Filipenses 1.1-5
Após
estudarmos sobre a nova vida concedida por Deus aos que creem em Jesus, como
único e suficiente Salvador de suas vidas, vamos, neste mês, estudar sobre uma
das grandes bênçãos advindas da salvação, a alegria verdadeira. Vamos fazer
isso, expondo o texto da carta de Paulo aos Filipenses 1.1-11.
Antes,
porém, de modo panorâmico vamos dar uma olhada no contexto da carta para
podermos fundamentar escrituristicamente nossa argumentação expositiva.
A igreja em Filipos era especial para
Paulo. Avon Malone chamou-a de “igreja queridinha” de Paulo. No capítulo
4, o apóstolo referiu-se aos membros dali como “meus irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa... amados”
(4.1). Nesta carta, Paulo não foi o lógico frio, o teólogo profundo, ou o
defensor apaixonado da fé. Pelo contrário, ele escreveu com o coração para amigos.
É por isso que podemos chamar os dois primeiros versículos da carta de: “Quando Paulo Escreveu para os Seus”. Quando
digo “os seus”, não quero dizer que Paulo cresceu em Filipos. Ele nasceu em Tarso
e foi educado em Jerusalém (Atos 22.3). Todavia, após a sua conversão, Paulo tornou-se
um cidadão do mundo. Ele viajou muito e o seu lar era qualquer lugar onde
houvesse irmãos e irmãs em Cristo.
Paulo costumava iniciar o ministério num lugar novo indo até a sinagoga local; mas parece que
a população de Filipos não possuía dez homens judeus, o número necessário para
se formar uma sinagoga. O apóstolo acabou encontrando um grupo de mulheres que
oravam à beira do rio, fora da cidade (Atos 16.13). Ele ensinou e batizou uma
mulher chamada Lídia e seus familiares (16.14, 15), estabelecendo assim a
igreja em Filipos.
Sempre que podia, Paulo fazia um esforço
especial e visitava seus irmãos e irmãs em Filipos. Na sua terceira viagem missionária, após ficar quase
três anos em Éfeso, ele viajou para a Macedônia (Atos 20.1; 2 Coríntios 2.13;
7.5), onde ficava Filipos. No fim da terceira viagem, ele saiu de Corinto e
partiu para Jerusalém. Em vez de pegar um navio diretamente para Jerusalém, ele
foi primeiro para o norte até Filipos (Atos 20.3, 6), onde o Dr. Lucas
reintegrou-se ao grupo.
Quando Paulo chegou a Jerusalém, foi preso (Atos 21.15-26.32). Após ficar encarcerado
por vários anos (24.27), ele foi enviado para Roma para comparecer perante
César (27.1-28.31). Enquanto aguardava o julgamento, escreveu as chamadas “cartas
da prisão”. Entre elas está uma carta à igreja em Filipos. As outras “cartas da
prisão” são Efésios, Colossenses e Filemom; veja Efésios 6:20; Colossenses 4:3;
Filemom 10.
O que levou, então Paulo a escrever essa
carta? O amor é um motivo suficiente
para qualquer carta; mas quando lemos a carta aos filipenses, concluímos que havia
vários pensamentos na mente de Paulo.
1º) Um deles era a ajuda que Filipos
lhe mandava enquanto ele estava em Roma. Em Filipenses 1.5, Paulo fala da
cooperação deles no evangelho, desde o primeiro dia até aquele momento.
2º) Outra razão para Paulo escrever
a carta tinha a ver com o próprio Epafrodito. Enquanto esse cristão estava
em Roma, ficou mortalmente doente (2.25, 27, 30). A notícia de sua enfermidade chegara
a Filipos, e os irmãos estavam preocupados (2.26). Paulo tranquilizou-os
escrevendo e mandando Epafrodito de volta (2.25, 28). Provavelmente foi Epafrodito
quem levou a carta aos filipenses ao regressar.
3º) Paulo estava preocupado com a
igreja em Filipos, eles estavam enfrentando a perseguição. Ele fora
maltratado naquela cidade, e evidentemente a perseguição continuava. Ele
insistiu para que os filipenses “em nada” se intimidassem pelos adversários (1.28a).
“Porque vos foi concedida”, escreveu
ele, “a graça de padecerdes por Cristo e
não somente de crerdes nele, pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e,
ainda agora, ouvis que é o meu” (1.29, 30).
