Hebreus 7
Em
nosso estudo anterior sobre o caminho da
maturidade e a sua garantia, vimos:
ð Que o caminho
da maturidade tem três fases: O começo da
vida cristã, a perseverança na vida
cristã e a esperança da vida cristã.
ð E que a segurança
da salvação eterna e a garantia do crescimento espiritual está em duas
verdades: a promessa e o juramento de Deus
e o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo.
Terminamos com o resumo que Warren
Wiersbe fez da lição central desta passagem:
“Nós cristãos,
devemos progredir em maturidade, e Deus oferece tudo de que precisamos para
fazê-lo. Se começarmos a nos desviar da Palavra (Hb 2.1-4), também passaremos a
duvidar da Palavra (Hb 3.7-4, 13). E, em pouco tempo, nos tornaremos cristãos
preguiçosos, tardios para a Palavra (Hb 5.11).”[1]
Hoje, vamos começar a estudar a parte
central da Carta aos Hebreus, que são os capítulos de 7 a 10. Warren Wiersbe em
seu comentário dá um esboço bem prático dos quatro capítulos: 1º) Uma ordem
superior – Hb 7; 2º) Uma aliança superior – Hb 8; 3º) Um santuário superior –
Hb 9; e 4º) Um sacrifício superior – Hb 10.[2]
Vimos que o capítulo 6 termina com a
afirmação de que Jesus foi constituído sumo sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque. O capítulo 7 usando duas referências do Antigo Testamento a
Melquisedeque (Cf. Gn 14.17-24; Sl 110.4),
explica a superioridade do sacerdócio de Cristo em relação ao desse sacerdote
singular, que em certos aspectos era um tipo de Cristo. Esse capítulo, também,
é central na carta por causa da comparação detalhada que faz do sacerdócio de
Jesus com o sumo sacerdócio levítico.[3]
Sacerdote, do latim pontifice, significa aquele que constrói pontes. Era é um
homem com a função de construir uma ponte de acesso entre os homens e Deus.
Deveria remover o pecado que obstrui o acesso a Deus, por meio do sacrifício
expiatório pelo pecado – primeiro o seu e depois os dos outros. (Cf. Hb 7.27; 9.22)
Jesus Cristo é o novo sumo sacerdote
que oferece um novo e eficaz sacrifício. Por meio dele, o caminho de acesso a
Deus está aberto. O sacerdócio de Jesus pertence a uma nova e superior ordem.[4]
(Cf. Hb 10.20)
Seguindo a linha do esboço de Wiersbe,
vamos estudar o capítulo 7 com o tema “O sacerdócio de Jesus é de ordem
superior”. Faremos isso em dois
pontos: 1º) Porque este Melquisedeque!? – vv.1-10;
e 2º) Jesus – Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque – vv.11-28.
Como já vimos, Melquisedeque é uma
figura histórica, citado em duas passagens do Antigo Testamento e é, em certos
aspectos, um tipo de Cristo (Cf. Gn
14.17-24; Sl 110.4). Temos quatro informações no texto sobre ele:
1. O seu nome – Melquisedeque – nome hebraico, ou a junção de duas palavras
hebraicas “melqui” que significa “meu
rei” e “sedeque” que
significa “justo”. Portanto, Melquisedeque significa, “meu rei justo”.
Foi contemporâneo de Abração e exerceu
a dupla função de rei e sacerdote do Deus Altíssimo na cidade de Salém. Por
isso o texto afirma que primeiramente é, por
interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz. (v.2)
Assim, seu ministério era legítimo diante de Deus e reconhecido perante os
homens.
Justiça
e paz são características do Messias e apontam para Jesus que exerceu os
ofícios de profeta, sacerdote e rei (Cf. Is
9.6, 7; Sl 110.1, 4). E somente por Jesus podemos ser justificados e termos
paz com Deus – Rm 5.1.
2.
Duas coisas importantes que Melquisedeque
fez: 1ª) Abençoou Abraão – v.1b – abençoar significa conferir e
transferir poder benéfico em nome de Deus, trazendo felicidade e prosperidade
para aquele que foi abençoado (Cf. Gn
26.29; Dt 28.1, 2). No Novo Testamento, a maior bênção é receber a salvação
em Cristo Jesus (Cf. At 3.25, 26; Ef
1.3; Gl 3.8-14); 2ª) Recebeu o
dízimo de Abraão – v.2a – Isso ensina que a pratica do dízimo é anterior à
Lei de Moisés e a fidelidade a Deus é um dever de todo crente, hoje,
descendente de Abração (Cf. Gl 3.29).
3. A origem de Melquisedeque – v.3 – Não há registro de genealogia e sucessão nas
Escrituras em relação a Melquisedeque. Ele aparece do nada e desaparece sem
deixar rastro. Não tem predecessor nem sucessor. O silêncio das Escrituras
nesse ponto é incomum.[6] Esta falta de informação a respeito do nascimento
fortalece a tipologia de Melquisedeque em relação a Cristo.[7]
Ele é semelhante ao Filho de Deus no
sentido de que ele prefigura o seu sacerdócio singular e que nunca tem fim.
