quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O estilo de vida marcado pelo amor doador

Começamos hoje, no Grupo Pequeno da Comunidade Batista Livre de Limeira, uma série de estudos bíblicos sobre o título "Discipulado - O Padrão do Mestre". Esse e o título do livro  O Padrão do Mestre de Josadak Lima, da Editora AD Santos. Os temas semanais que abordam o título também são do livro de Josadak. Embora o título bimestral dos estudos e seus temas semanais sejam os do livro, acrescentei uma bibliografia mais abrangente e é claro usamos o texto bíblico no Evangelho de João 13, como texto base dos estudos.

João 13.1-5

Para muitos cristãos o Evangelho de João é livro mais preciso do Novo Testamento. Como literatura, ele é a biografia mais fascinante de Jesus. Teologicamente, o texto mais profundo acerca da divindade de Jesus.

Para efeitos didáticos pode ser divido em três partes: 1ª) Parte – O Ministério Público de Jesus, seus discursos e seus milagres – João 1-12; 2ª) Parte – O Ministério Particular de Jesus, suas instruções aos discípulos mais íntimos – João 13-17 – os quais estava preparando para serem seus apóstolos, oferecendo um conjunto de prioridades pelas quais deveriam pautar suas vidas sob a orientação do Espírito Santo; e 3ª) Parte – A Paixão de Jesus, o Filho de Deus, sua missão redentora é vindicada por sua morte expiatória e sua ressurreição – João 18-21.

Nosso objetivo é estudar os capítulos de 13 a 17, que os teólogos chamam de a Sementeira das Epístolas do Novo Testamento, pelo fato de que, praticamente, todas as doutrinas desenvolvidas nelas estão originalmente presentes nos ensinos de Jesus nesses cinco capítulos.

Como o ensino de Jesus não era apenas teórico, mas prático, também, houve espaço para que os discípulos fizessem perguntas. Eles fizeram sete perguntas a Jesus:

1) João 13.6 – Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim?
2) João 13.25 – Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
3) João 13.36 – Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais?
4) João 13.37 – Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora?
5) João 14.5 – Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?
6) João 14.22 – Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?
7) João 16.17, 18 – Então, alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: Que vem a ser isto que nos diz: Um pouco, e não mais me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Vou para o Pai? Diziam, pois: Que vem a ser esse –  um pouco? Não compreendemos o que quer dizer.

O discipulado, como vemos aqui, “não acontece pelo viéis do discurso, mas do diálogo, pela conversação”.[1] Jesus, na formação dos seus discípulos, aproveitou todas as oportunidades que surgiram no cotidiano deles e daí, do ensino da vida diária, extraiu o conteúdo para a formação adequada, apresentando-os “com uma argumentação simples, direta e não abstrata”[2].

Em João 13.1-5, quando Jesus começa a lavar os pés dos 12 discípulos, ele ensina que a melhor maneira de sermos parecidos com Ele é servindo como Ele serviu, isto é, assumindo o Seu estilo de vida que foi marcado pelo amor doador.

“John Stott, refletindo sobre o discípulo radical afirma que a semelhança com Cristo é o propósito de Deus para o seu povo. O propósito eterno (Rm 8.29), o propósito histórico (2Co 3.18) e o propósito escatológico de Deus (1Jo 3.2) é nos transformar à semelhança de Jesus”[3].

Diante disso e do texto de João, surgem três perguntas: Em seu estilo de vida marcado pelo amor doador: 1ª) O que Jesus sabia naquele momento? 2ª) O que Jesus sentiu naquele momento? 3º) O que Jesus fez naquele momento?

