domingo, 14 de julho de 2013

O nosso Deus


Salmo 48

Em nosso estudo anterior dos salmos messiânicos, vimos o Salmo 45 e o tema foi: O noivo-rei (Jesus) e noiva-princesa (Igreja). Assim, estudamos o salmo, que foi composto para um casamento real, onde o salmista fala do noivo-rei (Jesus)suas qualidades, seus feitos, sua grandeza, e eminência (vv.1-9); e da noiva-princesa (Igreja) seu desafio, seu cortejo seus futuros filhos (vv.10-17).

Nosso salmo messiânico de hoje é o Salmo 48. A referência messiânica direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 48.2 – Mateus. 5.34, 35.

Assim como o Salmo 45, e mais onze salmos bíblicos, o Salmo 48 também foi composto pelos filhos de Corá. Aqueles que não morreram na rebelião que o levita Corá e outras pessoas influentes do povo de Israel, levantaram contra Moisés e Arão. (Conf.: Números 16.11, 31-33; 26.9-11)

Quando lemos o Salmo 48, logo após ler os Salmos 46 e 47, percebemos que "o tema de júbilo após um grande livramento continua”[1]. O júbilo do Salmo 46 se concentra no perigo que foi afastado, o do Salmo 47, no propósito de Deus de conceder graça aos inimigos que foram derrotados e o do Salmo 48 no fato de que a cidade que corria perigo está sã e salva.

Esses salmos celebram Deus como o Grande e vitorioso Rei. Os três são considerados como cânticos de vitória e ações de graças pela libertação de Jerusalém da ameaça de Senaqueribe em 701 a.C. O Exército Sírio cercou Jerusalém, ameaçando e blasfemando o Deus de Israel, impôs terror e pânico. Sem que os judeus tivessem que levantar uma espada sequer, Deus se encarregou de colocar em fuga com terror e pânico os que aterrorizavam o povo de Deus. (Is 37.33-37)

Está claro que o salmista e o povo estavam em festa no templo (9), mas o regozijo tem um “ar de novidade de uma experiência recente na descrição da fuga dos reis (3-7), na afirmação assim o vimos (8) e no convite a vistoria a cidade intacta (12, 13)”[2].

O Salmo 48 fala de uma situação em que o perigo passou e há total livramento no presente, uma experiência que nós que vivemos atualmente na verdadeira Sião, a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial (Hb 12.22), não desconhecemos, pois, repetidas vezes, vemos os perigos que nos ameaçam serem derrotados pelo nosso Deus sempre presente.[3]

O nosso tema de hoje é “O nosso Deus”. Aqui, no Salmo 48, vemos Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra (v.1-3), a ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-7), a ação de graças pela vitória na cidade do nosso Deus (v.8-10) e a convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).

I. Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra v.1-3

1. v.1 – Esse verso fala de duas verdades especiais para o povo de Deus: “o grande Deus e sua cidade exultante”[4].

a. v.1a – Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado... – A sua grandeza é demais para nós, meros seres humanos. O Salmista disse: Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir. (Salmo 139.6)

ü  Tudo o que o homem sabe sobre Deus, foi por iniciativa divina! O nosso conhecimento de Deus é na medida em que ele se revela a nós, isto é, toda a revelação que temos sobre Deus veio dele mesmo! Veja Mateus 11.27.
ü  Mas, esse conhecimento tem um limite, veja o que diz Deuteronômio 29.29.
ü  O que na verdade temos que fazer é conhecer sobre Deus o máximo que pudermos, como disse o profeta Oséias – Oséias 6.3.
ü  Textos que revelam a incompreensibilidade de Deus pela mente finita do homem – Rm 11.33, 34; Jó 36.26; Is 40.28.
ü  Atributos divinos que mostram essa incompreensibilidade de Deus: A espiritualidade de Deus – Jo 4.24; A infinitude de Deus – Sl 90.4; 2Pe 3.8; A eternidade de Deus – Sl 90.2; Dn 2.20.
ü  Esse Deus grande é digno de ser louvado! Só ele é digno de receber adoração!

b. vv.1b, 2 – ... na cidade do nosso Deus. – Que cidade é essa? Jerusalém! “A peculiaridade de Jerusalém, diante de todas as cidades do mundo, é que ela é uma cidade messiânica, a cidade do grande Rei. Sua beleza é refletida por sua destinação”[5] – v.2. Essa cidade “está destinada à alegria de toda a terra, através do Messias, e isso a reveste de uma beleza sem igual”[6].

ü  Assim como encontramos em muitos salmos messiânicos, temos aqui nos versos 1, 2 e 8, uma ênfase na divindade do Messias. Mas, aqui, em especial, a deidade do Messias e enfatizada juntamente com indicação da sua cidade, Jerusalém. No v.1 – Jerusalém é chamada de “a cidade do nosso Deus”; no v.2 está escrito: “cidade do grande Rei”; e no v.8 – “cidade do Senhor dos Exércitos” e “a cidade do nosso Deus”. As palavras Deus, Rei e Senhor estão tão estreitamente ligadas entre si que, com isso, é realçada a divindade do Messias.
ü  Do ponto de vista de Lieth, observando Mt 5.34, 35, a citação messiânica direta no NT do Salmo 48, há somente uma cidade significativa em todo o mundo, Jerusalém, a cidade do grande Rei. Ele comenta: O céu é o torno de Deus – Ali Ele mora em toda Sua plenitude. De lá flui todo o rio de bênção espirituais; A terra é o estrado de seu pés – Aqui o Onipotente opera e age; Jerusalém, a cidade do grande Rei, é o ponto central da bênção de Deus no Messias.[7]

