domingo, 29 de setembro de 2013

Exposição da Carta de Judas (3) - Recapitulação


Jd 5-7

Defender a fé do erro exige consciência dos desígnios de Deus para com os hereges, visto que foram marcados pela severa punição por suas variadas formas de rebelião.[1]

No estudo anterior nos vv.3, 4 estudamos sobre a Declaração de Propósito da Carta de Judas e vimos que a sua apologia veio como uma reação ao ataque da heresia, a fim de motivar os crentes a defender a sua fé.

Expomos isso em três pontos: 1º) O propósito inicial de Judas fora comentar a vida cristãv.3a; 2º) O propósito efetivo de Judas era motivar seus leitores a lutar pela fé cristãv.3b; e 3º) O motivo para Judas escrever esta carta era o ataque da heresia contra a Igrejav.4.

Hoje, vamos estudar os vv.5-7 com o tema Recapitulação e com a seguinte tese: Defender a fé do erro exige consciência dos desígnios de Deus para com os hereges, visto que foram marcados pela severa punição por suas variadas formas de rebelião.

Faremos isso examinando os exemplos das severas punições de Deus para “três atos bem conhecidos da apostasia do Antigo Testamento, como breves lembretes, para ilustrar suas consequências condenáveis, como declara o v.4[2]Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.

Então, Judas começa a advertir os seus leitores primários contra os perigos da apostasia e menciona o castigo dos que saíram do Egito, o castigo de anjos desobedientes e o castigo das cidades de Sodoma e Gomorra por sua apostasia e impiedade gritante.

Assim, veremos: 1º) Como Deus puniu a incredulidade dos israelitas errantesv.5; 2º) Como Deus puniu a insubordinação dos anjos caídosv.6; 3º) Como Deus puniu a imoralidade de Sodoma e Gomorrav.7.

I. Como Deus puniu a incredulidade dos israelitas errantes – v.5

Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram;

1. v.5aMas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto,... – Essa declaração inicial de Judas revela que seus leitores já haviam sido ensinados sobre esse assunto. Aqui temos uma ligação clara com o v.3b onde Judas diz... e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi entregue aos santos.

João Calvino disse: “O objetivo da Palavra de Deus não é somente nos ensinar aquilo que de outra forma não poderíamos saber, mas nos despertar para uma meditação séria daquelas coisas que nós já compreendemos, para que não nos tornemos dormentes num conhecimento frio”.[3]

2. v.5b – ... que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram;

a. O povo que o Senhor salvou, tirando-os da terra do Egito, é o povo de Israel que viveu 430 anos no Egito e estava sendo escravizado lá. Esse fato a que Judas se refere está no livro de Êxodo 1.8-14; 2.23-25; 3.7, 8; 12.37-42.

b. “Judas continua sua argumentação, mencionando a destruição daqueles de entre os israelitas que não creram em Deus durante os quarenta anos de peregrinação no deserto”[4] a caminho da terra prometida. (conf., Hb 3.7-19)

c. Há três episódios daquela época que podem ter vindo a mente de Judas ao citar a incredulidade do povo – 1º) Nm 14.22-37os espias enviados a Canaã e seu relatório incrédulo; 2º) Nm 26.31Nadabe e Abiú e o fogo estranho; ou 3º) Nm 26.9, 10Coré na contenda contra Moisés. Ao falar do castigo de Coré no v.11b, Judas emprega o mesmo verbo destruir usado no v.5b.

Assim, de modo milagroso, Deus libertou a nação de Israel da escravidão do Egito (Êx 12.51; Dt 4.34), mas os israelitas responderam com incredulidade, dúvida e abandono da fé em Deus, que havia prometido levá-los para a Terra Prometida (Nm 13.25-14.4), a ponto de adorar um ídolo que eles mesmos fizeram como também murmurar contra Deus, em vez de adorá-lo (Êx 16.7-12; 1Co 10.10, 11). Essa geração apóstata morreu durante os 40 anos de peregrinações pelo deserto (Nm 14.22-30, 35).[5]

O que Judas queria dizer aqui?

Que assim como Deus puniu severamente aqueles que tentaram afastar o povo de Israel da fé na promessa e na providência de Deus para a Terra Prometida, Ele vai punir os falsos mestres que, no meio do povo de Deus, a Igreja, apostataram da fé e ensinam deturpando a graça de Deus e negando a divindade de Jesus, na tentativa de desviarem alguns do caminho do Céu.

