domingo, 21 de julho de 2013

A humilhação e a exaltação de Jesus Cristo.


Filipenses 2.5-11

Em nosso estudo anterior, quando começamos a expor Filipenses 2.1-30 sob o seguinte tema: Uma experiência de vida com Cristo – “Cristo, o modelo cristão: Regozijando-se no serviço humilde”. Estudamos os versículos de 1 a 4 com o tema: Exortação à humildade e unidade em Cristo.

Hoje, continuando nossa exposição, vamos ver os vv.5-11 com o tema: A humilhação (kenosis) e a exaltação de Jesus Cristo.

II. A humilhação (kenosis) e a exaltação de Cristo – v.5-11

Em seu primeiro texto poético (v.1-4), Paulo, enfatiza que a verdadeira unidade e humildade cristã só é possível se os que se dizem cristãos estiverem de fato em Cristo. Se eles verdadeiramente já foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro (Hebreus 6.4, 5). Por isso, ele diz, que eles deveriam pensar a mesma coisa, ter o mesmo amor, serem unidos de alma e terem o mesmo sentimento. (v.2) Agora, ele compõe um novo hino enfatizando o exemplo de Jesus Cristo, divido em seis versos: Os três primeiros são uma celebração a humildade e obediência de Cristo – v.6-8; Os três últimos uma celebração a sua exaltação – v.9-11.

1. Celebrando a humildade e obediência de Cristo – v.5-8

a.  Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus... (v.5) – O mesmo sentimento, aqui, se refere à humilde disposição obediente de Jesus Cristo. Frank Stagg afirma que o principal apelo de Paulo é que a disposição ou sentimento que governava Jesus Cristo, também dominasse o seu povo.

ð Humildade é parte essencial desse sentimento que deveria dominar o povo de Deus, mas, Paulo ressalta também a abnegação ou auto sacrifício, que se coloca contra uma busca de interesses próprios que estava querendo dominar a Igreja.

ð Esse sentimento em Cristo, isto é, essa humildade e obediência em servir no corpo de Cristo, só era possível pelo fato de os crentes já terem a mente de Cristo, como diz Paulo aos coríntios: Nós, porém, temos a mente de Cristo. (1 Coríntios 2.16).

ð Essa mente de Cristo precisa transformar a nossa mente, como enfatiza Paulo aos romanos: “... transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.2b)

    b. ... pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;  
            (v.6)

ð A palavra forma é a tradução da palavra morphé. Termo grego que enfatiza o relacionamento entre a forma exterior e a realidade interior, mostrando-se a natureza interior na forma externa. Uma forma externa verdadeiramente indicativa da natureza interna da qual ela brota. (Scofield)

ð  Jesus Cristo não precisou abrir mão da forma de Deus, isto é, colocar de lado a sua divindade, a fim de tomar a forma humana. O fato de ele ter se tornado homem não significou que ele cessou de ser Deus. Jesus, em sua encarnação, era Deus e nunca deixou de ser, ele simplesmente abriu mão de privilégios e de uma situação favorável, mas não pôs de lado sua natureza divina.

    c. ... antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança 
        de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se 
        obediente até à morte e morte de cruz. (v.7, 8)

ð  ... a si mesmo se esvaziou... – Essa frase deu origem à cristologia kenótica segundo a qual, de certa forma, o Cristo preexistente entregou ou abriu mão de sua divindade para tornar-se homem. Na verdade, se esvaziou refere-se ao fato de ele ter derramado sua vida para Deus, em autonegação humilde e obediente, recusando-se, de todas as formas, a agir egoisticamente.

ð  O seu kenósis (esvaziamento) não foi a desistência da divindade, mas a aceitação da servidão (Frank Stagg) – assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens – v.7b. Esse pensamento é apoiado por 2 Coríntios 8.9pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.

ð  Charles Caldwell Ryrie diz: A Kenosis de Cristo durante a sua encarnação não significa que ele tenha perdido qualquer de seus atributos divinos, mas que ele assumiu as limitações da humanidade – João 17.5; Mateus 24.36.

ð  e, reconhecido em figura humana – Para Paulo, tanto a divindade como a humanidade de Jesus Cristo eram reais, a ênfase nesta parte do texto sobre a humanidade de Jesus, sugere, segundo Scott, que foi dessa maneira que os homens o reconheceram, simplesmente como homem – Marcos 6.13; João 6.42; Romanos 5.15; 1 Timóteo 2.5.

ð  ... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz – A linguagem na primeira parte desta frase é paralela a do v.7 – a si mesmo se esvaziou. Na Septuaginta estas palavras têm um paralelo em Isaías 53.8. Mas, cada ato ocorre pelo livre exercício da vontade pessoal de Jesus Cristo.

ð  Segundo Frank Stagg a essência desse sentimento humilde de Cristo, era a sua disposição de não se apegar à igualdade com Deus, mas, pelo contrário, ser obediente até à morte e morte de cruz – v.8.

