quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Um apelo convincente e uma despedida calorosa


Filemom 17-25

Introdução

Nos estudos anteriores, vimos o seguinte:

1º) A Introdução ao Estudo da Carta de Paulo aos Filipenses:

Que segundo Carlos Oswaldo Pinto em seu livro Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento, o propósito de Filemom é “encorajar a aplicação completa do princípio da igualdade dos irmãos em Cristo por meio do perdão de Onésimo, o escravo, por Filemom, um senhor de escravos”.

Que a carta foi escrita por volta de 62 (61) d.C. quando Paulo estava em sua primeira prisão em Roma. Outras cartas escritas neste período foram: Efésios, Filipenses e Colossenses.

Que, possivelmente, Filemom, juntamente com Arquipo eram líderes (anciãos) da igreja em Colossos. O que se vê na carta, também, é que Filemom colocava a sua casa a disposição da igreja – (v.2)... e à igreja que está em tua casa...

Que o assunto principal da carta é um escravo chamado Onésimo, nome grego comum que significa útil. Ele era escravo de Filemom e tinha fugido de casa, possivelmente roubando alguma coisa, ou, tinha fugido por roubar algo (v.18, 19), o que lhe custaria a vida, segundo as leis romanas.

2º) Na primeira exposição dos versículos de 1 à 3 sobre o tema “Cativo pelo Amor”, vimos:

Que no v.1 Paulo vê: Jesus acima de si, Filemom diante de si e Timóteo ao seu lado.

No v.2 quem era Áfia, Arquipo e a Igreja em Colossenses.

E no final, no v.3, graça e paz – charis shalom!

3º) Na segunda exposição dos versículos de 4 à 7, sobre o tema “Marcas do Verdadeiro Cristianismo”, vimos:

No v.4 – vida de oração;
No v.5 – Pratica da fé pelo amor;
No v.6 – Comunhão de fé eficaz e;
No v.7 – Vida Cristã Prática.

4º) Na terceira exposição dos versículos de 8 a 16, sobre o tema “O Sentido e o Poder Transformador do Evangelho”, vimos:

Nos versículos 8 a 10 – O Sentido do Evangelho – a) Um argumento poderoso – v.8; b) Um argumento do amor – v.9; A estratégia de um advogado espiritual – v.10.

Nos versículos de 11 a 16 – O Poder Transformador do Evangelho – a) O poder transformador do Evangelho torna útil o que era inútil – v.11; b) o poder transformador do Evangelho restaura – v.12; c) O poder transformador do Evangelho esclarece – v.13; d) O poder transformador do Evangelho respeita a nossa vontade – v.14; e) O poder transformador do Evangelho traz ao coração do crente a confiança na soberania de Deus. Ele está no controle de tudo em nossas vidas – v.15; f) O poder transformador do Evangelho elimina todas as diferenças – v.16.

Hoje, vamos expor os versículos de 17 à 25 sobre o tema “Um apelo convincente e uma despedida calorosa”.

Depois dessa pausa para mostrar o sentido e o poder transformador do Evangelho, Paulo, volta a interceder a favor de Onésimo, com uma atitude de um verdadeiro advogado, que com dedicação defende o seu cliente.

I. Um apelo convincente – v.17-21

1. Se, portanto, me consideras companheiro, recebe-o, como se fosse a mim mesmo. (v.17) – Três coisas importantes aqui, isto é, teoria e pratica da aceitação sem acepção!

a. Primeira CoisaSe, portanto, me consideras companheiro...A teoria deve ser acompanhada da prática – Paulo aproveita o testemunho de Filemom para interceder por Onésimo. Se Filemom realmente era companheiro de Paulo, ele receberia o escravo de volta.

Companheiro significa: alguém que compartilha algo com outra pessoa. Participante, parceiro, acompanhante, que anda o mesmo caminho e tem o mesmo destino, a mesma atitude.[1]

Será que na hora decisiva, estaremos realmente dispostos a colocar em pratica nossas afirmações de fidelidade, amizade, amor, fraternidade, etc.?

b. Segunda Coisa – ... recebe-o, como se fosse a mim mesmo. – na nossa prática cristã não deve haver acepção de pessoas – Paulo, agora, faz um pedido a Filemom, que é difícil de discernir: Comparar Paulo a um escravo fugitivo que está de volta. O que a Bíblia fala sobre os irmãos na fé:

Atos 10.34 – Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas;

Romanos 2.11 – Porque para com Deus não há acepção de pessoas.

Efésios 6.9 – E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus e que para com ele não há acepção de pessoas.

Colossenses 3.25 – pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas.

Tiago 2.1 – Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.

Tiago 2.9 – se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo arguidos pela lei como transgressores.

1 Pedro 1.17 – Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação,

b. Terceira coisaAssim como pela sua misericórdia, Deus, nos recebeu em Jesus Cristo, devemos receber os irmãos.

Romanos 15.7 – Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.

Romanos 14.1-3 – Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes; quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.

Filipenses 2.29 – Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse;
 
2. E, se algum dano te fez ou se te deve alguma coisa, lança tudo em minha conta. Eu, Paulo, de próprio punho, o escrevo: Eu pagarei—para não te alegar que também tu me deves até a ti mesmo. (v.18, 19) – assumindo responsabilidades de irmãos.