II. Como Deus puniu a insubordinação dos anjos caídos – v.6

E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia;

1. v.6aE aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação... – Judas, em seu segundo exemplo de que Deus há de punir os ímpios, refere-se aos anjos rebeldes. Esses anjos são aqueles que caíram com Satanás em sua rebelião – Is 14.12-15; Ez 28.14-17.
a. Isaías 14.12-15; Ezequiel 28.14-17 – Essas profecias dizem respeito primariamente ao rei de Tiro, anunciando a sua queda por causa da soberba, mas elas são interpretadas desde a antiguidade como referências veladas à queda de Satanás. Deus o castigou imediatamente após, ele, em sua iniquidade, querer tomar o lugar de Deus no trono do universo e a todos os outros anjos que o acompanharam, despojando-os do lugar de glória que ocupavam, expulsando-os de sua presença e confirmando para sempre a decisão que tomaram de rebelar-se contra Deus.[6] (Ap 12.9)

b. O Senhor Jesus falou sobre a queda de Satanás – Lc 10.18; Jo 8.44; Paulo também – 1Tm 3.6; e Pedro – 2Pe 2.4.

c. Os anjos que caíram com Satanás, ao que parece, segundo afirmação de Judas, se rebelaram contra Deus por estarem insatisfeito com a posição original de autoridade e poder com a qual foram criados, desejando serem maiores que o Todo-Poderoso, e assim não guardaram o seu principado, isto é, não permaneceram dentro dos limites da autoridade que Deus lhes havia concedido na criação, mas deixaram a sua própria habitação, não um lugar geográfico, mas o estado próprio em que foram criados.[7]

2. v.6b... reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia; – Judas agora declara a punição que Deus trouxe a esses anjos rebeldes.

a. Primeiro, já que esses anjos não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, Deus, em seu total controle sobre eles, os reservou ou tem guardado (ARA) “debaixo do seu poder, confinados por sua vontade, ao que Judas chama de escuridão, um estado de perdição e condenação, alijados do favor de Deus, sem esperança de arrependimento, retorno ou mudança”[8]. O que acontecerá também com os falsos mestres combatidos por Judas – v.13.

b. Segundo, a expressão “em prisões eternas” não se refere a algum lugar físico nos recônditos do universo, mas figuradamente, ao controle absoluto “de Deus sobre eles e para o fato de que atualmente estão confinados e limitados pela vontade de Deus, e que essa determinação é irreversível”[9].

c. Terceiro, a punição final deles e descrita como “até o juízo daquele grande dia” e se refere ao juízo final onde Satanás, seus anjos rebeldes e seus seguidores serão julgados e jogados no lago de fogo – Mt 25.41; Ap 20.10-15; Sl 9.17.

O que Judas queria dizer aqui?

Que assim como Deus não poupou os anjos quando pecaram, isto é, quando se insubordinaram e se amotinaram contra ele, também não poupará os ímpios que transformam a sua graça em libertinagem. Deus sempre puniu o pecado, não importando quem o tivesse cometido.

III. Como Deus puniu a imoralidade de Sodoma e Gomorra – v.7

Assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.

1. v.7aAssim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas,... – Agora, Judas, usa a famosa história de Sodoma e Gomorra e das cidades ao seu redor, Admá, Zeboim e Bela, que é a mesma Zoar (Gn 14.8; 19.23; Os 11.8), que se encontra em Gênesis 18.22-19.29, e que é usada na Escritura mais de 20 vezes para ilustrar o juízo de Deus durante os dias de Abraão e Ló. Sodoma e Gomorra eram cidades que estavam localizadas nas campinas do Rio Jordão no extremo sudeste do Mar Morto – Gn 13.10.

2. v.7b – ... que, havendo-se entregue à fornicação como aqueles, e ido após outra carne,... – os moradores daquelas cidades, principalmente os homens de Sodoma e Gomorra, são descritos em Gênesis como maus e grandes pecadores contra o Senhor, a ponto de a Escritura afirmar que o pecado ali tinha se multiplicado e se agravado muito – Gn 13.13; 18.20.

O pecado predominante naquela região, segundo Judas era a fornicação e a ir após outra carne. A palavra traduzida por fornicação por Judas, só aparece aqui no Novo Testamento e se refere a todo o tipo de imoralidade sexual. Mas, como ele acrescenta e ido após outra carne, a junção dos termos especifica o tipo de imoralidade sexual que ele tem em mente e que era prevalecente naquelas cidades – relações sexuais antinaturais – como é acertadamente traduzida na Versão NVI.

