sábado, 7 de novembro de 2015

Estudos Bíblicos na Carta aos Hebreus (9) - Jesus estabeleceu um santuário superior

Hebreus 9

Em nosso estudo anterior, no capítulo 8 com o tema: Jesus estabeleceu uma aliança superior vimos, em dois pontos, que:

ð 1º) Jesus estabeleceu uma aliança superior porque o seu sacerdócio (ministério) é tanto mais excelente (superior) vv.1-6a; e

ð 2º) Jesus estabeleceu uma aliança superior que está confirmada em melhores promessas vv.6b-13.

Terminamos afirmando que a Nova Aliança promete um coração transformado e obediente, o privilégio de conhecer e pertencer ao Senhor, intimidade com ele e perdão total e perpetuo de pecados. E, não é de admirar que, o versículo 6 diga: Jesus Cristo é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas.

Então, no capítulo anterior, vimos a visão do autor sobre a Antiga Aliança e sobre a Nova Aliança inaugurada por nosso Senhor Jesus Cristo, mediador de uma melhor aliança.

Agora, ele, olha para o Tabernáculo do Antigo Testamento, onde ministravam os sacerdotes levitas da Antiga Aliança, que, embora belíssimo e impressionante, não dava ao pecador acesso real a Deus. Contudo, isto é algo que Cristo, que ministra no próprio céu, concedeu ao pecador. Por isso, ele é sacerdote de um santuário ou tabernáculo superior.[1]

O autor ensina essa verdade de forma simples e de fácil acompanhamento: 1º) Ele considera o antigo tabernáculo e seis objetos encontrados ali, concluindo que a velha dispensação não dava acesso verdadeiro e direto a Deus (vv.1-10); 2º) Ele traça um contraste entre o que Cristo fez e onde ministra, apresentando sete fatos que, ao concluir, nos garante que por meio de Jesus Cristo temos verdadeiro e direto acesso a Deus (vv.11-14); e 3º) Ele convida os crentes da Nova Aliança para olhar o que Cristo fez no passado, o que Ele está fazendo agora e o que fará no futuro (vv.15-28).[2]

Portanto, hoje, vamos estudar o capítulo 9 com o tema: Jesus estabeleceu um santuário superior. Faremos isso em três pontos: 1º) No passado: o Tabernáculo terrestre com os seus objetos – nenhum acessovv.1-10; 2º) No presente: o Tabernáculo celestial – acesso total vv.11-14; 3º) Olhando para traz, para cima e para frente – vv.15-28.

I. No passado: o Tabernáculo terrestre com os seus objetos nenhum acesso vv.1-10

1. A primeira coisa dita pelo autor sobre o serviço que se realizava no santuário terrestre, o culto divino, era uma ordenança de Deus – v.1.

2. vv.2-5 – Aqui temos uma descrição do tabernáculo com seus objetos: a planta do tabernáculo, os seus móveis e utensílios e o serviço que era realizado nele. Tudo isso, é claro, apontava para Jesus Cristo e eram as figuras das coisas que estão no céu (v.23a). A tenda do tabernáculo era dividida em duas partes: lugar santo e o lugar santíssimo ou santo dos santos.

a.    v.2 – No lugar santo, o primeiro... que se chama o santuário. Estavam:

ð O candelabro de ouro com seis hastes (Êx 25.31-40) – aponta para Jesus Cristo, luz do mundo e para a igreja como filhos da luz (Jo 8.12; Ef 5.7-14).

ð A mesa da proposição e os pães (Êx 25.23-30) – aponta para Jesus Cristo, o Pão da Vida ou o Pão que desceu do céu para satisfazer a fome espiritual do seu povo (Jo 6.32-47).

ð O altar do incenso (v.4a; Êx 30.1-10) – onde o sacerdote queimava incenso duas vezes ao dia e apontava para Jesus Cristo, o nosso intercessor diante de Deus (Hb 7.24, 25; Rm 8.33, 34).

b. v.3-5Mas depois do segundo véu... o santo dos santos (v.3)Estavam:

ð v.4a – ... o incensário de ouro... – Embora estivesse fora do Santo Lugar (Êx 30.6), o escritor de Hebreus descreve o altar de ouro dentro do Santo dos Santos porque ele pensa, em primeiro lugar, no papel do altar na liturgia do dia da Expiação, pois nesse dia o sumo sacerdote leva o incenso desse altar para o ligar santíssimo. Isso só acontecia uma vez por ano (Lv 16.12, 13).[3]

ð v.4b – ...e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor... – A madeira da arca simboliza a humanidade de Cristo e a sua cobertura de ouro a Sua divindade. Além disso a arca da aliança simboliza a direção de Deus na vida do seu povo, o poder de Deus no meio do seu povo e a pureza e santidade de Deus entre o seu povo[4] (cf. Nm 10.33-35; Js 3.6; 15-16; 1Sm 7.1-4) Dentro da arca da aliança estavam:

·  v.4c – ...um vaso de ouro, que continha o maná... – Para trazer à memória do povo a provisão de Deus em tempos de angustia (cf. Êx 16.32, 33).