Paulo estava disposto assumir a dívida de Onésimo. Ele estava disposto a arcar com a injustiça no lugar de Onésimo e saldar a dívida. Aqui aprendemos o seguinte:[2]

a. PrimeiroComo lidar com a culpa – Onésimo tinha recebido o perdão dos seus pecados em Jesus. O Senhor Jesus tinha levado sua carta de dívida para a Cruz, como nos diz Colossenses 2.14 – tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz;...

Deus nos deu o ministério da reconciliação e colocou em nós a palavra da reconciliação[3], como está escrito em 2 Coríntios 5.18, 19 – Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.

b. SegundoO significado do amor cristão – O amor cristão não mantém uma lista de pecados cometidos ou injustiças cometidas, pelo contrário, não as leva em conta – Romanos 12.9-21.

3. Sim, irmão, que eu receba de ti, no Senhor, este benefício. Reanima-me o coração em Cristo. (v.20) – perdão de Deus e dos irmãos gera alegria em duas áreas:

a. Primeira – v.20ana área dos benefícios – Se Onésimo fosse perdoado e aceito por Filemom, muitas outras pessoas seriam abençoadas: Filemom e sua família, Paulo e a igreja.

2 Coríntios 4.15 – Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus.

Romanos 12.13, 14 – ... compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis.

Romanos 12.17-19 – Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.

b. Segunda – v.20b – na área dos sentimentos – Paulo aqui fala de regozijo, alegria, reanimação, fortalecimento.

Romanos 12.15 – Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.

Filipenses 2.18 – Assim, vós também, pela mesma razão, alegrai-vos e congratulai-vos comigo.

Filipenses 3.1 – Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor.

Filipenses 4.4 – Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.

4. Certo, como estou, da tua obediência, eu te escrevo, sabendo que farás mais do que estou pedindo. (v.21) a confiança como limite do que se pode fazer. Temos duas coisas aqui:

a. Certo, como estou, da tua obediência, eu te escrevo... (v.21a) – ou como diz a versão RCF ... confiado na tua obediência... – Para Paulo, aqui, “tudo deve acontecer de forma voluntária. Ainda assim ele pressupõe concordância e espera obediência. Ele apela para o livre arbítrio de Filemom, mas espera que ele atenda em obediência”.[4] O apostolo podia ir até onde a confiança lhe permitia ir.[5]

Romanos 16.19 – Pois a vossa obediência é conhecida por todos; por isso, me alegro a vosso respeito; e quero que sejais sábios para o bem e símplices para o mal.

1 Pedro 1.2 – eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.

1 Pedro 1.14 – Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância;

1 Pedro 1.22 – Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente,

b. eu te escrevo, sabendo que farás mais do que estou pedindo. (v.21b) – Aqui, Paulo, reconhece que Filemom era alguém que não media esforços no que se referia a agir em prol de outros. Assim ele esperava a mesma ação em relação a Onésimo. “Quanto mais podemos confiar em alguém, mais esperaremos dele e confiaremos a ele”.[6]

2 Coríntios 8.22 – Com eles, enviamos nosso irmão cujo zelo, em muitas ocasiões e de muitos modos, temos experimentado; agora, porém, se mostra ainda mais zeloso pela muita confiança em vós.

2 Tessalonicenses 3.4 – Nós também temos confiança em vós no Senhor, de que não só estais praticando as coisas que vos ordenamos, como também continuareis a fazê-las.

A confiança é o limite do que se pode fazer![7]

II. Uma Despedida Calorosa – v.22-25

Aqui nos versículos finais da carta, Paulo, expressa sua total confiança nas orações da igreja, que estava na casa de Filemom. Se despede com a saudação de seus cooperadores na obra e manifesta seu desejo final – A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito. (v.25)

1. Com confiança nas orações da IgrejaE, ao mesmo tempo, prepara-me também pousada, pois espero que, por vossas orações, vos serei restituído. (v.22)

2. Com a saudação de seus cooperadores na obra de DeusSaúdam-te Epafras, prisioneiro comigo, em Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores. (v.23, 24)

3. Com a graça, acima de tudoA graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito. (v.25)

Conclusão

No estudo da carta de Paulo a Filemom vimos, em primeiro lugar, como vivem e agem os cristãos que são cativos pelo amor (v.1-3), em segundo lugar, quais são as marcas do verdadeiro cristianismo (v.4-7), em terceiro lugar, o sentido e o poder do Evangelho de Jesus Cristo (v.8-16), e em quarto lugar, vimos um apelo convincente para a pratica do perdão e amor cristão e uma despedida cheia da graça de Deus (v.17-25).

Afinal, tudo deve ser avaliado do ponto de vista espiritual. Vamos, pois, edificar somente sobre a graça de nosso Senhor Jesus Cristo![8]
 


[1] Norbert Lieth, Estudo da Epistola a Filemom – Actual Edições – p. 56.
[2] Ibid.: p. 58.
[3] Ibid.: p. 60.
[4] Ibid.: p. 62.
[5] Ibid.: p. 63.
[6] Ibid.: p. 63
[7] Ibid.: p. 63.
[8] Ibid.: p. 74.

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