O termo carne usado aqui, que ocorre três vezes na carta, se refere em todos os casos ao corpo como instrumento do pecado. (vv.8, 23) Ido após outra carne, aqui, é mais um eufemismo bíblico. A outra carne é o corpo masculino desejado pelos homens de Sodoma e das outras cidades, quando deveriam desejar mulheres. Esse pecado está caraterizado no episódio em que Ló recebe em sua casa os homens enviados da parte do Senhor, que eram anjos em forma humana, mas os homens da cidade de Sodoma não sabiam disso – Gn 19.4. Esse fato deu origem ao adjetivo sodomita, isto é, o homem que pratica relações sexuais com outro homem. Esse termo ocorre em Dt 23.18; 1Co 6.9; 1Tm 1.10. E em todos os casos, tanto no hebraico como no grego, o sentido é de homens que mantêm relações sexuais com homens.[10]

O que será que gerou aquela situação tão nefasta a ponto de não se encontrar nem dez homens justos em Sodoma, o que teria poupado a cidade da destruição? Simplesmente a apostasia do povo, uma vez que a destruição só ocorreu 450 anos depois do Dilúvio, quando pelo menos um dos filhos de Noé ainda estava vivo (Sem – Gn 11.10, 11), e 100 anos depois da morte de Noé (Gn 9.28), as pessoas tinham conhecimento da mensagem de justiça e juízo de Deus que Noé havia pregado por um longo período e, ainda assim, a rejeitaram.

3. v.7c – ... foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno. – Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim ficaram como exemplo pata toda a eternidade do justo juízo de Deus contra o pecado, no caso específico aqui, todo tipo de imoralidade sexual e, diretamente, a sodomia. O sinal delas, como está na Escritura, continua a servir de exemplo ainda hoje.[11]

A punição delas serve de exemplo do fogo eterno que aguarda os ímpios e os anjos rebeldes no lago de fogo, um lugar pior que o inferno, segundo a Bíblia em Apocalipse 20.10, 14, 15.

Uma coisa interessante na Bíblia é que ninguém falou mais desse fogo eterno do que o próprio Senhor Jesus. Um exemplo está em Mateus 5.22; 25.46.

O que Judas queria dizer aqui?
“A sina de Sodoma e Gomorra é o último exemplo de Judas, tirado da história bíblica, de que os falsos mestres haverão de sofrer a punição divina por suas iniquidades. O seu argumento é poderoso e baseia-se na imutabilidade de Deus, na sua santidade e na sua disposição de castigar o pecado”.[12]

Concluindo

Que lições e aplicações podemos tirar, para nós, desses exemplos que Judas nos dá sobre a punição da incredulidade dos israelitas errantes, da insubordinação dos anjos caídos e da imoralidade de Sodoma e Gomorra?

1ª) Necessitamos crer em Jesus Cristo como nosso Salvador e nunca nos afastarmos dele, por nenhum motivo ou circunstâncias adversas da vida.

2ª) Necessitamos reconhecer e aceitar a vontade de Deus em nossa vida, todos os dias da nossa vida.

3ª) Necessitamos a cada dia de santidade em nossa vida e isso só ocorrerá quando deliberadamente nos afastarmos mais e mais de tudo que nos induza ao pecado.

Pr. Walter Almeida Jr.
Limeira – SP – 28/09/13



[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento, Hagnos, 2008, p. 586.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1773.
[3] Lopes, Augustus Nicodemos. Interpretando o NT, II e III João e Judas, Editora Cultura Cristã, 2008, p. 103.
[4] Ibid., p. 103.
[5] MacArthur, p. 1773.
[6] Lopes, p. 106.
[7] Ibid., p. 107.
[8] Ibid., 107.
[9] Ibid., 108.
[10] Ibid., p.110.
[11] Ibid., p. 111.
[12] Ibid., p. 112.

Louvor ao Senhor – pelo passado, pelo presente e pelo futuro


Salmo 118

Nosso Salmo Messiânico anterior foi o Salmo 110 e o tema foi: O Messias – um Rei, um Sumo Sacerdote e um Governante Perfeito. Nós o estudamos em três pontos: 1º) O Messias – Um Rei Perfeitovv.1-3; 2º) O Messias – Um Sumo Sacerdote Perfeitov.4; e 3º) O Messias – Um Governante Perfeitovv.5-7.

