quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Seguindo o exemplo do Mestre


João 13.12-17

Em nosso estudo anterior em João 13.6-11 vimos três lições ensinadas por Jesus aos seus doze discípulos sobre um coração ensinável: 1º) Procura aceitar os planos e ações de Deus, mesmo que muitas vezes não os compreenda de imediato (v.6, 7); 2º) Procura entender que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, para a salvação e manutenção desta (v.8, 9); e 3º) Procura reconhecer e submeter-se a Jesus, pois ele é o único que sabe realmente quem somos (v.10-11).

Hoje, em João 13.12-17, vamos ver o que Jesus quis dizer, quando afirmou, que o seu exemplo deveria ser seguido. Nosso tema é Seguindo o exemplo do Mestre.

Após lavar os pés dos discípulos como exemplo do seu amor doador e de ensiná-los sobre a disposição do coração que cada seguidor deve ter, Jesus, faz uma pergunta retórica: Compreendeis o que vos fiz? (v.12b) Com esta pergunta ele começa a ensiná-los sobre o que acabara de fazer.

“A pedagogia das perguntas de Jesus se constitui uma metodologia de ensino interessante”[1] e eficaz. As perguntas “são um dos métodos mais eficazes de ensino no contexto do discipulado”[2].

Mas, o texto chave aqui é o v.15 – Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Todo cristão, discípulo de Jesus, deve andar como ele andou. João em sua primeira carta diz: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. (1Jo 2.6)

Aqui nos vv.12-17, Jesus desafia seus discípulos com base no que ele mesmo tinha feito. Portanto, aquele que quer seguir o exemplo do seu Mestre, deve ter, no mínimo, quatro atitudes básicas que identificamos na passagem: 1ª) Atitude identificar necessidades e agir para supri-las (v.12); 2ª) Atitudeensinar pelo exemplo (v.13-15); 3ª) Atitude – reconhecer seu lugar na obra de Deus (v.16); e 4ª) Atitudeser feliz, mais pelo que faz do que pelo que sabe (v.17).

I. Primeira atitude – identificar necessidades e agir para supri-las (v.12)

Os discípulos de Jesus precisavam compreender o porquê de sua atitude! Sem essa compreensão eles não agiriam corretamente. Jesus sabia que eles tinham limitações na área do entendimento das coisas espirituais. Ao responder a sua própria pergunta, Jesus recorreu primeiro ao seu relacionamento com eles (Mestre, Senhor – v.13) e, em seguida, a seu exemplo (deveis lavar os pés uns dos outros – v.14b).[3]

Quais necessidades Jesus identificou e o que ele fez para supri-las?

1. Necessidades identificadas: Pés que precisavam ser lavados e falta de compreensão das coisas espirituais.

2. Iniciativas para suprimento: lavou os pés e usou esse serviço para ensino de verdades espirituais.

O discípulo aprende pelo preceito e pelo exemplo. Saber o que fazer na teoria não é tão difícil, mas praticar no contexto da igreja já não é tarefa fácil[4].

II. Segunda atitude – ensinar pelo exemplo (v.13-15)

O que mais influencia no aprendizado de um discípulo é a vida e personalidade do seu discipulador, que deve ser um crente exemplar. O cristão, como discípulo e discipulador, ensina através do que diz; mas ensina muito mais através do que faz, mas principalmente, através do que ele é.

O que Jesus fez foi exatamente isso, ele é Mestre e Senhor, mas com objetivos pedagógicos, lavou os pés dos seus discípulos. O que ele queria com isso? A resposta está nos vv.14b, 15 – ... vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.

Conferir as recomendações de Paulo –  1Co 4.6, 16; 11.1; Fp 3.17; 1Ts 1.6. 

III. Terceira atitude – reconhecer seu lugar na obra de Deus (v.16)

Jesus já havia dito quem era o Mestre e o Senhor e o que ele fazia. Agora, ele deixa claro para os seus discípulos que eles deveriam reconhecer os seus lugares na obra de Deus. Eles seriam os apóstolos do Senhor, não o Senhor!

Em Efésios 4.11-16 temos o esclarecimento necessário para o reconhecimento de nossa função na igreja, e, mais ainda, porque nos foi dado tal responsabilidade.

IV. Quarta atitude – ser feliz, mais pelo que faz do que pelo que sabe (v.17)

A palavra bem-aventurado vem de um adjetivo no grego que significa feliz ou aquele que desfruta da felicidade plena. Essa palavra tem como raiz um termo grego que significa ser feliz, mas não no sentido usual baseado em circunstâncias exteriores positivas.

Jesus usando a mesma raiz da palavra disse que esta felicidade é a alegria que ninguém pode tirar – João 16.22: Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.

Olhando as bem-aventuranças em Mateus 5.1-12, percebemos que quando Jesus fala em bem-aventurança, ele está oferecendo bênção e felicidade com base em um novo modo de vida. É o estilo de vida que distingue o crente de qualquer época. Esse ensino nos convida a um novo padrão de vida. A vontade dele aqui é que sejamos felizes. Por isso concede-nos princípios por meio dos quais podemos sê-lo. O que ele quer dizer é que se vivermos conforme os seus princípios seremos diferentes e felizes de verdade.

Concluindo

“Jesus havia dado uma demonstração prática de humildade. Agora ele afirma que esta virtude consiste numa obrigação permanente na comunidade do Reino, como um ato de honra de uns para com os outros”[5]. O cristão que segue o exemplo de Jesus e pratica a humildade em tudo o que faz, desfruta da felicidade oferecida por ele. O principio bíblico da felicidade duradoura está aqui! “O discípulo se realiza não por causa do sabe, mas por causa do que pratica”[6].

Que Deus nos ajude a seguirmos o exemplo do nosso Mestre e Senhor, Jesus, para que possamos na identificação da real necessidade dos nossos irmãos, agirmos para supri-las, sendo assim, um exemplo para eles. Reconhecendo também nossa função na obra de Deus e desfrutando de felicidade plena.

Pr. Walter Almeida Jr.


[1] Lima, Josadak. O Padrão do Mestre, AD Santos, 2012, p. 22.
[2] Ibid., p. 22.
[3] Carson, D. A. – Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 1584.
[4] Josadak, p. 25.
[5] Ibid., p. 22.
[6] Ibid., p. 23.

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