Jonas 3
Temos
visto em nosso estudo de Jonas que o propósito de se estudar a Palavra de Deus,
deve ser descobrir algo sobre Deus, e não algo para nós mesmos. Esse algo sobre
Deus pode ser: 1º) Uma verdade
antiga que nos volta como novidade; 2º)
Uma verdade nova que nunca vimos antes; ou 3º)
Uma verdade que precisamos ver e entender mais claramente.
No
começo deste mês começamos nosso estudo e vimos: 1º) que o capítulo 1
ensina que Deus é persistente; 2º) que o capítulo 2 ensina que Deus
está presente; e 3º) que o capítulo 3 ensina que Deus é Poderoso.
Vimos, também
que, o livro de Jonas tem quatro desdobramentos: Capítulo 1, Jonas e a tempestade; capítulo
2, Jonas e o peixe; capítulo 3, Jonas e a cidade e capítulo
4, Jonas e o Senhor.
Vamos, agora, considerar o último
capítulo. Ele fala da raiva de Jonas e da misericórdia de Deus. O escritor vai
da compaixão de Deus para a ira de Jonas; do triunfo do propósito divino ao
fracasso dos desejos de Jonas. Isaltino Filho fala que a pregação de Jonas no
capítulo 3 foi um sucesso estrondoso. Este é o maior fenômeno na história do
evangelismo mundial. Porém, em vez de Jonas manifestar alegria pelo sucesso do
seu trabalho, explode em ressentimento e
queixumes. Sua zanga é porque Deus manifestou Sua graça a Nínive. Sua
mentalidade exclusivista o privou da alegria e o encheu de ira. Já que os
ninivitas não morreram, ele quer morrer. Essa mesma mentalidade exclusivista em
Jonas está presente também, hoje, em algumas denominações e seitas que loteiam
o céu e pensam que são os únicos detentores da graça.
Se o livro de Jonas terminasse no
capítulo três, teríamos de considerá-lo um dos maiores profetas da História,
uma vez que os resultados da sua pregação foram estupendos. Uma cidade inteira
se voltou para Deus e se converteu de seus maus caminhos, como resposta à sua
pregação. Deus, porém, sonda os corações
e sabe que é possível alguém fazer a coisa certa com a motivação errada; é
possível obedecer sem alegria; é possível ser uma bênção para os outros sem
usufruir essa mesma bênção.
Warren Wiersbe ensina que no capítulo 1, Jonas é como o filho pródigo, insistindo em fazer as coisas a seu modo
(Lc 15.11-32);
enquanto no capítulo 4, é como o irmão mais velho do filho pródigo -
crítico, egoísta, taciturno, irado e infeliz com o que estava acontecendo.
O livro de Jonas termina falando não
apenas da conversão dos ninivitas, mas da rebelião de Jonas. Enquanto os pagãos
se derretem, o profeta se endurece. Enquanto os que viviam nas trevas correm
para a luz, aquele que conhecia a luz caminha na direção das trevas. Enquanto
os pagãos buscam o favor de Deus, o profeta se insurge contra Deus. Enquanto os
ninivitas clamam pela compaixão de Deus, Jonas fica irado por causa da
compaixão de Deus.
Aqui há três perigos a que os servos de
Deus estão expostos:
Em primeiro lugar, o perigo de pregar aos outros e
não usufruir o poder da mensagem que se prega. Jonas viu o poder de Deus
realizando um milagre colossal em Nínive, quebrantando a cidade sanguinária até
o pó. Ele viu a eficácia da sua mensagem penetrando os corações mais perversos
e realizando profunda mudança, mas essa mesma mensagem transformadora na vida
dos outros não produziu efeitos no coração dele. Jonas é um pregador que
confronta os outros, mas não a si mesmo. Ele é canal, mas não receptáculo da
bênção. Como é triste quando os servos de Deus são fonte de bênção para outros,
mas eles próprios deixam de ser abençoados!
Em segundo lugar, o perigo de se cansar da
obra e na obra. Jonas faz a obra de Deus porque não tem outra opção. Sua motivação está em
descompasso com a vontade de Deus. O ministério não é um deleite para ele, mas
um fardo pesado. Jonas não tem alegria no que faz. Ele prega e vê o maior de
todos os resultados, a conversão de todos os seus ouvintes, mas está desgostoso
com a vida. Ele pede a morte para si duas vezes. Jonas está deprimido e cansado
de Deus, da obra e na obra.
Em terceiro lugar, o perigo de se fazer a obra de Deus, mas não se
deleitar no Deus da obra. A maior prioridade do crente não
é fazer a obra de Deus, mas se deleitar no Deus da obra. O Deus da obra é mais
importante do que a obra de Deus. Na verdade, Deus está mais interessado em
quem somos do que naquilo que fazemos. Comunhão com Deus precede trabalho para
Deus. O Senhor tem prazer em trabalhar em nós antes de trabalhar por nosso
intermédio. Jonas fez a obra de Deus, mas não se deleitou em Deus. Não basta
aos servos de Deus fazer a vontade de Deus, mas precisam fazê-la de coração.
Warren Wiersbe afirma corretamente que o
coração de todo problema é o problema do coração.