O Salmo Messiânico de hoje é o Salmo 118 e o último dos salmos considerados messiânicos. As referências messiânicas que o identificam como salmo messiânico são: 1ª) Salmo 118.22, 23 – Mateus 21.42; e 2ª) Salmo 118.26 – Mateus 23.39.

O Salmo 118, assim como o Salmo 110, é um dos salmos mais citados no Novo Testamento. Ele pertence ao grupo dos Salmos de Louvor que os judeus mais cantavam nas suas grandes festas – Páscoa, Tabernáculos e das Semanas. Era o último hino cantado na festa da Páscoa, e possivelmente Jesus, juntamente com seus discípulos, cantou esse hino na celebração da sua última Páscoa, antes de ir para o Monte das Oliveiras – Mateus 26.26-30.

Há duas possiblidades razoáveis para a autoria deste salmo: Moisés ou um dos reis de Israel, após o retorno do exilio para Jerusalém. Para MacArthur, “possivelmente foi Moisés que escreveu esse belíssimo salmo a fim de recordar, em adoração, a Páscoa histórica e contemplar, com admiração, a Páscoa espiritual, em Cristo”.[1]

O Salmo 118 declara, simbolicamente, o supremo propósito de Deus com o êxodo, além da libertação do seu povo da escravidão no Egito à redenção pelo Messias “vindouro para quem todos os detalhes aqui descritos ainda estavam por se cumprir”[2]. O salmo é comemorativo e esperançoso, pois vislumbra o Bendito, aquele que vem em nome do Senhor (v.26b) e da parte do Senhor se fez isto: maravilhoso é aos nossos olhos (v.23).

Nosso tema de hoje é “Louvor ao Senhor – pelo passado, pelo presente e pelo futuro”. Vamos estudar esse louvor em três pontos: 1º) Louvor ao Senhor pelo passadovv.1-14; 2º) Louvor ao Senhor pelo presente vv.15-25; 3º) Louvor ao Senhor pelo futurovv.26-29.

I. Louvor ao Senhor – pelo passado – vv.1-14

1. vv.1-4 – Chamado ao louvor: v.1Motivo; v.2Israel; v.3 – Líderes; v.4Todos!

2. vv.5-9 – O foco do louvor do salmista está no Senhor:

Na angústia o Senhor ouve e livra (5); a presença do Senhor tira todo o medo; presença do Senhor que está na comunhão da comunidade e impede a ação destruidora do ódio (6, 7). Por isso, melhor é confiar no Senhor do que
na própria força e nas autoridades (8, 9).

3. vv.10-12 – O salmista, como líder do povo, relembra a hostilidade das nações inimigas e seu ataque feroz, bem como, o livramento pela fé no nome do Senhor.

4. vv.13, 14 – A ajuda do Senhor e a afirmação de louvor – O Senhor é minha força e o meu cântico; e se fez a minha salvação.

II. Louvor ao Senhor – pelo presente – vv.15-25

1. vv.15-18 – Louvor ao Senhor pela salvação realizada diretamente pelo Senhor!

2. vv.19-21 – Louvor ao Senhor do modo do Senhor!

3. vv.22-25 – Louvor ao Senhor pela maneira maravilhosa como Ele faz as coisas!

III. Louvor ao Senhor – pelo futuro – vv.26-29

1. Louvor ao Senhor pela esperança messiânica – v.26.

2. Louvor ao Senhor que tomou a iniciativa para a redenção – v.27.

3. Louvor ao Senhor – pessoal: Tu és o meu Deus, e eu te louvarei... v.28.

4. Um convite universal para louvar ao Senhor pelo que ele é e faz! – v.29.

Concluindo

“Como não agradecer a Deus por ser tudo que é? Na verdade, por ser tudo que é especialmente para nós, que fomos salvos, gratuitamente, pelo seu amor leal por meio da fé no Senhor Jesus. Sendo assim, nos cumpre aprender as sábias lições de Deus, manter dependência do seu poder por meio da oração e aguardar com plena gratidão o dia glorioso em que, vindo novamente Jesus, digamos todos: Bendito é o que vem em nome do Senhor!”.[3]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira 27/09/13


[1] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 772.
[2] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 854.
[3] Tronco, Pr. Thomas. Estudo do Salmo 118, IBR.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Frutificação por Excelência


João 15.8, 9, 12-17

No estudo anterior vimos que, o processo de frutificação eficaz é simples e está em permanecer em Cristo (no amor de Deus) (vv.3, 4, 8-10), depender totalmente de Jesus (vv.5, 6), orar continuamente (v.7), e viver contente (alegria completa) (v.11).

