Começamos hoje, no Grupo Pequeno da Comunidade Batista Livre de Limeira, uma série de estudos bíblicos sobre o título "Discipulado - O Padrão do Mestre". Esse e o título do livro O Padrão do Mestre de Josadak Lima, da Editora AD Santos. Os temas semanais que abordam o título também são do livro de Josadak. Embora o título bimestral dos estudos e seus temas semanais sejam os do livro, acrescentei uma bibliografia mais abrangente e é claro usamos o texto bíblico no Evangelho de João 13, como texto base dos estudos.
João 13.1-5
Para
muitos cristãos o Evangelho de João é livro mais preciso do Novo Testamento.
Como literatura, ele é a biografia mais fascinante de Jesus. Teologicamente, o
texto mais profundo acerca da divindade de Jesus.
Para
efeitos didáticos pode ser divido em três partes: 1ª) Parte – O Ministério Público de Jesus, seus
discursos e seus milagres – João 1-12; 2ª) Parte – O Ministério Particular de Jesus, suas instruções aos discípulos
mais íntimos – João 13-17 – os quais estava preparando para serem seus
apóstolos, oferecendo um conjunto de prioridades pelas quais deveriam pautar suas
vidas sob a orientação do Espírito Santo; e 3ª) Parte – A Paixão de Jesus, o Filho de Deus, sua missão redentora é
vindicada por sua morte expiatória e sua ressurreição – João 18-21.
Nosso
objetivo é estudar os capítulos de 13 a 17, que os teólogos chamam de a
Sementeira das Epístolas do Novo Testamento, pelo fato de que, praticamente,
todas as doutrinas desenvolvidas nelas estão originalmente presentes nos
ensinos de Jesus nesses cinco capítulos.
Como
o ensino de Jesus não era apenas teórico, mas prático, também, houve espaço
para que os discípulos fizessem perguntas. Eles fizeram sete perguntas a Jesus:
1) João 13.6 – Aproximou-se,
pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?
2) João 13.25 –
Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe:
Senhor, quem é?
3) João 13.36 –
Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais?
4) João 13.37 –
Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora?
5) João 14.5 – Disse-lhe
Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?
6) João 14.22 –
Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para
manifestar-te a nós e não ao mundo?
7) João 16.17, 18
– Então, alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: Que vem a ser isto
que nos diz: Um pouco, e não mais me vereis, e outra vez um pouco, e
ver-me-eis; e: Vou para o Pai? Diziam, pois: Que vem a ser esse – um pouco? Não compreendemos o que quer dizer.
O
discipulado, como vemos aqui, “não acontece pelo viéis do discurso, mas do diálogo,
pela conversação”.[1]
Jesus, na formação dos seus discípulos, aproveitou todas as oportunidades que surgiram
no cotidiano deles e daí, do ensino da vida diária, extraiu o conteúdo para a
formação adequada, apresentando-os “com uma argumentação simples, direta e não
abstrata”[2].
Em
João 13.1-5, quando Jesus começa a lavar os pés dos 12 discípulos, ele ensina
que a melhor maneira de sermos parecidos com Ele é servindo como Ele serviu,
isto é, assumindo o Seu estilo de vida que foi marcado pelo amor doador.
“John
Stott, refletindo sobre o discípulo radical afirma que a semelhança com Cristo
é o propósito de Deus para o seu povo. O propósito eterno (Rm 8.29), o
propósito histórico (2Co 3.18) e o propósito escatológico de Deus (1Jo 3.2) é
nos transformar à semelhança de Jesus”[3].
Diante
disso e do texto de João, surgem três perguntas: Em seu estilo de vida marcado pelo amor doador: 1ª) O
que Jesus sabia naquele momento? 2ª)
O que Jesus sentiu naquele momento? 3º) O
que Jesus fez naquele momento?
