segunda-feira, 15 de abril de 2013

A ovelha e o Pastor, o viajante e o Companheiro, o convidado e o Anfitrião


Salmo 23

Em nosso estudo do Salmo 22 vimos que, ele mostra ao leitor um grande contraste de sentimentos. O lamento caracteriza os seus primeiros 21 versos, enquanto o louvor e a ação de graças descrevem os dez últimos. O salmo tem uma aplicação imediata em Davi e, em última analise, no descendente dele, aquele que estabeleceria o seu reino para sempre, o Messias – Jesus!

Concluímos afirmando que nós também podemos aprender a clamar a Deus (1-8; 11-18), a encontrar consolo e segurança no que é verdadeiro a nosso respeito (9) e no que aprendemos da verdade (10), e a encarar o futuro com confiança (22-31), porque Deus se mostrará fiel. Toda a gama de situações pelas quais passamos está aqui: desolação, hostilidade, dor, morte – pois ele (Jesus) foi provado de todas as formas, como nós somos (Hb 4.15).[1]

Hoje, vamos estudar o Salmo 23, que “é um testemunho de Davi a respeito da fidelidade do Senhor ao longo de toda a sua vida. Como um hino de confiança, o salmo retrata o Senhor como pastor e rei de um discípulo”[2].

Encontramos as referências messiânicas diretas e as repetições no NT que o identificam como Salmo Messiânico “em João 10, onde Jesus fala duas vezes de Si mesmo: Eu sou o bom pastor (vv.11-18)”[3]. Temos também como referências ou citações Hebreus 13.20; 1Pedro 2.25; 5.4.

O texto hebraico do Salmo 23 contém apenas cinquenta e cinco palavras; "nossas modernas traduções ocidentais utilizam duas vezes este número. Todavia, mesmo ao se traduzir, a economia patente no hebraico original não é desperdiçada... A poesia hebraica é uma linguagem de expressão vívida... O poeta hebreu ajuda-nos a ver, a ouvir, a sentir. As sensações físicas estão frescas e vivas... O poeta pensa imaginando quadros, e estes quadros são tirados do âmbito da vida diária, comum a todos os homens”.[4]

O triplo testemunho, nada me faltará (1), não temerei mal nenhum (4) e habitarei (6), resume o salmo, dividindo-o em três partes: a ovelha e o Pastor (1-3), o viajante e o Companheiro (4), o convidado e o Anfitrião (5, 6), respectivamente ensinando a providência de Deus, indicando situações que ocorrem na vida, sua proteção ao longo do transcurso da vida e sua provisão agora e sempre.[5]

I. A ovelha e o Pastor – vv.1-3 – “nada me faltará

1. v.1 – Davi usa a figura do pastor para falar do Senhor – seu cuidado, sua supervisão e sua provisão. Ele mesmo era um pastor experiente e sabia quais era as atribuições de um pastor de ovelhas – 1 Samuel 17.34-36.

a. A palavra hebraica usada aqui para pastor aparece oito vezes nos salmos –  Sl 23.1; 28.9; 37.3; 49.14; 78.71, 72; 80.1, 13.

b. As palavras ‘não faltará’ englobam “tudo o que pode ser de um bom objetivo e desejo, quer temporal ou espiritual, quer relativo ao corpo ou a alma; quer faça referência ao tempo ou a eternidade”.[6]

Esta é mensagem principal do salmo que Davi quer passar e é derivada do fato de que Deus é um pastor. “O significado é que, como um pastor, ele faria tudo o que fosse preciso e estaria à disposição para o seu rebanho, demonstrando toda a atenção adequada a ele”[7]. O que o salmista expressa é que Deus lhe dará tudo o que for preciso para sempre.

2. v.2, 3 – Aqui temos duas atividades que caracterizam o Senhor como pastor:

1ª) Provisão do sustento físico diário – v.2 – alimento e hidratação!
2ª) Provisão do sustento psíquico e espiritual diário – v.3 – refrigério e justiça.

