Em nosso estudo anterior dos salmos messiânicos,
vimos o Salmo 45 e o tema foi: O
noivo-rei (Jesus) e noiva-princesa (Igreja). Assim, estudamos o salmo, que foi composto para um casamento
real, onde o salmista fala do noivo-rei
(Jesus) – suas qualidades, seus
feitos, sua grandeza, e eminência (vv.1-9); e da noiva-princesa (Igreja) – seu
desafio, seu cortejo seus futuros filhos (vv.10-17).
Nosso salmo messiânico de hoje é o Salmo 48. A referência messiânica
direta, que o identifica como salmo messiânico, é: Salmo 48.2 – Mateus. 5.34, 35.
Assim como o Salmo 45, e mais onze salmos
bíblicos, o Salmo 48 também foi composto pelos filhos de Corá. Aqueles que não
morreram na rebelião que o levita Corá e outras pessoas influentes do povo de
Israel, levantaram contra Moisés e Arão. (Conf.: Números 16.11, 31-33; 26.9-11)
Quando lemos o Salmo 48, logo após ler os Salmos
46 e 47, percebemos que "o tema de júbilo após um grande livramento
continua”[1].
O júbilo do Salmo 46 se concentra no perigo que foi afastado, o do Salmo 47, no
propósito de Deus de conceder graça aos inimigos que foram derrotados e o do
Salmo 48 no fato de que a cidade que corria perigo está sã e salva.
Esses salmos celebram Deus como o Grande e vitorioso Rei. Os três
são considerados como cânticos de vitória e ações de graças pela libertação de
Jerusalém da ameaça de Senaqueribe em 701 a.C. O Exército Sírio cercou Jerusalém,
ameaçando e blasfemando o Deus de Israel, impôs terror e pânico. Sem que os judeus tivessem que levantar
uma espada sequer, Deus se encarregou de colocar em fuga com terror e pânico os
que aterrorizavam o povo de Deus. (Is 37.33-37)
Está claro que o salmista e o povo estavam em
festa no templo (9), mas o regozijo tem um “ar de novidade de uma experiência
recente na descrição da fuga dos reis (3-7), na afirmação assim o vimos (8) e no convite a vistoria a cidade intacta (12, 13)”[2].
O Salmo 48 fala de uma situação em que o perigo
passou e há total livramento no presente, uma experiência que nós que vivemos
atualmente na verdadeira Sião, a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial (Hb
12.22), não desconhecemos, pois, repetidas vezes, vemos os perigos que nos ameaçam
serem derrotados pelo nosso Deus sempre presente.[3]
O nosso tema de hoje é “O nosso Deus”. Aqui, no Salmo 48, vemos Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a
terra (v.1-3), a ação dEle em derrotar os inimigos de seu
povo (v.4-7), a ação de graças pela vitória na cidade do
nosso Deus (v.8-10) e a convocação para adorar a Deus e confiar
nEle (v.11-14).
I. Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a terra – v.1-3
1. v.1 – Esse verso fala de
duas verdades especiais para o povo de Deus: “o grande Deus e sua cidade
exultante”[4].
a. v.1a – Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado... – A
sua grandeza é demais para nós, meros seres humanos. O Salmista disse: Tal
conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso
atingir. (Salmo 139.6)
ü
Tudo o que o
homem sabe sobre Deus, foi por iniciativa divina! O nosso conhecimento de Deus
é na medida em que ele se revela a nós, isto é, toda a revelação que temos sobre
Deus veio dele mesmo! Veja Mateus 11.27.
ü
Mas, esse
conhecimento tem um limite, veja o que diz Deuteronômio 29.29.
ü
O que na verdade
temos que fazer é conhecer sobre Deus o máximo que pudermos, como disse o
profeta Oséias – Oséias 6.3.
ü
Textos que
revelam a incompreensibilidade de Deus pela mente finita do homem – Rm 11.33,
34; Jó 36.26; Is 40.28.
