Em
nosso estudo anterior, no capítulo 7 com o tema: O sacerdócio de Jesus é de ordem superior, vimos:
ð Quem foi
Melquisedeque, o que ele fez, sua origem e sua grandeza – vv.1-10.
ð E no segundo
ponto: Jesus – Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque – vv.11-28.
Terminamos com as palavras de Stuart
Olyott:
Jesus Cristo não é um
sacerdote levítico convivendo com o pecado, enfermidade e fraqueza, oferecendo
cada dia sacrifícios por si mesmo e pelos outros. Designado a esse mister por
juramento divino, plenamente qualificado para a obra, foi nomeado para isso por
toda a eternidade! Tratou o pecado de modo definitivo, de uma vez para sempre,
oferecendo-se como sacrifício perfeito, plenamente aceitável a Deus,
em cuja presença hoje
está.
Na primeira parte da carta, o autor
enfatiza a superioridade de Jesus Cristo do seguinte modo: 1º) Capítulos 1 e 2 – mostrando que Cristo é superior aos anjos, primeiro
em sua divindade e depois em sua humanidade; 2º) Capítulos 3 e 4 – provando
que Jesus é superior a Moisés, porque por intermédio dele temos acesso a Deus
com os direitos e privilégios de herdeiros do trono; e 3º) Nos capítulos 5 a 7 – mostrando
que nosso Senhor Jesus segue a ordem sumo sacerdotal de Melquisedeque,
proporcionando mediante sua perfeição, a certeza da salvação[1], portanto maior que a ordem levítica.
Hoje, vamos estudar o capítulo 8 com o tema: Jesus estabeleceu uma aliança superior.
Faremos isso em dois pontos: 1º) Jesus estabeleceu uma aliança superior
porque o seu sacerdócio (ministério) é tanto mais excelente (superior) – vv.1-6a; e 2º) Jesus estabeleceu uma
aliança superior que está confirmada em melhores promessas – vv.6b-13.
I.
Jesus estabeleceu uma aliança superior porque o seu sacerdócio (ministério) é
tanto mais excelente (superior) – vv.1-6a
1.
v1a – Ora, a suma do que temos
dito... – O autor quer dizer que, todo o
propósito dos primeiros sete capítulos é transmitir a insuperável grandeza de
Cristo e mostrar, neste contexto, por que a apostasia é um perigo tão grave. Se
forem dadas as costas para a glória de Deus, não haverá para onde ir, senão
para as trevas.[2]
2.
vv.1b-2 – O autor afirma duas coisas em relação ao ministério de Jesus:
1ª) v.1b – o sacerdócio de Jesus é único e “independente
da lei e da tribo de Levi, eterno, garantido, continuo, permanente, santo,
definitivo e imaculado”[3]
(cf. Hb 7.11-28). É sacerdócio
eterno segundo a ordem de Melquisedeque que pode fazer pelo pecador tudo o que
precisa ser feito. É capaz de salvar homens e mulheres agora, de maneira total
e eterna. Ele exerce seu ministério no céu, onde ocupa uma posição de realeza[4] – nos céus à destra do trono da majestade.
2ª)
v.2 – o sacerdócio de Jesus é exercido no verdadeiro
tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. Nosso Senhor não “ministra no tabernáculo ou no
templo, que são sombras terrenas da realidade celeste, mas ministra na própria
realidade celestial”.[5] “Com
essa figura, o autor indica que o propósito de Jesus ao entrar no céu foi comparecer por nós perante
a face de Deus (cf. Hb 9.24). O seu ministério na terra o equipou para esse serviço
celestial”.[6]
3. v.3 – A essência do sacerdócio
está em que um homem se apresenta diante de Deus como representante do povo e
oferece dons e sacrifícios. Foi
exatamente isso que Jesus fez como sumo sacerdote, ele ofereceu-se ao Pai a si mesmo como o sacrifício
aceitável (cf. Hb 7.27; 9.11-14). Sua presença
no céu fala do fato de que a sua oferta foi de uma vez para sempre. Não pode
ser, e nunca será repetida.[7]
4.
