Jonas 2
Introdução
Em
nossa exposição do capítulo
1, vimos que ele ensina que Deus é
persistente – Ele não abandonou o
profeta Jonas, mas continuou a tratar dele e a disciplina-lo, apesar de sua
desobediência. E ele faz o mesmo conosco hoje. Vimos, inda, durante o
estudo:
ü Que o nosso propósito ao estudar a
Palavra de Deus, não deve ser encontrar algo para nós, mas sim descobrir algo
sobre Deus.
ü O grande peixe não é o personagem
principal do livro, nem mesmo Jonas; Deus é.
ü Deus é o Senhor não apenas de Israel,
mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre,
sempre, no final. Os homens não podem criar-lhe obstáculos nem frustrá-lo. Sua
graça é para todo o mundo.
ü O peixe só é citado duas vezes no
livro enquanto Deus é quem ordena a Jonas a ir a Nínive.
ü Deus é quem manda uma tempestade atrás
de Jonas.
ü Deus é quem manda o peixe engolir
Jonas e depois vomitá-lo.
ü Deus é quem novamente comissiona Jonas
a pregar em Nínive.
ü Deus é quem perdoa os habitantes de
Nínive e exorta o profeta emburrado.
ü Nessa mesma linha de pensamento
Vincent Mora diz: “Este peixe, que foi
obsessão para a imaginação judaica e cristã não é o centro da narrativa. Não
passa do instrumento providencial que traz Jonas de volta a seu ponto de
partida”.
Agora
vamos ver o capítulo 2, que
ensina que Deus está presente – mesmo se for na barriga de um grande peixe.
Ele está conosco em todas as situações e pronto para ouvir-nos quando orarmos.
Este
capítulo descreve a experiência do profeta e atribui a sua salvação a Deus.
Observe o contraste desta experiência e da atitude de Jonas. Ele que não orou para decidir o que fazer – 1.3;
que não orou quando veio a tempestade – 1.4; que não orou quando
todos invocavam seus deuses – 1.5;
que não orou quando a verdade sobre a sua
fuga se tornou pública – 1.10, 11;
que não orou quando os marinheiros oravam
– 1.14; e que estando no navio, se recusava a levantar-se e invocar o nome de
seu Deus (1.6), agora se sentia constrangido a orar ao Senhor seu Deus, do ventre do
peixe (2.1).
Outra
coisa para entendermos aqui é que a
oração do profeta foi transformada em um Salmo de ação de graças, isto é, um cântico de louvor a Deus pela sua
salvação. Jonas após a sua libertação do ventre do peixe transformou sua
oração em um cântico. Isto é muito típico das narrativas do Antigo Testamento,
um Salmo de ação de graças e celebração pela libertação e misericórdia do
Senhor.
Desse
fato da vida do profeta aprendemos que: 1º)
Deus está presente mesmo em situações extremamente desesperadoras; 2º) Deus
está presente quando oramos não importa onde e; 3º) Deus está presente e
entende nossas atitudes.
I. Deus está presente mesmo em
situações extremamente desesperadoras – vv.1, 2
1. v.1a – ventre do peixe – Jonas
estava dentro de um grande peixe. Cientificamente só existe um tipo de animal
marinho que poderia engolir Jonas inteiro e ele ainda ficar vivo, é a baleia do
tipo “cachalote” encontrada no Mediterrâneo. Esse tipo não tem a
garganta estreita como as outras baleias normais.
2. v.1b – orou ao Senhor, seu Deus
– a estrutura literária da oração do profeta é típica de um Salmo de ações de
graças:
ð Petição por livramento – v.2
ð Exposição do problema – v.3-6
ð Descrição da libertação – v.6, 7
ð Louvor pela libertação – v.8, 9
3. v.2a – na minha angustia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu – Pense um pouco na angustia, no
desespero do profeta quando abriu os olhos e se viu dentro da barriga de um
peixe.
ð Salmo
120.1, 2 – Na
minha angústia clamei ao SENHOR, e me ouviu. SENHOR, livra a minha alma dos
lábios mentirosos e da língua enganadora.
ð Salmo 118.5, 6 – Invoquei o SENHOR na angústia; o SENHOR
me ouviu, e me tirou para um lugar largo. O SENHOR está comigo;
não temerei o que me pode fazer o homem.
ð Lamentações
3.55-57 – Invoquei o teu nome, SENHOR, desde a mais profunda masmorra. Ouviste a
minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor. Tu te
aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.
4. v.2b – do ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz – aqui temos um caso típico do
paralelismo da poesia hebraica. Vamos comparar a primeira parte deste verso com
a sua segunda parte.
