Em nosso estudo do Salmo 22 vimos que, ele mostra
ao leitor um grande contraste de sentimentos. O lamento caracteriza os seus
primeiros 21 versos, enquanto o louvor e a ação de graças descrevem os dez
últimos. O salmo tem uma aplicação imediata em Davi e, em última analise, no
descendente dele, aquele que estabeleceria o seu reino para sempre, o Messias –
Jesus!
Concluímos afirmando que nós também podemos
aprender a clamar a Deus (1-8; 11-18), a encontrar consolo e segurança no que é
verdadeiro a nosso respeito (9) e no que aprendemos da verdade (10), e a
encarar o futuro com confiança (22-31), porque Deus se mostrará fiel. Toda a
gama de situações pelas quais passamos está aqui: desolação, hostilidade, dor,
morte – pois ele (Jesus) foi provado de todas as formas, como nós somos (Hb
4.15).[1]
Hoje, vamos estudar o Salmo 23, que “é um
testemunho de Davi a respeito da fidelidade do Senhor ao longo de toda a sua
vida. Como um hino de confiança, o salmo retrata o Senhor como pastor e rei de
um discípulo”[2].
Encontramos as referências messiânicas diretas e as repetições no NT que o
identificam como Salmo Messiânico “em João 10, onde Jesus fala duas vezes de Si
mesmo: Eu sou o bom pastor (vv.11-18)”[3].
Temos também como referências ou citações Hebreus 13.20; 1Pedro 2.25; 5.4.
O
texto hebraico do Salmo 23 contém apenas cinquenta e cinco palavras;
"nossas modernas traduções ocidentais utilizam duas vezes este número.
Todavia, mesmo ao se traduzir, a economia patente no hebraico original não é
desperdiçada... A poesia hebraica é uma linguagem de expressão vívida... O
poeta hebreu ajuda-nos a ver, a ouvir, a sentir. As sensações físicas estão
frescas e vivas... O poeta pensa imaginando quadros, e estes quadros são
tirados do âmbito da vida diária, comum a todos os homens”.[4]
O triplo testemunho, nada me faltará (1), não
temerei mal nenhum (4) e habitarei
(6), resume o salmo, dividindo-o em três partes: a ovelha e o Pastor (1-3), o
viajante e o Companheiro (4), o convidado e o Anfitrião (5, 6), respectivamente
ensinando a providência de Deus, indicando situações que ocorrem na vida, sua proteção
ao longo do transcurso da vida e sua provisão agora e sempre.[5]
I. A ovelha
e o Pastor – vv.1-3 – “nada me faltará”
1. v.1 – Davi usa a figura do
pastor para falar do Senhor – seu cuidado, sua supervisão e sua provisão. Ele
mesmo era um pastor experiente e sabia quais era as atribuições de um pastor de
ovelhas – 1 Samuel 17.34-36.
a. A palavra hebraica usada aqui para pastor aparece oito vezes nos
salmos – Sl 23.1; 28.9; 37.3; 49.14;
78.71, 72; 80.1, 13.
b. As palavras ‘não faltará’ englobam
“tudo o que pode ser de um bom objetivo e desejo, quer temporal ou espiritual,
quer relativo ao corpo ou a alma; quer faça referência ao tempo ou a eternidade”.[6]
Esta
é mensagem principal do salmo que Davi quer passar e é derivada do fato de que
Deus é um pastor. “O significado é que, como um pastor, ele faria tudo o que
fosse preciso e estaria à disposição para o seu rebanho, demonstrando toda a
atenção adequada a ele”[7]. O que o
salmista expressa é que Deus lhe dará tudo o que for preciso para sempre.
2. v.2, 3 – Aqui temos duas atividades que caracterizam o
Senhor como pastor:
1ª) Provisão do sustento físico
diário – v.2 – alimento e hidratação!
2ª) Provisão do sustento psíquico e
espiritual diário – v.3 – refrigério
e justiça.
Isto
tudo pela sua graça seguida pela “base absoluta para a sua bondade, ou seja,
por amor do seu nome”[8] – Sl
25.11; 31.3; 106.8; Is 43.25; 48.9; Ez 36.22-36.
