domingo, 22 de novembro de 2015

Estudos Bíblicos na Carta aos Hebreus (10) - Jesus realizou um sacrifício superior

Hebreus 10

No nosso estudo anterior, no capítulo 9, com o tema: Jesus estabeleceu um santuário superior. Vimos: 1º) No passado: o Tabernáculo terrestre com os seus objetos – nenhum acessovv.1-10; 2º) No presente: o Tabernáculo celestial – acesso total vv.11-14; e 3º) Olhando para traz, para cima e para frente – vv.15-28.

Terminamos afirmando que a Nova Aliança não somente nos dá acesso agora a Deus, como também um lar eterno em sua glória celeste! É ali que nosso Redentor crucificado está neste momento e sua presença ali assegura nossa aceitação. Onde ele está, estaremos também.

Neste capítulo, o autor enfatiza o caráter definitivo do sacrifício de Cristo, contrastando-o com a natureza repetitiva e incompleta do sistema da lei e dos sacrifícios do Antigo Testamento. A redenção que Cristo oferece não precisa de nenhuma repetição ou complementação. Por isso, a rejeição de seu sacrifício é definitiva e imperdoável.[1]

Assim, vemos, mais uma vez, o autor expressar de forma intensa as limitações da lei e suas provisões quando alguém tenta se aproximar de Deus (vv.1-4); citar o Salmo 40.6-8 para estabelecer que todo sistema sacrificial é substituído pelo autossacrificio perfeitamente obediente de Cristo (vv.5-10); fazer um contraste entre os sacerdotes da Antiga Aliança, que estão diariamente diante do altar para oferecer repetidamente os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados, e Jesus que está a direita de Deus, tendo concluído a obra sacrificial (vv.11-14); e como resultado disso para os crentes é que Jesus Cristo com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados (v.14 ARA). Ele, ainda cita Jeremias 31.33, 34, de forma abreviada, para sinalizar que o seu argumento iniciado no capítulo 8, chegou ao fim. O perdão prometido por Jeremias está disponível, tornando possível a renovação do coração e da mente que é fundamental para a nova aliança.[2] (cf. Rm 12.1, 2)

Em sua argumentação, aqui, o autor, não quer que os hebreus, seus leitores originais, deixem de entender que o que o Senhor Jesus Cristo fez é infinitamente superior à antiga aliança, o antigo sacerdócio e os antigos sacrifícios, e que por isso, eles não deveriam voltar à sua antiga religião.

Nosso estudo de hoje é no capítulo 10 com o tema “Jesus realizou um sacrifício superior”. Faremos isso três pontos:[3] 1º) O sistema sacrificial da Leivv.1-4; 2º) A eficácia do sacrifício de Jesus Cristovv.5-18; e 3º) Decisões motivadas pelo sacrifício de Jesus Cristovv.19-39.

I. O sistema sacrificial da Lei – vv.1-4

Para o autor que gosta de usar o contraste para argumentar[4], a lei mosaica com seus sacerdotes e sacrifícios contínuos e inadequados, não passam de uma sombra da vinda de Cristo e de sua oferta definitiva[5]. Temos, aqui, três observações relevantes:

1. v.1 – todos os sacrifícios da antiga aliança são sombras do sacrifício de Cristo. Tal sombra (grego skia), isto é, uma imagem turva, um reflexo pálido, um mero contorno ou uma silhueta, não a imagem real das coisas, apontava para o sacrifício real de Jesus Cristo. “Quando o autor descreve a Lei como sendo sombra dos bens vindouros, ele quer dizer que ela prefigurava as bênçãos da nova aliança que Jesus traria”[6], isto é, as bênçãos da salvação, recebidas por meio de Jesus Cristo (cf. Is 52.7; Rm 10.15). Assim, a sombra é o Dia da Expiação que é a imagem real das coisas, isto é, Jesus na cruz do Calvário.

2. v.2 – todos os sacrifícios da antiga aliança são ineficazes para remover pecados. “O fato claramente apresentado é que as ofertas anuais e o sangue dos sacrifícios dos animais não podiam tirar o pecado e nunca deu a ninguém maturidade na fé e confiança. Se tivesse produzido crentes perfeitos, não teria sido substituída”[7]. A dedução é simples e lógica: se a perfeição tivesse sido alcançada pelo sacrifício de animais eles não precisavam ser repetidos.

