1Sm 9.2; 10.23; 16.2; 2Sm 14.25; 1Rs 1.6; Ct 5.10; Is 33.17. Mas essa característica deveria ser evidenciada principalmente na bondade de suas palavras. Em Jesus Cristo temos tudo isso, ele supera “em muito a todas as pessoas, de todos os tempos, em qualquer sentido, tanto no que se refere à Sua personalidade como à Sua beleza”[4] – Lc 4.22; Jo 1.17; 7.46; Sl 21.6; Dn 7.24.

2. Seus feitos – domínio mundial

vv.3-5 – Nesses versos, “o salmista deseja ao rei vitória nas futuras batalhas”[5]. Os reis da época conquistavam pela guerra, daí o salmista usar termos militares aqui. Observar Is 9.1-7. Em relação ao Rei dos reis, conferir – Ap 1.16; 19.11-16.

v.4 – justiça aqui, no hebraico é “humildade-justiça”, ou seja, justiça em sua humildade essencial – Conf.: Zc 9.9; Mt 11.29; 2Co 10.1; Fp 2.7, 8.

3. Sua grandeza e eminência

v.6 – natureza divina; v.7 – governo justo e superioridade; v.8 – opulência, magnificência; v.9 – reconhecimento de sua nobreza.

Carson chama os vv.6-9 de as sete glórias do rei e enfatiza que a sétima glória é a sua noiva. A lista das sete glórias começa “com o rei em seu trono (6) e termina com o trono compartilhado, a noiva ao lado do rei (9)”[6].

II. A noiva-princesa – seu desafio, seu cortejo seus futuros filhos (vv.10-17)

1. vv.10, 11 – o desafio da noiva-princesa está em que ela como filha e noiva de rei, será esposa de rei. Gn 2.24 exige que, do casamento em diante, o filho passe a ser em, primeiro lugar, marido e a filha, esposa. “Agora toda a sua devoção deve ser para o rei, correspondendo ao seu amor, sensível à sua dignidade e aceitando seu status”[7].

2. vv.12-15 – O cortejo da noiva até o palácio real é muito significativo para o casamento real. Os súditos do rei, agora são súditos dela, ela desfruta de glória e esplendor, mas, acima de tudo, ela está intimamente ligada ao rei e passará a morar com ele no palácio.

3. vv.16, 17 – “O poeta alegre e leal fala, agora, das bênçãos dos filhos esperados como fruto dessa união”[8].

Concluindo – Esse salmo messiânico fala do que Cristo fez por nós, seu povo, sua igreja, e como ele está preparando-nos para sua vinda no arrebatamento da noiva (a Igreja) como também no retorno visível de Jesus para Israel.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira - 30/06/13

[1] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 162.
[2] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 779.
[3] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 714.
[4] Lieth, p. 164.
[5] MacArthur, p. 714.
[6] Carson, p. 779.
[7] Ibid., p.779.
[8] MacArthur, p. 714.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Introdução: Saudação, Ação de Graças e Intercessão


Filipenses 1.1-7

Terminamos a Introdução a Carta de Paulo aos Filipenses afirmando que a igreja na cidade de Filipos foi a primeira que Paulo fundou na Europa e a ausência de citações do Antigo Testamento e de nomes judeus na carta, a ela, indica que a igreja Filipense era, em sua maior parte, gentílica.

Informamos, ainda, que a carta é cheia de alegria e gratidão pelo modo como Deus a plantou e como a estava aperfeiçoando naquele lugar – “... aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” – Filipenses 1.6. Mas, ao mesmo tempo, observamos que há um tom de gravidade na carta, por isso, Paulo, como seu pastor fundador, os encoraja a não se intimidarem pelos adversários na perseguição – Filipenses 1.27-30, nem se deixarem enganar por falsos ensinos dos cães e maus obreiros – Filipenses 3.2-11. Paulo estava alegre pelo progresso da fé da igreja, mas de olhos abertos em relação aos seus conflitos internos que poderiam por em risco seu testemunho e sua capacidade de suportar os ataques do inimigo, de falsos obreiros e falsos irmãos – Filipenses 1.27-2.18; 4.2-7.

Nosso estudo de hoje é na Introdução de Paulo a carta onde há
Saudação, Ação de Graças e uma Intercessão em favor da Igreja – 1.1-7.