Assim, ele foi semelhante a Cristo no sentido de que o seu sacerdócio foi
universal (v.1); foi real (vv.1, 2; cf. Zc 6.13); foi justo (v.2; cf. Sl 72.2; Jr 23.5; 1Co 1.30);
foi pacífico (v.2; cf. Sl 72.7; Is 9.6;
Rm 5.1); e interminável (v.3; cf.
vv.24, 25).
4.
A grandeza de Melquisedeque – vv.4-10 – O autor demonstra a superioridade de
Melquisedeque como sacerdote em relação a Abraão (vv.4-7), e a Levi (vv.8-10),
quando este abençoa e recebe os dízimos das mãos de Abraão (v.7).
II.
Jesus
– Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque – vv.11-28
Agora, o autor, avança em sua
argumentação. Uma vez que o sacerdócio de Melquisedeque é superior ao
sacerdócio levítico (vv.1-10), o
sacerdócio de Cristo também é superior ao sacerdócio levítico, visto que o
sacerdócio de Cristo não é segundo Levi, mas sacerdote eternamente,
Segundo a ordem de Melquisedeque. (vv.11b;
17).
Arival Dias Casimiro, alista seis
razões teológicas pelas quais o sacerdócio de Jesus é superior a todos os
outros:
1ª)
Ele é superior porque é necessário – vv.11-14 – O sacerdócio levítico era imperfeito
e incapaz de produzir mudanças eternas. Por isso ele foi mudado – a ordem de Arão foi substituída pela ordem
de Melquisedeque; o sacerdote da tribo de Levi (Arão) foi substituído pelo
sacerdote da Tribo de Judá (Jesus); o
regulamento da Lei foi substituído pela aliança da graça. O sacerdócio
levito precisou ser mudado pelo sacerdócio de Cristo.
2ª)
Ele é superior por causa da sua constituição – vv.15-17 – O sacerdócio
de Jesus Cristo não foi constituído conforme a lei da hereditariedade, mas segundo
o poder de uma vida incorruptível porque possui vida em si mesmo.
3ª) Ele é
superior por causa de sua eficácia – vv.18, 19, 25 – Ele traz a esperança e a
salvação eterna pela qual nos achegamos a Deus que o sacerdócio levítico e a
lei não podiam dar. Ainda mais, ele vive sempre para interceder pelo seu
povo. (Rm 8.33, 34)
4ª) Ele é
superior por causa da sua garantia – vv.20-22 – O sacerdócio de Jesus
Cristo foi constituído diretamente por Deus que fez um juramento. Matthew Henry
comentou: Aqui Deus declarou sob juramento a imutabilidade, a excelência, a
eficácia e a eternidade do sacerdócio de Cristo. Além disso, Jesus é a garantia
de que todas as promessas contidas na nova aliança serão cumpridas por Deus, na
vida de seu povo.
5ª) Ele é
superior porque é continuo e permanente – vv.23-25 – O sacerdócio levítico
era mortal e, portanto, transitório. Mas, Jesus Cristo porque permanece eternamente, tem
um sacerdócio perpétuo. Jesus venceu a morte e é o mesmo,
ontem, e hoje, e eternamente. (cf. Hb 13.8; 1Co 15.20-23)
6ª) Ele é superior porque é perfeito
– vv.26-28 – Pelo fato de ser santo, isto é,
sem pecado algum, Jesus Cristo fez apenas um sacrifício, uma única vez por
todos os homens por toda a eternidade. A obra de Cristo nunca precisou nem
precisará ser repetida, pois ele é perfeita. (cf. Hb 9.12, 26, 28; 10.1, 10; 1Pe 3.18).
Concluindo – Concluirei com as palavras de Stuart Olyott:[8]
Jesus Cristo não é um
sacerdote levítico convivendo com o pecado, enfermidade e fraqueza, oferecendo
cada dia sacrifícios por si mesmo e pelos outros. Designado a esse mister por
juramento divino, plenamente qualificado para a obra, foi nomeado para isso por
toda a eternidade! Tratou o pecado de modo definitivo, de uma vez para sempre,
oferecendo-se como sacrifício perfeito, plenamente aceitável a Deus, em cuja presença hoje
está.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 24/10/15
[1] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica –
Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 8ª Lição, p. 34.
[2] Ibid., p. 35.
[4] Casimiro, p. 35.
[5] Casimiro, p. 35-37. Neste ponto segui o comentário da
lição nas páginas citadas, com cortes e acréscimos que julguei necessário.
[6] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
SP, 2009, p. 2005.
[8] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha,
Editora Cultura Cristã, 2012, p. 69.
è aconselhável este estudo, porquanto é de difícil interpretação!
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