Salmo 102
Nosso Salmo Messiânico anterior foi o Salmo 91, e
o tema foi: Bases e Bênçãos da Segurança do Crente. Estudamos ele em dois pontos: 1º) As bases da segurança do
crente se encontram no caráter e no cuidado de Deus – vv.1-8; 2º) As bênçãos da segurança do crente são a
proteção e o amor de Deus – vv.9-16.
O Salmo Messiânico de hoje é o Salmo 102. As referências messiânicas
que o identificam como salmo messiânico são: Salmo 102.25-27 – Hebreus 1.7-13.
Há duas propostas de autoria deste salmo – Daniel
ou Jeremias. Aqueles que sugerem ser Daniel, o fazem por conta dos vv.13, 14 darem a impressão de que
Jerusalém estava abandonada a tempos e o escritor estar em avançada idade – vv. 23, 24. Os que afirmam ser Jeremias
ou um dos seus contemporâneos, alguém que compartilhou de sua realidade e que
conhecia sua teologia, o fazem pelas características ligadas ao contexto e sua semelhança
com Lamentações. Possivelmente este “salmo vem
do período do cativeiro na Babilônia ou do retorno a Jerusalém”[1].
Nosso tema de hoje
é: O pedido de um aflito ao Deus eterno
e imutável. Nós vamos estudá-lo em três pontos: 1º) O pedido de um aflito por
ele mesmo e a sua cidade – vv.1-11;
2º) A confiança de um aflito no Deus eterno – vv.12-24; e 3º) A confiança de um aflito no Deus imutável
– vv.25-28.
I. O pedido de um aflito por ele mesmo e por sua cidade –
vv.1-11
Desde
o título do salmo é possível ver o ânimo do escritor, pois se descreve como
alguém “angustiado” e “que está a desfalecer”. Ele expõe a Deus seu clamor
angustiado (vv.1, 2) com termos sugestivos como “meu clamor”, “no dia em
que eu clamar”, e “dia da minha angustia”.
A
aflição do salmista é fruto de uma reflexão e da observação presente da
calamidade da cidade que ama e do povo a que pertence – suas ações são de
profundo luto (vv.4-7, 9), há inimigos
que o perseguem por causa da calamidade (v.8) e a ira de Deus não parece
estar prestes a acabar, mas em pleno decurso (v.10).[2]
A
partir de então, o salmista passa a descrever seu estado de abatimento por meio
de comparações marcantes e tristes. Ele se descreve como alguém a quem o tempo
está consumindo (v.3, 11) e que está para morrer antes da hora (vv.23, 24). Sua
alegria se dissipou de modo que nem sequer tem o desejo de se alimentar (v.4). O
sentimento de aflição é tão grande que ele passa a sentir efeitos
psicossomáticos que lhe causam dores corporais (v.5). Entre suas reações estão
insônia frequente (v.6, 7) e choro amargurado (v.9).
Não
é para menos, pois, além de ver o sofrimento do seu povo, ele também se tornou
alvo da amargura alheia (v.8) pelo que está acontecendo com Judá e, mais
especificamente, com a cidade de Jerusalém, nomeada como “Sião” (v.13).[3]
II. A
confiança de um aflito no Deus eterno – vv.12-24
Em
contraste com a breve vida do salmista, Deus é eterno e capaz de atender ao
pedido de seu servo. Ele olhou para as ruínas de Jerusalém e pediu a compaixão
de Deus para restaurar a cidade (vv.13-17).
Como outras grandes orações, esta se baseia no santo caráter de Deus. Não é
apenas um pedido egoísta, do ponto de vista humano, e sim uma petição para
glorificar o nome do Senhor (vv.18-22).
A resposta favorável de Deus serviria como prova aos povos de sua grandeza.
Como outros textos do Velho Testamento, especialmente chegando ao final do
período, este mostra a esperança da salvação de povos não judeus (vv.15, 22).[4]
Como
base para a segurança e a esperança apresentadas, o salmista, propõe alguns
atributos de Deus que garantiam o futuro de Israel e de Jerusalém: 1º) O poder de Deus é exaltado a fim de
criar esperança nos leitores de que, independente da força das nações, o Senhor
é poderoso para reverter a situação. Esse poder é visto na sujeição dos reis e
dos reinos a ele (vv.15, 22), na sua
demonstração de glória (vv.15, 16) e
na supremacia e elevação do seu trono (v.19);
2º) O salmista alista a eternidade
de Deus como motivo de confiança, já que ele – e seu correspondente domínio –
sempre existiu e sempre existirá (vv.12,
25, 27). Mesmo os reinos poderosos pereceriam, enquanto o Senhor
permaneceria (v.26), de modo que a
geração que seria restaurada testemunharia tal permanência (v.18).[5]
III. A confiança de um aflito no Deus imutável – vv.25-28
Ao
afirmar que a terra e o ceús, obra das mãos de Deus (v.25), um dia perecerão (v.26),
o salmista fala sobre a imutabilidade de Deus: Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão
fim. (v.27)
O salmista aponta para o fato de que Deus é quem as Escrituras descrevem
e que não haverá tempo em que ele não corresponderá à descrição bíblica ou às expectativas
baseadas em suas promessas. Razão pela qual ele confia nas promessas de
restauração futura do seu povo (nova aliança
– cf. Jr 31; Ez 36; Jl 2), na
habitação de Israel na terra prometida a Abraão (aliança abraâmica – cf. Gn
15.17-21) e no reinado perpétuo do descendente de Davi (aliança davídica – cf. 2Sm 7.11-17). Nesse dia se cumprirá o que o salmista, ao
escrever, previu esperançosamente (v.28):
Os filhos
dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti.[6]
O mesmo Deus que criou o mundo e existe
eternamente vai abençoar os descendentes dos fiéis[7].
Concluindo
A
mesma angustia e esperança do salmista é compartilhada pela igreja, visto ser
beneficiária de promessas de estabelecimento eterno na presença de Deus. A
certeza de que Deus cumprirá todas as suas promessas nos enche de esperança de
ver o que foi anunciado. E a convicção de que, não importa quanto o mundo se
afaste do bem e quanto o diabo demonstre ser o “deus desse século”
(cf. 2Co 4.4), a vitória final pertence a Deus e ao Senhor Jesus Cristo
(Ap 11.15)! Essa é uma esperança que devemos nutrir todos os dias e, guiados e
fortalecidos por ela, manter uma vida santa no presente como quem viverá em
glória no futuro.[8]
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 15/09/13
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