sábado, 29 de março de 2014

Nono Mandamento

Êxodo 20.16

No estudo anterior, o oitavo mandamento:

ð  Vimos que, o mandamento apresenta nossa obrigação moral para com o nosso próximo no tocante ao dinheiro e à propriedade. Proíbe a apropriação dos bens alheios e exige a preservação dos bens e propriedades do próximo. Significa não possuir coisa alguma que não tenha sido obtida por meios lícitos e honestos.

ð  Vimos, também, as práticas pecaminosas proibidas no oitavo mandamento tanto no contexto do Antigo com do Novo Testamento: Furto ou roubo; Sequestro e tráfico de seres humanos; Negócios desonestos e injustiça social; Má administração de recursos: acúmulo e desperdício.

ð  E os deveres exigidos pelo oitavo mandamento: Confiança na providência divina; Proteção dos bens e da propriedade; Trabalho, negócios honestos e socorro material dos necessitados; e Moderação, simplicidade e frugalidade.

ð  Terminamos afirmando que o oitavo mandamento diz muito sobre quem somos e, ao invés de caminharmos voltados para a satisfação de nossas próprias ambições, podemos prosseguir respeitando-nos, auxiliando-nos mutuamente e sustentando a causa divina.

Nosso estudo de hoje é sobre o nono mandamento – Êxodo 20.16 – Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

No nono mandamento, juntamente com o terceiro, somos lembrados de que as nossas palavras têm consequências emocionais, sociais e espirituais. “O que dizemos pode preservar, defender, condenar ou destruir uma pessoa. Mais ainda, pode dividir ou unir uma comunidade. A língua estremece, pulveriza ou fortalece relacionamentos. Somos convocados por Deus a testemunhar em favor do que é verdadeiro e bom”.[1]

Está claro, pelo seu contexto, que o nono mandamento “é mais uma maneira de expressarmos amor ao nosso próximo; neste caso, preservando a sua honra por meio de nossas palavras”.[2]

A observância do nono mandamento contribuirá para a harmonia no convívio social, pois ninguém deve causar dano ao próximo por meio de palavras proferidas por sua boca, antes, deve fazer uso de palavras para falar bem e a verdade para todos.

Observemos agora as proibições e os deveres contidos no nono mandamento:

I. Proibições do nono mandamento

1. A mentira – A mentira não deve fazer parte da vida do cristão – Lv 19.11; Pv 12.22; Sl 119.163; Pv 30.3. O compromisso do crente é com a verdade – Cl 3.9; Ef 4.25.

2. Juízos falsos e calunias – Esse mandamento alerta para a cautela que o cristão deve ter quando abrir a sua boca para se referir ao seu próximo. Ninguém deve manchar a reputação de seu próximo com juízos falsos, principalmente em público. (cf. Lv 19.15; Pv 19.5; 6.19; Sl 15.3)

3. Boatos falsos, fofocas e tagarelices – Todos os boatos sem fundamento, fofocas e conversas infrutíferas que visam prejudicar a reputação de alguém são modos de quebra o nono mandamento. (cf. Tg 4.11; Tt 3.2; Pv 16.28; Lv 19.16; 1Co 15.33)

4. Insultos, xingamento e maledicência – O insulto é uma maneira de violência, por palavras, contra alguém que visa destruir sua reputação e acabar com sua vida. Jesus proibiu o insulto, pois o considerou, figuradamente, uma forma de assassinar uma pessoa – Mt 5.22. O termo usado por Jesus aqui é racá e traduz todo o espírito do insulto que significa dizer que uma pessoa não vale nada ou é um nada.

5. Falsidade e falsos profetas – Aqui temos a proibição tanto dos que mentem para depreciar a reputação de alguém quanto aos bajuladores. (cf. Sl 12.2; Lc 18.11) Uma coisa para o que se deve atentar aqui, também, é para aqueles que tentam depreciar o próprio Deus, os falsos profetas – Jr 14.13-15.

II. Deveres do nono mandamento

1. Amar e falar a verdade – Uma das evidências de obediência cristã quanto ao nono mandamento é o amor à verdade, sempre. “Quem ama de fato a Deus e ao próximo como a si mesmo deve ter sua real satisfação em falar a verdade”.[3] (cf. 1Co 13.6; Ef 4.29; Cl 3.9, 10; Mt 5.37)

2. Zelar pela boa reputação do próximo – Os cristãos são chamados a defender a verdade de Deus, a defender uns aos outros e a não se calarem diante de mentiras proferidas contra eles e contra a Igreja de Jesus Cristo. (cf. Rm 2.2; 1Co 5.8; 2C0 13.8; Ef 5.9; Fp 4.8; Tg 3.14)

3. Domínio próprio – Essa é uma das virtudes cristãs que mais está relacionada ao nono mandamento – Gl 5.23; Tg 3.1-12.

Concluindo

O puritano Thomas Brooks (1608-1680) disse o seguinte: “... nós conhecemos os metais pelo som que produzem e os homens por aquilo que falam!”. Na verdade, as palavras que saem da boca de um homem são uma expressão bem clara de quem ele é de fato. Deus se preocupa muito com as palavras que proferimos por isso ele nos deu o nono mandamento.[4] (cf. Mt 12.34; Mt 12.36, 37)

Termino citando o Catecismo de Heidelberg, pergunta 112O que é exigido no nono mandamento?

Que eu não dê falso testemunho contra ninguém, e nem falsifique as suas palavras; que eu não seja mexeriqueiro ou caluniador; que eu não julgue, e nem ajude a condenar qualquer homem de modo leviano e sem que ele seja ouvido; mas devo evitar todo tipo de mentiras e enganos como obras próprias do diabo, para que eu não caia sob a pesada ira de Deus; do mesmo modo, que em julgamento e em qualquer outra ocasião, devo amar a verdade, falar a verdade e confessá-la francamente; também eu devo defender e promover, tanto quanto puder,a honra e a boa reputação do meu próximo.

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 29/03/14




[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 25.
[2] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 11, p. 50.
[3] Ibid., p. 52.
[4] Ibid., p. 50.

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