quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Um coração ensinável


João 13.6-11

Em nosso estudo anterior em João 13.1-5 vimos que, quando Jesus começa a lavar os pés dos 12 discípulos, ele estava ensinando que a melhor maneira deles e de nós sermos parecidos com Ele é servindo como Ele serviu, isto é, assumindo o Seu estilo de vida que foi marcado pelo amor doador.

Vimos também, que segundo John Stott, o propósito eterno (Rm 8.29), o propósito histórico (2Co 3.18) e o propósito escatológico de Deus (1Jo 3.2) é nos transformar à semelhança de Jesus.

E, diante do texto bíblico e do nosso tema, fizemos três perguntas: Em seu estilo de vida marcado pelo amor doador1ª) O que Jesus sabia naquele momento? 2ª) O que Jesus sentiu naquele momento? 3º) O que Jesus fez naquele momento?

Olhando agora para João 13.6-11, nosso tema de hoje é: Um coração ensinável.

Por alguns minutos pense comigo naquela cena – Jesus e os doze discípulos chegando em casa e a atitude de Jesus diante a inércia dos discípulos!

A reação de Pedro e seu questionamento em relação à humilde e amorosa ação de Jesus revela como ele estava perplexo e envergonhado diante do que Jesus estava fazendo. Essa passagem ensinou três lições a ele e aos outros discípulos de que devemos aprender também. O texto ensina que um coração ensinável: 1º) Procura aceitar os planos e ações de Deus, mesmo que muitas vezes não os compreenda de imediato (v.6, 7); 2º) Procura entender que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, para a salvação e manutenção desta (v.8, 9); e 3º) Procura reconhecer e submeter-se a Jesus, pois ele é o único que sabe realmente quem somos (v.10-11).

I. Um coração ensinável - (1º) Procura aceitar os planos e ações de Deus, mesmo que, muitas vezes, não os compreenda de imediato (v.6, 7)

“A mentalidade típica do judeu não podia aceitar o Messias humilhado”[1] – lavando os pés dos seus discípulos?! Portanto, na mente de Pedro e dos demais discípulos, não havia lugar para o Cristo ser humilhado daquela forma como estava sendo.

Assim como Pedro e os discípulos, muitos crentes ainda não cresceram espiritualmente o suficiente para aceitarem a soberania de Deus em seus planos e ações redentivas e providenciais de modo coletivo e individual na humanidade.

O que acontece é que assim como Pedro que “só enxergava a incongruência imediata da situação à sua frente”[2], nós os crentes, muitas vezes, só vemos o que está acontecendo em nosso aqui e agora.

A recomendação paulina para a aceitação da vontade de Deus em qualquer situação está em Romanos 12.1, 2. A vontade de Deus na Bíblia tem dois objetivos importantes: 1º) que todos os homens sejam salvos – 1Tm 2.1-4; Tt 1.11; 2º) que todos os salvos experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus – Rm 12.2b; 1Ts 4.3; 5.18; 1Pe 2.15.

v.7 – Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. Que Deus nós ajude a orar, ler e estudar a Bíblia, a perguntar, a ponderar e refletir em tudo o que acontece a nossa volta e em nossa própria vida, mas acima de tudo a buscarmos aceitar a Sua vontade, mesmo que momentaneamente não a compreendamos.

II. Um coração ensinável - (2º) Procura entender que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, para a salvação e manutenção desta (v.8, 9)

Quando Pedro muda de ideia (v.9) tão rapidamente diante da afirmação de Jesus (v.8), ele ilustra muito bem os extremos da natureza humana – instante antes, ele dizia: Nunca me lavarás os pés. No instante seguinte, ele diz: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.

Assim com Pedro, muitos crentes revelam esses extremos e falta de entendimento do processo de operação da salvação e de sua manutenção. O processo é muito simples:

Processo de operação da salvação (Efésios 2.8, 9)

1º) ouve-se a Palavra de Deus (evangelho) – Rm 10.17;
2º) reconhece-se a condição de pecador – Rm 3.23; 6.23;
3º) arrepende-se e confessa-se os pecados – At 3.19; Mc 1.15b.
4º) crê-se  em Jesus como salvador pessoal – Rm 10.9, 10.

Processo de manutenção da salvação (1João 1.9-2.2)

1º) reconhece-se que pecou – 1Jo 1.10-2.1a;
2º) aceita-se a Jesus como advogado e propiciação pelos pecados – 1Jo 2.1b, 2;
3º) confessa-se os pecados – 1Jo 1.9;
4º) aceita-se o perdão – 1Jo 1.9b.

Assim, um coração ensinável aceita a vontade de Deus, mesmo que momentaneamente não a compreenda e entende que há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem (1Tm 2.5) – na salvação e manutenção desta.

III. Um coração ensinável - (3º) Procura reconhecer e submeter-se a Jesus, pois ele é o único que conhece realmente quem somos – (v.10-11)

As palavras de Jesus, no v.10, indicam que a lavagem dos pés dos discípulos “foi mais que um exemplo; foi um meio pelo qual eles puderam participar da humilhação de Jesus”[3]. A primeira lição da lavagem dos pés é a da purificação espiritual (expiação), mas a segunda está “associada a um exemplo de serviço humilde”[4].

As reações de Pedro nesta passagem – “sua pergunta, sua recusa enfática e sua mudança de atitude impetuosa e extravagante são todas características suas”[5], mas que podem muito bem, serem usadas como um exemplo de características espirituais de muitos cristãos. Observando Pedro, uma das suas características negativas era a falta de quebrantamento.

De acordo com as Escrituras, quebrantamento não é apenas um simples sentimento, mas também um ato de vontade e é, na prática, um processo que acontece em duas perspectivas: 1ª) na perspectiva vertical – em sua disposição de relacionar-se com Deus e; 2ª) na perspectiva horizontal – em sua disposição de relacionar-se com o próximo.

Assim, a essência do quebrantamento consiste:

1º) Em um ato de vontade – é uma decisão pessoal, prática e humilde de uma pessoa que reconhece suas características positivas e negativas e está disposta a mudar e aprender se necessário.

2º) Em um processo contínuo de transformação – é uma maneira de viver que demonstra em palavras e ações profunda convicção das suas próprias necessidades espirituais, demonstrando genuína necessidade de um encontro diário com Deus, seguido de mudanças permanentes.

3ª) Em aceitar a vontade revelada de Deus – é submeter-se à vontade revelada de Deus, de forma absoluta e incondicional.

Esse quebrantamento que Pedro precisava, todo cristão necessita para que reconheça e se submeta ao senhorio de Cristo em tudo na sua vida.

Concluindo

Então, um coração ensinável:

Aceita a vontade de Deus, mesmo que, momentaneamente, não a compreenda;

Entende que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, para a salvação e manutenção desta;

Reconhece e se submete ao senhorio de Jesus Cristo em tudo na sua vida, pois ele é o único que sabe realmente quem somos.

Pr. Walter Almeida Jr.




[1] Lima, Josadak. O Padrão do Mestre, AD Santos, 2012, p. 13.
[2] Ibid., p. 13.
[3] Carson, D. A. – Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 1584.
[4] Ibid., p. 1584.
[5] Ibid., p. 1584.

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