3. v.3, 4 – todos os sacrifícios da antiga aliança precisavam ser repetidos frequentemente.  A repetição anual dos sacrifícios da antiga aliança, no ritual do Dia da Expiação, era uma garantia de que Deus era capaz de perdoar pecados, uma recordação constante da deficiência dos mesmos e um lembrete de que o pecado é um empecilho à comunhão com Deus e traz o seu juízo. “O sistema levítico não foi designado por Deus para perdoar pecados, definitivamente, mas, foi uma preparação para a vinda do Messias, no sentido de criar expectativas no povo”[8] (cf. Gl 3.24; 1Pe 1.10). Ele revelou a necessidade do perdão total e completo para que fossem restaurados o acesso e a comunhão com Deus, para todos os que creem!

II. A eficácia do sacrifício de Jesus Cristo – vv.5-18

Agora, após descrever a inferioridade e a ineficiência dos sacrifícios da antiga aliança, o autor apresenta as razões que explicam a superioridade do sacrifício de Cristo.

1. O sacrifício de Jesus Cristo foi uma ordem divina – vv.5-10. O que o autor está dizendo aqui é bastante claro. A vontade de Deus para o Messias era que fizesse plena expiação pelo pecado. Isso requeria um sacrifício com derramamento de sangue, e assim foi-lhe preparado um corpo em que pudesse sofrer. Em seu sofrimento e morte, foi plenamente cumprida a vontade de Deus e foi assim que a nova, e melhor, aliança passou a operar.[9]
O autor cita o Salmo 40.6-8 atribuindo suas palavras a Jesus, onde encontram cumprimento absoluto na sua vida. Ele veio para colocar de lado o antigo sistema sacrificial e produzir a obediência a Deus que sempre tinha sido a intenção por traz dos rituais.[10]

Assim, os crentes são salvos e aperfeiçoados porque foram purificados e santificados mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas (v.10 ARA). Por meio deste sacrifício, foi feita a expiação, o que agradou perfeitamente a um Deus santo.

2. O sacrifício de Jesus Cristo é eficaz e único – vv.11-14. Jesus ofereceu um único sacrifício pelos pecados, que é eficaz para sempre.[11] O triunfo final de Cristo vê-se no fato de que ele não vem repetidamente, nem representa uma redenção incompleta; mas ao oferecer-se a si mesmo, assentou-se à destra de Deus. Agora, ele pacientemente aguarda o momento de seus inimigos serem subjugados. Então não haverá mais oposição a Cristo ou ao Seu governo.[12]

O aperfeiçoamento dos crentes que são santificados, inclui a sua qualificação para que se aproximem de Deus e sejam capacitados para desfrutar da certeza do relacionamento da nova aliança (cf. Hb 7.11, 12, 19; 9.9; 10.1; 11.40; 12.23). E isso significa o perdão dos pecados e a purificação da consciência, tornando possível a consagração ao serviço de Deus daqueles que estão sendo santificados e finalmente a sua participação na promessa da vida eterna.[13] (cf. vv.10, 14; 9.15)

3. O sacrifício de Cristo é a base da nova aliança – vv.15-18. O autor, agora, cita Jeremias 31.33, 34, de forma abreviada, para sinalizar que o seu argumento iniciado no capítulo 8, chegou ao fim. O perdão prometido por Jeremias está disponível, tornando possível a renovação do coração e da mente que é fundamental para a nova aliança (cf. Rm 12.1, 2). Além disso, o Espírito Santo dá testemunho acerca das coisas mencionadas nas Escrituras anteriormente, e que, ele, que inspirou os profetas no início continua a falar por meio de seus escritos aos crentes de todas as gerações (cf. 3.7).[14]

O sacrifício de Cristo como base da nova aliança está no fato de que ele proporciona perdão total dos pecados àqueles que creem, e é a maior bênção da Nova Aliança, porque garante ao pecador perdoado acesso as todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Ef 1.3b, cf. 4-14). “Agora gozamos o perdão dos nossos pecados – pecados da nossa natureza, pecados abertos, pecados secretos, pecados repetidos, pecados de ontem, pecados de hoje, pecados de amanhã, pecados de comissão ou pecados de omissão – todo pecado! Deus não se lembra mais deles”.[15]

Portanto, quando os pecados já foram perdoados e esquecidos uma vez para sempre, não há necessidade de oferecer mais sacrifícios para nos livrarmos deles. (v.18 VIVA)

III. Decisões motivadas pelo sacrifício de Jesus Cristo – vv.19-39

Depois de vários capítulos de complexa argumentação doutrinária, o autor elabora implicações práticas, repetindo algumas advertências e encorajamentos dados anteriormente. Demonstrando, assim, o elo entre boa teologia e vida cristã fiel.[16]

1. vv.19-21 – Aqui temos um resumo simples dos argumentos doutrinários apresentados nos capítulos 7 a 10.