ü
Atributos divinos
que mostram essa incompreensibilidade de Deus: A espiritualidade de Deus – Jo
4.24; A infinitude de Deus – Sl 90.4; 2Pe 3.8; A eternidade de Deus – Sl 90.2;
Dn 2.20.
ü
Esse Deus grande
é digno de ser louvado! Só ele é digno de receber adoração!
b. vv.1b, 2 – ... na cidade do nosso Deus. – Que cidade é essa?
Jerusalém! “A peculiaridade de Jerusalém, diante de todas as cidades do mundo,
é que ela é uma cidade messiânica, a cidade do grande Rei. Sua beleza é
refletida por sua destinação”[5] – v.2.
Essa cidade “está destinada à alegria de toda a terra, através do Messias, e
isso a reveste de uma beleza sem igual”[6].
ü
Assim como encontramos em muitos salmos messiânicos, temos aqui nos
versos 1, 2 e 8, uma ênfase na divindade do Messias. Mas, aqui, em especial, a
deidade do Messias e enfatizada juntamente com indicação da sua cidade,
Jerusalém. No v.1 – Jerusalém é
chamada de “a cidade do nosso Deus”; no v.2 está escrito: “cidade do grande
Rei”; e no v.8 – “cidade do Senhor dos Exércitos” e “a cidade do nosso Deus”.
As palavras Deus, Rei e Senhor estão tão estreitamente ligadas entre si que,
com isso, é realçada a divindade do Messias.
ü
Do ponto de vista de Lieth, observando Mt 5.34, 35, a citação
messiânica direta no NT do Salmo 48, há somente uma cidade significativa em
todo o mundo, Jerusalém, a cidade do grande Rei. Ele comenta: O céu é o torno de Deus – Ali Ele mora
em toda Sua plenitude. De lá flui todo o rio de bênção espirituais; A terra é o estrado de seu pés – Aqui o
Onipotente opera e age; Jerusalém, a
cidade do grande Rei, é o ponto central da bênção de Deus no Messias.[7]
“O Messias viveu e agiu em Jerusalém, ali Ele consumou a salvação na
cruz, ali Ele ressuscitou dos mortos, dali Ele subiu ao céu e Ele retornará
para Jerusalém. O destino de Jerusalém, no Reino Messiânico, é servir para a alegria
de toda a terra.”[8]
c. v.3 – Deus é o alto refúgio
de Jerusalém. Ele revelou-se como fortaleza messiânica da salvação em Jerusalém
e no Templo. (Conf.: Sl 118; Is 28.16) Para MacArthur “’Nos palácios delas’
seria melhor traduzido como ‘Deus está nas fortalezas dela’”[9].
Então:
Grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, na cidade do nosso Deus. (v.1)
II. A ação
dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-8)
A ação protetora de Deus pode ser vista entre
os vv.4-8.
1. v.4 – Em primeiro lugar, “eis que os reis se coligaram e juntos sumiram-se”;
Percebendo que não eram páreo para o Senhor, os exércitos agressores desistiram
da campanha militar e retornaram às suas terras. A proteção de Deus à sua
cidade e ao seu povo foi superior ao poderio militar da liga de nações que
declarou guerra a Judá.
2. v.5 – E, segundo expressa o salmista, tal retirada não foi tranquila, mas
se deu às pressas, de modo que percebemos, pelo texto, as nações em fuga:
“bastou-lhes vê-lo, e se espantaram, tomaram-se de assombro e fugiram
apressados”.
3. vv.6, 7 – O motivo da fuga desenfreada foi, em primeiro lugar,
que “o terror ali os venceu, e sentiram dores como de parturiente” e, ainda, porque
tiveram grandes prejuízos: Com vento oriental destruíste as naus de Társis.
