segunda-feira, 8 de maio de 2017

Série: Livro de Jonas – Deus é persistente

Jonas 1

Introdução

O livro do profeta Jonas faz parte da Bíblia do Antigo Testamento e está entre a categoria de livros proféticos. Há dois tipos de livros proféticos no AT: 1) Os Profetas Maiores (5) – Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel; 2) Profetas Menores (12) – Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Este livro recebe o nome de seu personagem principal, Jonas, que quer dizer “pombo”, de quem o livro diz que é filho de Amitai – v.1. Nada se sabe a respeito de sua família e no AT Jonas só é mencionado outra vez em 2 Reis 14.24-28. De acordo com este texto, uma profecia, entende-se que Jonas exerceu seu ministério no Reino do Norte de Israel, durante o reinado de Jeroboão II, entre 793-753 a.C. Os acontecimentos registrados no livro datam de 750 a.C.

O profeta Jonas é muito falado e conhecido, isto, pelo fato de Jesus o tê-lo citado, e o citando, reafirmou que a sua vida e ministério foram um fato histórico – Mateus 12.39-41.

Jonas pode ser estudado de diversos pontos de vista: 1) Biográfico – traçando um perfil do profeta; 2) Histórico – enfatizando os fatos e sua contribuição histórica para o povo de Israelita; 3) Textual – observando-se a narrativa em seqüência lógica e cronológica.

Geralmente quando estudamos um livro da Bíblia, esperamos uma promessa de Deus para a nossa vida. Mas o nosso propósito ao estudar a Palavra de Deus, não deve ser encontrar algo para nós, mas sim descobrir algo sobre Deus. Esse algo sobre Deus pode ser: 1º) Uma verdade antiga que nos volta como novidade; 2º) Uma verdade nova que nunca vimos antes; ou 3º) Uma verdade que precisamos ver e entender mais claramente.

Um bom livro para estudar deste ponto de vista é o livro do profeta Jonas. Observe as respostas às seguintes perguntas: Porque este livro está na Bíblia? Qual o propósito deste livro? As respostas: (1ª) Por que foi inspirado por Deus; e (2ª) Ensinar-nos sobre a Pessoa de Deus, mostra-nos como nós somos e o que Deus quer que sejamos. Muitas vezes lemos, pregamos e ensinamos sobre esse livro como um livro sobre Jonas e sobre nós mesmos. Mas, esse livro, é primeiramente um livro sobre Deus. O que ele ensina sobre Deus em cada capítulo?

1) No capítulo 1 ensina que Deus é persistente – Ele não nos abandona, mas continua a tratar de nós e a nos disciplinar apesar da nossa desobediência.

2) No capítulo 2 ensina que Deus está presente – mesmo se for na barriga de um grande peixe. Ele está conosco em nossas dificuldades e pronto para ouvir-nos quando orarmos.

3) No capítulo 3 ensina que Deus é poderoso – o arrependimento e a conversão de toda a cidade de Nínive é uma manifestação tremenda do poder de Deus. Podemos confiar completamente nEle para realizar os seus propósitos.

4) No capítulo 4 ensina que Deus é paciente – quando Jonas ficou irado e sentou-se mal humorado fora da cidade de Nínive, porque Deus a perdoara, Ele não o castigou. Mas ele explicou gentilmente o que tinha feito. É maravilhoso ver como Deus é paciente conosco em todas as situações da nossa vida!

A persistência, a presença, o poder e a paciência de Deus são, portanto, atributos divinos que encontramos nós quatro capítulos de Jonas, um em cada capítulo em particular.

Na sua revelação escrita ao homem, a Bíblia, Deus revela o seu Ser através de seus atributos. Atributos são qualidades, propriedades, virtudes ou características.

Os atributos de Deus revelam não somente quem e como ele é, mas também como ele se relaciona conosco. Os atributos divinos são essenciais a ele. Nós, seres humanos, podemos perder alguns atributos e continuarmos a sermos seres humanos, mas com Deus não é assim, sem seus atributos, Deus deixaria de ser quem e como ele é! Porque, na verdade, Deus não apenas têm seus atributos, ele é seus atributos! Escute o que diz a Bíblia:

1 João 4.8 – Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Deus não tem apenas amor, ele é o amor! Assim também é com todos os outros atributos inerentes à sua natureza.