A base da confiança do cristão é o fato de que ele tem, agora, ousadia para entrar no santuário, isto é, na presença santa de Deus, pelo sangue de Jesus e, também, do fato de que Jesus é o grande Sacerdote sobre a casa de Deus. Ou seja, há duas coisas que temos como cristãos:

a.    1ª) ousadia para entrar no santuário (v.19) – a palavra ousadia (intrepidez na ARA) aparece em quatro contextos diferentes em Hebreus – 3.6; 4.16; 10.19; 10.35. Significando que Deus é quem nos dá a confiança de acesso livre e aberto a sua santa presença por meio da obra de Jesus Cristo, e isso ele chamado de vivo e novo caminho que Ele nos consagrou (v.20);

b.   2ª) um grande Sacerdote sobre a casa de Deus (v.21) – não somente temos acesso diretamente a Deus, mas, nosso Senhor está lá e intercede por nós, tornando a comunhão entre o crente e Deus, perfeita. É sobre essa base que o autor exorta os irmãos hebreus nos versículos seguintes.

2. vv.22-25 – O autor, agora faz um convite, um chamado para uma tomada de decisão em resposta às grandes verdades doutrinárias dos capítulos anteriores:

a.    v.22 – ele chama os irmãos a aproximarem-se mais de Deus e faz isso mostrando as condições para isso: com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, ou seja, com sinceridade, com segurança, salvo e santificado.

b.   v.23 – ele chama os irmãos para manterem uma confissão inabalável de fé no Cristo vivo. Deus envolve nossa esperança com Suas próprias promessas, porque fiel é o que prometeu. Isto fala, então, de mais uma afirmação baseada sobre fé na fidelidade de Deus.[17]

c.    v.24 – ele chama os irmãos ao testemunho público da fé. Expressar o amor de Deus por meio de ações sociais é uma das evidências da nossa conversão (cf. 1Jo 3.14-16). O amor cristão não vive apenas de palavras, mas na prática de boas ações pelo próximo.

d.   v.25 – ele chama os irmãos à adoração e ao ensino congregacional. “Quando o zelo descai e a fé vacila, o desejo de manter comunhão com outros crentes também enfraquece. O estímulo do v.24 se torna possível através da congregação. Quando os cristãos se reúnem, eles se exortam mutuamente ao serviço frutífero e à comunhão ininterrupta. O perigo da apostasia está emboscado na falha dos crentes em se reunirem e se ajudarem mutuamente”.[18] E isso deve ser intensificado tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Aquele dia é a mais curta e direta referência à segunda vinda do Senhor Jesus “A urgência da passagem no que se refere à exortação deve-se à iminência deste Dia de Cristo”.[19]

3. vv.26-31 – Agora, o autor repete o que as outras passagens de advertência sobre a apostasia disseram: “a apostasia é algo deliberado e não há como encobrir tal pecado. Se você der as costas ao Senhor Jesus Cristo, o único lugar para você será nas trevas exteriores”[20].

Para isso, ele lembra os irmãos que na antiga aliança não havia sacrifício para os pecados deliberados (cf. vv.26, 27; Dt 17.1-7; Nm 15.27-31). Ele contrasta isso no v.29 e mostra três aspectos graves da apostasia: 1º) pisar (desprezar) o Filho de Deus, isto é, desprezar Jesus com um qualquer; 2º) tiver por profano (profanar) o sangue da aliança, isto é, desvalorizar a obra de Cristo, considerar o sangue de Jesus algo comum; e 3º) fizer agravo (ultrajar) ao Espírito da graça, isto é, blasfemar contra o Espírito Santo.

Termina afirmando que é o próprio Deus quem julga o pecador e lhe aplica a punição. Ninguém escapará do julgamento de Deus – vv.30, 31; Dt 32.35; Sl 135.14; Hb 3.12; Ap 20.11-15.