I. Saudação – 1.1, 2

Em suas treze cartas no Novo Testamento, Paulo, usa como primeira palavra, em cada uma delas, seu próprio nome. Essa foi uma opção pessoal do apóstolo e como ele afirmou aos Tessalonicenses em sua segunda carta - A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino. (2 Tessalonicenses 3.17) – observamos que sua marca registrada era: O nome Paulo no início e assinatura de próprio punho no final. A versão NVI traduz este versículo assim: Eu, Paulo, escrevo esta saudação de próprio punho, a qual é um sinal em todas as minhas cartas. É dessa forma que escrevo.

Mesmo quando Paulo usava outra pessoa para redigir suas cartas, os chamados amanuenses, que eram escribas profissionais ou numa linguagem grego-romana burocratas que escreviam correspondências ou copiavam documentos, ele no final da carta, usaria a pena e autenticaria como sendo sua – Romanos 16.22; Gálatas 6.11; Filemom v.19.

1. Paulo e Timóteo... (v.1a)

  1. Paulo tinha um nome hebraico que foi lhe dado ao nascer: Saulo que significa pedido de Deus. Por ter nascido em território romano ou porque seu pai tinha adquirido a cidadania romana, ele tinha também um nome grego-romano: Paulo que significa pequeno.
  2. Timóteo, que Paulo encontrou pela primeira vez em Listra ou Derbe – Atos 16.1; 20.4, tornou-se um dos companheiros mais íntimos e confiáveis de Paulo. Ele trabalhou com Paulo na obra na Macedônia (Atos 18.5; 19.2), em Corinto – Atos 18.5 e em Éfeso – Atos 19.22. Timóteo estava com Paulo em Éfeso quando ele escreveu 1 Coríntios (4.17; 16.10) e quando escreveu 2 Coríntios (1.1) e Filemom (1).

2. ... servos de Cristo Jesus... (v.1b)

  1. servos – palavra grega doulos que é a tradução da palavra hebraica ‘ebed que significa literalmente escravos.  Essa palavra era usada no Antigo Testamento para identificar os servos escolhidos de Deus como seus mensageiros acreditados – Êxodo 14.31; Números 12.7; Salmo 105.26; Jeremias 25.4; Daniel 9.6, 10; Amós 3.7.
  2. em Cristo Jesus - O sentido paulino da palavra servos é verificado mais exatamente aqui, onde Paulo, considera os crentes como pertencentes a Cristo Jesus em virtude de sua redenção – 1 Coríntios 6.20; 7.23. Então, Paulo e Timóteo, eram servos escolhidos de Deus como seus mensageiros acreditados em Cristo Jesus.

3. ... a todos os santos em Cristo Jesus... (v.1c)

  1. A todos os santos é o modo, como de costume, Paulo, chama os crentes. A palavra santos indica o fato de sermos separados por Deus e para ele, como um povo de Deus ligado a ele por uma aliança. A palavra se aplica a todos os crentes, e não a uns poucos escolhidos de espiritualidade especial ou de excelência moral. Os santos o são por vocação divina.
  2. Em Cristo Jesus é um conceito paulino básico encontrado varias vezes aqui na carta. Para Paulo estar em Cristo significa, não apenas, estar ligado a ele individualmente, pela fé, confiança e dedicação, mas estar ligado ao seu povo. Estar em Cristo é o oposto de estar no pecado, em Adão – 1 Coríntios 15.22.

4. ... inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos... (v.1d)

  1. bispos – tradução da palavra episkopois que significa literalmente supervisores.
  2. diáconos – tradução da palavra diakonos que significa aqui servo ou aquele que serve. Os serviços aqui são as necessidades e responsabilidades matérias da igreja.

5. ... graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. (v.2)

  1. graça e paz era a saudação cristã paulina na igreja primitiva, combinando a forma grega de saudação graça (charis) com a hebraica paz (shalon).
  2. Com isso Paulo queria dizer que a existência cristã só é possível pela graça, da parte de Deus, nosso Pai, que nos dá a paz mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, ou que vem do Senhor Jesus – Romanos 5.1, 2; Éfesios 2.8.
  3. Paulo vê Jesus, não somente como Salvador, mas, também como Senhor. Aqui ele conserva o monoteísmo do Antigo Testamento, quando em Jesus Cristo se vê não somente a autoridade de Deus, mas a também a sua presença.

