domingo, 15 de setembro de 2013

O pedido de um aflito ao Deus eterno e imutável


Salmo 102

Nosso Salmo Messiânico anterior foi o Salmo 91, e o tema foi: Bases e Bênçãos da Segurança do Crente. Estudamos ele em dois pontos: 1º) As bases da segurança do crente se encontram no caráter e no cuidado de Deusvv.1-8; 2º) As bênçãos da segurança do crente são a proteção e o amor de Deusvv.9-16.

O Salmo Messiânico de hoje é o Salmo 102. As referências messiânicas que o identificam como salmo messiânico são: Salmo 102.25-27 – Hebreus 1.7-13.

Há duas propostas de autoria deste salmo – Daniel ou Jeremias. Aqueles que sugerem ser Daniel, o fazem por conta dos vv.13, 14 darem a impressão de que Jerusalém estava abandonada a tempos e o escritor estar em avançada idade – vv. 23, 24. Os que afirmam ser Jeremias ou um dos seus contemporâneos, alguém que compartilhou de sua realidade e que conhecia sua teologia, o fazem pelas características ligadas ao contexto e sua semelhança com Lamentações. Possivelmente este “salmo vem do período do cativeiro na Babilônia ou do retorno a Jerusalém”[1].

Nosso tema de hoje é: O pedido de um aflito ao Deus eterno e imutável. Nós vamos estudá-lo em três pontos: 1º) O pedido de um aflito por ele mesmo e a sua cidadevv.1-11; 2º) A confiança de um aflito no Deus eternovv.12-24; e 3º) A confiança de um aflito no Deus imutávelvv.25-28.

I. O pedido de um aflito por ele mesmo e por sua cidade – vv.1-11

Desde o título do salmo é possível ver o ânimo do escritor, pois se descreve como alguém “angustiado” e “que está a desfalecer”. Ele expõe a Deus seu clamor angustiado (vv.1, 2) com termos sugestivos como “meu clamor”, “no dia em que eu clamar”, e “dia da minha angustia”.

A aflição do salmista é fruto de uma reflexão e da observação presente da calamidade da cidade que ama e do povo a que pertence – suas ações são de profundo luto (vv.4-7, 9), há inimigos que o perseguem por causa da calamidade (v.8) e a ira de Deus não parece estar prestes a acabar, mas em pleno decurso (v.10).[2]

A partir de então, o salmista passa a descrever seu estado de abatimento por meio de comparações marcantes e tristes. Ele se descreve como alguém a quem o tempo está consumindo (v.3, 11) e que está para morrer antes da hora (vv.23, 24). Sua alegria se dissipou de modo que nem sequer tem o desejo de se alimentar (v.4). O sentimento de aflição é tão grande que ele passa a sentir efeitos psicossomáticos que lhe causam dores corporais (v.5). Entre suas reações estão insônia frequente (v.6, 7) e choro amargurado (v.9).

Não é para menos, pois, além de ver o sofrimento do seu povo, ele também se tornou alvo da amargura alheia (v.8) pelo que está acontecendo com Judá e, mais especificamente, com a cidade de Jerusalém, nomeada como “Sião” (v.13).[3]

II. A confiança de um aflito no Deus eterno – vv.12-24

Em contraste com a breve vida do salmista, Deus é eterno e capaz de atender ao pedido de seu servo. Ele olhou para as ruínas de Jerusalém e pediu a compaixão de Deus para restaurar a cidade (vv.13-17). Como outras grandes orações, esta se baseia no santo caráter de Deus. Não é apenas um pedido egoísta, do ponto de vista humano, e sim uma petição para glorificar o nome do Senhor (vv.18-22). A resposta favorável de Deus serviria como prova aos povos de sua grandeza. Como outros textos do Velho Testamento, especialmente chegando ao final do período, este mostra a esperança da salvação de povos não judeus (vv.15, 22).[4]

Como base para a segurança e a esperança apresentadas, o salmista, propõe alguns atributos de Deus que garantiam o futuro de Israel e de Jerusalém: 1º) O poder de Deus é exaltado a fim de criar esperança nos leitores de que, independente da força das nações, o Senhor é poderoso para reverter a situação. Esse poder é visto na sujeição dos reis e dos reinos a ele (vv.15, 22), na sua demonstração de glória (vv.15, 16) e na supremacia e elevação do seu trono (v.19); 2º) O salmista alista a eternidade de Deus como motivo de confiança, já que ele – e seu correspondente domínio – sempre existiu e sempre existirá (vv.12, 25, 27). Mesmo os reinos poderosos pereceriam, enquanto o Senhor permaneceria (v.26), de modo que a geração que seria restaurada testemunharia tal permanência (v.18).[5]

III. A confiança de um aflito no Deus imutável – vv.25-28

Ao afirmar que a terra e o ceús, obra das mãos de Deus (v.25), um dia perecerão (v.26), o salmista fala sobre a imutabilidade de Deus: Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim. (v.27)

O salmista aponta para o fato de que Deus é quem as Escrituras descrevem e que não haverá tempo em que ele não corresponderá à descrição bíblica ou às expectativas baseadas em suas promessas. Razão pela qual ele confia nas promessas de restauração futura do seu povo (nova aliançacf. Jr 31; Ez 36; Jl 2), na habitação de Israel na terra prometida a Abraão (aliança abraâmicacf. Gn 15.17-21) e no reinado perpétuo do descendente de Davi (aliança davídicacf. 2Sm 7.11-17). Nesse dia se cumprirá o que o salmista, ao escrever, previu esperançosamente (v.28): Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti.[6] O mesmo Deus que criou o mundo e existe eternamente vai abençoar os descendentes dos fiéis[7].

Concluindo

A mesma angustia e esperança do salmista é compartilhada pela igreja, visto ser beneficiária de promessas de estabelecimento eterno na presença de Deus. A certeza de que Deus cumprirá todas as suas promessas nos enche de esperança de ver o que foi anunciado. E a convicção de que, não importa quanto o mundo se afaste do bem e quanto o diabo demonstre ser o “deus desse século” (cf. 2Co 4.4), a vitória final pertence a Deus e ao Senhor Jesus Cristo (Ap 11.15)! Essa é uma esperança que devemos nutrir todos os dias e, guiados e fortalecidos por ela, manter uma vida santa no presente como quem viverá em glória no futuro.[8]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 15/09/13



[2] Tronco, Pr. Thomas. Estudo do Salmo 102, IBR, (1).
[3] Ibid., (2)
[5] Pr. Tomas, (2).
[6] Ibid., (3)
[8] Pr. Tomas, (4).

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