ð  A cruz era o centro da pregação de Paulo – mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios – 1 Coríntios 1.23 (1.17, 18).

Paulo celebrava a encarnação de Cristo porque ele via nisso a fidelidade da Palavra de Deus e a salvação para os pecadores - Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
( 1 Timóteo 1.15)

2. Celebrando a Exaltação de Cristo – v.9-11

Essa segunda parte do hino, descreve a exaltação da pessoa cuja completa abnegação a levou à cruz. No ensino de Jesus a vida é encontrada quando se perde, uma pessoa é humilhada quando se exalta e é exaltada quando se humilha – Mateus 10.39; 23.12. O que Jesus ensinou aos outros, ele mesmo personificou. Deus exaltou soberanamente aquele que se dispôs a negar-se a si mesmo.

a.  Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome... (v.9) – Em sua humanidade o Filho de Deus foi exaltado recebendo o nome Jesus, que significa Yahweh Salva.

b.  ... para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra (v.10) – A exaltação sobremaneira de Cristo não se limitou só ao nome Jesus, mas ao fato de que todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra se dobrarão em adoração a Ele e que toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (v.11)

Concluindo

Jesus Cristo é adorado pela perfeita harmonia de suas duas naturezas – a divina e a humana. O louvor que lhe é dado de joelhos e numa singular confissão de fé, compreende sua humanidade (Jesus) e sua divindade (Senhor) como no Evangelho de João 1.14 – E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

Efeitos da Presença de Deus


Salmo 68

No estudo do Salmos Messiânicos, Salmo 48, o nosso tema foi: O nosso Deus. Estudamos ele em quatro pontos: 1º) Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra (v.1-3); 2º) a ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-7); 3º) a ação de graças pela vitória na cidade do nosso Deus (v.8-10); e 4º) a convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).

No salmo messiânico de hoje é o Salmo 68. A referência messiânica direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 68.18 – Ef 4.8-10 (Rm 10.3-7).

Este salmo de Davi é um salmo de celebração de vitória e inclui oração, ação de graças, lembranças históricas e imprecação. Ele expressa a satisfação do povo de Deus pelo seu cuidado e pela sua majestade no universo.

O Salmo 68 foi composto durante uma mudança. Mas quem estava mudando não era uma pessoa, mas a “arca do testemunho”. Deus ordenou que ela fosse construída para ficar dentro do tabernáculo, no lugar chamado “santo dos santos” (Êx 26.33). Mas, devido ao pecado dos filhos de Eli e da negligência do pai, a arca foi tomada pelos filisteus (1Sm 4.11). Ao ser devolvida, ela ficou na cidade de Quiriate-Jearim (1Sm 7.1) desde os dias da adolescência de Samuel até o início do reinado de Davi em Jerusalém, cerca de cem anos. A primeira tentativa de levar a arca a Jerusalém não teve sucesso, pois Davi preparou um meio de transporte irregular de acordo com a lei (2Sm 6.1-11). Mas, depois de três meses abençoando sua nova morada, a arca foi transportada do modo prescrito por Deus e chegou a Jerusalém em meio a uma explosão de alegria (2Sm 6.12-19; 1Cr 15.25-16.3).[1]

Quando a arca já estava na tenda que Davi preparou para ela, ele ordenou que se cantasse algo que se parece primeiro com o Salmo 105 (1Cr 16.8-22), depois com o Salmo 96 (1Cr 16.23-33) e termina de um modo que lembra o Salmo 106.47,48 (1Cr 16.35,36). Porém, ao que tudo indica, o Salmo 68 foi composto durante a viagem da arca para Jerusalém. Percebe-se isso vendo que o texto começa com a declaração feita por Moisés na primeira viagem da arca (Sl 68.1 cf. Nm 10.35). Em segundo lugar, Davi ambienta o salmo em uma comitiva que chamou de “o cortejo do meu Deus”. Lembrando que a arca simbolizava a presença e a habitação de Deus entre o povo da aliança, esse cortejo representava a habitação divina no lugar correto e com a adoração adequada. Foi um dia realmente marcante, digno de uma composição como o Salmo 68. Por isso, podem-se ver alguns efeitos da presença de Deus entre seu povo.[2]

Nosso tema de hoje é “Efeitos da Presença de Deus”. 1º) O estabelecimento da justiça – vv.1-6; 2º) A concessão da graça – vv.7-10; 3º) O anúncio da primazia divina (vv.11-16, 21-23); 4º) A salvação do seu povo – vv.17-23; 5º) A adoração digna da glória divina – vv.24-35. O estudo tem como texto base o Salmo 68 e o estudo, no salmo, feito pelo Pr. Thomas Tronco da Igreja Batista Redenção.

I. O primeiro efeito é o estabelecimento da justiça – vv.1-6

1. O início da marcha da arca (v.1) se dá ao som do brado “Levanta-se Deus”. Esse levantar, segundo o texto, promove a derrota dos inimigos.