·  v.4d – ...e a vara de Arão, que tinha florescido... – Guardada como símbolo da ressureição e da vida, pois a vara de Arão, depois de morta veio a florescer (cf. Nm 17.8; Jo 11.25)

· v.4e – ...e as tábuas da aliança... – As tabuas da Lei, escritas por Deus no Monte Sinai, deveriam acompanha o povo de Israel pelos séculos dos séculos (cf. Êx 25.16, 21; 40.20; Dt 10.1-5)

ð v.5 – A tampa da arca era um propiciatório feito de ouro com um querubim em cada extremidade. Anualmente, no dia da expiação, o sumo sacerdote entrava no santo dos santos e derramava o sangue do cordeiro no propiciatório (cf. Lv 6). Espiritualmente, o sangue do cordeiro morto cobria o pecado da transgressão da Lei, da rebelião e da murmuração, representado pelos três objetos que estavam dentro da arca. Tudo isso aponta para Jesus Cristo que, através do seu sacrifício removeu o nosso pecado e as nossas culpas perante Deus[5] (cf. Rm 3.23-25; 1Jo 2.2; 4.10)

3. vv.6-10 – Aqui o autor destaca três informações sobre a deficiência do tabernáculo terrestre:

a.    1ª) Ele era inacessível para o povov.6, 7 – Ninguém podia entrar no tabernáculo, exceto os sacerdotes no lugar santo e o sumo sacerdote, no santo dos santos, uma vez por ano. O povo fica do lado de fora da tenda.

b.   2ª) Ele era temporáriov.8 – Foi designado, temporariamente, por Deus por um período para tipificar Jesus Cristo e a sua obra salvadora. Jesus rasgou o véu que impedia o acesso a Deus (Mt 27.50, 51).

c.    3ª) Ele era ineficaz espiritualmentev.9, 10 – Todo o ritual, dons e sacrifícios realizados e oferecidos no tabernáculo terrestre eram ineficazes para perdoar pecados e promover a salvação, bem como, mudar o coração e a consciência do povo pecador. Portanto, o serviço prestado no tabernáculo era ritual externo, imposto e não opcional, e temporário até a primeira vinda de Jesus Cristo.[6]

II. No presente: o Tabernáculo celestial – acesso total – vv.11-14

Após apresentar as deficiências do tabernáculo terrestre da Antiga Aliança, o autor descreve as razões da superioridade do tabernáculo celestial.[7] Com isso, ele, faz um contraste entre o ministério antigo e o ministério de Cristo.

1. O ministério celestial foi construído por Deusv.11 – a sua origem é divina, a sua natureza é celestial e a sua existência é eterna ou definitiva.

2. No tabernáculo celestial realizou-se o sacrifício superiorvv.11-14 – o santuário celestial é superior ao terreno por causa do sacrifício que nele foi realizado. Temos aqui cinco argumentos:

a.    Ele é superior por causa da pessoa que oferece o sacrifício – Jesus Cristo – v.11.

b.   Ele é superior por causa da preciosidade do sacrifício de Jesus Cristo – v.12a (cf. 1Pe 1.18, 19).

c.    Ele é superior por causa da permanência do sacrifício – uma vez só – v. 12b.

d.   Ele é superior por causa do poder do sacrifício – eterna redenção – v12c. (cf. Jo 1.29)

e.    Ele é superior por causa do resultado alcançado – v.13, 14 – ...purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo. Transformados interiormente, os crentes, são agora pessoas diferentes, que realmente adoram e servem o Deus vivo. Eles não somente têm acesso a Deus com também são convocados para o seu serviço.

III. Olhando para traz, para cima e para frente – vv.15-28

O autor continua fazendo um contraste entre a experiência do povo do tempo da Antigo Testamento com a vivida pelos crentes, hoje, mediante o que o Senhor Jesus Cristo fez por eles.[8] Para deixar bem claro seu ensino, ele usa três argumentos:

1. Olhando para traz: O que Cristo fez no passado – veio ao mundo – vv.15-23 – O Senhor Jesus veio ao mundo e morreu a morte necessária à salvação dos pecadores. Assim, ele realmente cumpriu tudo o que os tipos do Antigo Testamento falavam de forma figurada. O fato de crermos, sermos novas criaturas em Cristo, termos todos os pecados perdoados, termos a Deus como Pai e desfrutarmos do acesso a ele se deve ao Gólgota. Tais bênçãos, e inúmeras mais, são minhas, em razão da cruz e somente por causa da cruz.[9]

2. Olhado para cima: O que Cristo está fazendo agora – comparecendo no céu – vv.24-28a – Quando o Senhor Jesus Cristo morreu, carregou a plena penalidade do pecado que era devida pela humanidade pecadora. Cristo levou os pecados de todos. O Pai o aceitou completamente e, assim, Cristo está perpetuamente no céu. Ele, agora, nos representa diante do Pai. A própria presença dele no céu proclama que não resta nenhuma condenação a ser carregada pelo crente.[10] (cf. Rm 8.1-4)

2. Olhando para frente: O que Cristo fará no futuro – aparecerá do céu e descerá à terra – v.28b – Desta vez ele não virá tratar do pecado, já o fez em sua primeira vinda. Não virá salvar pecadores, mas juntar todos os pecadores que foram salvos pelo derramamento de seu sangue.[11]

Concluindo – A Nova Aliança não somente nos dá acesso agora a Deus, como também um lar eterno em sua glória celeste! É ali que nosso Redentor crucificado está neste momento e sua presença ali assegura nossa aceitação. Onde ele está, estaremos também.[12]



[1] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha, Editora Cultura Cristã, 2012, p. 76.
[2] Ibid., p. 76, 82.
[3] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1700.
[4] O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento 2. Editora Cristã Evangélica, Estudo 13, p. 56.
[5] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica – Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 10ª Lição, p. 45.
[6] Ibid., p. 46, 47.
[7] Ibid., p. 47.
[8] Olyott, p. 82.
[9] Ibid., p. 85.
[10] Ibid., p. 86.
[11] Ibid., p. 88.
[12] Ibid., p. 88.

7 comentários:

  1. Como apreendi, sobre Hebreus 9. Muito boa explicação.

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  2. NÃO resta dúvida quanto ao ensino acerca da Superioridade de Jesus Cristo e que nós somos o tabernáculo vivo onde Ele quer habitar em verdadeira Santidade.






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