Hoje, nosso tema é: A frutificação por excelência – João 15.8, 9, 12-17.

A frutificação excelente, que a Bíblia exige do cristão, tem como base a excelência do amor (vv.9, 12, 13) e da amizade de Jesus por seus discípulos (vv.13b-16).

I. A excelência do amor de Jesus – vv.9, 12, 13

1. Tem como base o amor do Pai – v.9. O amor de Jesus por nos é igual ao amor que ele recebeu do Pai, o amor soberano e espontâneo que consiste em amar independentemente do valor e das qualificações da pessoa amada.

2. É um referencial – v.12 – a referência que os discípulos tinham do amor era o próprio amor de Deus por Jesus e de Jesus por eles. Jesus faz de seu amor um mandamento para seus seguidores. (conf. Jo 13.34)

3. É um amor sacrificial – v.13 – isto é, que vai até as últimas consequências (1Jo 3.16). E do tipo que nunca falha (1Co 13.8 acf).

II. A excelência da amizade de Jesus – vv.13b, 14-16

1. Tem como base o seu amor – v.13b – Jesus fez de seus discípulos seus amigos e da mesma forma faz conosco. Uma boa definição de amigo é: “amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito, mas mesmo assim, continua sendo seu amigo”. (1Jo 4.10-19; conf. v.16a)

2. Está na sua obediência ao Pai – v.14 – antes de exigir obediência, Jesus, foi obediente ao Pai ao ponto de dar a sua vida em nosso favor – v.16b; Jo 4.34; 17.4; 1Jo 4.10; Fp 2.8.

3. Está na sua disposição de confiar nos seus discípulos – v.15 – Na concepção de Jesus, amigo é um confidente, pois, tudo o que ouviu de seu Pai compartilhou com seus discípulos.

4. Foi uma decisão ou escolha pessoal – v.16 – os discípulos foram escolhidos pessoalmente por Jesus, foi uma escolha a dedo. Os escolhidos tinham uma missão, ir e dar frutos que dessem fruto. A recompensa deles seria comunhão com Deus em nome de Jesus.

Concluindo – Jesus, ao repetir o v.12 no v.17, deixa claro que a excelência da frutificação está na mutualidade do amor. Os frutos excelentes, ou aqueles que permanecem, são aqueles colhidos unicamente para a glória de Deusv.8.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 26/09/13

domingo, 22 de setembro de 2013

Exposição da Carta de Judas (2) - Declaração de Propósito


Jd 3, 4

No estudo anterior vimos:

ü  Que Judas é o quatro livro mais curto do NT;
ü  Que o meu desejo no texto dessa carta é explicar, ilustrar e aplicar;
ü  Que Judas é uma das cartas gerais do NT;
ü  Que a carta mesmo indica o seu autor – Judas... (v.1);
ü  Que a Carta de Judas “é o único livro do Novo Testamento que se dedica exclusivamente a confrontar a apostasia, cujo significado é a deserção da fé bíblica verdadeira”[1]v.3, 17.
ü  Que o propósito da carta está declarado nos vv.3, 4;
ü  Que em nossa exposição da carta vamos usar a proposta de mensagem e esboço da carta de Judas defendida por Carlos Osvaldo: “Defender a fé do erro exige consciência dos desígnios de Deus para com os hereges e dos deveres do crente em tempos de heresia”.[2]
ü  A saudação da Carta de Judas (vv.1, 2) do seguinte modo: Judas se apresenta e deseja aos crentes capacitação divina segundo a posição segura deles diante de Cristo.
ü  Concluímos com as seguintes aplicações: 1ª) Somos servos de Jesus e irmãos em Cristo como servos de Jesus devemos nos colocar a sua disposição para o seu serviço de aperfeiçoamento dos santos e como irmãos devemos servir uns aos outros dentro de nossas possibilidades; 2ª) Fomos salvos por iniciativa direta de Deus – nossa salvação não depende nós, mas exclusivamente de Deus que nos chamou, santificou e conserva (preserva). Como disse Paulo em Rm 8.30E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou; e 3ª) Recebemos capacitação diretamente de Deus para perseveramos na fé – essa capacitação para a perseverança na fé vem da graça de Deus e provem misericórdia, paz e amor para uma vida cristã autentica.