Isto tudo pela sua graça seguida pela “base absoluta para a sua bondade, ou seja, por amor do seu nome”[8] – Sl 25.11; 31.3; 106.8; Is 43.25; 48.9; Ez 36.22-36.

II. O viajante e o Companheiro – v.4 – “não temerei mal nenhum

O vale da sombra da morte era um vale que existia na palestina, e ia de Jerusalém ao Mar Morto. Era uma trilha estreita e perigosa que cortava as montanhas. Sendo um caminho árduo seria muito fácil uma ovelha precipitar-se ribanceira abaixo. Tu neste ponto de perigo toma o lugar de 'ele', pois o pastor não está adiantado nem atrasado, para guiar, mas ao lado para escoltar. Em tempos de perigo o companheirismo é bom; e Ele está armado.[9]

A presença do pastor é suficiente para afastar o medo. Munido com sue bordão e seu cajado ele está pronto para guiá-las e defendê-las. Com o bordão, um bastão de madeira, manterá longe os inimigos, com o cajado, um pedaço longo de madeira com a extremidade superior arqueada, ele as guiará pelo caminho. O cajado é usado também para a correção e disciplina; e por incrível que pareça a correção serve de consolo para a ovelha.

Quando a situação ficar difícil, beirando a morte, aquele que confia não teme. Tem experiência do cuidado divino, sabe de sua companhia constante. Seu consolo vem do bordão (disciplina) e do cuidado (cajado). Deus cuida e ensina. Cuidado e disciplina caminham juntos.[10]

III. O convidado e o Anfitrião – vv. 5, 6 – “e habitarei”

1. v.5a – O salmista sabia que a providência do Senhor é maior que os seus inimigos, e que Ele tem tudo preparado.

2. v.5b – Era costume no antigo oriente, no meio da refeição, o anfitrião ungir a cabeça do convidado de honra, com uma gota de óleo perfumado. O óleo também simboliza o Espírito Santo. O Senhor ungiu e perfumou os cristãos com o seu Espírito Santo.

3. v.5c – Durante a refeição, de uma maneira geral, o cálice simbolizava a alegria. E a presença do Espírito Santo, traz uma alegria que transborda na vida cristã.

4. v.6a – O verbo seguir tem aqui o mesmo sentido, no hebraico, da palavra utilizada para descrever o ato de caçar de um animal selvagem. Quando o Senhor é o Pastor, ao invés dos crentes serem perseguidos por feras selvagens, são seguidos pela bondade e pela misericórdia, que descrevem o amor leal de Deus.

5. v.6b – O salmista deixa claro que, mais do que uma promessa terrena e material, esta palavra também é uma profecia do Reino eterno do Messias, nosso Senhor Jesus, em cuja presença os crentes estarão para sempre, usufruindo das suas promessas e de suas bênçãos, vivendo eternamente com Ele.

Concluindo

Os poucos versículos que compõem este Salmo, se apagados, deixariam um pequenino branco nas páginas de nossa Bíblia. Contudo, se os sentimentos nele expressados fossem apagados da vida, eles deixariam um buraco sem fundo no coração humano.  O coração faminto não encontraria alimento; o coração perdido, nenhuma orientação; e o coração moribundo, nenhuma esperança.  Afortunadamente, ele não foi apagado e cada homem que conhece o Senhor como Pastor, não sentirá falta de nada.  Tracemos a tese do Salmo, "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará", através da tríplice ênfase do contexto.[11]

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 14/04/13


[1] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 756.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 696.
[3] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 67.
[4] An Introduction to the Revised Standard Version of the Old Testament, 1952, pp. 63, 64.

[5] Carson, p.757.
[6] http://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2009/04/comentario-biblico-online-salmos-11.html
[7] Ibid.
[8] MacArthur, p. 696.
[9] http://www.jabesmar.com.br/edificacao/4-a-mensagem-do-salmo-23.html
[10] http://www.isaltino.com.br/2011/07/estudo-biblico-no-salmo-23/

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