II. O viajante
e o Companheiro – v.4 – “não temerei mal
nenhum”
O
vale da sombra da morte era um vale que existia na palestina, e ia de Jerusalém
ao Mar Morto. Era uma trilha estreita e perigosa que cortava as montanhas.
Sendo um caminho árduo seria muito fácil uma ovelha precipitar-se ribanceira
abaixo. Tu neste ponto de perigo toma
o lugar de 'ele', pois o pastor não
está adiantado nem atrasado, para guiar, mas ao lado para escoltar. Em tempos
de perigo o companheirismo é bom; e Ele está armado.[9]
A
presença do pastor é suficiente para afastar o medo. Munido com sue bordão e
seu cajado ele está pronto para guiá-las e defendê-las. Com o bordão, um bastão
de madeira, manterá longe os inimigos, com o cajado, um pedaço longo de madeira
com a extremidade superior arqueada, ele as guiará pelo caminho. O cajado é
usado também para a correção e disciplina; e por incrível que pareça a correção
serve de consolo para a ovelha.
Quando
a situação ficar difícil, beirando a morte, aquele que confia não teme. Tem
experiência do cuidado divino, sabe de sua companhia constante. Seu consolo vem
do bordão (disciplina) e do cuidado (cajado). Deus cuida e ensina. Cuidado e
disciplina caminham juntos.[10]
III. O convidado
e o Anfitrião – vv. 5, 6 – “e habitarei”
1. v.5a – O salmista sabia que a providência do Senhor é
maior que os seus inimigos, e que Ele tem tudo preparado.
2. v.5b – Era costume no antigo oriente, no meio da refeição, o
anfitrião ungir a cabeça do convidado de honra, com uma gota de óleo perfumado.
O óleo também simboliza o Espírito Santo. O Senhor ungiu e perfumou os cristãos
com o seu Espírito Santo.
3. v.5c – Durante a refeição, de uma maneira geral, o cálice simbolizava
a alegria. E a presença do Espírito Santo, traz uma alegria que transborda na
vida cristã.
4. v.6a – O verbo seguir
tem aqui o mesmo sentido, no hebraico, da palavra utilizada para descrever o ato de caçar de um animal selvagem.
Quando o Senhor é o Pastor, ao invés dos crentes serem perseguidos por feras
selvagens, são seguidos pela bondade e pela misericórdia, que descrevem o amor
leal de Deus.
5. v.6b – O salmista deixa claro que, mais do que uma
promessa terrena e material, esta palavra também é uma profecia do Reino eterno
do Messias, nosso Senhor Jesus, em cuja presença os crentes estarão para
sempre, usufruindo das suas promessas e de suas bênçãos, vivendo eternamente
com Ele.
Concluindo
Os
poucos versículos que compõem este Salmo, se apagados, deixariam um pequenino
branco nas páginas de nossa Bíblia. Contudo, se os sentimentos nele expressados
fossem apagados da vida, eles deixariam um buraco sem fundo no coração
humano. O coração faminto não encontraria alimento; o coração perdido,
nenhuma orientação; e o coração moribundo, nenhuma esperança.
Afortunadamente, ele não foi apagado e cada homem que conhece o Senhor como
Pastor, não sentirá falta de nada. Tracemos a tese do Salmo, "O Senhor é o meu pastor, nada me
faltará", através da tríplice ênfase do contexto.[11]
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 14/04/13
[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
2009, p. 756.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 696.
[3] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010,
p. 67.
[4] An Introduction to the Revised Standard Version of the Old
Testament, 1952, pp. 63, 64.
[5] Carson, p.757.
[6]
http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2009/04/comentario-biblico-online-salmos-11.html
[7] Ibid.
[8] MacArthur, p. 696.
[9]
http://www.jabesmar.com.br/edificacao/4-a-mensagem-do-salmo-23.html
[10]
http://www.isaltino.com.br/2011/07/estudo-biblico-no-salmo-23/
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