2. v.2 – “... como se derrete a cera ante o fogo, assim à presença de Deus perecem os iníquos”. A razão para o injusto perecer diante de Deus é a atuação divina de conter o mal durante a História e puni-lo definitivamente ao final dela.

3. Porém, a presença de Deus não é temível, mas aprazível, para os que foram por ele justificados (v.3): “Os justos, porém, se regozijam, exultam na presença de Deus e folgam de alegria”.

4. vv.4, 5 – Por causa da justiça promovida pelo Senhor, o salmista o louva. Louva aquele que protege os desvalidos e oprimidos pelos injustos, pelo que Davi o chama de “Pai dos órfãos e juiz das viúvas”.

5. Assim, a justiça de Deus é bem distribuída (v.6): “Deus faz que o solitário more em família”, no sentido de dar uma moradia segura a quem não tem, “só os rebeldes habitam em terra estéril”.

II. O segundo efeito da presença de Deus é a concessão da graça – vv.7-10

1. vv.7, 8 – Davi, lembrando da jornada israelita no deserto seco, recorda também da concessão do que era vital: “... também os céus gotejaram à presença de Deus”.

2. v.9 – Para expressar o cuidado bondoso de Deus, Davi usa a figura de uma copiosa chuva vinda de Deus para matar a sede de Israel, herança do Senhor. Assim, o impossível aconteceu: Israel conseguiu habitar no deserto por quatro décadas. Suas frequentes murmurações desde que deixaram o Egito, dez vezes em cerca de um ano (Nm 14.22), certamente os desqualificavam como merecedores do sustento diário.

3. v.10 – Exatamente aí que agiu a graça de Deus vinda da sua presença no meio daquela nação. O fato de os israelitas terem morado no deserto tanto tempo e sobrevivido pela ação graciosa de Deus revela, por si só, o caráter do Senhor: “... em tua bondade, ó Deus, fizeste provisão para os necessitados”.

III. O terceiro é o anúncio da primazia divina – vv.11-16 (21-23)

1. vv.11, 12 – Davi recorda, ainda, da conquista de Canaã por ordem de Deus. O resultado foi uma incrível vitória sobre os cananitas: “Reis de exércitos fogem e fogem”.

2. v.13 – O que vem a seguir é de difícil interpretação, mas parece que o salmista se refere ao enriquecimento dos israelitas à custa do despojo obtido nas vitórias promovidas por Deus.

3. v.14 – Tudo isso acontece porque o poder de Deus é maior que o dos adversários do seu povo, pelo que é chamado de Todo-poderoso. Essa ideia combina com a citação subsequente do Zalmon, um monte próximo a Siquém e com a menção da palavra monte seis vezes nos vv.15,16.

4. vv.15, 16 – Os montes representavam refúgios seguros, fortalezas impenetráveis e o local de habitação e adoração dos deuses, alguns deles eram tão altos que tinham geleiras. Assim, o que o salmista faz é mostrar a primazia de Deus quando se faz presente entre seu povo que, sem dificuldades, derruba as fortalezas inimigas e frustra as falsas esperanças dos deuses desses povos. Por isso, só o monte em que o Senhor se faz presente, Sião, é vitorioso no final (v.16).

IV. O quarto é a salvação do seu povo – vv.17-23

1. vv.17, 18 – A próxima memória de Davi vem do período dos juízes no qual Israel sofreu opressão nas mãos de seis povos vizinhos. O salmista parece ter em mente a ordem de Débora a Baraque, em seu cântico (Jz 5.12): “Captura os teus cativos”. Essa virada militar – vencer o povo que antes vencia e capturar quem antes era o autor de capturas – é atribuída a Deus (v.18): “... levaste cativo o cativeiro...”.

2. vv. 19, 20 – Assim, os reinos opressores que cobravam impostos e obediência das tribos israelitas foram agora despojados e tributados por Deus. O jugo dos inimigos representou salvação para o povo da aliança, pelo que diz o salmista: O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus, o SENHOR, está o escaparmos da morte. Essa salvação se deve à presença de Deus com seu povo (v.17): No meio deles, está o Senhor.

3. vv.21-23 – Aqui, com realismo típico da época, os resultados da vitória são descritos quando o Senhor derrota os seus adversários e dá ao seu povo os frutos da conquista, tudo é justificado em bases morais.[3]

V. O quinto efeito da presença de Deus é a adoração digna da glória divina – vv.24-35

1. v.24 – Com as bênçãos do passado vívidas na mente, o salmista participa do transporte da arca para o monte Sião, em Jerusalém.

2. v.25 – O cortejo segue em meio ao louvor alegre e reverente.

3. vv.26, 27 – As tribos de Israel bendizem o Senhor e participam do transporte da arca que representa sua presença no meio do povo.