4. vv.32-39 – Desde o início, após uma advertência severa, o livro traz palavras de encorajamento e esperança. Aqui não é diferente, o autor, relembra o começo da vida cristã dos irmãos e os convida a refletir sobre isso. Ele os convida a continuar a viver pela fé e mostra três momentos importantes para o exercício da fé na vida cristã: 1º) nos momentos de adversidades (nas lutas, nos sofrimentos e nas perdas) – v.32-34; 2º) nos momentos de desesperança vv.35, 36; e 3ª) nos momentos de dúvidas sobre a fé vv.37-39.

Concluindo

A única ação segura para quem professa ser cristão, e a única ação feliz, é progredir espiritualmente a cada dia, conforme a carta aos Hebreus nos ensina, até que nosso Senhor Jesus Cristo volte.

Mas o justo viverá pela fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição,
mas daqueles que crêem para a conservação da alma.
Hebreus 10.38, 39

Pr. Walter Almeida Jr.



[1] Ryrie, Charles. A Bíblia Anotada e Expandida, Mundo Cristão e SBB, 2007, p. 1207.
[2] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, SP, 2009, p. 2013, 2014.
[3] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica – Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 11ª Lição, p. 50-54. No esboço dos pontos sigo o comentário da lição nas páginas citadas, com cortes e acréscimos que julguei necessário.
[4] Casimiro, p. 50.
[5] Ryrie, p. 1207.
[6] Carson, p. 2014.
[7] Comentário Bíblico Moody, Hebreus, p. 44.
[8] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1704.
[9] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha, Editora Cultura Cristã, 2012, p. 91.
[10] Carson, p. 2014.
[11] Carson, p. 2015.
[12] Moody, p. 45.
[13] Carson, p. 2015.
[14] Carson, p. 2014.
[15] Olyott, p. 75.
[16] Carson, p. 2015.
[17] Moody, p. 47.
[18] Moody, p. 47, 48.
[19] Ibid., p. 48.
[20] Olyott, p. 96.

sábado, 7 de novembro de 2015

Estudos Bíblicos na Carta aos Hebreus (9) - Jesus estabeleceu um santuário superior

Hebreus 9

Em nosso estudo anterior, no capítulo 8 com o tema: Jesus estabeleceu uma aliança superior vimos, em dois pontos, que:

ð 1º) Jesus estabeleceu uma aliança superior porque o seu sacerdócio (ministério) é tanto mais excelente (superior) vv.1-6a; e

ð 2º) Jesus estabeleceu uma aliança superior que está confirmada em melhores promessas vv.6b-13.

Terminamos afirmando que a Nova Aliança promete um coração transformado e obediente, o privilégio de conhecer e pertencer ao Senhor, intimidade com ele e perdão total e perpetuo de pecados. E, não é de admirar que, o versículo 6 diga: Jesus Cristo é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas.

Então, no capítulo anterior, vimos a visão do autor sobre a Antiga Aliança e sobre a Nova Aliança inaugurada por nosso Senhor Jesus Cristo, mediador de uma melhor aliança.

Agora, ele, olha para o Tabernáculo do Antigo Testamento, onde ministravam os sacerdotes levitas da Antiga Aliança, que, embora belíssimo e impressionante, não dava ao pecador acesso real a Deus. Contudo, isto é algo que Cristo, que ministra no próprio céu, concedeu ao pecador. Por isso, ele é sacerdote de um santuário ou tabernáculo superior.[1]

O autor ensina essa verdade de forma simples e de fácil acompanhamento: 1º) Ele considera o antigo tabernáculo e seis objetos encontrados ali, concluindo que a velha dispensação não dava acesso verdadeiro e direto a Deus (vv.1-10); 2º) Ele traça um contraste entre o que Cristo fez e onde ministra, apresentando sete fatos que, ao concluir, nos garante que por meio de Jesus Cristo temos verdadeiro e direto acesso a Deus (vv.11-14); e 3º) Ele convida os crentes da Nova Aliança para olhar o que Cristo fez no passado, o que Ele está fazendo agora e o que fará no futuro (vv.15-28).[2]

Portanto, hoje, vamos estudar o capítulo 9 com o tema: Jesus estabeleceu um santuário superior. Faremos isso em três pontos: 1º) No passado: o Tabernáculo terrestre com os seus objetos – nenhum acessovv.1-10; 2º) No presente: o Tabernáculo celestial – acesso total vv.11-14; 3º) Olhando para traz, para cima e para frente – vv.15-28.