II. Ação de Graças e Intercessão – 1.3-5

1. Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós... (v.3)
(Na NVI “Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês.”)

Paulo inicia sua carta com essa forte nota de agradecimento a Deus - Dou graças ao meu Deus (v.3a), que é desencadeada por tudo que ele se lembra dos filipenses - por tudo que recordo de vós (v.3b). Todas as vezes que Paulo se lembrava da Igreja em Filipos ele dava graças a Deus.

2. ... fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações... (v.4)

  1. A ação de graças, o louvor, a Deus pelos irmãos em Filipo, era feita por Paulo sempre, com alegria (v.4a). A alegria de Paulo aqui não era se ele estava bem, mas pela simples lembrança de seus irmãos em Cristo.
  2. O louvor com alegria de Paulo, era transformado em súplica por todos vós... (v.4b).
  3. Essa súplica por toda a Igreja era feita por Paulo em todas as suas orações (v.4c).
  4. Paulo, todas as vezes que se lembrava dos filipenses, agradecia a Deus e intercedia por eles, e isso em todas as vezes que orava! Mas esse agradecimento com suplica era...

3. ... pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora. (v.5)

  1. Cooperação – tradução da palavra koinonia que é riquíssima em significado no Novo Testamento. Ela foi traduzida de varias maneiras aqui, como: cooperação, comunhão, participação ou comunicação. A idéia básica é de se ter algo em comum ou em conjunto.
  2. Paulo considerava que a vida que compartilhamos em Cristo é a koinonia do Filho de Deus, a que somos chamados – 1 Coríntios 1.9.
  3. Paulo também chama essa comunhão de a koinonia do Espírito Santo – 2 Coríntios 13.13.
  4. Mas que cooperação no Evangelho é essa que Paulo fala aqui? Ver Filipenses 4.10-20.
  5. Paulo estava muito grato a Deus pela cooperação da Igreja em Filipos para o seu ministério. Essa cooperação era de três modos: Aceitação do Evangelho, Permanência no Evangelho e Contribuição ara o Evangelho.

Conclusão

Paulo encerra a sua saudação, ação de graças e uma intercessão em favor da Igreja afirmando sua convicção sobre a obra redentora de Deus na vida dos filipenses e sobre o que estava em seu coração em relação aos irmãos.

Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo.
Filipenses 1.6, 7

Pr. Walter Almeida Jr.
IBLB Araras 09/06/13

Introdução ao Estudo da Carta de Paulo aos Filipenses


Atos 15.36-16.40; Filipenses 1.1

Paulo, após separar-se temporariamente de Barnabé e Marcos na missão de plantar e edificar novas igrejas – Atos 15.36-39 foi, em sua segunda viagem missionária, com Silas, Timóteo e Lucas aos seguintes lugares, plantando e confirmando as igrejas: Síria e Cilícia – Atos 15.40, 41 (Silas é citado aqui); Derbe, Listra e Icônio – Atos 16.1, 2 (Timóteo é citado aqui); Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número – Atos 16.5.

Nessa segunda viagem missionária, Paulo, percorrendo a região frígio-gálata – Atos 16.6a, foi impedido pelo Espírito Santo de pregar em alguns lugares: Ásia – Atos 166b; Mísia e Bitínia – Atos 16.7; Trôade – Atos 16.8. Impelido por uma visão, Paulo e seus companheiros viajaram a Filipos, passando por mais duas cidades, Samotrácia e Neápolis – Atos 16.9-11.

... e dali, a Filipos, cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia. Nesta cidade, permanecemos alguns dias”. (Atos 16.12)

Filipos era uma cidade que ficava na estrada principal entre as províncias orientais e Roma. Seu nome foi dado em honra ao seu fundador, o Rei Filipe da Macedônia, o pai de Alexandre o Grande. Como colônia romana era habitada parcialmente por soldados romanos aposentados e por isso os seus habitantes desfrutavam dos privilégios da cidadania romana. Mais tarde tornou-se um posto militar estratégico e muito importante para o governo romano.