4º) Além disso, o apóstolo queria
mandar-lhes uma mensagem de força e consolo. E, como era costume de Paulo
em todas as suas cartas, ele também aproveitou a oportunidade para elogiá-los
(1.3–7), instruí-los (2.5), adverti-los (3.2) e corrigi-los (4.2).
Na igreja
em Filipos não haviam muitas demandas, mas Paulo fez uma lista de alguns dos problemas
enfrentados pela congregação: duas irmãs
evidentemente não se davam bem (4.2) e a
igreja foi advertida a guardar-se contra falsos mestres (3.2, 18, 19). Ele
não escreveu a carta para os filipenses corrigirem uma multiplicidade de
problema como fez em 1 e 2 Coríntios. Simplesmente, ele, não queria que a sua amada igreja em Filipos experimentasse
os problemas existentes na igreja em Roma.
A Carta aos Filipenses respira
confiança, alegria, comunhão e unidade.
É uma carta de amor. Ela tem as características comuns das cartas escritas no
primeiro século. Aqui estão algumas dessas características:
- Identificação
do escritor: “Paulo e Timóteo,
servos de Cristo Jesus” (1.1a).
- Identificação
dos destinatários: “A todos os
santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, incluindo os bispos e diáconos”
(1.1b).
- Saudação: “Graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso
Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1.2).
- Agradecimentos: “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós,
fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas
orações, pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora”
(1.3-11).
- Mensagem: todo corpo da carta (1.12—4.23).
- Observação: era comum encerrar o corpo da carta com mais palavras
de bênçãos e saudações e Paulo fez isso (4.21–23).
Talvez
você se pergunte por que o nome do escritor aparece no início da carta, e não
no fim, como fazemos hoje. Naquele tempo, as cartas eram escritas em rolos ou
pergaminhos. As informações pertinentes eram colocadas no começo do rolo para
que, assim que ele fosse desenrolado, o destinatário soubesse quem escreveu e
por quê.
A Carta aos Filipenses não é apenas uma
carta; é uma carta especial, pois é pessoal. Sendo assim, ele passa de um tema para outro sem uma
aparente organização e demonstrando pouca preocupação com essa transição. É
como um bate-papo, muda-se o assunto sem avisar, como numa conversa informal
entre amigos. Uma das melhores abordagens
ao estudo da carta é que se faça uma enumeração do seu conteúdo – 1.1-4.23.
Ainda apresenta pouca organização
interna, mas contém uma série de temas recorrentes. Um deles é a “comunhão” ou “cooperação” (1.5; 2.1,
25; 4.3, 15). Outro tema é uma ênfase na mente e no pensamento: ao ler o livro,
procure palavras como “mente”, “portar-se”, “pensar” e “recordar”. Existe
também uma filosofia sublinhar relativa a perseguição e ao sofrimento. Um dos
temas predominantes é “alegria”. Filipenses já foi chamada
de “hino
de alegria”. As palavras “alegria” e “regozijar-se” ocorrem quinze vezes no livro (dezesseis
em algumas versões).
Há outras palavras na carta relacionadas
a alegria: “graça”, “paz” e “contente”. É por isso que a carta
poderia, também, ter como subtema: “A
Alegria do Cristianismo”. Certos de que essa alegria não é meramente o
resultado de uma “atitude mental positiva”, mas o livro esclarece que a nossa
alegria tem raízes em Cristo.
O tema “Jesus Cristo e Ele crucificado”
permeia a carta:
- A designação “Cristo”
ocorre dezessete vezes sozinha (1.10).
- O nome “Jesus”
ocorre uma vez sozinho (2.10).
- A combinação “Cristo
Jesus” ou “Jesus Cristo” (sem incluir a palavra “Senhor”) ocorre dezesseis
vezes (veja 1.1).
- O título “Senhor”
ocorre nove vezes sozinho (1.14).
- A combinação
“Senhor Jesus” (sem “Cristo”) ocorre uma vez (2.19).
- O título completo,
“Senhor Jesus Cristo” ou “meu Senhor Jesus Cristo” ocorre quatro vezes (1.2).
- Este título tem
seu clímax em 3.20, onde Paulo prefaciou-o com a palavra “Salvador”.