Deus nao vê apenas a aparência, vê o
coração. Deus não se contenta apenas com trabalho certo, Ele requer motivação
certa. Jonas é o único profeta que reclama dos atributos de Deus. Ele está
aborrecido com Deus e ardendo em ira porque Deus é compassivo e perdoador.
Portanto, hoje, em nosso último
estudo desta série, no livro do Profeta Jonas vamos ver que o capítulo 4 ensina que Deus é paciente – quando Jonas ficou
irado e sentou-se mal-humorado fora da cidade de Nínive, porque Deus a
perdoara, Ele não o castigou. Mas ele explicou gentilmente o que tinha feito. É
maravilhoso ver como Deus é paciente conosco em todas as situações da nossa
vida! Vamos então analisar como a paciência de Deus se revelou a Jonas e se
revela a nós:
1º) Deus é paciente no lidar com seu povo.
2º) Deus é paciente no lidar com o mundo pecador.
I. Deus é paciente no lidar com o seu povo – Jonas 4.1-5
1. v.1 – Com isso, desgostou-se Jonas
extremamente e ficou irado.
a.
Duas reações são descritas aqui
nesta frase: 1ª) o desgosto de Jonas – os
seus inimigos seriam perdoados por Deus, pois se arrependeram; 2ª) a ira de Jonas – a sua profecia não se
cumpriria! Deus iria perdoar a cidade inteira.
b.
Isto indica a falta de
entendimento, da parte de Jonas, sobre a vontade de Deus. Muitos hoje na igreja
vivem como Jonas, não entendem a vontade de Deus para a sua vida e para com
todos os homens. A vontade revelada de Deus:
ð Para todos os homens é – 1 Timóteo
2.1-7 – 1º) que todos sejam salvos; 2º) que
todos cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
ð Para todos os crentes é – Romanos
12.2 – que experimenteis
a sua vontade que é 1º) boa; 2º) agradável e; 3º) perfeita.
c.
Atos
17.30, 31 – Deus não leva em conta a ignorância do pecador em
relação a seu estado e a bondade de Deus para salva-lo em Jesus Cristo. Mas
também não leva em conta a ignorância dos crentes neófitos, desde que eles
sejam ignorantes de forma involuntária.
2. v.2 – O desabafo de Jonas revela a
razão real porque ele fugiu. Ele não queria aceitar de jeito nenhum a
clemência, a misericórdia, a dificuldade em irar-se de Deus, a grande
benignidade e o perdão de deus.
3. v.3 – Para a religião exclusivista de
Jonas, é preferível o desejo de morrer a ver seus inimigos salvos.
4. v.4 – Tem razão a tua ira?
Mesmo Deus sabendo de tudo, estabelece um diálogo com Jonas, justamente na hora
mais difícil.
5. v.5 – Deus permite que o profeta se
afaste um pouco para poder então voltar a lidar com ele. Apesar da intenção de
Jonas ser observar a destruição ou o livramento da cidade, Deus aproveita este
período de tempo para tratar da religiosidade de seu servo.
II. Deus é paciente no lidar com o mundo pecador – Jonas
4.6-11
1. v.6-8 – Deus mostra mais uma vez a sua
soberania sobre o mundo natural para a realização da sua vontade. Desta vez ele
usa:
ð Uma
planta que em hebraico se chama kikaion – não temos uma definição sobre
essa planta. O seu crescimento rápido não foi uma simples ocorrência natural,
mas a atuação do poder de Deus.
ð Um
verme que feriu a planta. Um destruidor, que em um só dia acabou com aquela
planta.
ð Um
vento calmoso oriental – vento bem quente.
2. v.8 – mais uma vez Jonas pede a morte.
Na primeira vez neste capítulo por causa do perdão de Deus para seus inimigos e
agora por causa de uma planta que morreu.
3. v.9 – Uma pergunta divina e uma
resposta humana!
ð Deus
volta a dialogar com o profeta.
ð Jonas
além de não aceitar a grande benignidade de Deus é desaforado.
ð Deus
é especialista em convencer o homem da sua verdade e vontade.
4. v.10 – Uma lição de vida para o
profeta. Jesus falou sobre o valor do ser humano – Mateus 6.26; 10.28-33.
5. v.11 – Nada é mais importante para Deus
que os seres que ele criou. Até dos animais do homem escolhido de Deus ele tem
misericórdia.
Conclusão
Coisas típicas do livro de Jonas e
dos homens do nosso tempo:
ð Jonas, um
homem que se desgosta quando os outros são abençoados, mas se alegra quando ele
é abençoado (4.6-8)
No livro do profeta Jonas, temos
aprendido muitas lições sobre a pessoa de Deus. Principalmente sobre seus
atributos. Mas neste último capítulo vimos claramente a longanimidade de Deus
manifestada para salvar a cidade de Nínive.
Escute e leia também 2 Pedro 3.8-13.
Que Deus nos abençoe e que possamos
desfrutar da perseverança, da presença, do poder e paciência de Deus nestes
tempos perturbadores, até a volta de Jesus Cristo.
Pr. Walter
Almeida
IBLAJP - 30/05/17
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