Deus fez uma obra extraordinária naquela cidade começando com a conversão de Lídia “... o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” – v.14b, Atos 16.13-15; a libertação de uma jovem possessa de espírito adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores – v.16b, Atos 16.16-18; e a conversão do carcereiro e sua família – Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa – v.31, 32, Atos 16.19-40.

A igreja na cidade de Filipos foi a primeira que Paulo fundou na Europa e a ausência de citações do Antigo Testamento e de nomes judeus na carta, a ela, indica que a igreja Filipense era, em sua maior parte, gentílica.

A carta é cheia de alegria e gratidão pelo modo como Deus plantou a sua igreja e como a estava aperfeiçoando naquele lugar – “... aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” – Filipenses 1.6. Mas, ao mesmo tempo há um tom de gravidade na carta, por isso, Paulo, como seu pastor fundador, os encoraja a não se intimidarem pelos adversários na perseguição – Filipenses 1.27-30, nem se deixarem enganar por falsos ensinos dos cães e maus obreiros – Filipenses 3.2-11. Paulo estava alegre pelo progresso da fé da igreja, mas de olhos abertos em relação aos seus conflitos internos que poderiam por em risco seu testemunho sua capacidade de suportar os ataques do inimigo – Filipenses 1.27-2.18; 4.2-7.

Vamos, hoje, começar a estudar a carta de Paulo aos Filipenses e quero estudá-la com base no tema e esboço sugerido na Bíblia com as Referências e Anotações de Dr. C.I. Scofield:

A Carta da Experiência Cristã

Introdução

Saudação, Ação de Graças e Intercessão – 1.1-7

I. Uma experiência pessoal com Cristo – 1.8-30
Cristo a vida do Cristão: Regozijo apesar do sofrimento

  1. Alegria em Cristo que triunfa sobre o sofrimento – v.8-18
  2. Livramento em Cristo – uma expectativa Paulina – v.19-30

II. Uma experiência de vida com Cristo – 2.1-30
Cristo, o modelo cristão: Regozijando-se no serviço humilde

  1. Exortação à humildade e unidade em Cristo – v.1-4
  2. A humilhação (kenosis) e a exaltação de Jesus Cristo – v.5-11
  3. O resultado da salvação – v.12-16
  4. O exemplo apostólico – v.17-30

III. Uma experiência que envolve fé, desejo e expectativa – 3.1-21
Cristo, objeto da fé, do desejo e da expectativa cristã

  1. Advertência paulina contra os legalistas a sua justiça – v.1-7
  2. Cristo – razão da fé do crente quanto a justiça – v.7-9
  3. Cristo – razão do desejo do crente da comunhão no poder da ressurreição – v.10-14
  4. Apelo à unidade cristã com compromisso – v.15-19
  5. Cristo – razão da expectativa do cristão – v.20, 21

IV. Uma experiência de força em Cristo – 4.1-20
Cristo, a força do Cristão: Regozijando-se na ansiedade

  1. Exortação paulina para que tenham a mesma mente – v.1-3
  2. O segredo da paz de Deus – v.4-7
  3. A presença do Deus da paz – v.8-9
  4. A suficiência do cristão através de Cristo – v.10-20

Conclusão

Saudai cada um dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que se acham comigo vos saúdam. Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César. A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.
v.21-23
 
O nosso estudo de hoje é na Introdução de Paulo à carta aos Filipenses:
Saudação (apresentações e destinatários) – 1.1

I. Saudação (apresentações e destinatários) – 1.1

Em suas treze cartas no Novo Testamento, Paulo, usa como primeira palavra, em cada uma delas, seu próprio nome. Essa foi uma opção pessoal do apóstolo e como ele afirmou aos Tessalonicenses em sua segunda carta - A saudação é de próprio punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é que eu assino. (2 Tessalonicenses 3.17) – observamos que sua marca registrada era: O nome Paulo no início e assinatura de próprio punho no final. A versão NVI traduz este versículo assim: Eu, Paulo, escrevo esta saudação de próprio punho, a qual é um sinal em todas as minhas cartas. É dessa forma que escrevo.

Mesmo quando Paulo usava outra pessoa para redigir suas cartas, os chamados amanuenses, que eram escribas profissionais ou numa linguagem grego-romana burocratas que escreviam correspondências ou copiavam documentos, ele no final da carta, usaria a pena e autenticaria como sendo sua – Romanos 16.22; Gálatas 6.11; Filemom v.19.

