segunda-feira, 8 de maio de 2017

Mensagens Bíblicas em Daniel - Daniel 1 - Uma vida em destaque

Daniel 1

Ao ler o livro “Ouse ser Firme – O livro de Daniel” de Stuart Olyott, publicado pela Editora Fiel, e a série de estudos em Daniel “A vida espiritual em uma cultura secular” de Bill Crowder, fui mais uma vez estimulado a ler o livro de Daniel “pelo valor do próprio livro e ver que sua mensagem é para o nosso tempo”.[1]


Daniel, “a partir de 7.2, escreve de maneira autobiográfica, na primeira pessoa do singular e deve ser distinguido dos outros três ‘Daniéis’ do Antigo Testamento”[3] (cf. 2Cr 3.1; Ed 8.2; Ne 10.6). Veja o texto: Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande.

Antes de vermos o capítulo um de Daniel, vamos ver, brevemente, um panorama histórico que levou o povo de Deus até ao cativeiro babilônico em 605 a.C., que foi quando veio Nabucodonosor – No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. (v.1)

Tudo começou quando Deus escolheu um homem, Abraão, “e prometeu que por meio dele e de sua descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas”.[4]

ð  [5]Assim, esse homem escolhido por Deus se tornou uma família e a família uma nação;
ð  Essa nação foi para o Egito e permaneceu lá quatrocentos anos;
ð  Depois desse período, a nação saiu do Egito e guiada por um homem, também chamado por Deus, Moisés, peregrinou no deserto onde recebeu a Lei de Deus – Lei Cerimonial, Lei Civil e Lei Moral (Dez Mandamentos);
ð  Após a peregrinação no deserto, sob a liderança de Josué, a nação de Israel entrou na terra prometida e antes da morte deste, a terra foi conquistada, em grande parte, e dividida entre as doze tribos;
ð  Dai chegamos à época dos juízes, homens a quem Deus levantou para livrar a nação de sucessivos conquistadores;
ð  Veio, então, o período dos reis – Saul, Davi, Salomão e Roboão;
ð  No inicio do reinado de Roboão a nação se dividiu em duas: Reino do Norte – Israel ou Efraim, com dez tribos e sua capital foi Samaria; Reino do Sul – Judá, com duas tribos e sua capital foi Jerusalém.
ð  No Reino do Norte, em suas várias dinastias, nenhum rei temente a Deus se assentou no trono. As dez tribos foram levadas em cativeiro, em 722 a.C., pela Assíria, após serem advertidas seriamente por Deus através do seus profetas quanto à sua apostasia. Infelizmente, com o tempo, perderam a sua identidade como povo de Deus.
ð  No Reino do Sul, todos os seus reis foram da dinastia davídica. Mas, apesar disso, a nação teve altos e baixos em sua vida espiritual e infelizmente, também, a apostasia cresceu. E cresceu a tal ponto que, Deus, pelos seus profetas, advertiu muitas vezes a nação que, se não houvesse arrependimento, haveria julgamento, mas seus avisos não foram ouvidos.
ð  Assim, então, do além do horizonte, em 605 a.C., veio Nabucodonosor. E durante os vinte e três anos seguintes, em quatro estágios sucessivos, ele levou quase todo o povo de Judá para a Babilônia.
ð  E, as margens dos rios da Babilônia, o povo de Deus se assentava e chorava, quando se lembrava de Sião – Salmo 137.1-6.
ð  Mas, dentro dessa nação apostata, existia um pequeno grupo de pessoas que se mantinham fiéis a Deus, como os profetas haviam predito. Esse pequeno remanescente fiel viveu durante os 70 anos do cativeiro, amando a Deus e vivendo para agradá-lo, mesmo na longínqua Babilônia.
ð  Nos dias do cativeiro, esse pequeno grupo fiel foi representado por Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Numa época em que ninguém mais se importava, Deus e sua Palavra continuavam a ter importância para este pequeno grupo.


“É possível uma pessoa viver para Deus quando as circunstâncias lhe são totalmente contrárias. Espiritualidade e integridade de caráter não exigem condições ideais para se desenvolverem. Não são plantas que se desenvolvem sob a proteção da estufa, mas crescem melhor quando expostas à neve, ao vento, ao granizo, à seca e ao sol escaldante”.[7]


Ao pensarmos em dificuldades, de quais nos lembramos ao não ser das nossas?! Esse livro de Daniel “nos denuncia completamente. Prova que a verdadeira espiritualidade nunca dependeu de circunstâncias fáceis”.[9]

Qual foi o segredo de Daniel? Foi simples:

1º) OraçãoDn 2.17-19 – o que Daniel fez antes de interpretar o sonho de Nabucodonosor?; Dn 6.10 – porque houve uma conspiração contra Daniel?; Dn 9 – qual o assunto desse capítulo? “Uma adequada vida de oração é uma parte do segredo de permanecer fiel a Deus em um mundo hostil”[10].