Em seu estilo de vida marcado pelo amor doador:

I. O que Jesus sabia naquele momento? (v.1-3)

1. Ele sabia que era chegada a sua hora de morrer – v.1a. (Jo 12.23; 17.1)

2. Ele sabia que Judas iria traí-lo – v.2. (v.11, 27)

3. Ele sabia da sua exaltação – v.3. A exaltação aqui compreendia toda a autoridade no céu e na terra e a consciência da sua origem e do seu destino eterno. (Mt 28.18)

4. Ele sabia da discussão dos discípulos sobre quem deles seria o maior – Lc 22.24.

“O poder é algo sedutor. Principalmente o poder sobre seres humanos. A sede pelo poder desperta e alimenta nos homens os sentimentos mais primitivos. O poder pode destruir ou criar. Dependendo do caráter do indivíduo, haverá diferentes formas ou apresentações do poder. Se tivermos uma pessoa de bom caráter, o poder será exercido em favor dos outros. Se tivermos uma pessoa de má índole, o poder será expresso de uma forma manipuladora e maléfica”.[4]

II. O que Jesus sentiu naquele momento? (v.1b)
“... tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.”

1. Amor pelos seus que estavam no mundo. Temos aqui dois aspectos importantes do amor de Jesus:
a. Primeiro aspecto – o amor salvador pela humanidade – João 3.16; Tt 2.11-14.
b. Segundo aspecto – o amor cuidadoso pelos seus filhos – Hb 12.1-13.
c. Jesus, em sua oração em João 17, mostra esses dois aspectos do amor de Deus – Jo 17.6-19; 20-21.

2. A expressão “amou-os até o fim” tem dois significados:
a. 1º) indica intensidade – amor ao máximo, completo, pleno, absoluto, perfeito, sem reservas.
b. 2º) indica temporalidade – amou até ao fim da sua vida humana perfeita.

“A mola mestra da vida de Jesus foi o amor. Tudo que Jesus fez foi por amor. Jesus amou aos doze, de forma inabalável, até a sua consumação na cruz, onde Ele ama ao extremo”.[5]

III. O que Jesus fez naquele momento? (v.4, 5)

O que Jesus sabia e sentiu naquele momento, determinou a sua atitude. Olhando esses versículos entendemos que “a verdadeira história da Paixão já começou na última ceia de Jesus com seus discípulos. O lava-pés torna-se símbolo de toda a ação de Jesus em sua Paixão. Jesus demonstra que o verdadeiro amor não vive de palavras, mas atitude, e sua voz pode ser uma lágrima ou um brilho no olhar”.[6]

A atitude de Jesus ensina três lições: de um estilo de vida marcado pelo amor doador:

1. Primeira Lição: O amor doador é ação – só Jesus tomou a iniciativa de lavar os pés – v.4, 5a. (Mc 10.43-45)

2. Segunda Lição: O amor doador é humilde – “o amor de Jesus torna-se visível em sua ternura e ações de humildade”[7]. (v.4, 5 – Conf.: Fp 2.5-8)

3. Terceira Lição: O amor doador é altruísta – v.4, 5. Qual a recompensa de Jesus por lavar os pés dos seus discípulos? (Rm 5.8)

Concluindo

O discípulo de Jesus, que se torna discipulador, “precisa cultivar um amor doador, sendo altruísta, um amor que não procura seus interesses. Jesus amou os seus discípulos o tempo todo, embora soubesse que um deles era o traidor, outro o negaria e todos o abandonariam na cruz. O amor sempre esteve presente nos seus relacionamentos, palavras e atitudes, suportando, tolerando, perdoando e purificando”[8].

Antes de deixá-los, Jesus expressou o seu amor por eles de forma extraordinária e assim revelou para todas as gerações de cristãos que o fundamento de toda a vida de um discípulo dele, bem como o seu serviço no reino de Deus é o amor genuíno.




[1] Lima, Josadak. O Padrão do Mestre, AD Santos, 2012, p. 2.
[2] Ibid., p. 3.
[3] Casimiro, Arival Dias, Estudos Expositivos em João – Capítulo 12 a 21, 2011, p. 12.
[4] Josadak, p. 8.
[5] Ibid., p. 5.
[6] Ibid., p. 6.
[7] Ibid., p. 7.
[8] Ibid., p. 5.

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