Uma coisa tem que ficar clara para nós sobre os atributos de Deus: nenhuma classificação feita pelo homem será perfeita e completa quando se trata de atributos divinos. Deus sempre excederá nossos esforços para compreendê-lo e descrevê-lo. Escute o que diz os seguintes textos:

ð Eclesiastes 3.11 – Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.

ð Romanos 11.33, 34 – Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?

ð Jó 36.26 – Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender; o número dos seus anos não se pode calcular.

ð Isaías 40.28 – Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento.

Mas, apesar de saber que nossa classificação dos atributos divinos é imperfeita e incompleta, não há dúvida de que ela nos ajuda a entender melhor o nosso grande Deus! E as Escrituras Sagradas nos estimulam a buscar esse conhecimento:

ð Daniel 11.32 – ... mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo.

ð Oséias 6.3 – Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR...

Conhecer a natureza e os atributos de Deus é o primeiro passo para termos um relacionamento mais rico e frutífero com ele. Essa, certamente tem sido a experiência de muitos cristãos em todas as épocas e lugares.

Hoje, no primeiro capítulo de Jonas, surge uma pergunta: Você sabe o que Deus quer que você saiba sobre ele? Você sabe o que Deus quer que você saiba? Creio, que além de muitas outras coisas, Ele, Deus, quer que você saiba que ele é persistente. Isso veremos ao observar a persistência divina ao lidar com o profeta.

O dicionário Aurélio define a persistência como a qualidade ou ato de ser persistente; perseverança, constância, pertinácia. Então, uma pessoa persistente é pertinaz, contumaz, constante. E isso é ser constante, perseverar, continuar, prosseguir, insistir.

Então, nosso tema de hoje é:

Deus é persistente – ele não nos abandona, mas continua a tratar e a disciplinar o ser humano, apesar da sua desobediência!

I. Deus é persistente – Ele mantém o seu chamado – vv.1, 2 (Deus não é como nós)
A persistência de Deus está aqui implícita no fato de que ele não desiste
daquele que ele elegeu e chamou com um propósito especifico!

1. v.1 – Veio a Palavra do Senhor a Jonas...
  1. Esta expressão – veio a palavra do Senhor – aparece 112 vazes no AT para descrever a revelação de uma mensagem divina ao profeta. Mas, revelava também o chamado de Deus para o profeta.

2. v.2 – O chamado de Deus é claro – ele sempre diz porque, quando, o que e onde!
Deus diz o que não esperamos que ele diga! Ele fala do jeito dele!

a.    v.2a – ...vai a grande cidade de Nínive... – O desafio do chamado era complicado para Jonas, pelo fato de Nínive ser a capital do reino da Assíria, que considerava Israel (e também Judá) como estado vassalo. Uma representação dessa subserviência era o obelisco, em pedra negra (pode ser visto hoje no Museu Britânico, em Londres), que documentava as vitórias do rei assírio Salmaneser III (859- 823 a.C.), onde aparece Jeú, rei de Israel (2Re 9 e 10), pagando tributo (provavelmente para tentar evitar uma invasão assíria). Nos dias de Jeú também, os limites de Israel foram diminuídos através da ação direta de Hazael, rei da Síria, após ter sido derrotado pelos assírios (2Re 10.32). Jonas tinha conhecimento de tudo isso, e era participante direto desse contexto conturbado.

b.   v.2b – ... clama contra ela... – Jonas tinha a tarefa de clamar contra os pecados da cidade. A ‘malícia’, aqui citada, é semelhante ao pecado de Sodoma e Gomorra, e pode ser ampliada e especificada como: homossexualismo, injustiça, adultério, mentira, incitamento à maldade, orgulho, vida fácil, despreocupação com os pobres, conforme os textos de: Is 1.10-17; Is 3.9; Jr 23.14; Ez 16.49; Gn 19.5. Diante de todo esse panorama, bem conhecido de Jonas, não era razoável levar nenhuma mensagem de Deus como alerta àquele povo terrível. Melhor seria aguardar a sentença de Deus, a mesma que veio sobre Sodoma e Gomorra: Uma bem-vinda destruição!

c.    Mesmo sendo Jonas rebelde ao chamado de Deus, Ele não desistiu dele. Isto aconteceu com profetas contemporâneos de Jonas e vemos isso em toda a Bíblia, e em nossa própria experiência hoje!