1. Paulo e Timóteo... (v.1a)

  1. Paulo tinha um nome hebraico que foi lhe dado ao nascer: Saulo que significa pedido de Deus. Por ter nascido em território romano ou porque seu pai tinha adquirido a cidadania romana, ele tinha também um nome grego-romano: Paulo que significa pequeno.

  1. Timóteo, que Paulo encontrou pela primeira vez em Listra ou Derbe – Atos 16.1; 20.4, tornou-se um dos companheiros mais íntimos e confiáveis de Paulo. Ele trabalhou com Paulo na obra na Macedônia (Atos 18.5; 19.2), em Corinto – Atos 18.5 e em Éfeso – Atos 19.22. Timóteo estava com Paulo em Éfeso quando ele escreveu 1 Coríntios (4.17; 16.10) e quando escreveu 2 Coríntios (1.1) e Filemom (1).

2. ... servos de Cristo Jesus... (v.1b)

  1. servos – palavra grega doulos que é a tradução da palavra hebraica ‘ebed que significa literalmente escravos.  Essa palavra era usada no Antigo Testamento para identificar os servos escolhidos de Deus como seus mensageiros acreditados – Êxodo 14.31; Números 12.7; Salmo 105.26; Jeremias 25.4; Daniel 9.6, 10; Amós 3.7.
  2. em Cristo Jesus – O sentido paulino da palavra servos é verificado mais exatamente aqui, onde Paulo, considera os crentes como pertencentes a Cristo Jesus em virtude de sua redenção – 1 Coríntios 6.20; 7.23. Então, Paulo e Timóteo, eram servos escolhidos de Deus como seus mensageiros acreditados em Cristo Jesus.

3. ... a todos os santos em Cristo Jesus... (v.1c)

  1. A todos os santos... é o modo, como de costume, Paulo, chama os crentes. A palavra santos indica o fato de sermos separados por Deus e para ele, como um povo de Deus ligado a ele por uma aliança. A palavra se aplica a todos os crentes, e não a uns poucos escolhidos de espiritualidade especial ou de excelência moral. Os santos o são por vocação divina.

  1. ... em Cristo Jesus é um conceito paulino básico encontrado varias vezes aqui na carta. Para Paulo estar em Cristo significa, não apenas, estar ligado a ele individualmente, pela fé, confiança e dedicação, mas estar ligado ao seu povo. Estar em Cristo é o oposto de estar no pecado, em Adão – 1 Coríntios 15.22.

4. ... inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos... (v.1d)

  1. bispos – tradução da palavra episkopois que significa literalmente supervisores.

  1. diáconos – tradução da palavra diakonos que significa aqui servo ou aquele que serve. Os serviços aqui são as necessidades e responsabilidades matérias da igreja.

Concluindo

Para terminar nosso estudo de hoje, quero fazer quatro aplicações:

1ª) Os servos de Deus que dedicaram suas vidas ao ministério devem ser honrados (1a);

2ª) Como servos de Cristo Jesus, todos os cristãos devem estar submissos a ele (1b);

3ª) Todos os cristãos foram separados para Deus em Cristo Jesus (1c); e

4ª) Todos os cristão necessitam diariamente da Palavra de Deus (1d).


Pr. Walter Almeida Jr.
IBLB Araras 02/06/13

domingo, 9 de junho de 2013

Bem-aventurança, Consciência e Gratidão


Salmo 41

Em nosso estudo anterior dos salmos messiânicos, vimos o Salmo 40 e o tema foi: “Louvor e Dedicação, Oração e Livramento”. Aprendemos que o salmo começa com uma expressão muito forte de ação de graças e conclui com uma mistura de oração e lamento confiante. É um salmo de louvor (vv.1-10) e petição por livramento (vv.11-17).

O salmo messiânico de hoje é o Salmo 41. A referência messiânica direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 41.9 – João 13.18 (Atos 1.16).

Após uma experiência pessoal amarga com seu amigo, companheiro e conselheiro de governo Aitofel, Davi, escreve o Salmo 41. Esse fato é relatado em 2 Samuel 15-17. “Inicialmente ele (Aitofel) foi um conselheiro eloquente e extremamente inteligente da casa real. Mas, posteriormente, ele abandonou Davi e se pôs ao lado dos inimigos dele. Com isso Davi teve uma amarga decepção, o que o motivou a escrever... Sua experiência dolorosa mostra profeticamente a traição de Judas a Jesus, aproximadamente 1.000 anos depois”[1].