4. vv.28-32 – O louvor ao Altíssimo é tão merecido que pessoas de outros reinos prestam culto ao Senhor no local da sua habitação. Por isso, o salmista conclama: Reinos da terra, cantai a Deus, salmodiai ao Senhor – v.32.

5. vv.33-35 – A razão da ordem é que a soberania de Deus se vê presente em Israel, pelo que o salmista encerrou com a frase mais lógica diante da glória do Deus presente entre os homens: “Ó Deus, tu és tremendo nos teus santuários; o Deus de Israel, ele dá força e poder ao povo. Bendito seja Deus!” (v.35).

Concluindo

Que glorioso deve ter sido caminhar ao lado do cortejo de Deus rumo a Jerusalém em meio à linda solenidade! Que sensação devem ter sentido os israelitas ao ver a arca entrando na tenda preparada para ela em meio a tantas aclamações! Porém, apesar de não termos hoje, como igreja de Cristo, uma arca e um tabernáculo que marquem a presença de Deus no meio do seu povo, temos a mesma certeza da presença do Todo-poderoso por onde quer que formos (At 7.48,49; 17.24 cf. 1Rs 8.27; Sl 139.7-10); temos a promessa de Cristo de que estaria conosco todos os dias até o fim (Mt 28.20); e somos habitação do próprio Espírito Santo (1Co 6.19; Ef 1.13,14). Sendo assim, os mesmo efeitos da presença de Deus devem se repetir em nossa vida, tanto de modo individual como coletivo. Portanto, que haja realmente em nós esperança de justiça divina e um proceder justo da nossa parte, confiança na graça maravilhosa de Deus, defesa pública da supremacia de Deus, fé salvadora unida ao evangelismo dedicado e, finalmente, uma adoração tão sincera, piedosa e dedicada de maneira que o mundo sem Cristo fique surpreso por ver a mudança de vida de homens pecadores e a glória de Deus louvada por bocas pequenas demais para glorificá-lo o bastante. Afinal, ele realmente está presente entre nós.[4]


[1] Pr. Thomas Tronco – IBR – Estudo no Salmo 68 (1).
[2] Pr. Thomas Tronco – IBR – Estudo no Salmo 68 (2).
[3] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 799.
[4] Pr. Thomas Tronco – IBR – Estudo no Salmo 68 (3).

domingo, 14 de julho de 2013

Uma experiência de vida com Cristo Cristo, o modelo cristão: Regozijando-se no serviço humilde (1)

Filipenses 2.1-30

Em nosso estudo anterior, expomos Filipenses 1.8-30, de acordo com o primeiro subtema da carta: Uma experiência pessoal com Cristo – “Cristo a vida do Cristão: Regozijo apesar do sofrimento”. Vimos isso em dois pontos: 1º) Alegria em Cristo que triunfa sobre o sofrimento – v.8-18; e 2º) Livramento em Cristo – uma expectativa Paulina – v.19-26.

Terminamos afirmando que: Paulo reconhece que ter uma experiência pessoal com Cristo é viver por modo digno do evangelho de Cristo (v.27a) e que isso leva os irmãos a estarem firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (v.27b – do evangelho – ARC). Essa firmeza e luta pela fé fortalece os crentes a não se intimidarem pelos adversários (v.28a), e a reafirmarem a sua confissão de fé da salvação, e isto da parte de Deus (v.28b). Assim, ele termina sua argumentação encorajando os filipenses do seguinte modo: Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele, pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu. (v.29, 30)

Hoje, vamos começar a expor Filipenses 2.1-30 sob o seguinte tema: Uma experiência de vida com Cristo – “Cristo, o modelo cristão: Regozijando-se no serviço humilde”. Para uma compreensão mais clara do texto, vamos estudá-lo dividindo-o em quatro partes: 1ª) Exortação à humildade e unidade em Cristo – v.1-4; 2ª) A humilhação (kenosis) e a exaltação de Jesus Cristo – v.5-11; 3ª) O resultado da salvação – v.12-16; 4ª) O exemplo apostólico – v.17-30.

I. Exortação à humildade e unidade em Cristo – v.1-4

Aqui em sua exortação, Paulo espera que a igreja reconheça que a unidade cristã depende da realidade da existência deles em Cristo. Para Paulo, que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? (2 Coríntios 6.14-16) Esses quatro versículos têm um caráter poético 
e tornam as palavras de Paulo muito vigorosas.

