terça-feira, 25 de setembro de 2012

Confiança total em Deus



Salmo 62

O Salmo 62 faz parte do segundo livro que compõe os Salmos, o primeiro vai do 1 ao 42 e esse, o segundo, do 43 ao 72. Ele era usado para canto no templo.

O salmista o dividiu para canto em três partes – 1ª) v.1-4; 2ª) v.5-8 e; 3ª) v.9-12. Observe que para cada parte a uma pausa. A Bíblia usa o termo Selá ou Pausa.

Quando Davi escreveu este salmo, estava enfrentando traição e perseguição. Isso o angustiava muito, pois possivelmente era seu filho Absalão que o estava enfrentando com falsidade, calunia, traição e perseguição.

Olhando para nós hoje, vivemos em uma sociedade em que temos muito a temer e nada em que confiar. Pois a situação está tão difícil em termos de relacionamentos que temos dificuldade de fazer amizades duradouras. Não nos confiamos e nem confiamos praticamente em ninguém.

Uma pergunta surge nessa situação nebulosa: Então, onde encontrar abrigo, confiança e segurança em todos os sentidos? O salmo responde: Somente em Deus!

Quando pensava e estudava descobri algo interessante nos versos 1, 2, 4, 5, 6. Eles tem um pequeno termo, em comum, em hebraico que significa literalmente “ainda assim”, que foi traduzido como “somente e só” nas versões ARA e ARC.

Observando isso, com a ajuda dessa pequena partícula hebraica, pude entender algo importante nesses versos sobre a tentativa mundana e maligna de minar a nossa confiança em Deus.

1º) No mundo em que vivemos as pressões para nos afastarmos da confiança em Deus são muitas, “ainda assim” (v.1 – somente) – A minha alma espera somente em Deus; dele vem a minha salvação.

2º) No mundo muitas formas de resistências são oferecidas para abandonarmos nossa confiança em Deus, “ainda assim” (v.2 – só) Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei grandemente abalado.

3º) No mundo há muitas maquinações contra a nossa vida, em palavras e atitudes, para abalar nossa confiança em Deus “ainda assim” (v.4, 5 – somente) “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque dele vem minha esperança”. (v.5)

4º) No mundo inúmeras maneiras de defesa são oferecidas em lugar da nossa confiança em Deus, “ainda assim” (v.6 – Só) “Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei abalado”.

Com isso em mente, vamos observar as três partes desse salmo, que expressa claramente em quem confiar a nossa vida, as bênçãos advindas dessa confiança, em que confiam os homens e o poder, a graça e o julgamento divino.

I. Primeira Parte – v.1-4 – Em quem confiar a nossa vida

1. Em Deus, ele é o único digno de nossa total confiança – v.1, 2.

2. Não nos homens, eles vivem uma crise por causa do pecado – v.3, 4.

II. Segunda Parte – v.5-8 – As bênçãos da confiança total em Deus

1. Deus protege a nossa fé e a nossa vida – v.5, 6.

a. v.2b – ... não serei grandemente abalado.
b. v.6b – ... não serei abalado. Após refletir e enfrentar aquela difícil situação e sair vitorioso, Davi, afirma: em nada serei abalado!

2. Estimulo para anunciar e ensinar ao povo sobre o nosso Deus, para que possam depositar também a sua fé Nele – v.7, 8.

III. Terceira Parte – v.9-12 – Em que confiam os homens e o poder, a graça e o julgamento divino

1. Os homens são todos iguais e só confiam neles mesmo e no que podem ter – v.9, 10.

2. A Deus pertence o poder e a graça (misericórdia) – v.11, 12a.

3. Deus vai julgar o mundo com justiça – v.12b.

Conclusão – Para responder e pensar:

1)      Em quem confiamos a nossa vida?
2)      Temos desfrutado da proteção divina e falado de nossa fé?
3)      O que esperamos do poder e da graça de Deus no julgamento final?

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Aprendendo com João Batista



Projeto Limeira Livre – Grupo Base
Estudos Indutivos de Textos Bíblicos

Texto Bíblico – Lucas 7.18-23
Aprendendo com João Batista

O nosso texto de hoje está no Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. Quando Jesus começou suas atividades, os olhos de todos se voltaram para ele, não apenas pelos sinais que realizava, mas, pela autoridade com que ensinava. Lucas 4.32 diz: E admiravam a sua doutrina porque a sua palavra era com autoridade.

Hoje, observando o texto de Lucas 7.18-23, vamos aprender lições importantes para nossa vida com João Batista a respeito de Jesus.