d.   Um exemplo de chamado divino Jeremias 1.1-10.
Por um lado, Deus requeria a disposição de Jonas para ir à Nínive. De outro lado, Jonas efetivou sua disposição em desenvolver um projeto alternativo bem elaborado, mas completamente diferente do que Deus havia requerido dele: “Jonas se dispôs,..” (Jn 1.3a). A sua ideologia excessivamente nacionalista e xenófoba, como a da maioria do povo de Israel de seu tempo, fez com que se iniciasse na vida de Jonas uma seqüência de movimentos descendentes que culminaram no fundo dos “... fundamentos dos montes,” (Jn 2.6): Desceu a Jope, desceu ao porto, desceu ao porão do navio, mergulhou em sono profundo, desceu às profundezas do mar... .Em todo esse processo descendente, o seu projeto se mostrava mais glamoroso e aceitável do que o enfrentamento da dura realidade de ir a Nínive, embora não fosse fácil, tranqüilo nem barato. Investiu tudo nele, assumindo plenamente o comando de sua vida. Társis era como um eldorado. Situada, provavelmente, no extremo oeste do mar mediterrâneo, na costa sul da atual Espanha, representava o sonho de uma aventura maravilhosa, um lugar exótico, com o encanto do desconhecido. Nas referências bíblicas que mencionam Társis, destacamos 1Re 10.22 que relata as idas da frota de Salomão a Társis, para trazer ouro, prata, marfim, macacos e pavões. Um lugar assim era muito mais atrativo do que a problemática Nínive, e garantia, na ilusão de Jonas, uma distancia ‘segura’ da presença de Deus.

3. O chamado de Jonas nos faz refletir sobre Eleição e chamado que são dois momentos dentro do processo da salvação. Eleição é a determinação de Deus em salvar uma pessoa, o que se deu na eternidade, e o chamado é o momento em que o Espírito Santo toca sua vida gerando arrependimento, fé e aceitação do evangelho.

a.    Tomar consciência do chamado significa: 1) Reconhecer o poder de Deus que opera em nossa vida; 2) Reconhecer que o Senhor Jesus foi dado à igreja a fim de que ela proclame seu senhorio ao mundo.

b.   A nossa prática cristã deve ser condizente com o chamado que recebemos do Senhor Jesus. Nesse sentido nosso chamado desenvolve-se em duas direções: 1) Nas nossas relações comunitárias, e; 2) Em nossa vida no mundo.

II. Deus é Persistente – Ele treina o seu chamado – v.3-16 (Deus reina)

1. v.3 – Jonas tenta escapar de sua responsabilidade e revela outro atributo divino – onipresença.

a.    Fugir seria impossível, veja o que diz o Salmo 139.9.

b.   Engraçado é que quando queremos fugir de nossa responsabilidade, arcamos com todos os custos e conseqüências da nossa escolha – v.3b “... pagou, pois, a sua passagem e embarcou...

2. v.4-16 – Deus aproveita a oportunidade e começa um treinamento especial com Jonas:

a.    v.4 – Deus mostra quem manda e age como o Criador e Sustentador.

b.   v.5, 6 – Quando Deus age é revelada a pecaminosidade humana e também o descaso de Jonas.

c.    v.7 – Deus se mostra o Senhor da história – ele conduz todas as coisas. 

d.   v.8-11 – Jonas um profeta de Deus, agora tem que confessar sua rebeldia diante de ímpios – tem que aprender o que é humildade e submissão a vontade de Deus.

Quando Jonas cai em si, após ter sido apontado como responsável por tudo aquilo, perguntado pela tripulação, ele faz a primeira proclamação acerca de Deus e de sua relação com Ele. Um ‘sermão’ de 17 palavras foi suficiente para provocar o início da transformação das vidas dos marinheiros! A partir daí vemos aqueles homens tentando encontrar saídas para a situação, mas reconhecendo agora, pelas próprias declarações de Jonas, que não tinham muitas alternativas.

a. v.12 – O profeta agora começa a agir como um servo de Deus e oferece a sua vida pela dos pecadores.

b. v.13 – Aqueles ímpios ensinam a Jonas que Deus é o Senhor da vida e da morte!

c. v.14-16 – Mesmo seu testemunho sendo muito difícil, Jonas consegue alcançar aqueles marinheiros! Escute a oração deles e a sua atitude diante de Deus após a tempestade se acalmar.

