Um
dos mais belos ensinos do NT é o da união espiritual do pecador remido com o Salvador
Jesus Cristo. Somente através desta união os crentes tem acesso aos benefícios da
obra salvadora de Jesus. Essa união “possui cinco características básicas: 1ª) É
uma união orgânica similar à de um corpo, onde cada membro serve aos outros e a
Cristo – 1Co 6.15-19; Ef 1.22, 23; 2ª)
É uma união vital e transformadora,
em que Cristo habita no crente gerando vida e desenvolvimento espiritual –
Rm 8.10; Gl 4.19; 3ª) É uma união pessoal em que cada crente está
unido individualmente a Cristo – Jo 14.20; Gl 2.20; 4ª) É uma união mediada pelo
Espírito Santo – 1Co 6.17; 2Co 3.17, 18; 5ª) É uma união que exige
reciprocidade”[1]
– Jo 14.4.
Esse
ensino foi proferido por Jesus enquanto, ele e os onze discípulos, saiam do
cenáculo (Jo 14.31), onde celebraram a Páscoa e foi instituída a Ceia do
Senhor. É possível que Jesus e seus discípulos estivessem passando por uma
vinha, rumo ao Jardim do Getsêmani, e assim ele usou a imagem da videira, que
todo judeu conhecia bem, pois o cultivo dos vinhedos na região naquela época
era comum.
No
AT, essa metáfora da videira é comumente usada como símbolo de Israel. Mas
Israel fracassou em produzir bons frutos e foi julgada por Deus, o agricultor –
Conf.: Sl 80.8-16; Is 5.1-7; 27.2-6; Jr 2.21; 12.10; Ez 15.1-8; 17.1-21;
19.10-14; Os 10.1, 2.
O
significado da metáfora da videira e os
ramos se torna claro quando consideramos os personagens do drama daquela
noite. Todos os personagens tiveram uma participação na metáfora utilizada por
Jesus, observe: 1º) A videira – Jesus; 2º) O agricultor – Deus, o
Pai; 3º) O ramo frutífero – os onze discípulos; e 4º) O ramo infrutífero – Judas Iscariotes.
Para
compreendermos melhor o texto de João 15.1, 2a, vamos dividi-lo em três partes:
1ª) A videira – v.1a; 2ª) O agricultor/viticultor – v.1b; 3ª) Os ramos – v.2.
I. A videira – v.1a
1. Eu sou... – essa é a última das sete afirmações de Jesus sobre
a sua divindade em João – 6.35; 8.12; 10.7, 9; 10.11, 14; 11.25; 14.6.
2. ... a videira... – Jesus usou essa metáfora para esclarecer e
estabelecer um contraste com Israel, “a vinha plantada por Deus que provou ser
estéril (Is 5.1-7)”[2].
Deus, no ensino de Jesus, “começa algo novo. Ele planta Jesus, seu próprio
Filho, no mundo, como videira verdadeira, fundando com isso uma nova comunidade
eclesial, que tem o privilégio de tornar-se o que Israel deveria ter sido e não
se tornou: uma videira que traz muito fruto e dessa forma glorifica a Deus (v.
8)”.[3]
3. ... verdadeira... – a palavra verdadeira, aqui, significa: original,
genuína ou a original, da qual todas as outras são cópias. Em Jesus se encontra
“vida, unidade e fertilidade. Ele é a raiz que sustenta, floresce e frutifica a
videira”[4]. “Tudo o
que uma videira deveria ser no sentido espiritual. Cristo não é simplesmente a
raiz ou o tronco, mas toda a planta”[5].
II. O agricultor/viticultor – v.1b
Nessa
“ilustração que Jesus está fornecendo de si mesmo não podemos ignorar que no
começo e no fim está Deus, como o viticultor. É o Pai quem planta a videira, é
o Pai quem limpa as vides, é o Pai quem deve ser glorificado por meio da
videira e do fruto”[6].
1. ... meu Pai... – Jesus, em suas afirmações sobre a sua divindade,
sempre enfatizou a figura do Pai – Lc 2.49; Mt 11.27; Jo 10.29, 30; 14.9, 20,
23; 26; 28; 31. Jesus, também, enfatizou que Deus é Pai de seus seguidores – Mt
5.48; 6.8, 9.
2. ... é o agricultor. – aqui Deus é identificado como aquele que cuida da
videira. Essa figura mostra quão estreito é o relacionamento entre Jesus e o
Pai.
III. Os ramos – v.2
Na
videira, segundo Jesus, há dois tipos de ramos – os que dão frutos e os que não
dão frutos.
1. Os ramos que dão frutos – no
contexto imediato são os onze discípulos, mas no contexto global abrange todos
os crentes genuínos. Aqueles que já estão limpos pela Palavra – Jo 15.3; Ef
2.8-10.
2. Os ramos que não dão frutos
– no contexto imediato é Judas Iscariotes, mas no contexto global todos os que
que nunca se converteram e os apostatas. Jesus chamou esses de joio no meio do
trigo – Mt 13.36-43; 1Jo 2.19. É alguém como Judas, que apesar de se beneficiar
da companhia de Jesus, de ter os seus pés lavados pelo próprio Filho de Deus, o
traiu e apostatou do ministério apostólico.
Concluindo – O princípio
da frutificação está em que a videira tem que ser a verdadeira – Jesus, o
agricultor tem que ser Deus – o Pai, e o ramo tem que ser um crente verdadeiro
– uma nova criatura. (2Co 5.17)
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