Em seu estilo de vida marcado pelo amor
doador:
I. O que Jesus sabia naquele momento?
(v.1-3)
1. Ele sabia que era chegada a sua hora de morrer – v.1a. (Jo 12.23; 17.1)
2. Ele sabia que Judas iria traí-lo – v.2. (v.11, 27)
3. Ele sabia da sua exaltação – v.3.
A exaltação aqui compreendia toda a autoridade no céu e na terra e a
consciência da sua origem e do seu destino eterno. (Mt 28.18)
4. Ele sabia da discussão dos discípulos sobre quem deles seria o maior –
Lc 22.24.
“O poder é algo sedutor. Principalmente o poder sobre
seres humanos. A sede pelo poder desperta e alimenta nos homens os sentimentos
mais primitivos. O poder pode destruir ou criar. Dependendo do caráter do
indivíduo, haverá diferentes formas ou apresentações do poder. Se tivermos uma
pessoa de bom caráter, o poder será exercido em favor dos outros. Se tivermos
uma pessoa de má índole, o poder será expresso de uma forma manipuladora e
maléfica”.[4]
II. O que Jesus sentiu naquele momento?
(v.1b)
“... tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os
até ao fim.”
1. Amor pelos seus que estavam no mundo. Temos aqui dois aspectos
importantes do amor de Jesus:
a. Primeiro
aspecto – o amor salvador pela humanidade
– João 3.16; Tt 2.11-14.
b. Segundo
aspecto – o amor cuidadoso pelos seus
filhos – Hb 12.1-13.
c. Jesus, em sua
oração em João 17, mostra esses dois aspectos do amor de Deus – Jo 17.6-19;
20-21.
2. A expressão “amou-os até o fim” tem dois significados:
a. 1º) indica intensidade – amor ao máximo,
completo, pleno, absoluto, perfeito, sem reservas.
b. 2º) indica temporalidade – amou até ao fim
da sua vida humana perfeita.
“A mola mestra da vida de Jesus foi o amor. Tudo que
Jesus fez foi por amor. Jesus amou aos doze, de forma inabalável, até a sua
consumação na cruz, onde Ele ama ao extremo”.[5]
III. O que Jesus fez naquele momento?
(v.4, 5)
O que Jesus sabia e sentiu naquele momento, determinou
a sua atitude. Olhando esses versículos entendemos que “a verdadeira história
da Paixão já começou na última ceia de Jesus com seus discípulos. O lava-pés
torna-se símbolo de toda a ação de Jesus em sua Paixão. Jesus demonstra que o
verdadeiro amor não vive de palavras, mas atitude, e sua voz pode ser uma
lágrima ou um brilho no olhar”.[6]
A
atitude de Jesus ensina três lições: de um estilo de vida marcado pelo amor
doador:
1. Primeira Lição: O amor doador
é ação – só Jesus tomou a iniciativa de lavar os pés – v.4, 5a. (Mc
10.43-45)
2. Segunda Lição: O amor doador
é humilde – “o amor de Jesus torna-se visível em sua ternura e ações de
humildade”[7]. (v.4, 5
– Conf.: Fp 2.5-8)
3. Terceira Lição: O amor doador é
altruísta – v.4, 5. Qual a recompensa de Jesus por lavar os pés dos seus
discípulos? (Rm 5.8)
Concluindo
O
discípulo de Jesus, que se torna discipulador, “precisa cultivar um amor
doador, sendo altruísta, um amor que não procura seus interesses. Jesus amou os
seus discípulos o tempo todo, embora soubesse que um deles era o traidor, outro
o negaria e todos o abandonariam na cruz. O amor sempre esteve presente nos
seus relacionamentos, palavras e atitudes, suportando, tolerando, perdoando e
purificando”[8].
Antes
de deixá-los, Jesus expressou o seu amor por eles de forma extraordinária e
assim revelou para todas as gerações de cristãos que o fundamento de toda a
vida de um discípulo dele, bem como o seu serviço no reino de Deus é o amor
genuíno.
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