I. No passado: o Tabernáculo terrestre com os seus objetos nenhum acesso vv.1-10

1. A primeira coisa dita pelo autor sobre o serviço que se realizava no santuário terrestre, o culto divino, era uma ordenança de Deus – v.1.

2. vv.2-5 – Aqui temos uma descrição do tabernáculo com seus objetos: a planta do tabernáculo, os seus móveis e utensílios e o serviço que era realizado nele. Tudo isso, é claro, apontava para Jesus Cristo e eram as figuras das coisas que estão no céu (v.23a). A tenda do tabernáculo era dividida em duas partes: lugar santo e o lugar santíssimo ou santo dos santos.

a.    v.2 – No lugar santo, o primeiro... que se chama o santuário. Estavam:

ð O candelabro de ouro com seis hastes (Êx 25.31-40) – aponta para Jesus Cristo, luz do mundo e para a igreja como filhos da luz (Jo 8.12; Ef 5.7-14).

ð A mesa da proposição e os pães (Êx 25.23-30) – aponta para Jesus Cristo, o Pão da Vida ou o Pão que desceu do céu para satisfazer a fome espiritual do seu povo (Jo 6.32-47).

ð O altar do incenso (v.4a; Êx 30.1-10) – onde o sacerdote queimava incenso duas vezes ao dia e apontava para Jesus Cristo, o nosso intercessor diante de Deus (Hb 7.24, 25; Rm 8.33, 34).

b. v.3-5Mas depois do segundo véu... o santo dos santos (v.3)Estavam:

ð v.4a – ... o incensário de ouro... – Embora estivesse fora do Santo Lugar (Êx 30.6), o escritor de Hebreus descreve o altar de ouro dentro do Santo dos Santos porque ele pensa, em primeiro lugar, no papel do altar na liturgia do dia da Expiação, pois nesse dia o sumo sacerdote leva o incenso desse altar para o ligar santíssimo. Isso só acontecia uma vez por ano (Lv 16.12, 13).[3]

ð v.4b – ...e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor... – A madeira da arca simboliza a humanidade de Cristo e a sua cobertura de ouro a Sua divindade. Além disso a arca da aliança simboliza a direção de Deus na vida do seu povo, o poder de Deus no meio do seu povo e a pureza e santidade de Deus entre o seu povo[4] (cf. Nm 10.33-35; Js 3.6; 15-16; 1Sm 7.1-4) Dentro da arca da aliança estavam:

·  v.4c – ...um vaso de ouro, que continha o maná... – Para trazer à memória do povo a provisão de Deus em tempos de angustia (cf. Êx 16.32, 33).

·  v.4d – ...e a vara de Arão, que tinha florescido... – Guardada como símbolo da ressureição e da vida, pois a vara de Arão, depois de morta veio a florescer (cf. Nm 17.8; Jo 11.25)

· v.4e – ...e as tábuas da aliança... – As tabuas da Lei, escritas por Deus no Monte Sinai, deveriam acompanha o povo de Israel pelos séculos dos séculos (cf. Êx 25.16, 21; 40.20; Dt 10.1-5)

ð v.5 – A tampa da arca era um propiciatório feito de ouro com um querubim em cada extremidade. Anualmente, no dia da expiação, o sumo sacerdote entrava no santo dos santos e derramava o sangue do cordeiro no propiciatório (cf. Lv 6). Espiritualmente, o sangue do cordeiro morto cobria o pecado da transgressão da Lei, da rebelião e da murmuração, representado pelos três objetos que estavam dentro da arca. Tudo isso aponta para Jesus Cristo que, através do seu sacrifício removeu o nosso pecado e as nossas culpas perante Deus[5] (cf. Rm 3.23-25; 1Jo 2.2; 4.10)

3. vv.6-10 – Aqui o autor destaca três informações sobre a deficiência do tabernáculo terrestre:

a.    1ª) Ele era inacessível para o povov.6, 7 – Ninguém podia entrar no tabernáculo, exceto os sacerdotes no lugar santo e o sumo sacerdote, no santo dos santos, uma vez por ano. O povo fica do lado de fora da tenda.

b.   2ª) Ele era temporáriov.8 – Foi designado, temporariamente, por Deus por um período para tipificar Jesus Cristo e a sua obra salvadora. Jesus rasgou o véu que impedia o acesso a Deus (Mt 27.50, 51).