Hoje, nos vv.3, 4 vamos estudar sobre a Declaração de Propósito da Carta de Judas. E veremos que a sua apologia veio como uma reação ao ataque da heresia, a fim de motivar os crentes a defender a sua fé.

Veremos isso em três pontos: 1º) O propósito inicial de Judas fora comentar a vida cristãv.3a; 2º) O propósito efetivo de Judas era motivar seus leitores a lutar pela fé cristãv.3b; e 3º) O motivo para Judas escrever esta carta era o ataque da heresia contra a Igrejav.4.

I. O propósito inicial de Judas fora comentar a vida cristã – v.3a
Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência
acerca da salvação comum... (v.3a)

1. Amados... – esse termo “reflete a afeição pastoral de Judas pelos seus leitores”[3]. Temos vários exemplos dessa afeição pastoral em outros escritores do NT, como por exemplo: João1Jo 2.1; Pedro 1Pe 2.11; PauloFm v.1; etc.

2. ... procurando eu escrever-vos com toda a diligência... – Judas foi extremamente cuidadoso em escrever a sua carta. Ele sabia que estava escrevendo para igreja de Deus e não podia corromper a fé bíblica. Temos um bom exemplo desse cuidado em LucasLc 1.1-4; em PauloAt 20.26, 27.

3. ... acerca da salvação comum... – Judas tinha em mente, inicialmente, escrever sobre a salvação comum ou, como entendendo, um tratado sobre a vida cristã. Assim como Lucas escreveu um tratado sobre a vida de Jesus (At 1.1), Judas queria escrever um tratado doutrinário sobre a vida cristã.

ð Judas se propusera a escrever sobre salvação como “a bênção comum que todos os cristãos desfrutam... para enfatizar a unidade e a comunhão entre os cristãos e lembra-los de que Deus não faz acepção de pessoas”[4].

II. O propósito efetivo de Judas era motivar seus leitores a lutar pela fé cristã – v.3b
“... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé
que uma vez foi entregue aos santos.” (v.3b)

1. ... tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos... – Judas não escreveu essa carta “por critério pessoal ou por qualquer disposição de humor. Sua carta tem uma fundamentação muito mais séria”[5], literalmente significa: vi-me forçado a escrever-vos.

ð Paulo usa essa mesma palavra necessidade em 1Co 9.16uma necessidade interior pesa sobre ele; por isso precisa evangelizar.

ð A vida cristã, porém, “está ameaçada, não por algo de fora, mas algo de dentro da própria igreja. Por essa razão a igreja precisa ser convocada, exortada, acordada e fortalecida para a luta[6].

ð A igreja dos primeiros séculos já enfrentava um combate à sua fé, ou seja, ao conteúdo sistemático de sua fé. Temos exemplos claros disso: PauloGl 1.6-9; Fp 3.19, 19; Cl 2.1-8; 16-18, 22, 23; 1Ts 4.1; 2Ts 2.1, 2; 1Tm 4.1; João 1Jo 4.1.

ð A exortação, aqui, é “para que os cristãos travassem uma guerra contra o erro em todas as suas formas e lutassem vigorosamente pela verdade”[7].

2. ... a batalhar pela fé que uma vez foi entregue aos santos. – Ao exortar seus leitores a batalhar pela fé, Judas usou um verbo grego (epagonizesthai) composto que dá a ideia de uma intensa batalha, de manter o inimigo a distância por meio de esforço concentrado e sem reservas.

ð ... pela fé... – corresponde a todo o conteúdo da verdade revelada acerca da salvação contida nas Escrituras – Gl 1.23; Ef 4.5, 13; Fp 1.27; 1Tm 4.1.

ð Aqui temos um chamado para conhecer a sã doutrina – Ef 4.14; Cl 3.16; 1Pe 2.2; 1jo 2.12-14; um chamado a discernir a verdade do erro – 1Ts 5.20-22; um chamado a dispor-se a confrontar e atacar o erro – 2Co 10.3-5; Fp 1.7, 27; 1Tm 1.18; 6.12; 2Tm 1.13; 4.7, 8; Tt 1.3.

ð Isso exige do cristão um esforço mental para compreender e ensinar a Palavra de Deus de modo correto e um esforço moral para aplicar esse entendimento ao comportamento diário – 1Pe 1.13-16; 2Pe 1.5-9.