Nosso tema de hoje é Bem-aventurança, consciência e gratidão. Para uma compreensão mais proveitosa do salmo, vamos estudá-lo em três pontos: 1º) A bem-aventurança da misericórdiavv.1-3; 2º) Consciência – pecados pessoais e luta espiritualvv.4-10; e 3º) Gratidão e Louvorvv.11-13.

I. A bem-aventurança da misericórdia – vv.1-3

1. v.1a – Bem-aventurado o que acode ao necessitado... – A preocupação e o ensino sobre o cuidado aos necessitados nos livros da Lei é enfático – Conf. Êx 22.21-27; 23.6-11; Lv 19.9, 10, 33, 34; Dt 10.17-19. Provérbios 14.21 e 19.17 fala da retribuição abençoada do Senhor para o que se compadece dos pobres.

ü Jesus falou sobre essa bem-aventurança em Mateus 5.7 e foi claro sobre a bênção de ser misericordioso - ... alcançarão misericórdia.
ü Na regra áurea dada por Jesus em Mateus 7.12, ele “resume de maneira precisa a essência dos princípios éticos contidos na Lei e nos Profetas”[2].

2. v.1b-3 – “aqui a promessa abrange socorro na tribulação, proteção e restauração, bênção temporal, refúgio, força e consolo na doença”[3].

II. Consciência – pecados pessoais e luta espiritual – vv.4-10

1. v.4 – Davi tinha consciência de que era um pecador como qualquer outro ser humano (Sl 51.3-5). Por isso, após afirmar que quem acode ao necessitado recebe a bênção divina, ele pede a bênção do perdão divino para os seus próprios pecados.

2. v.5-9 – Davi tinha consciência, também, da luta espiritual que o servo de Deus enfrenta. No caso dele, “a oposição humana e, acima de tudo a traição de um amigo de confiança”[4].

ü  v.9 – A traição de Davi por um amigo pessoal e de governo, Aitofel, retrata a traição de Jesus por Judas – Jo 13.18, 19. No AT há pelo menos cinco textos qua falam direta ou indiretamente da traição de Judas e que se cumprem no NT – 2Sm 17; Sl 41.9; 55.12-14; 109.8, 9; Zc 11.12, 13.
ü  O amargo fim de Aitofel e Judas – 2Sm 17.23; Mt 27.5.

3. v.10 – Aqui temos um pedido não apenas do servo Davi, mas do rei Davi. Como servo de Deus, Davi, pede graça para viver (10a), como rei constituído por Deus, Davi, pede força para fazer o que é devido ao seu ofício (10b).

III. Gratidão e Louvor – vv.11-13

1. v.11, 12 – Davi expressa aqui sua gratidão a Deus: 1º) pelo seu perdão – Com isto conheço que tu te agradas de mim... (11a); 2º) pela vitória na luta – ... em não triunfar contra mim o meu inimigo. (11b); 3º) pelo sustento e direção do Senhor – Quanto a mim, tu me susténs na minha integridade... (12a); e 4º) pela presença constante do Senhor – ... e me pões à tua presença para sempre. (12b)

2. v.13 – Davi encerra esse salmo louvando a Deus por quem Ele é, por sua grandeza e por sua verdade.

ü  O v.13 também é uma doxologia e encerra o primeiro livro de Salmos (1-41). Assim também se encerram todos os outros quatro livros de Salmos – Conf.: Sl 72.18, 19; 89.52; 106.48; 150.6.

Concluindo

Para MacArthur as palavras bem-aventuranças e bendito nos vv.1 e 13, “servem como apoio de livros numa estante. Entre esses apoios, outros elementos incluem: 1) confiança (vv.1b-3; 11, 12), 2) orações (vv.4, 10), e 3) lamento (vv.5-9), com momentos de sabedoria e louvor. A mensagem de Davi, no Sl 41, fala do amoroso e terno cuidado de Deus na unidade de terapia intensiva da vida”[5].