Há aqui um apelo quádruplo na repetição “se... alguma” (v.1)

1. Se há, pois... (v.1a) – (ei tiv oun) Tem sido traduzido de varias maneiras para o português:

  1. (ARC) Portanto, se há...
  2. (ARR) Portanto, se há...
  3. (BLH) Por estarem...
  4. (NVI) Se por estarmos em...
  5. Uma tradução sugerida e entendida como melhor é “Visto que há...”
  6. Para haver unidade, comunhão e participação comum no Corpo de Cristo, a Igreja, os que buscam essas realidades precisam fazer parte do Corpo, isto é, é absolutamente necessário estarem em Cristo.
2. ... alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias... (v.1b)

  1. ... alguma exortação em Cristo... – a palavra exortação é a tradução de paraklësis que expressa literalmente um “chamado para o lado”. O chamado para o lado aqui pode ser entendido como um chamado para admoestação, defesa, consolação ou conforto.
  2. ... alguma consolação de amor... – A idéia de amor de Paulo aqui, esse amor que propicia consolação é a disposição de se relacionar com outrem para o bem dessa pessoa, não importando o preço que o autor devesse pagar. A palavra consolação aqui também poderia ser traduzida com persuasão.
  3. ... alguma comunhão do Espírito... – A palavra comunhão é a tradução do termo koinonia que nas cartas de Paulo é básica para indicar uma vida comum ou compartilhada. Espírito é realmente o Espírito Santo.
  4. ... se há entranhados afetos e misericórdias... Indicam a terna afeição que vem adequadamente do coração pela comunhão do Espírito.

Paulo quer dizer que o motivo pelo qual temos o encorajamento de Cristo, somos
consolados pelo amor de Deus, temos a comunhão do Espírito Santo
e uma terna afeição no coração é porque já estamos em Cristo.

3. ... completai a minha alegria... (v.2a) – Já havia no coração do apóstolo alegria pela obra de Deus na vida dos filipenses (1.6), mas essa alegria seria completa se eles vivessem acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo. (1.27) E isso implica em oito características internas, isto é, do coração:

  1. ... de modo que penseis a mesma coisa... (v.2b)
  2. ... tenhais o mesmo amor... (v.2c)
  3. ... sejais unidos de alma... (v.2d)
  4. ... tendo o mesmo sentimento. (v.2e)
  5. Nada façais por partidarismo... (v.3a)
  6. ... ou vanglória... (v.3b)
  7. ... mas por humildade... (v.3c)
  8. ... considerando cada um os outros superiores a si mesmo. (v.3d) 

Concluindo


A ênfase na unidade cristã aqui é muito forte. Paulo tem essa característica de enfatizar a unidade em Cristo, como em 1.27 – “... no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica.” Na verdade, essas qualidades interiores ou intenções cristãs só são visualizadas quando estamos servindo a Cristo em sua comunidade remida, por isso Paulo diz: Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. (v.4) Quando é que nos preocupamos com as necessidades e interesses dos outros? Quando nos envolvemos e servimos uns aos outros! Olha só a recomendação de João em 1 João 3.18Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBLB Araras - 14/07/13

O nosso Deus


Salmo 48

Em nosso estudo anterior dos salmos messiânicos, vimos o Salmo 45 e o tema foi: O noivo-rei (Jesus) e noiva-princesa (Igreja). Assim, estudamos o salmo, que foi composto para um casamento real, onde o salmista fala do noivo-rei (Jesus)suas qualidades, seus feitos, sua grandeza, e eminência (vv.1-9); e da noiva-princesa (Igreja) seu desafio, seu cortejo seus futuros filhos (vv.10-17).

Nosso salmo messiânico de hoje é o Salmo 48. A referência messiânica direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 48.2 – Mateus. 5.34, 35.

Assim como o Salmo 45, e mais onze salmos bíblicos, o Salmo 48 também foi composto pelos filhos de Corá. Aqueles que não morreram na rebelião que o levita Corá e outras pessoas influentes do povo de Israel, levantaram contra Moisés e Arão. (Conf.: Números 16.11, 31-33; 26.9-11)

Quando lemos o Salmo 48, logo após ler os Salmos 46 e 47, percebemos que "o tema de júbilo após um grande livramento continua”[1]. O júbilo do Salmo 46 se concentra no perigo que foi afastado, o do Salmo 47, no propósito de Deus de conceder graça aos inimigos que foram derrotados e o do Salmo 48 no fato de que a cidade que corria perigo está sã e salva.

Esses salmos celebram Deus como o Grande e vitorioso Rei. Os três são considerados como cânticos de vitória e ações de graças pela libertação de Jerusalém da ameaça de Senaqueribe em 701 a.C. O Exército Sírio cercou Jerusalém, ameaçando e blasfemando o Deus de Israel, impôs terror e pânico. Sem que os judeus tivessem que levantar uma espada sequer, Deus se encarregou de colocar em fuga com terror e pânico os que aterrorizavam o povo de Deus. (Is 37.33-37)

Está claro que o salmista e o povo estavam em festa no templo (9), mas o regozijo tem um “ar de novidade de uma experiência recente na descrição da fuga dos reis (3-7), na afirmação assim o vimos (8) e no convite a vistoria a cidade intacta (12, 13)”[2].