- Também existem alusões à morte de Jesus (3.10,
18), e nove referências ao evangelho (1.5).
- Uma expressão chave do livro é “em Cristo” ou
seus equivalentes; esta expressão é usada pelo menos
dezesseis vezes (veja 1.1, 26; 4.4), como em
1:13: “as
minhas cadeias, em Cristo”. “Em Cristo” era uma das expressões
prediletas de Paulo (Romanos 3.24; 6.11; 8.1;
9.1).
Certa
senhora, cristã há muitos anos, comentou: “Gosto
muito de Filipenses!” E acrescentou em seguida: “Mas nem sempre vivo de acordo com o que ele ensina”. A carta aos
Filipenses, de fato, contém passagens que parecem apontar para as nossas
falhas:
- “Alegrai-vos
sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos” (4.4).
- “Fazei tudo sem murmurações
nem contendas” (2.14).
- “...aprendi a viver
contente em toda e qualquer situação” (4.11).
Estudar
um texto deste livro será um desafio para todos nós este mês. Espero que você
esteja ansioso porque, junto com os desafios, haverá um maravilhoso consolo.
Estudar sobre a “alegria verdadeira”
vai ser estimulante!
Justamente,
no mês do ano, fevereiro, em que se fala muito em alegria e se é estimulado a
buscá-la nos mais variados prazeres, veremos no texto da carta de Paulo aos Filipenses 1.3-11, que é possível
desfrutar de alegria verdadeira, independente do que se faça ou das
circunstâncias ao nosso redor. Para
Paulo, é possível, sim, estar alegre em qualquer situação, do seguinte modo: 1º) Olhando
o passado com gratidão; 2º) Vivendo o presente com confiança; e 3º) Esperando
o futuro com oração.
Nosso tema de hoje é: Olhando o passado com gratidão.
Depois de saudar os filipenses de sua maneira tradicional nos vv. 1 e
2 – “... graça e paz a vós outros...”. Ele fala a Igreja do seguinte modo:
I. Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo
de vós – v.3
Essa é uma forte nota de agradecimento a Deus – Dou graças ao meu Deus (v.3a), que é desencadeada por tudo que ele
se lembra dos filipenses – por tudo que
recordo de vós (v.3b). Todas as vezes que Paulo se lembrava da Igreja em
Filipos
ele dava graças a Deus.
Vamos pensar em nós hoje:
que tipo de crentes somos? Que tipo de
crentes queremos ser? Que tipo de modelo de atitudes, de postura queremos ser?
Paulo
estava preso em Roma quando escreveu isso. Quando se lembrava da Igreja em
Filipos, como ele se lembra? Estava lá, sozinho, no cárcere, ele precisava de
referências...
Pergunta: Se
alguém distante se lembra-se de você, agradeceria a Deus? Quando alguém fala em
você, da graças a Deus? Que tipo de sentimento eu produzo quando alguém se
lembra de mim?
Há um clipe no You Tube de Net King Cole e sua
filha Natali Cole cantando a música Unforgettble
(inesquecível). Natali canta olhando para o pai: Inesquecível!!
Alguém se lembra de você assim – inesquecível!
Paulo dizia: vocês filipenses, são
inesquecíveis!
Para sermos
verdadeiramente felizes, em primeiro lugar precisamos
olhar para o nosso passado com gratidão a Deus, por tudo o que Ele fez por nós
para nos conduzir a Cristo e pelas pessoas que Ele nos deu a graça de
conhecermos, que nos ajudaram
e ajudam em nossa caminhada de fé!
... continuando, o texto diz...
II. ... fazendo sempre, com alegria, súplicas por
todos vós, em todas as minhas orações... v.4
1. A ação de graças, o louvor, a Deus pelos irmãos em Filipos, era feita
por Paulo, sempre, com alegria
(v.4a). A alegria de Paulo aqui não era se ele estava bem ou não, mas pela
simples lembrança de seus irmãos em Cristo.
2. O louvor com alegria de Paulo, era transformado em súplica por todos
vós... (v.4b).
3. Essa súplica por toda a Igreja era feita por Paulo em todas as suas
orações (v.4c).
4. Paulo, todas as vezes que se lembrava dos filipenses, agradecia a Deus
e intercedia por eles com alegria, e isso em todas as vezes que orava!