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 09/06/13


[1] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 140.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1219.
[3] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 775.
[4] Ibid., p. 776.
[5] MacArthur, p. 710.

domingo, 2 de junho de 2013

Louvor e Dedicação, Oração e Livramento


Salmo 40

Em nosso estudo anterior dos salmos messiânicos, vimos o Salmo 34 e o tema foi: “Louvor, ensino e bênçãos”. Aprendemos como Davi testemunha e louva a Deus por sua bondade para com ele (vv.1-7), estimula e instrui o povo a provar que o Senhor é bom (vv.8-16), e a desfrutar diariamente da sua maravilhosa bondade (vv.17-22).

O salmo messiânico de hoje é o Salmo 40. A referência messiânica direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 40.6-8 – Hebreus 10.5-10.

Este salmo começa com uma expressão muito forte de ação de graças e conclui com uma mistura de oração e lamento confiante. É um salmo de louvor (vv.1-10) e petição por livramento (vv.11-17). O que temos, na primeira parte do salmo, é Davi louvando a Deus por livramentos passados (vv.1-4) e dedicando sua vida a Ele (vv.5-10), e na segunda parte, Davi apresentado ao Senhor uma nova situação (vv.11, 12) e intercedendo por livramento (vv.13-17).

Nosso tema de hoje é Louvor e Dedicação, Oração e Livramento. Para um estudo mais proveitoso vamos dividir o Salmo 40 em duas partes: 1ª) Louvor e Dedicaçãovv.1-10; e 2ª) Oração e Livramentovv.11-17.

I. Louvor e Dedicação – vv.1-10

Nesses versos temos “a espera que acabou (1-3); a confiança que foi recompensada (4, 5), o compromisso pessoal de fazer a vontade de Deus que é assumido (6-8), o testemunho publico que é prometido (9, 10)”[1].

1. Louvor – ação de graças!

a. v.1-3 – Davi louva a Deus, porque o simples fato de esperar nEle com confiança trouxe para a sua vida “livramento pessoal, segurança, renovação e impacto público eficaz”[2].

b. v.4, 5 – “A bem-aventurança acompanha a confiança por causa da abundância dos feitos do Senhor”[3].

A maneira como os servos de Deus reagem diante das situações adversas da vida “constitui um vigoroso testemunho, e nada é mais poderoso do que manter uma atitude de espera confiante. Essa atitude é notada (verão), estimula a reverencia pelo Deus que responde a fé (temerão) e leva outros a terem fé também (confiarão)”[4].

2. Dedicação

a. v.6-8 – nesses versos, Davi não fala simplesmente sobre a dedicação de sua vida ao Senhor, mas, profeticamente, sobre o sacrifício único de Jesus e sua completa entrega na obra de redenção. Hebreus 10.1-18 esclarece muito bem esse fato!

b. v.9, 10 – o salmista, em sua dedicação ao Senhor sabe que, “nenhum ritual é satisfatório (6), somente o compromisso sério com a vontade de Deus (7, 8). Isso não pode ser apenas uma questão de santidade interior; precisa ser um testemunho público”[5].

II. Oração e Livramento – vv.11-17

1. v.11-13 – essa oração do salmista é um pedido por livramento, mas, por livramento pela graça e verdade de Deus. Por que graça e verdade? Porque a graça perdoa e a verdade estabelece a justiça. Davi precisava de perdão para suas próprias iniquidades (v.12) e de justiça sobre os que lhe perseguiam. (vv.14, 15)

2. v.16 – mas a oração também pede alegria para os que servem a Deus!

3. v.17 – Consciente de quem era, um ser humano pecador – pobre e necessitado, “Davi, sabe que, por maiores que tenham sido as misericórdias do passado, enquanto nossa vida terrena continuar estaremos sempre precisando de novas misericórdias no céu e na terra”[6]. (Hb 7.25)

Concluindo

Assim como Davi, devemos contemplar o futuro à nossa frente com uma atitude de espera confiante sabendo que, independentemente do que o Senhor fez no passado, “existe a necessidade constante e urgente de sua atenção e ação salvadora (17)”[7].


Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 02/06/13


[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 774.
[2] Ibid., p. 774.
[3] Ibid. p. 774.
[4] Ibid., p. 774.
[5] Ibid., p.775.
[6] Ibid., p.775.
[7] Ibid., p.774.