vv.4, 5 – Possivelmente, enquanto esse texto estava sendo escrito, o sistema
levítico ainda estava funcionando – havendo ainda sacerdotes
que oferecem dons segundo a lei. Isso destaca o fato de Cristo, em seu
sacrifício único e de uma vez por todas, “introduz as realidades espirituais e
definitivas para as quais apontava o antigo ritual da antiga aliança, cumprindo
e substituindo todo o sistema prescrito na lei de Moisés”.[8]
Êxodo
25.40 é usado para fundamentar o argumento de que o tabernáculo terreno feito
por Moisés conforme o modelo que no
monte lhe foi mostrado, serviu de exemplo e
sombra das coisas celestiais.
5. v.6a – Mas agora alcançou ele
ministério tanto mais excelente... –
Assim, o autor enfatiza a superioridade do ministério sacerdotal de Jesus
Cristo. “Não há ninguém maior que Cristo. Seu ministério é tão superior quanto
ele mesmo é superior”[9].
Isso
fica claro por três razões: 1ª) Ele é mediador de superior aliança (v.6b); 2ª) Ele é sumo sacerdote de
um tabernáculo superior (v.2); e
3ª) Ele ofereceu um sacrifício superior (v.3; 7.26, 27).
II.
Jesus estabeleceu uma aliança superior que está confirmada em melhores
promessas – vv.6b-13
“Uma
aliança ou pacto é um contrato, uma concordância formal entre duas ou mais
partes”[10]. Esse conceito bíblico de aliança baseia-se nas palavras berith em hebraico e diatheke em grego e tem o sentido de prender ou amarrar. Portanto, uma aliança é
um acordo que amarra as partes envolvidas em direitos e deveres, benefícios e
punições.[11]
Uma pergunta: Porque Deus faz alianças
com os homens? Para possibilitar um
relacionamento exclusivo; para expressar a sua vontade e os seus planos; para
abençoar as pessoas envolvidas; para dar garantias aos homens.[12]
Temos nas Escrituras duas grandes
alianças: a Aliança da Lei, também chamada de Antiga Aliança e a Aliança da
Graça, também chamada de Nova Aliança. A diferença entre as duas consiste em
que, nas condições estabelecidas na Antiga, a bênção dependia de que o homem
cumprisse a sua parte, isto é, fosse obediente a Lei; na Nova a bênção está
garantida pela promessa incondicional de Deus, em Cristo como mediador da nova
aliança que foi obediente até a morte (cf. Fp
2.8).
Por isso, o autor afirma que nosso
Senhor Jesus Cristo é mediador de uma melhor
aliança que está confirmada em melhores promessas (v.6b).
1. vv.7-9, 13 – A
antiga aliança falhou não por causa da Lei ou das suas exigências, pois a Lei é
santa (Rm 7.12), espiritual (Rm 7.14) e boa (1Tm 1.8). Mas, pela incapacidade do homem de cumprir a sua parte,
visto que ela impunha um padrão ético acima da capacidade de obediência do povo.[13] Por
isso, Deus mesmo diz: não permaneceram naquela
minha aliança (v.9b). Assim, a Antiga Aliança foi substituída pela Nova Aliança no
sangue de Jesus – v.13 (cf. Lc 22.20; 1Co 11.25, 26; Ef 2.13; Hb 9.14;
13.20).
Se a
Antiga Aliança tivesse dado certo, não haveria necessidade de substituí-la – se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se
teria buscado lugar para a segunda (v.7). Mas, o fato é que ela não supria o que era exigido
do pecador. Não levou ninguém a um andar mais íntimo com Deus. Não levou
ninguém a desfrutá-lo. Portanto, se as pessoas tivessem de conhecer Deus como o
seu Deus, tendo o privilégio e gozo de ser seu povo, teria de haver uma aliança
diferente. Havia necessidade de algo mais.[14]
Deus, então, firma uma Nova Aliança já
prometida nos profetas – vv.8, 9 (cf. Jr 31.31-34). A característica fundamental
desta Nova Aliança é sua graça unilateral. Deus vai salvar o homem
graciosamente, sem exigir do pecador aquilo que ele não pode dar ou fazer. A
lei será utilizada apenas para mostrar ao homem o seu pecado, para que o mesmo
possa ser salvo pela graça.[15]
(cf. Rm 3.20; Ef 2.8, 9) “... nenhuma carne será justificada diante dele
pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas ...pela graça sois salvos, por meio da fé; e
isto não vem de vós, é dom de Deus. ”
2.