O Salmo 48 fala de uma situação em que o perigo passou e há total livramento no presente, uma experiência que nós que vivemos atualmente na verdadeira Sião, a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial (Hb 12.22), não desconhecemos, pois, repetidas vezes, vemos os perigos que nos ameaçam serem derrotados pelo nosso Deus sempre presente.[3]

O nosso tema de hoje é “O nosso Deus”. Aqui, no Salmo 48, vemos Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra (v.1-3), a ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-7), a ação de graças pela vitória na cidade do nosso Deus (v.8-10) e a convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).

I. Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra v.1-3

1. v.1 – Esse verso fala de duas verdades especiais para o povo de Deus: “o grande Deus e sua cidade exultante”[4].

a. v.1a – Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado... – A sua grandeza é demais para nós, meros seres humanos. O Salmista disse: Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir. (Salmo 139.6)

ü  Tudo o que o homem sabe sobre Deus, foi por iniciativa divina! O nosso conhecimento de Deus é na medida em que ele se revela a nós, isto é, toda a revelação que temos sobre Deus veio dele mesmo! Veja Mateus 11.27.
ü  Mas, esse conhecimento tem um limite, veja o que diz Deuteronômio 29.29.
ü  O que na verdade temos que fazer é conhecer sobre Deus o máximo que pudermos, como disse o profeta Oséias – Oséias 6.3.
ü  Textos que revelam a incompreensibilidade de Deus pela mente finita do homem – Rm 11.33, 34; Jó 36.26; Is 40.28.
ü  Atributos divinos que mostram essa incompreensibilidade de Deus: A espiritualidade de Deus – Jo 4.24; A infinitude de Deus – Sl 90.4; 2Pe 3.8; A eternidade de Deus – Sl 90.2; Dn 2.20.
ü  Esse Deus grande é digno de ser louvado! Só ele é digno de receber adoração!

b. vv.1b, 2 – ... na cidade do nosso Deus. – Que cidade é essa? Jerusalém! “A peculiaridade de Jerusalém, diante de todas as cidades do mundo, é que ela é uma cidade messiânica, a cidade do grande Rei. Sua beleza é refletida por sua destinação”[5] – v.2. Essa cidade “está destinada à alegria de toda a terra, através do Messias, e isso a reveste de uma beleza sem igual”[6].

ü  Assim como encontramos em muitos salmos messiânicos, temos aqui nos versos 1, 2 e 8, uma ênfase na divindade do Messias. Mas, aqui, em especial, a deidade do Messias e enfatizada juntamente com indicação da sua cidade, Jerusalém. No v.1 – Jerusalém é chamada de “a cidade do nosso Deus”; no v.2 está escrito: “cidade do grande Rei”; e no v.8 – “cidade do Senhor dos Exércitos” e “a cidade do nosso Deus”. As palavras Deus, Rei e Senhor estão tão estreitamente ligadas entre si que, com isso, é realçada a divindade do Messias.
ü  Do ponto de vista de Lieth, observando Mt 5.34, 35, a citação messiânica direta no NT do Salmo 48, há somente uma cidade significativa em todo o mundo, Jerusalém, a cidade do grande Rei. Ele comenta: O céu é o torno de Deus – Ali Ele mora em toda Sua plenitude. De lá flui todo o rio de bênção espirituais; A terra é o estrado de seu pés – Aqui o Onipotente opera e age; Jerusalém, a cidade do grande Rei, é o ponto central da bênção de Deus no Messias.[7]

O Messias viveu e agiu em Jerusalém, ali Ele consumou a salvação na cruz, ali Ele ressuscitou dos mortos, dali Ele subiu ao céu e Ele retornará para Jerusalém. O destino de Jerusalém, no Reino Messiânico, é servir para a alegria de toda a terra.”[8]

c. v.3 – Deus é o alto refúgio de Jerusalém. Ele revelou-se como fortaleza messiânica da salvação em Jerusalém e no Templo. (Conf.: Sl 118; Is 28.16) Para MacArthur “’Nos palácios delas’ seria melhor traduzido como ‘Deus está nas fortalezas dela’”[9].

Então:
Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus. (v.1)

II. A ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-8)

A ação protetora de Deus pode ser vista entre os vv.4-8.

1. v.4 – Em primeiro lugar, “eis que os reis se coligaram e juntos sumiram-se”; Percebendo que não eram páreo para o Senhor, os exércitos agressores desistiram da campanha militar e retornaram às suas terras. A proteção de Deus à sua cidade e ao seu povo foi superior ao poderio militar da liga de nações que declarou guerra a Judá.

2. v.5 – E, segundo expressa o salmista, tal retirada não foi tranquila, mas se deu às pressas, de modo que percebemos, pelo texto, as nações em fuga: “bastou-lhes vê-lo, e se espantaram, tomaram-se de assombro e fugiram apressados”.

3. vv.6, 7 – O motivo da fuga desenfreada foi, em primeiro lugar, que “o terror ali os venceu, e sentiram dores como de parturiente” e, ainda, porque tiveram grandes prejuízos: Com vento oriental destruíste as naus de Társis.