- Então, Paulo, agora diz: quando
oro por vocês eu me alegro! Quando vou orar por vocês há um sentimento de
alegria...
- Tem lugares e pessoas pelos quais não sentimos alegria em estar nem de
orar...
- Que tipo de sentimento estamos gerando nas pessoas quando elas se
lembram de nós e oraram?
Para sermos
verdadeiramente felizes, em segundo lugar precisamos
olhar para o nosso passado com gratidão a Deus e nos sentirmos estimulados a
orar com alegria por nossos irmãos e por aqueles que queremos que sejam nossos
irmãos!
Essa
lembrança grata e oração alegre era...
III. ... pela vossa cooperação no evangelho, desde o
primeiro dia até agora. v.5
1. Cooperação – tradução da palavra koinonia
que é riquíssima em significado no Novo Testamento. Ela foi traduzida de várias
maneiras aqui, como: cooperação,
comunhão, participação ou comunicação. A
ideia básica é de se ter algo em comum ou em conjunto.
2. Paulo considerava que a vida que compartilhamos em Cristo é a koinonia
do Filho de Deus, a que somos chamados – 1 Coríntios 1.9 – Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus
Cristo, nosso Senhor.
3. Paulo também chama essa comunhão de a koinonia do Espírito Santo – 2
Coríntios 13.13 – A graça do Senhor Jesus
Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.
4. Mas que cooperação no Evangelho é essa que Paulo fala aqui? (Filipenses
4.10-20)
5. Paulo estava muito grato a Deus pela cooperação da Igreja em Filipos
para o seu ministério. Essa cooperação era de três modos: Aceitação do Evangelho, Permanência no Evangelho e Contribuição para o
Evangelho.
6. Paulo, todas as vezes que se lembrava dos irmãos em Filipos, dava
graças a Deus e orava por ele com alegria. Porque
acontecia isso com ele?
- Por que aquela igreja dava sinais claros de fidelidade! Na fé, nos trato
e nos negócios! Vivemos em uma sociedade infiel – uma sociedade sem amizade,
sem fidelidade, cada um querendo se aproveitar dos outros. É uma loucura!
- E o pior, é que isso está passando
para a igreja! A pessoa se converte e não
tem referencial – não tinha no mundo e não tem na igreja! Sabe o que
estamos vendo: o conceito de fidelidade,
de amizade e de alegria verdadeira está acabando em nossa sociedade e a igreja
está entrando nessa também!
7. ... desde o primeiro dia
até agora. v.5b – a comunhão, a amizade,
reciprocidade em tudo, entre Paulo e os irmãos filipenses era desde o primeiro
dia em que os conheceu!
Necessitamos urgentemente olharmos e voltarmos
para a Palavra de Deus, individualmente e como igreja para resgatarmos essa
comunhão! Essa reciprocidade no dar e no receber! Escute o que João escreveu em
sua primeira carta:
“... o que temos visto
e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós,
igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com
o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Estas coisas, pois, vos escrevemos para
que
a nossa alegria seja
completa.
(1 João 1.3, 4)
Para sermos
verdadeiramente felizes, em terceiro lugar precisamos
olhar para o nosso passado com gratidão a Deus, buscando resgatar a comunhão
real com os irmãos, que vem de Deus que nos chamou à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
Concluindo
Aprendemos
hoje que, Para sermos
verdadeiramente felizes:
1º) Em primeiro lugar: precisamos olhar para o nosso passado com gratidão a Deus, por tudo o
que Ele fez por nós para nos conduzir a Cristo e pelas pessoas que Ele nos deu
a graça de conhecermos, que nos ajudaram e ajudam em nossa caminhada de fé!
2º) Em segundo lugar:
precisamos olhar para o nosso passado com gratidão a Deus e nos sentirmos estimulados
a orar com alegria por nossos irmãos e por aqueles que queremos que sejam
nossos irmãos!
3º) Em terceiro lugar:
precisamos olhar para o nosso passado com gratidão a Deus, buscando resgatar a
comunhão real com os irmãos, que vem de Deus que nos chamou à comunhão de seu
Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
Pr. Walter Almeida Jr.
Essa introdução foi uma adaptação do texto de David
Roper em seu estudo de Filipenses, na lição introdutória “Quando Paulo Escreveu
para os Seus”, postada no site Verdade para Hoje em 2011.