c.    3ª) Ele era ineficaz espiritualmentev.9, 10 – Todo o ritual, dons e sacrifícios realizados e oferecidos no tabernáculo terrestre eram ineficazes para perdoar pecados e promover a salvação, bem como, mudar o coração e a consciência do povo pecador. Portanto, o serviço prestado no tabernáculo era ritual externo, imposto e não opcional, e temporário até a primeira vinda de Jesus Cristo.[6]

II. No presente: o Tabernáculo celestial – acesso total – vv.11-14

Após apresentar as deficiências do tabernáculo terrestre da Antiga Aliança, o autor descreve as razões da superioridade do tabernáculo celestial.[7] Com isso, ele, faz um contraste entre o ministério antigo e o ministério de Cristo.

1. O ministério celestial foi construído por Deusv.11 – a sua origem é divina, a sua natureza é celestial e a sua existência é eterna ou definitiva.

2. No tabernáculo celestial realizou-se o sacrifício superiorvv.11-14 – o santuário celestial é superior ao terreno por causa do sacrifício que nele foi realizado. Temos aqui cinco argumentos:

a.    Ele é superior por causa da pessoa que oferece o sacrifício – Jesus Cristo – v.11.

b.   Ele é superior por causa da preciosidade do sacrifício de Jesus Cristo – v.12a (cf. 1Pe 1.18, 19).

c.    Ele é superior por causa da permanência do sacrifício – uma vez só – v. 12b.

d.   Ele é superior por causa do poder do sacrifício – eterna redenção – v12c. (cf. Jo 1.29)

e.    Ele é superior por causa do resultado alcançado – v.13, 14 – ...purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo. Transformados interiormente, os crentes, são agora pessoas diferentes, que realmente adoram e servem o Deus vivo. Eles não somente têm acesso a Deus com também são convocados para o seu serviço.

III. Olhando para traz, para cima e para frente – vv.15-28

O autor continua fazendo um contraste entre a experiência do povo do tempo da Antigo Testamento com a vivida pelos crentes, hoje, mediante o que o Senhor Jesus Cristo fez por eles.[8] Para deixar bem claro seu ensino, ele usa três argumentos:

1. Olhando para traz: O que Cristo fez no passado – veio ao mundo – vv.15-23 – O Senhor Jesus veio ao mundo e morreu a morte necessária à salvação dos pecadores. Assim, ele realmente cumpriu tudo o que os tipos do Antigo Testamento falavam de forma figurada. O fato de crermos, sermos novas criaturas em Cristo, termos todos os pecados perdoados, termos a Deus como Pai e desfrutarmos do acesso a ele se deve ao Gólgota. Tais bênçãos, e inúmeras mais, são minhas, em razão da cruz e somente por causa da cruz.[9]

2. Olhado para cima: O que Cristo está fazendo agora – comparecendo no céu – vv.24-28a – Quando o Senhor Jesus Cristo morreu, carregou a plena penalidade do pecado que era devida pela humanidade pecadora. Cristo levou os pecados de todos. O Pai o aceitou completamente e, assim, Cristo está perpetuamente no céu. Ele, agora, nos representa diante do Pai. A própria presença dele no céu proclama que não resta nenhuma condenação a ser carregada pelo crente.[10] (cf. Rm 8.1-4)

2. Olhando para frente: O que Cristo fará no futuro – aparecerá do céu e descerá à terra – v.28b – Desta vez ele não virá tratar do pecado, já o fez em sua primeira vinda. Não virá salvar pecadores, mas juntar todos os pecadores que foram salvos pelo derramamento de seu sangue.[11]

Concluindo – A Nova Aliança não somente nos dá acesso agora a Deus, como também um lar eterno em sua glória celeste! É ali que nosso Redentor crucificado está neste momento e sua presença ali assegura nossa aceitação. Onde ele está, estaremos também.[12]



[1] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha, Editora Cultura Cristã, 2012, p. 76.
[2] Ibid., p. 76, 82.
[3] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1700.
[4] O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento 2. Editora Cristã Evangélica, Estudo 13, p. 56.
[5] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica – Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 10ª Lição, p. 45.
[6] Ibid., p. 46, 47.
[7] Ibid., p. 47.
[8] Olyott, p. 82.
[9] Ibid., p. 85.
[10] Ibid., p. 86.
[11] Ibid., p. 88.
[12] Ibid., p. 88.