1) Que coisas os discípulos de João lhe anunciavam? (v.18 – Lc 7.11-17)


2) O que João fez quando seus discípulos lhe falaram essas coisas? (v.19)


3) O que os discípulos de João perguntaram a Jesus? (v.20)


4) Qual foi a resposta de Jesus aos seguidores de João Batista? (v.21)


5) Como os discípulos de João viram o poder de Jesus? (v.21, 22)


6) Quem Jesus disse que era bem-aventurado? (v.23)

Pensando e Aplicando

1)      O que fazemos quando nos perguntam sobre o que Jesus faz?
2)      Como podemos demostrar o poder de Jesus para as pessoas hoje?
3)      Somos pessoas bem-aventuradas ou estamos escandalizadas?

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Irrepreensibilidade – A Marca da Liderança da Igreja



Tito 1.1-9

Quando fui convidado para pregar aqui na igreja, a primeira coisa que me veio a mente foi a carta de Paulo a Tito, por três razões importantes:

Primeira – Tito é uma carta pastoral que traz ensinos significativos para a ação pastoral em todos os tempos;
Segunda – Tito é um manual bíblico para a organização de igrejas saudáveis;
Terceira – Tito é uma carta que faz uma ligação prática entre a sã doutrina e a ética.[1]

Além disso, ela trata de vários temas fundamentais para a igreja. Esses temas são os seguintes:

A organização das Igrejas – 1.5;
A liderança das Igrejas – 1.6-9;
O combate aos falsos mestres e às falsas doutrinas – 1.10-16;
O ensino da sã doutrina – 2.1;
A promoção da ética cristã – 2.2-10;
A prática das boas obras – 2.11-14 (3.8, 14);
A submissão às autoridades – 3.1-11;

O escritor e expositor John Stott observa que a carta a Tito “relaciona-se com os três principais contextos em que se dá a vida cristã, ou seja, a igreja, o lar e o mundo”.[2] Por isso ele propõe a seguinte divisão da carta:

Capítulo 1 – A doutrina e o dever na Igreja;
Capítulo 2 – A doutrina e o dever no lar;
Capítulo 3 – A doutrina e o dever no mundo.

Para Hernandes Dias Lopes, a carta de Paulo a Tito expõe de maneira eloquente o binômio: ortodoxia e piedade; teologia e ética; doutrina e dever. No capítulo 1, Paulo aborda esse binômio em relação à igreja; no capítulo 2, em relação à família e; no capítulo 3, em relação ao mundo.[3]

Na introdução a carta, nos versículos de 1 a 3, temos em palavras concisas, a mais completa descrição do serviço apostólico, como Paulo o compreendia e praticava.[4]

Na verdade, na introdução a carta, Paulo, parece nos provar duas coisas importantes:

Primeira – a legitimidade de sua autoria – Paulo se apresenta como o autor dessa epístola.
Segunda – a amplitude dos destinatários – A carta não foi dirigida apenas a Tito, mas a toda a igreja cretense.

Paulo termina a introdução da carta com a sua saudação costumeira, “a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.” (v.4)

Agora, dos versículos 5 a 9, Paulo instrui a Tito sobre a liderança saudável que ele deveria constituir nas igrejas. Ele começa falando sobre a necessidade de presbíteros para as igrejas.

v.5 – Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi:

Temos aqui, três importantes informações sobre como Tito tinha que proceder:

PrimeiraTito foi deixado por Paulo em CretaPor esta causa, te deixei em Creta... (v.5a) – “Creta era uma ilha que ficava a sudoeste da Grécia, entre os mares Egeu e Mediterrâneo, tendo 240km de extensão por 48km de largura. Era conhecida como a ‘ilha das cem cidades’.”[5] Nessa ilha havia igrejas cristãs.
Segunda – Tito foi deixado por Paulo em Creta para por em ordem coisas restantes –... para que pusesses em ordem as coisas restantes,... (v.5b) – possivelmente assuntos administrativos e a preparação de presbíteros para as igrejas.
Terceira – Tito tinha a responsabilidade de constituir presbíteros para as igrejas locais da Grécia, que estavam sem liderança espiritual saudável – ... bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: (v.5c).
 
A prescrição que Paulo dá a Tito para os presbíteros ou bispos, os pastores de hoje, para serem líderes responsáveis e saudáveis para as igrejas locais, é a irrepreensibilidade em três áreas distintas:

Primeira áreao pastor precisa ser irrepreensível como líder de sua família;
Segunda áreao pastor precisa ser irrepreensível como despenseiro de Deus;
Terceira áreao pastor precisa ser irrepreensível como mestre da Palavra.