vv.10-13 (Jr 31.31-34) – Muitas das
promessas da Antiga Aliança tratavam da vida presente. Cobriam assuntos tais
como prosperidade pessoal, longevidade e privilégios nacionais. Porém, as
promessas da Nova Aliança tratam exclusivamente de bênçãos espirituais, tanto
para agora quanto para a vida por vir.[16]
Quais são essas promessas? Porque esta é a aliança que depois daqueles
dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor... (v.10a)
a. Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu
coração as escreverei – v.10b – isso se refere a obra do
Espírito Santo no interior do pecador quando da sua conversão e regeneração
(cf. Rm 2.29; 6.17; 10.9, 10; 2Co 3.3;
Ef 5.19; Cl 3.16). Por isso, o crente da nova aliança é totalmente
diferente. A Lei não é apenas um livro texto, é algo que ele ama do fundo do
coração. Em seu interior habita o desejo de agradar a Deus e andar em seus
caminhos. Tal transformação interior é uma das bênçãos da Nova Aliança.[17]
b. E eu lhes serei por Deus,
e eles me serão por povo – v.10c – isso se refere a relação
intima e exclusive entre Deus e os regenerados (cf. 2Co 6.16-18). O crente do Novo Testamento tem no coração o Espírito
Santo, por meio de quem clama “Aba, Pai”
(Rm 8.15-17). Ele sabe que é filho
de Deus e está a ele ligado pelos laços de amor e afeição familiar (cf. Ef 2.19).[18]
c. Porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior
– v.11 – conhecer
pessoalmente a Deus é uma das grandes bênçãos da Nova Aliança (cf. 1Jo 2.13, 14; 1Co 2.12; Ef 2.18; Jo 17.3).
d. Porque serei
misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas
prevaricações não me lembrarei mais – v.12 – O perdão total dos pecados é a maior bênção da
Nova Aliança, porque garante ao pecador perdoado acesso as todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo (Ef 1.3b, cf. 4-14). “Agora gozamos o
perdão dos nossos pecados – pecados da nossa natureza, pecados abertos, pecados
secretos, pecados repetidos, pecados de ontem, pecados de hoje, pecados de
amanhã, pecados de comissão ou pecados de omissão – todo pecado! Deus não se
lembra mais deles”.[19]
Concluindo – Juntando tudo isso,
podemos afirmar que a Nova Aliança nos promete um coração transformado e
obediente, o privilégio de conhecer e pertencer ao Senhor, intimidade com ele e
perdão total e perpetuo de pecados.[20] Não é
de admirar que o versículo 6 diga
que Jesus Cristo é mediador de uma
melhor aliança que está confirmada em melhores promessas.
[1] Henrichsen, Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo Prático
da Carta aos Hebreus, Editora Vida, 1985, p. 87.
[2] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha,
Editora Cultura Cristã, 2012, p. 71.
[3] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica –
Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 9ª Lição, p. 40.
[4] Olyott, p. 70.
[5] Ibid., p. 70.
[6] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
SP, 2009, p. 2008.
[7] Olyott, p.70.
[8] Carson, p. 2008, 2009.
[9] Olyott, p. 71, 72.
[10] Olyott, p. 72.
[11] Casimiro, p. 40.
[13] Ibid., p. 41.
[14] Olyott, p. 73.
[15] Casimiro, p. 42.
[16] Olyott, p. 73, 74.
[17] Ibid., p. 74.
[19] Ibid., p. 75.
[20] Ibid., p. 75.
Pr. Walter muito abençoadora essa palavra.
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