ð ... que uma vez foi entregue... – “Por quem a fé nesse sentido é entregue aos santos? Inicialmente pelos apóstolos. Em última análise, porém, é o próprio Deus que nos prepara e concede o fundamento e conteúdo da fé[8] – cf. 1Co 11.23. O “conjunto de verdades definitivamente entregue, do qual nada se devia acrescentar”[9] – Gl 1.23. Também “sublinha a conclusão da revelação de Deus em Cristo”[10].

ð ... aos santos. – os cristãos são aqui identificados como santos, uma vez que são separados do pecado para Deus – 1Co 1.2.

III. O motivo para Judas escrever esta carta era o ataque da heresia contra a Igreja – v.4
Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus,
único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. (v.4)

1. v.4a – Porque se introduziram alguns... – A palavra grega pareisduein que é usada aqui, é extremamente expressiva. Emprega-se para as palavras lisonjeadoras e sedutoras do advogado ardiloso que se infiltram nas mentes dos juízes e jurados; usa-se para um proscrito que retorna e entra secretamente no país que o expulsou; emprega-se para referir-se a um processo sutil e paulatino de penetração de inovações na vida de um país, que finalmente mina e acaba com as leis ancestrais. Indica sempre uma secreta, furtiva insinuação de algo prejudicial numa sociedade ou numa situação concreta.

Esses que furtivamente se infiltraram nas igrejas, fingindo ser verdadeiros, e que, por fora, pareciam ser verdadeiros cristãos e mestres da Palavra, tinham como objetivo desviar o povo de Deus. Eram apóstatas fraudulentos inspirados por Satanás, que se passavam por ministros da justiça de Deus, estavam na igreja primitiva e estão hoje na igreja do nosso século – 2Co 11.12-15.

2. v.4b – ... que já antes estavam escritos para este mesmo juízo... – Não apenas Judas afirma que a condenação destes indivíduos estava prevista e era certa, mas os outros escritores do NT – Rm 3.8; 2Tm 3.13; 2Pe 2.1-22.

3. v.4c – ... homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. Aqui Judas apresenta três características dos falsos mestres apostatas e seus ensinos destruidores:

ð 1º) homens ímpios – não eram pessoas desconhecedoras da Palavra de Deus, mas conhecedores que pervertem e negam o real sentido da Palavra de Deus, como em 2Tm 3.1-9.

ð 2º) deturpam a graça de Deus – é o ensino gnóstico antinomiano que enfatiza que o corpo é mal e corrupto e mesmo aqueles que foram alcançados pela graça e são salvos, podem se entregar a concupiscência da carne, pois quanto mais pecam mais a graça de Deus é abundante para nos perdoar. Paulo em Romanos 6 corrige esse falso ensino.

ð 3º) negam a divindade e o poder salvador de Jesus Cristo – ao deturparem a graça de Deus, seu ensino falso se volta para a negação da divindade de Jesus e o seu poder de salvar o seu povo dos pecados deles. Esse ensino estavam tão forte naquela época que os apóstolos e os escritores sacros não pouparam palavras e foram muitos enfáticos e firmes em combatê-lo – 1Jo 2.18-29; 2Jo 7-11.

ð “Os apóstatas  os falsos mestres e as falsas religiões sempre deturpam o que a Escritura declara que é verdadeiro a respeito do Senhor e Salvador Jesus Cristo”[11].

Concluindo – Aplicações:

1ª) Devemos nos manter firmes na fé bíblica que abraçamos desde o início em nossa caminhada cristã;

2ª) Devemos ensinar a fé bíblica para a salvação e edificação de todos;

3ª) Devemos combater o erro doutrinário que vem contra a fé bíblica.

Pr. Walter Almeida Jr.



[1] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1771.
[2] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento, Hagnos, 2008, p. 585.
[3] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 2121.
[4] MacArthur, p. 1772.
[5] Boor, Warner de. Carta de Judas, Comentário Esperança, Editora Evangélica Esperança, 2008, p. 10.
[6] Ibid., p. 11.
[7] MacArthur, p. 1772.
[8] Boor, p. 11.
[9] Ryrie, Charles Caldwell. A Bíblia Anotada, Editora Mundo Cristão, 1995, p. 1585.
[10] Carson, p. 2121.
[11] MacArthur, p. 1773.