ð ventre do abismo – observe a diferença entre ventre do
peixe e ventre do abismo. A palavra hebraica usada para ventre do abismo é sheol
e significa lugar dos mortos ou inferno, pois era o lugar para onde iam as
pessoas sem Deus, consideradas sem comunhão com Deus no Antigo Testamento. Pode
também significar sepultura nas profundezas do mar.
ð tu me ouviste a voz – O profeta enfatiza a presença de
Deus naquele lugar de angustia, a ponto de ouvir sua voz.
Não
importa onde você e eu estejamos se somos salvos, filhos de Deus, ele está
conosco – Mateus 28.20b; Salmo 139.1-10;
Hebreus 13.5.
II. Deus está presente quando oramos
não importa onde – vv.3-8
1. Escute e leia na Bíblia como Jonas descreve o lugar onde
ele estava:
ð v.3 – no profundo, no coração dos mares
ð v.4 – lançado estou de diante de teus
olhos
ð v.5 – o abismo me rodeou
ð v.6 – desci até aos fundamentos dos mares
Podemos entender
claramente que o sofrimento de Jonas era resultado da disciplina divina sobre a
sua desobediência! Deus ama os seus filhos e os disciplina corretivamente – Hebreus 12.4-13.
2. Jonas tinha pavor da morte e ainda mais quando estava em
desobediência, pois morrer sem comunhão com Deus no Antigo Testamento
significava separação eterna da presença de Deus – Salmo 88.4, 5, 10-12.
ð vv.4, 5 – Estou contado com aqueles que descem ao
abismo; estou como homem sem forças, Livre entre os mortos, como os feridos de
morte que jazem na sepultura, dos quais te não lembras mais, e estão cortados
da tua mão.
ð vv.10-12 – Mostrarás, tu, maravilhas aos mortos,
ou os mortos se levantarão e te louvarão? (Selá.) Será anunciada a tua
benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição? Saber-se-ão as tuas
maravilhas nas trevas, e a tua justiça na terra do esquecimento?
3. Jonas lembra do templo de Deus – sinal de sua presença entre o povo – v.4b. A pior coisa na vida de um crente em Cristo é lembrar-se do que fez e
do que não faz mais para o Senhor por pura desobediência, como a de Jonas.
4. v.6b – fizeste subir da sepultura a
minha vida – Sepultura aqui é usada aqui para descrever o domínio da
morte. Aqui vemos também a misericórdia divina em restaurar Jonas à comunhão de
Deus.
5. vv.7, 8 – Estes
dois versos mostram à resposta de Deus a oração de Jonas e o contrataste entre
a idolatria vã e a fé genuína no Deus Vivo e Verdadeiro.
III. Deus está presente e entende nossas
atitudes – vv.9, 10
1. v.9a – com voz do agradecimento
– Um arrependimento sincero vem sempre acompanhado de ação de graças.
2. v.9b – eu te oferecerei sacrifícios – Na época de Jonas os sacrifícios eram de animais, hoje
o sacrifício que Deus exige é o de Cristo já feito na cruz. Temos apenas que
viver a nossa fé em obediência ao ensino de Jesus Cristo.
3. v.9c – o que votei pagarei –
Na época de Jonas o povo de Deus fazia votos ou juramentos, hoje não
necessitamos mais de fazer votos ou juramentos, temos apenas que viver o ensino
de Jesus em Mateus 5.33-37.
4. v.9d – Ao Senhor pertence a salvação! – O profeta agora reconhece que só Deus é que salva. É
interessante observarmos aqui o que acontece quando Deus leva o homem à
salvação:
ð Jonas – da
desobediência ao arrependimento.
ð Ninivitas – os
levará da idolatria à fé – Jonas
3.5-10.
ð Homens
de hoje – soberanamente, Deus, os leva ao
arrependimento e a fé – Atos 11.17,
18.
5. v.10 – Este texto mais uma vez mostra a
criação respondendo com obediência às ordens soberanas de Deus. Esta é a quarta
vez que aparece este tipo de acontecimento no livro de Jonas – Jonas 1.4, 15, 17.
O
comentário de rodapé da Bíblia de Estudo de Genebra diz o seguinte sobre este
texto: “O peixe, que poderia ter sido a
arma de Deus para a morte do profeta, pela graça se tornou em instrumento de
libertação”.
Conclusão
1º) Deus está presente mesmo em situações extremamente
desesperadoras.
2º) Deus está presente quando oramos não importa onde.
3º) Deus está presente e entende nossas atitudes.
Pr. Walter Almeida Junior
IBLAJP – 09/04/2017
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