O Messias viveu e agiu em Jerusalém, ali Ele consumou a salvação na cruz, ali Ele ressuscitou dos mortos, dali Ele subiu ao céu e Ele retornará para Jerusalém. O destino de Jerusalém, no Reino Messiânico, é servir para a alegria de toda a terra.”[8]

c. v.3 – Deus é o alto refúgio de Jerusalém. Ele revelou-se como fortaleza messiânica da salvação em Jerusalém e no Templo. (Conf.: Sl 118; Is 28.16) Para MacArthur “’Nos palácios delas’ seria melhor traduzido como ‘Deus está nas fortalezas dela’”[9].

Então:
Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus. (v.1)

II. A ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-8)

A ação protetora de Deus pode ser vista entre os vv.4-8.

1. v.4 – Em primeiro lugar, “eis que os reis se coligaram e juntos sumiram-se”; Percebendo que não eram páreo para o Senhor, os exércitos agressores desistiram da campanha militar e retornaram às suas terras. A proteção de Deus à sua cidade e ao seu povo foi superior ao poderio militar da liga de nações que declarou guerra a Judá.

2. v.5 – E, segundo expressa o salmista, tal retirada não foi tranquila, mas se deu às pressas, de modo que percebemos, pelo texto, as nações em fuga: “bastou-lhes vê-lo, e se espantaram, tomaram-se de assombro e fugiram apressados”.

3. vv.6, 7 – O motivo da fuga desenfreada foi, em primeiro lugar, que “o terror ali os venceu, e sentiram dores como de parturiente” e, ainda, porque tiveram grandes prejuízos: Com vento oriental destruíste as naus de Társis.

ü  Társis era um local distante no litoral do mar Mediterrâneo (Jn 1.3; Sl 72.10; Is 23.6), possivelmente na Espanha, que era fonte de grandes riquezas, dentre elas metais preciosos como ouro e prata (1Rs 10.22; Is 60.9). Assim, os inimigos foram derrotados e fugiram com grandes perdas.

4. v.8Quanto a Jerusalém, foi protegida de forma espetacular, visto que “Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade do SENHOR dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus a estabelece para sempre”.

III. A ação de graças pela vitória, na cidade do nosso Deus (v.8-10)

1. v.8 – Esse verso nos lembra do testemunho pessoal de Jó – Jó 42.5. O povo de Israel que estava em Jerusalém poderia agora, na poesia do salmista, testemunhar da mesma maneira – Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade do SENHOR dos Exércitos... . O Senhor protegeu Israel e o livrou de exércitos poderosos. Não é sem razão que é Ele chamado, aqui, de “Senhor dos Exércitos”. Assim, Deus, não somente livrou o seu povo, mas fortaleceu a cidade – Deus a estabelece para sempre!
Não há como ficar indiferente diante de uma situação como essa. Por isso, vemos que a atuação de Deus na proteção do seu povo produziu duas reações nos seus servos:

2. v.9A primeira reação foi contemplar a fidelidade de Deus. A demonstração da fidelidade do Senhor que, indubitavelmente, já era conhecida do salmista em termos conceituais, leva-o a uma ação que ele chama de “pensar ou meditar”. Assim, a reflexão sobre a fidelidade do Senhor para com seu povo deve levar seus servos à reverente contemplação do Senhor, que, por sua vez, deve conduzi-lo à adoração pública e ao desejo de um conhecimento amplo e de um relacionamento pessoal.

3. v.10A segunda reação foi louvar a Deus por sua justiça. Isso não acontece sem motivo. O que ele quer dizer, de fato, é que tudo que o Senhor faz é justo e isso se dá por todo o mundo. A consequência natural é a constatação do louvor motivado pela justiça divina por parte dos seus beneficiários (v.11).[10]

IV. A convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).

Temos aqui um final dramático, a cidade alegre e intacta – vv.11-14!

1. v.11 – O motivo pelo qual a cidade é convoca à alegria é pelo fato de que Deus agiu pessoalmente (destra – v.10) e de forma justa – (justiça e juízo – v.10, 11). Temos aqui um convite a adoração a Deus pelo que ele é e pelo que fez!

2. v.12, 13a – Essa convocação possivelmente tem duas intenções, o salmista quer que tal inventário seja feito ou para notar o modo pelo qual o Senhor fortificou a cidade para protegê-la, ou para que se note que, apesar de fracas instalações, a libertação aconteceu, sem dúvida, pelas mãos do Senhor. Isso traria confiança total do povo no Senhor.

3. v.13b, 14 – A intenção para tal convocação está bem definida – “...para narrardes às gerações vindouras que este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; ele será nosso guia até à morte”.

Concluindo – O que vimos no Salmo 48, hoje, foi: 1º) Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra (v.1-3); 2º) a ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-7); 3º) a ação de graças pela vitória na cidade do nosso Deus (v.8-10); e 4º) a convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira - 14/07/13




[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 781a.
[2] Ibid., p. 781b.
[3] Ibid., p. 781b.
[4] Ibid., p. 781b.
[5] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 176.
[6] Ibid., 176.
[7] Ibid., 178.
[8] Ibid., 178, 179.
[9] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 716.
[10] Pr. Thomas Tronco – Estudo no Salmo 48.

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