Em
nosso estudo anterior em João 13.1-5 vimos que, quando Jesus começa a lavar os
pés dos 12 discípulos, ele estava ensinando que a melhor maneira deles e de nós
sermos parecidos com Ele é servindo como Ele serviu, isto é, assumindo o Seu
estilo de vida que foi marcado pelo amor doador.
Vimos
também, que segundo John Stott, o propósito eterno (Rm 8.29), o propósito
histórico (2Co 3.18) e o propósito escatológico de Deus (1Jo 3.2) é nos
transformar à semelhança de Jesus.
E,
diante do texto bíblico e do nosso tema, fizemos três perguntas: Em seu estilo de vida marcado pelo amor
doador – 1ª) O que Jesus sabia naquele momento? 2ª) O
que Jesus sentiu naquele momento? 3º)
O que Jesus fez naquele momento?
Olhando
agora para João 13.6-11, nosso tema de hoje é: Um coração ensinável.
Por alguns minutos pense comigo naquela cena – Jesus e os doze discípulos chegando em casa
e a atitude de Jesus diante a inércia dos discípulos!
A
reação de Pedro e seu questionamento em relação à humilde e amorosa ação de
Jesus revela como ele estava perplexo e envergonhado diante do que Jesus estava
fazendo. Essa passagem ensinou três lições a ele e aos outros discípulos de que
devemos aprender também. O texto ensina que um coração ensinável: 1º) Procura
aceitar os planos e ações de Deus, mesmo que muitas vezes não os compreenda de
imediato (v.6, 7); 2º) Procura entender que há um só Mediador entre
Deus e os homens, Jesus Cristo, para a salvação e manutenção desta (v.8, 9);
e 3º) Procura reconhecer e
submeter-se a Jesus, pois ele é o único que sabe realmente quem somos (v.10-11).
I. Um coração ensinável - (1º) Procura aceitar os planos e ações de
Deus, mesmo que, muitas vezes, não os compreenda de imediato (v.6, 7)
“A
mentalidade típica do judeu não podia aceitar o Messias humilhado”[1] –
lavando os pés dos seus discípulos?! Portanto, na mente de Pedro e dos demais
discípulos, não havia lugar para o Cristo ser humilhado daquela forma como
estava sendo.
Assim
como Pedro e os discípulos, muitos crentes ainda não cresceram espiritualmente
o suficiente para aceitarem a soberania de Deus em seus planos e ações
redentivas e providenciais de modo coletivo e individual na humanidade.
O
que acontece é que assim como Pedro que “só enxergava a incongruência imediata
da situação à sua frente”[2], nós os
crentes, muitas vezes, só vemos o que está acontecendo em nosso aqui e agora.
A
recomendação paulina para a aceitação da vontade de Deus em qualquer situação
está em Romanos 12.1, 2. A vontade de Deus na Bíblia tem dois objetivos
importantes: 1º) que todos os homens sejam salvos – 1Tm
2.1-4; Tt 1.11; 2º) que todos os salvos
experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus – Rm 12.2b; 1Ts
4.3; 5.18; 1Pe 2.15.
v.7 – Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes
agora; compreendê-lo-ás depois. Que Deus
nós ajude a orar, ler e estudar a Bíblia, a perguntar, a ponderar e refletir em
tudo o que acontece a nossa volta e em nossa própria vida, mas acima de tudo a
buscarmos aceitar a Sua vontade, mesmo que momentaneamente não a
compreendamos.
II. Um coração ensinável - (2º) Procura entender que há um só
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, para a salvação e manutenção
desta (v.8, 9)
Quando
Pedro muda de ideia (v.9) tão rapidamente diante da afirmação de Jesus (v.8),
ele ilustra muito bem os extremos da natureza humana – instante antes, ele
dizia: Nunca me lavarás os pés. No instante seguinte, ele diz: Senhor, não
somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.
Assim
com Pedro, muitos crentes revelam esses extremos e falta de entendimento do
processo de operação da salvação e de sua manutenção. O processo é muito
simples:
Processo de operação da salvação (Efésios 2.8, 9)
1º) ouve-se a Palavra de Deus (evangelho) – Rm 10.17;
2º) reconhece-se a condição de pecador – Rm 3.23; 6.23;
3º) arrepende-se e confessa-se os pecados – At 3.19; Mc 1.15b.
4º) crê-se em Jesus como salvador
pessoal – Rm 10.9, 10.
Processo de manutenção da salvação
(1João 1.9-2.2)
1º) reconhece-se que pecou – 1Jo 1.10-2.1a;
2º) aceita-se a Jesus como advogado e propiciação pelos pecados – 1Jo 2.1b,
2;
3º) confessa-se os pecados – 1Jo 1.9;
4º) aceita-se o perdão – 1Jo 1.9b.
Assim,
um coração ensinável aceita a vontade
de Deus, mesmo que momentaneamente não a compreenda e entende que há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens,
Cristo Jesus, homem (1Tm 2.5) – na salvação e manutenção desta.
III. Um coração ensinável - (3º) Procura reconhecer e submeter-se a
Jesus, pois ele é o único que conhece realmente quem somos – (v.10-11)
As
palavras de Jesus, no v.10, indicam que a lavagem dos pés dos discípulos “foi
mais que um exemplo; foi um meio pelo qual eles puderam participar da
humilhação de Jesus”[3]. A
primeira lição da lavagem dos pés é a da purificação espiritual (expiação),
mas a segunda está “associada a um exemplo de serviço humilde”[4].
As
reações de Pedro nesta passagem – “sua pergunta, sua recusa enfática e sua mudança
de atitude impetuosa e extravagante são todas características suas”[5], mas que
podem muito bem, serem usadas como um exemplo de características espirituais de
muitos cristãos. Observando Pedro, uma das suas características negativas era a
falta de quebrantamento.
De
acordo com as Escrituras, quebrantamento não é apenas um simples sentimento,
mas também um ato de vontade e é, na prática, um processo que acontece em duas
perspectivas: 1ª) na perspectiva vertical
– em sua disposição de relacionar-se com Deus e; 2ª) na perspectiva horizontal – em sua disposição de
relacionar-se com o próximo.
Assim,
a essência do quebrantamento consiste:
1º) Em um ato de vontade – é uma
decisão pessoal, prática e humilde de uma pessoa que reconhece suas características positivas e negativas e está disposta a mudar e aprender se
necessário.
2º) Em um processo contínuo de
transformação – é uma maneira de viver que demonstra em palavras e ações
profunda convicção das suas próprias necessidades espirituais, demonstrando
genuína necessidade de um encontro diário com Deus, seguido de mudanças
permanentes.
3ª) Em aceitar a vontade revelada de
Deus – é submeter-se à vontade revelada de Deus, de forma absoluta e
incondicional.
Esse quebrantamento que Pedro precisava, todo cristão
necessita para que reconheça e se submeta ao senhorio de Cristo em tudo na sua
vida.
Concluindo
Então,
um coração ensinável:
Aceita a vontade de Deus, mesmo que, momentaneamente, não a
compreenda;
Entende que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo,
para a salvação e manutenção desta;
Reconhece e se submete
ao senhorio de Jesus Cristo em tudo na sua vida, pois ele é o único que sabe
realmente quem somos.
Pr. Walter Almeida Jr.
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