O Messias – um Rei, um Sumo Sacerdote e um Governante Perfeito


Salmo 110

Nosso Salmo Messiânico anterior foi o Salmo 102 e o tema foi: O pedido de um aflito ao Deus eterno e imutável. Nós o estudamos em três pontos: 1º) O pedido de um aflito por ele mesmo e a sua cidadevv.1-11; 2º) A confiança de um aflito no Deus eternovv.12-24; e 3º) A confiança de um aflito no Deus imutávelvv.25-28.

O Salmo Messiânico de hoje é o Salmo 110. As referências messiânicas que o identificam como salmo messiânico são: 1ª) Salmo 110.1 (este verso é o mais citado dos textos do AT no NT) – Mt 22.44; 26.64; Mc 12.36; 14.62; 16.19; Lc 20.42-44; 22.69; At 2.34-35; Rm 8.34; 1Co 15.25; Ef 1.20; Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.12; 1Pe 3.22; 2ª) Salmo 110.4 – Hb 6.20; 7.17, 21.

Esse salmo contém uma das mais exaltadas porções proféticas das Escrituras que apresentam Jesus como um rei santo e um sumo sacerdote real, algo que nenhum monarca humano de Israel já havia experimentado. Enquanto retrata o perfeito rei, o perfeito sumo sacerdote e perfeito governante, o Salmo 110 declara o papel atual de Cristo nos céus, como Salvador ressurreto (v.1), e seu futuro papel na terra, como monarca em exercício (vv.2-7). O salmo é claramente messiânico e milenar quanto ao seu conteúdo.[1]

O nosso tema de hoje é “O Messias – um Rei, um Sumo Sacerdote e um Governante Perfeito”. Vamos estudá-lo em três pontos: 1º) O Messias – Um Rei Perfeitovv.1-3; 2º) O Messias – Um Sumo Sacerdote Perfeitov.4; e 3º) O Messias – Um Governante Perfeitovv.5-7.

I. O Messias – Um Rei Perfeito – vv.1-3

1. v.1 – Um Rei perfeito assentado no trono e prestes a reinar sobre os seus inimigos.

2. v.2 – Um Rei perfeito com domínio e força universal.

3. v.3 – Um Rei Perfeito que é servido espontaneamente pelo seu povo.

II. O Messias – Um Sumo Sacerdote Perfeito – v.4

1. v.4a – Prometido por Deus, que não muda – Nm 23.19; Zc 6.12, 13. “Será a primeira vez na história de Israel que um rei servirá ao mesmo tempo como sumo sacerdote”[2].

2. v.4b – Eternidade é uma característica desse Sumo Sacerdote. “Cristo será o último e o maior sumo sacerdote da história de Israel”[3].

3. v.4c – De uma ordem superior de sumos sacerdotes – “Melquisedeque, que significa “rei de justiça”, servia como sacerdote/rei de Salém em Gn 14.17-20, e nos fornece uma ilustração da ordem do sacerdócio de Cristo – Hb 5.6; 7.17, 20”[4].

III. O Messias – Um Governante Perfeito – vv.5-7

1. v.5 – Deus, o Pai, estabelece o governo perfeito do Messias, seu Filho amado Jesus, para o cumprimento literal das promessas feitas a Abraão a respeito da terra prometida (Gn 12.1, 2) e as feitas a Davi a respeito do reinado (2Sm 7.12-16).

Esse verso também é uma referência direta ao Milênio – Dn 9.24-27; Jl 2.1, 11, 31; 3.14; Ap 6.16, 17; 14.19; 19.15.

2. v.6 – Esse verso é uma referência à Batalha do Armagedom, cujo clímax será a segunda vinda de Cristo – Ap 16.12, 16; 19.15.

3. v.7 – Aqui temos uma ilustração do governo perfeito e pacifico do Messias e seu poder e vitória – Sl 3.3; 27.6; 75.10; 22.28; Zc 14.9.



Concluindo

Como Igreja de Jesus, aguardamos o arrebatamento e depois da Grande Tribulação, que ocorrerá depois do arrebatamento, o estabelecimento do Milênio onde nosso Salvador Jesus, o Messias, conduzirá todas as coisas como o Rei, o Sumo Sacerdote e o Governante Perfeito. Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Rm 11.36)


Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 20/09/13


[1] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 767.
[2] Ibid., p. 767.
[3] Ibid., p.767.
[4] Ibid., p. 767.