ü
Társis era um
local distante no litoral do mar Mediterrâneo (Jn 1.3; Sl 72.10; Is 23.6),
possivelmente na Espanha, que era fonte de grandes riquezas, dentre elas metais
preciosos como ouro e prata (1Rs 10.22; Is 60.9). Assim, os inimigos foram
derrotados e fugiram com grandes perdas.
4. v.8 – Quanto a Jerusalém, foi
protegida de forma espetacular, visto que “Como temos ouvido dizer, assim o vimos
na cidade do SENHOR dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus a estabelece
para sempre”.
III. A ação de graças pela vitória, na cidade do nosso Deus (v.8-10)
1. v.8 – Esse verso nos lembra do testemunho pessoal de Jó – Jó 42.5. O povo
de Israel que estava em Jerusalém poderia agora, na poesia do salmista,
testemunhar da mesma maneira – Como temos ouvido dizer, assim o vimos na cidade
do SENHOR dos Exércitos... . O Senhor protegeu Israel e o livrou de exércitos
poderosos. Não é sem razão que é Ele chamado, aqui, de “Senhor dos Exércitos”. Assim,
Deus, não somente livrou o seu povo, mas fortaleceu a cidade – Deus a estabelece para sempre!
Não
há como ficar indiferente diante de uma situação como essa. Por isso, vemos que
a atuação de Deus na proteção do seu povo produziu duas reações nos
seus servos:
2. v.9 – A primeira reação
foi contemplar a fidelidade de Deus. A demonstração da fidelidade do
Senhor que, indubitavelmente, já era conhecida do salmista em termos
conceituais, leva-o a uma ação que ele chama de “pensar ou meditar”. Assim, a
reflexão sobre a fidelidade do Senhor para com seu povo deve levar seus servos
à reverente contemplação do Senhor, que, por sua vez, deve conduzi-lo à
adoração pública e ao desejo de um conhecimento amplo e de um relacionamento
pessoal.
3. v.10 – A segunda
reação foi louvar a Deus por sua justiça. Isso não acontece sem
motivo. O que ele quer dizer, de fato, é que tudo que o Senhor faz é justo e
isso se dá por todo o mundo. A consequência natural é a constatação do louvor
motivado pela justiça divina por parte dos seus beneficiários (v.11).[10]
IV. A
convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).
Temos aqui um final dramático, a cidade alegre e
intacta – vv.11-14!
1. v.11 – O motivo pelo qual a cidade é convoca à alegria é
pelo fato de que Deus agiu pessoalmente (destra – v.10) e de forma justa –
(justiça e juízo – v.10, 11). Temos aqui um convite a adoração a Deus pelo que
ele é e pelo que fez!
2. v.12, 13a – Essa convocação possivelmente tem duas intenções, o
salmista quer que tal inventário seja feito ou para notar o modo pelo qual o
Senhor fortificou a cidade para protegê-la, ou para que se note que, apesar de
fracas instalações, a libertação aconteceu, sem dúvida, pelas mãos do Senhor.
Isso traria confiança total do povo no Senhor.
3. v.13b, 14 – A intenção para tal convocação está bem definida –
“...para narrardes às gerações vindouras que este é Deus, o nosso Deus para
todo o sempre; ele será nosso guia até à morte”.
Concluindo – O que vimos no Salmo 48, hoje,
foi: 1º) Deus sendo exaltado na cidade messiânica de onde reinará sobre toda a
terra (v.1-3); 2º) a ação dEle em derrotar os inimigos de seu povo (v.4-7); 3º) a ação de graças pela vitória na cidade do
nosso Deus (v.8-10); e 4º) a
convocação para adorar a Deus e confiar nEle (v.11-14).
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira - 14/07/13
[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
2009, p. 781a.
[2] Ibid., p. 781b.
[3] Ibid., p. 781b.
[4] Ibid., p. 781b.
[5] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições,
2010, p. 176.
[6] Ibid., 176.
[7] Ibid., 178.
[8] Ibid., 178, 179.
[9] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 716.
[10] Pr. Thomas Tronco – Estudo no Salmo 48.
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