domingo, 21 de julho de 2013

A humilhação e a exaltação de Jesus Cristo.


Filipenses 2.5-11

Em nosso estudo anterior, quando começamos a expor Filipenses 2.1-30 sob o seguinte tema: Uma experiência de vida com Cristo – “Cristo, o modelo cristão: Regozijando-se no serviço humilde”. Estudamos os versículos de 1 a 4 com o tema: Exortação à humildade e unidade em Cristo.

Hoje, continuando nossa exposição, vamos ver os vv.5-11 com o tema: A humilhação (kenosis) e a exaltação de Jesus Cristo.

II. A humilhação (kenosis) e a exaltação de Cristo – v.5-11

Em seu primeiro texto poético (v.1-4), Paulo, enfatiza que a verdadeira unidade e humildade cristã só é possível se os que se dizem cristãos estiverem de fato em Cristo. Se eles verdadeiramente já foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro (Hebreus 6.4, 5). Por isso, ele diz, que eles deveriam pensar a mesma coisa, ter o mesmo amor, serem unidos de alma e terem o mesmo sentimento. (v.2) Agora, ele compõe um novo hino enfatizando o exemplo de Jesus Cristo, divido em seis versos: Os três primeiros são uma celebração a humildade e obediência de Cristo – v.6-8; Os três últimos uma celebração a sua exaltação – v.9-11.

1. Celebrando a humildade e obediência de Cristo – v.5-8

a.  Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus... (v.5) – O mesmo sentimento, aqui, se refere à humilde disposição obediente de Jesus Cristo. Frank Stagg afirma que o principal apelo de Paulo é que a disposição ou sentimento que governava Jesus Cristo, também dominasse o seu povo.

ð Humildade é parte essencial desse sentimento que deveria dominar o povo de Deus, mas, Paulo ressalta também a abnegação ou auto sacrifício, que se coloca contra uma busca de interesses próprios que estava querendo dominar a Igreja.

ð Esse sentimento em Cristo, isto é, essa humildade e obediência em servir no corpo de Cristo, só era possível pelo fato de os crentes já terem a mente de Cristo, como diz Paulo aos coríntios: Nós, porém, temos a mente de Cristo. (1 Coríntios 2.16).

ð Essa mente de Cristo precisa transformar a nossa mente, como enfatiza Paulo aos romanos: “... transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12.2b)

    b. ... pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;  
            (v.6)

ð A palavra forma é a tradução da palavra morphé. Termo grego que enfatiza o relacionamento entre a forma exterior e a realidade interior, mostrando-se a natureza interior na forma externa. Uma forma externa verdadeiramente indicativa da natureza interna da qual ela brota. (Scofield)

ð  Jesus Cristo não precisou abrir mão da forma de Deus, isto é, colocar de lado a sua divindade, a fim de tomar a forma humana. O fato de ele ter se tornado homem não significou que ele cessou de ser Deus. Jesus, em sua encarnação, era Deus e nunca deixou de ser, ele simplesmente abriu mão de privilégios e de uma situação favorável, mas não pôs de lado sua natureza divina.

    c. ... antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança 
        de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se 
        obediente até à morte e morte de cruz. (v.7, 8)

ð  ... a si mesmo se esvaziou... – Essa frase deu origem à cristologia kenótica segundo a qual, de certa forma, o Cristo preexistente entregou ou abriu mão de sua divindade para tornar-se homem. Na verdade, se esvaziou refere-se ao fato de ele ter derramado sua vida para Deus, em autonegação humilde e obediente, recusando-se, de todas as formas, a agir egoisticamente.

ð  O seu kenósis (esvaziamento) não foi a desistência da divindade, mas a aceitação da servidão (Frank Stagg) – assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens – v.7b. Esse pensamento é apoiado por 2 Coríntios 8.9pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.

ð  Charles Caldwell Ryrie diz: A Kenosis de Cristo durante a sua encarnação não significa que ele tenha perdido qualquer de seus atributos divinos, mas que ele assumiu as limitações da humanidade – João 17.5; Mateus 24.36.

ð  e, reconhecido em figura humana – Para Paulo, tanto a divindade como a humanidade de Jesus Cristo eram reais, a ênfase nesta parte do texto sobre a humanidade de Jesus, sugere, segundo Scott, que foi dessa maneira que os homens o reconheceram, simplesmente como homem – Marcos 6.13; João 6.42; Romanos 5.15; 1 Timóteo 2.5.

ð  ... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz – A linguagem na primeira parte desta frase é paralela a do v.7 – a si mesmo se esvaziou. Na Septuaginta estas palavras têm um paralelo em Isaías 53.8. Mas, cada ato ocorre pelo livre exercício da vontade pessoal de Jesus Cristo.

ð  Segundo Frank Stagg a essência desse sentimento humilde de Cristo, era a sua disposição de não se apegar à igualdade com Deus, mas, pelo contrário, ser obediente até à morte e morte de cruz – v.8.

ð  A cruz era o centro da pregação de Paulo – mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios – 1 Coríntios 1.23 (1.17, 18).

Paulo celebrava a encarnação de Cristo porque ele via nisso a fidelidade da Palavra de Deus e a salvação para os pecadores - Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
( 1 Timóteo 1.15)

2. Celebrando a Exaltação de Cristo – v.9-11

Essa segunda parte do hino, descreve a exaltação da pessoa cuja completa abnegação a levou à cruz. No ensino de Jesus a vida é encontrada quando se perde, uma pessoa é humilhada quando se exalta e é exaltada quando se humilha – Mateus 10.39; 23.12. O que Jesus ensinou aos outros, ele mesmo personificou. Deus exaltou soberanamente aquele que se dispôs a negar-se a si mesmo.

a.  Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome... (v.9) – Em sua humanidade o Filho de Deus foi exaltado recebendo o nome Jesus, que significa Yahweh Salva.

b.  ... para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra (v.10) – A exaltação sobremaneira de Cristo não se limitou só ao nome Jesus, mas ao fato de que todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra se dobrarão em adoração a Ele e que toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (v.11)

Concluindo

Jesus Cristo é adorado pela perfeita harmonia de suas duas naturezas – a divina e a humana. O louvor que lhe é dado de joelhos e numa singular confissão de fé, compreende sua humanidade (Jesus) e sua divindade (Senhor) como no Evangelho de João 1.14 – E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

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