quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O Princípio Bíblico da Frutificação

João 15.1


Um dos mais belos ensinos do NT é o da união espiritual do pecador remido com o Salvador Jesus Cristo. Somente através desta união os crentes tem acesso aos benefícios da obra salvadora de Jesus. Essa união “possui cinco características básicas: 1ª) É uma união orgânica similar à de um corpo, onde cada membro serve aos outros e a Cristo – 1Co 6.15-19; Ef 1.22, 23; 2ª) É uma união vital e transformadora, em que Cristo habita no crente gerando vida e desenvolvimento espiritual – Rm 8.10; Gl 4.19; 3ª) É uma união pessoal em que cada crente está unido individualmente a Cristo – Jo 14.20; Gl 2.20; 4ª) É uma união mediada pelo Espírito Santo – 1Co 6.17; 2Co 3.17, 18; 5ª) É uma união que exige reciprocidade[1] – Jo 14.4.

Esse ensino foi proferido por Jesus enquanto, ele e os onze discípulos, saiam do cenáculo (Jo 14.31), onde celebraram a Páscoa e foi instituída a Ceia do Senhor. É possível que Jesus e seus discípulos estivessem passando por uma vinha, rumo ao Jardim do Getsêmani, e assim ele usou a imagem da videira, que todo judeu conhecia bem, pois o cultivo dos vinhedos na região naquela época era comum.

No AT, essa metáfora da videira é comumente usada como símbolo de Israel. Mas Israel fracassou em produzir bons frutos e foi julgada por Deus, o agricultor – Conf.: Sl 80.8-16; Is 5.1-7; 27.2-6; Jr 2.21; 12.10; Ez 15.1-8; 17.1-21; 19.10-14; Os 10.1, 2.

O significado da metáfora da videira e os ramos se torna claro quando consideramos os personagens do drama daquela noite. Todos os personagens tiveram uma participação na metáfora utilizada por Jesus, observe: 1º) A videira – Jesus; 2º) O agricultor – Deus, o Pai; 3º) O ramo frutífero – os onze discípulos; e 4º) O ramo infrutífero – Judas Iscariotes.

Para compreendermos melhor o texto de João 15.1, 2a, vamos dividi-lo em três partes: 1ª) A videira – v.1a; 2ª) O agricultor/viticultor – v.1b; 3ª) Os ramos – v.2.

I. A videira – v.1a

1. Eu sou... – essa é a última das sete afirmações de Jesus sobre a sua divindade em João – 6.35; 8.12; 10.7, 9; 10.11, 14; 11.25; 14.6.

2. ... a videira... – Jesus usou essa metáfora para esclarecer e estabelecer um contraste com Israel, “a vinha plantada por Deus que provou ser estéril (Is 5.1-7)”[2]. Deus, no ensino de Jesus, “começa algo novo. Ele planta Jesus, seu próprio Filho, no mundo, como videira verdadeira, fundando com isso uma nova comunidade eclesial, que tem o privilégio de tornar-se o que Israel deveria ter sido e não se tornou: uma videira que traz muito fruto e dessa forma glorifica a Deus (v. 8)”.[3]

3. ... verdadeira... – a palavra verdadeira, aqui, significa: original, genuína ou a original, da qual todas as outras são cópias. Em Jesus se encontra “vida, unidade e fertilidade. Ele é a raiz que sustenta, floresce e frutifica a videira”[4]. “Tudo o que uma videira deveria ser no sentido espiritual. Cristo não é simplesmente a raiz ou o tronco, mas toda a planta”[5].

II. O agricultor/viticultor – v.1b

Nessa “ilustração que Jesus está fornecendo de si mesmo não podemos ignorar que no começo e no fim está Deus, como o viticultor. É o Pai quem planta a videira, é o Pai quem limpa as vides, é o Pai quem deve ser glorificado por meio da videira e do fruto”[6].

1. ... meu Pai... – Jesus, em suas afirmações sobre a sua divindade, sempre enfatizou a figura do Pai – Lc 2.49; Mt 11.27; Jo 10.29, 30; 14.9, 20, 23; 26; 28; 31. Jesus, também, enfatizou que Deus é Pai de seus seguidores – Mt 5.48; 6.8, 9.

2. ... é o agricultor. – aqui Deus é identificado como aquele que cuida da videira. Essa figura mostra quão estreito é o relacionamento entre Jesus e o Pai.

III. Os ramos – v.2

Na videira, segundo Jesus, há dois tipos de ramos – os que dão frutos e os que não dão frutos.

1. Os ramos que dão frutos – no contexto imediato são os onze discípulos, mas no contexto global abrange todos os crentes genuínos. Aqueles que já estão limpos pela Palavra – Jo 15.3; Ef 2.8-10.

2. Os ramos que não dão frutos – no contexto imediato é Judas Iscariotes, mas no contexto global todos os que que nunca se converteram e os apostatas. Jesus chamou esses de joio no meio do trigo – Mt 13.36-43; 1Jo 2.19. É alguém como Judas, que apesar de se beneficiar da companhia de Jesus, de ter os seus pés lavados pelo próprio Filho de Deus, o traiu e apostatou do ministério apostólico.

ConcluindoO princípio da frutificação está em que a videira tem que ser a verdadeira – Jesus, o agricultor tem que ser Deus – o Pai, e o ramo tem que ser um crente verdadeiro – uma nova criatura. (2Co 5.17)


[1] Casimiro, Arival Dias. Estudos Bíblicos no Evangelho de João, Z3, p. 27.
[2] Comentário Bíblico Moody. João, p. 87.
[3] Boor, Werner de. Evangelho de João I, Comentário Esperança, Editora Evangélica Esperança, 2002, p. 213.
[4] Casimiro, p. 28.
[5] Moody, p. 88.
[6] Boor, p. 213.

Nenhum comentário:

Postar um comentário