ü  Társis era um local distante no litoral do mar Mediterrâneo (Jn 1.3; Sl 72.10; Is 23.6), possivelmente na Espanha, que era fonte de grandes riquezas, dentre elas metais preciosos como ouro e prata (1Rs 10.22; Is 60.9). Assim, os inimigos foram derrotados e fugiram com grandes perdas.

4. v.8Quanto a Jerusalém, foi protegida de forma espetacular, visto que “Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade do SENHOR dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus a estabelece para sempre”.

III. A ação de graças pela vitória, na cidade do nosso Deus (v.8-10)

1. v.8 – Esse verso nos lembra do testemunho pessoal de Jó – Jó 42.5. O povo de Israel que estava em Jerusalém poderia agora, na poesia do salmista, testemunhar da mesma maneira – Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade do SENHOR dos Exércitos... . O Senhor protegeu Israel e o livrou de exércitos poderosos. Não é sem razão que é Ele chamado, aqui, de “Senhor dos Exércitos”. Assim, Deus, não somente livrou o seu povo, mas fortaleceu a cidade – Deus a estabelece para sempre!
Não há como ficar indiferente diante de uma situação como essa. Por isso, vemos que a atuação de Deus na proteção do seu povo produziu duas reações nos seus servos:

2. v.9A primeira reação foi contemplar a fidelidade de Deus. A demonstração da fidelidade do Senhor que, indubitavelmente, já era conhecida do salmista em termos conceituais, leva-o a uma ação que ele chama de “pensar ou meditar”. Assim, a reflexão sobre a fidelidade do Senhor para com seu povo deve levar seus servos à reverente contemplação do Senhor, que, por sua vez, deve conduzi-lo à adoração pública e ao desejo de um conhecimento amplo e de um relacionamento pessoal.

3. v.10A segunda reação foi louvar a Deus por sua justiça. Isso não acontece sem motivo. O que ele quer dizer, de fato, é que tudo que o Senhor faz é justo e isso se dá por todo o mundo. A consequência natural é a constatação do louvor motivado pela justiça divina por parte dos seus beneficiários (v.11).[10]

IV. A convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).

Temos aqui um final dramático, a cidade alegre e intacta – vv.11-14!

1. v.11 – O motivo pelo qual a cidade é convoca à alegria é pelo fato de que Deus agiu pessoalmente (destra – v.10) e de forma justa – (justiça e juízo – v.10, 11). Temos aqui um convite a adoração a Deus pelo que ele é e pelo que fez!

2. v.12, 13a – Essa convocação possivelmente tem duas intenções, o salmista quer que tal inventário seja feito ou para notar o modo pelo qual o Senhor fortificou a cidade para protegê-la, ou para que se note que, apesar de fracas instalações, a libertação aconteceu, sem dúvida, pelas mãos do Senhor. Isso traria confiança total do povo no Senhor.

3. v.13b, 14 – A intenção para tal convocação está bem definida – “...para narrardes às gerações vindouras que este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; ele será nosso guia até à morte”.

Concluindo – O que vimos no Salmo 48, hoje, foi: 1º) Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra (v.1-3); 2º) a ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-7); 3º) a ação de graças pela vitória na cidade do nosso Deus (v.8-10); e 4º) a convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira - 14/07/13




[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 781a.
[2] Ibid., p. 781b.
[3] Ibid., p. 781b.
[4] Ibid., p. 781b.
[5] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 176.
[6] Ibid., 176.
[7] Ibid., 178.
[8] Ibid., 178, 179.
[9] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 716.
[10] Pr. Thomas Tronco – Estudo no Salmo 48.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Uma experiência pessoal com Cristo: Cristo a vida do Cristão: Regozijo apesar do sofrimento


Filipenses 1.8-30

Vimos em nosso estudo anterior, que, Paulo estava muito grato a Deus pela cooperação da Igreja em Filipos para o seu ministério. Essa cooperação era de três modos: Aceitação do Evangelho, Permanência no Evangelho e Contribuição para o Evangelho. Ele, Paulo, encerra a sua saudação, ação de graças e uma intercessão em favor da Igreja afirmando sua convicção sobre a obra redentora de Deus na vida dos filipenses e sobre o que estava em seu coração em relação aos irmãos.

Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. Aliás, é justo que eu assim pense de todos vós, porque vos trago no coração, seja nas minhas algemas, seja na defesa e confirmação do evangelho, pois todos sois participantes da graça comigo.
Filipenses 1.6, 7

Hoje, vamos continuar nosso estudo e expor os versículos de 8 a 30 do capítulo 1º, do seguinte ponto de vista de acordo com o primeiro subtema da carta: Uma experiência pessoal com Cristo – “Cristo a vida do Cristão: Regozijo apesar do sofrimento”. Vamos dividir este texto em dois pontos: 1º) Alegria em Cristo que triunfa sobre o sofrimento – v.8-18; e 2º) Livramento em Cristo – uma expectativa Paulina – v.19-26.