A segunda proclamação de Jonas na sua missão em fuga revela um sentimento de frustração e derrota, reconhecendo que para ele não tinha mais saída, era o fim, e plenamente merecido. Em resposta ao segundo e último ‘sermão’ de Jonas na missão em fuga, agora com 22 palavras, os marinheiros tiveram suas vidas plenamente transformadas, como fica claro pelas atitudes deles em oração, ação e adoração
(Jn 1.11-16).

Uma coisa interessante que observamos, ainda, na vida do profeta Jonas é que ele é o tipo de crente que só ora em extrema necessidade. Dê uma olhada comigo no texto: 1) não orou para decidir o que fazer – v.3; 2) não orou quando veio a tempestade – v.4; 3) não orou quando todos invocavam seus deuses – v.5; 4) não orou quando a verdade sobre a sua fuga se tornou pública – v.10, 11; 5) não orou quando os marinheiros oravam – v.14.

Jonas aprendeu uma lição interessante aqui: Mesmo sem ele querer ele estava fazendo o que iria fazer em Nínive, porque o Deus que não desiste, o estava treinando para uma tarefa muito maior!

Quatro lições importantes aqui: 1ª) Deus opera onde não esperamos que ele opera; 2ª) Deus age no seu ritmo, que é só dele?; 3ª) Deus opera na vida de Jonas, antes de operar na vida dos marinheiros – pela tempestade e pelos resultados!; e 4ª) Deus opera para salvar pela sua palavra.

Martinho Lutero disse: “Minha tarefa como pregador é colocar olhos nos ouvidos das pessoas”.

Deus usa a sua palavra: Ele fala a palavra; o seu Filho é a palavra e a Bíblia é a sua palavra.

III. Deus é Persistente – Ele exige uma resposta – v.17

Até agora, apesar das lições já aprendidas, Jonas estava agindo por sua própria conta, pelo menos ele pensava que sim. Mas, Deus age soberanamente sobre o mundo natural e ensina ao profeta mais uma lição: A vontade de Deus se realiza!

Não há dúvida de que Jonas tinha convicção pessoal de seu chamado, tanto quanto o reconhecimento por parte do seu povo (2Re 14.24 e Jn 1.1).

Veja comigo as reações de Jonas diante da ação de Deus:

1)   Ele tenta assumir o controle da sua vida e do seu chamado apenas racionalizando e deixando de levar em conta a ação divina – Leva em conta somente circunstâncias históricas e políticas; sucumbe a novas perspectivas; cansa-se dos problemas. (v.3)

2)   Ele tenta se tornar alheio às consequências – Passa a ter outras prioridades; Planos alternativos; Maiores desafios; Longe da face do Senhor. (vv.4, 5)

3)   Ele é alertado pelo mundo, mas se torna como que anestesiado (confrontado pelas pedras) – fica alheio aos acontecimentos; voltado apenas para seus interesses; indiferente ao que ocorria em volta; teve de ouvir o que não queria de quem não esperava. (vv.6-8)

4)   Ele é Indagado e tem que reafirmar quem era o seu chamado – Apesar de tudo, encontramos aqui Jonas convicto, consciente e professando seu Deus. (v.9)

5)   Ele tenta abortar a sua missão – Consciente do desvio dispôs-se a reconsiderar seu destino, considerando até encerrar sua caminhada; encontra-se num ‘beco sem saída’; ‘Não dá mais’. (vv.11-12)

6)   Ele, agora, é impactado pelos resultados – Sua desobediência, associada ao reconhecimento do desvio de um chamado inequívoco, fez com que resultados surpreendentes fossem alcançados, e vistos por ele. (vv.13-16)

7)   Surpreso, começa a experimentar a misericórdia de Deus – No ventre do grande peixe, face a face com o Senhor. (v.17)

Conclusão

Hoje, o Deus persistente, do livro de Jonas, continua sendo
o mesmo e não desiste de você!

1) Ele o chamou para a salvação e para a um propósito especifico.
2) Ele o vai capacitar para realizara a sua vontade, o seu propósito.
3) Ele espera uma resposta positiva sua.

Pr. Walter Almeida Jr.

IBLA – JP – 02-04-2017

Nenhum comentário:

Postar um comentário