A palavra grega usada pelo apóstolo aqui para irrepreensível é anenkletos, que significa “sem culpa, não passível de acusação”. O presbítero (pastor) não pode deixar flancos abertos na sua vida nem ter brechas no seu escudo moral. Seu ofício é público e sua reputação pública precisa ser inquestionável.[6] John Stott disse que “isso não quer dizer que os candidatos teriam que ser totalmente isentos de falhas e defeitos, pois nesse caso todos seriam desqualificados”.[7]

Assim, então, vejamos as três áreas em que os pastores das igrejas locais, segundo Paulo, precisam ser irrepreensíveis!

I. Primeira área de irrepreensibilidade:
O pastor precisa ser irrepreensível como líder de sua família.

... alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. (v.6)

O pastor precisa ser irrepreensível em dois pontos vitais dentro de sua família:

1. Ele deve ser irrepreensível como marido – ... marido de uma só mulher... (v.6a) – integridade na conduta conjugal.

2. Ele deve ser irrepreensível como pai – ... que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados. Ser líder espiritual da família e criar os filhos na disciplina e admoestação do Senhor.

II. Segunda área de irrepreensibilidade:
O pastor precisa ser irrepreensível como despenseiro de Deus.

Aqui Paulo aborda o assunto sob duas perspectivas: 1ª) o que o pastor não deve ser e; 2ª) o que o pastor deve ser.

7Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; 8antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si,... (v.7,8)
 
1. Primeiro, o pastor deve ser conhecido pelo que ele não év.7.

Paulo apresenta cinco termos negativos, que se relacionam com cinco áreas de grande tentação, ou seja:

a.     O pastor não deve ser arrogante – literalmente “satisfazer a si mesmo”, um homem egocentrista;

b.     O pastor não deve ser irascível – literalmente alguém que se ira facilmente ou que guarda mágoas e ressentimentos em seu coração;

c.      O pastor não deve ser dado ao vinho – literalmente “ser indulgente com o vinho”, dependente da bebida;

d.     O pastor não deve ser violento – literalmente “golpeador”, violência tanto verbal como física;

e.     O pastor não deve ser cobiçoso de torpe ganância – literalmente “alguém que não se importa com os meios que utiliza para ganhar dinheiro”, ou seja, alguém defensor da ética jesuíta de que os fins justificam os meios.

2. Segundo, o pastor deve ser conhecido pelo que ele fazv.8. Aqui temos virtudes que se agrupam em duas qualidades: em relação as outras pessoas e em relação a si mesmo.

a. Qualidades que deve ter em relação as outras pessoas:

O pastor deve ser hospitaleiro – literalmente “alguém amigos de pessoas que conhece e que não conhece”.

O pastor deve ser amigo do bem – literalmente “amigo do bem, das coisas boas e das pessoas boas”.

b. Qualidades que deve ter em relação a si mesmo:

O pastor deve ser sóbrio – literalmente “descreve um homem que tem domínio completo sobre suas paixões e desejos, o que o impede de ir além do que a lei e a razão lhe permitem e aprovam”.

O pastor deve ser justo – literalmente “descreve um homem que concede a Deus e aos homens o que lhes é devido”.

O pastor deve ser piedoso – literalmente “descreve o homem que reverencia a decência fundamental da vida”.

O pasto deve ter domínio próprio – literalmente “dono de si mesmo”, um homem que tem completo autocontrole.

III. Terceira área de irrepreensibilidade:
O pastor precisa ser irrepreensível como mestre da Palavra.

... apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina,
de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino
como para convencer os que o contradizem. (v.9)
 
Paulo menciona aqui três qualidades importantes:

1. O pastor precisa demonstrar fidelidade doutrinária – ... apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina... (v.9a).

2. O pastor precisa demonstrar capacidade para o ensino – ... de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino... (v.9b)

3. O pastor precisa demonstrar habilidade na apologética – ... como para convencer os que o contradizem. (v.9c).

Conclusão

Paulo deixa claro, assim, que a marca da liderança saudável e espiritual da Igreja de Cristo na vida de um pastor é a irrepreensibilidade dele como líder de sua família, como despenseiro de Deus e como mestre da Palavra.

Qual deve ser a atitude da igreja em relação a um ministério pastoral assim? Cuidado, respeito, obediência, amor e sustento digno de sua família!


[1] Arival Dias Casimiro – Estudos Expositivos em 1 e 2 Tessalonicenses e Tito – SOCEP – p. 51.
[2] Ibid.: p. 51.
[3] Hernandes Dias Lopes – Comentário Expositivo Hagnos – Tito e Filemom – p. 47.
[4] Ibid.: p. 31.
[5] Arival Dias Casimiro – Estudos Expositivos em 1 e 2 Tessalonicenses e Tito – SOCEP – p. 53.
[6] Hernandes Dias Lopes – Comentário Expositivo Hagnos – Tito e Filemom – p. 51.
[7] Ibid.: p. 51.