I. Alegria em Cristo que triunfa sobre o sofrimento – v.8-18

1. Com sinceridade e oração – v.8-11

Nesse início de carta, Paulo invocava a Deus como sua testemunha – Pois minha testemunha é Deus... v.8a. Mas não só aqui, freqüentemente ele faz isso em questões internas – do coração, da alma e do espírito – Romanos 1.9; 9.1; 2 Coríntios 1.23; 11.31; Gálatas 1.20; 1 Tessalonicenses 2.5, 10. Na verdade, ninguém poderia saber de verdade se Paulo tinha ou não saudades dos irmãos em Filipos, só Deus é quem sabe todas as coisas, por isso ele usa esse argumento: Deus é minha testemunha da saudade que tenho de todos vós – v.8b. Mas isso só era real por causa da terna misericórdia de Cristo Jesus – v.8c.

Agora, Paulo ora pelos seus irmãos filipenses, para que o amor aumente mais e mais (v.9a) – Paulo não nega que os irmãos ali tinham amor, mas está orando para que o amor já existente aumente mais e mais. Esse amor crescente tinha que ser em pleno conhecimento e toda a percepção (v.9b). Não era um amor cego do tipo da paixão romântica, que deixa a pessoa sem noção do certo e do errado. Esse amor crescente na vida dos filipenses levaria a igreja a aprovar as coisas excelentes e a serem sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo – v.10. Isso também tornaria os irmãos cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus – v.11.

2. Com realismo – v.12-14

Paulo queria deixar bem claro para a igreja, que as coisas que lhe aconteceram, que ele chama de minhas cadeias, em Cristo (v.13a), têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho – v.12b. O seu sofrimento pela prisão por simplesmente pregar a mensagem da cruz, como em 1 Coríntios 15.3, 4: Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Resultou no alcance de toda a guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus – v.13b, 14.

O que aconteceu aqui? Paulo estava feliz, não pela prisão e sofrimento, mas pelo que isso possibilitou para o avanço do Evangelho de Jesus Cristo: 1º) O alcance da guarda imperial romana, cerca de 9.000 soldados; e 2º) Pelo estimulo que isso deu aos irmãos, para, no Senhor, falar a Palavra de Deus.

3. Com discernimento – v.15-18

O apóstolo, agora, com discernimento, reconhece e revela que o Evangelho pode efetivamente (v.15a) ser proclamado pelas seguintes intenções: a) por inveja e porfia – pregando a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias – v.15b, 17; b) de boa vontade – estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho – v.15c, 16.

Apesar de Paulo não concordar nem aprovar o Evangelho ser pregado por inveja, porfia, discórdia e insinceramente, ele se regozija no fato de que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei – v.18.

II. Livramento em Cristo – uma expectativa Paulina – v.19-26

1. Pela súplica Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica... (v.19a). Paulo sabia que Deus ouve a oração da sua igreja. Ele, mesmo já tinha sido libertado milagrosamente de uma prisão em Eféso – Atos 16.25, 26. Possivelmente conhecia o testemunho de Pedro em Atos 12.1-12.

2. Pelo Espírito SantoPorque estou certo de que isto mesmo... pela provisão do Espírito de Jesus Cristo... (v.19b). O Espírito Santo que Paulo havia recebido na sua conversão, como todos os cristãos, da parte de Deus não era o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação – 2 Timóteo 1.7.

A libertação que Paulo esperava com ardente expectativa e esperança seria para engrandecer a Cristo no seu corpo, quer pela vida, quer pela morte – v. 20.
Ele tinha a seguinte convicção: Se fosse livre da prisão com ousadia continuaria
pregando a Cristo e se fosse morto na prisão ou fora dela por pregar a Cristo isso
seria um testemunho de morrer por Cristo. Por isso ele afirmou:
Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro – v.21.

3. Da dúvida interiorv.22 – Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher.
 
  1. ... estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. (v.23b)
  2. ... é mais necessário permanecer na carne. (v.24b)

E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vós, para o vosso progresso e gozo da fé, a fim de que aumente, quanto a mim, o motivo de vos gloriardes em Cristo Jesus, pela minha presença, de novo, convosco.
v.25, 26

Conclusão

Paulo reconhece que ter uma experiência pessoal com Cristo é viver por modo digno do evangelho de Cristo (v.27a) e que isso leva os irmãos a estarem firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (v.27b – do evangelho – ARC). Essa firmeza e luta pela fé, fortalece os crentes a não se intimidarem pelos adversários (v.28a), e a reafirmarem a sua confissão de fé da salvação, e isto da parte de Deus (v.28b). Ele termina essa argumentação encorajando os irmãos filipenses do seguinte modo: Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele, pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora, ouvis que é o meu. (v.29, 30)

Pr. Walter Almeida Jr.
IBLB - 30/07/13