2º)  Leitura das EscriturasDn 9.2 – o que Daniel fazia? Dn 9.11 e 13 – a que Daniel se referiu ali? Daniel lia a conhecia as Escrituras. Ele permaneceu firme servindo a Deus em um mundo hostil, simplesmente, porque lia sua Bíblia e orava.[11]

Precisamos enfatizar a prática dessas verdades simples hoje, pois uma grande parte do povo de Deus pensa que, o segredo de uma vida cristã firme e fiel está em uma nova e excepcional experiência com Deus. O que mais ouvimos hoje são aquelas frases de efeito do tipo: “O melhor de Deus está por vir!” “O mais de Deus”.

Mas, o que nos diz o capítulo um de Daniel? Ele, assim como o último capitulo, é breve! É uma narrativa simples e direta e nos ensina lições que não deveríamos esquecer nunca. O capítulo um se divide em quatro partes: 1º) A ida de Nabucodonosor a Jerusalémvv.1, 2; 2º) A apresentação de Daniel e seus três companheiros – Hananias, Misael e Azariasvv.3-7; 3º) A posição ocupada por Daniel e seus três companheirosvv.8-16; e 4º) O resultado da ação corajosa e espiritual de Daniel e os trêsvv.17-21.

I. A ida de Nabucodonosor a Jerusalém – vv.1, 2

Em 605 a.C. Nabucodonosor se torna rei da Babilônia e marcha contra Jerusalém – sitia, invade, derrota e a faz cativa, levando para a sua terra o que deseja e quer.

Por oito anos Jeoaquim ainda permanece em Jerusalém, mas depois é completamente destituído e humilhado.

O templo é saqueado e os seus tesouros são levados para a Babilônia. Agora, aquilo em que a apostasia confiava não mais tem valor, está totalmente devastado.

Ao invés de confiar em Deus o povo estava confiando no templo. Estavam certos de que não importava como vivessem o templo os salvaria. Mas, isso não aconteceu!

Deus é o único Senhor! Nada pode substituí-lo! Substituir Deus por algo feito por mãos humanas é idolatria! E a idolatria derrotou o povo de Deus!
O primeiro mandamento da Lei de Deus é: Não terás outros deuses diante de mim. (v.3) O Breve Catecismo de Westminster ao definir quais sãos os deveres exigidos no primeiro mandamento afirma: Os deveres exigidos no primeiro mandamento são: conhecer e reconhecer Deus como único verdadeiro Deus, e nosso Deus; cultuá-lo e glorifica-lo como tal, pensar e meditar nele, lembrar-nos dele, altamente apreciá-lo, honrá-lo, adorá-lo, escolhê-lo, amá-lo, desejá-lo e teme-lo; crer nele, confiando, esperando, deleitando-nos e regozijando-nos nele; ter zelo por ele; invocá-lo, dando-lhe todo louvor e agradecimentos, prestando-lhe toda obediência e submissão do homem todo; ter cuidado de o agradar em tudo, e tristeza quando ele é ofendido em qualquer coisa; e andar humildemente com ele.[12]

Assim, o primeiro mandamento nos ensina que “nada deve ser considerado como mais amável ou importante do que Deus. Colocar qualquer coisa à sua frente é idolatria”.[13] E idolatria “é inventar ou ter alguma coisa em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus, que se revelou na sua Palavra”.[14]

II. A apresentação de Daniel e seus três companheiros – vv.3-7

Esses versículos apresentam os principais personagens do livro – Nabucodonosor, seus assessores e Daniel, Hananias, Misael e Azarias.

A estratégia do Rei Nabucodonosor – “deportar a nobreza de cada nação conquistada e integrá-las no serviço público da Babilônia”[15]. Foi esse o método que ele usou quando conquistou Judá – v.3.

Os selecionados para o abrangente programa de reeducação teriam acompanhamento e treinamento vip – vv.4, 5. A idade exigida para a reeducação pelos babilônios era entre 14 e 15 anos.

Era parte da política babilônica mudar os nomes de todos os selecionados para a reeducação e treinamento especial – vv.6, 7.

ð  Daniel que significa “Deus é meu juiz”, recebeu o nome de Beltessazar que significa “Guarda dos segredos ocultos de Bel” ou “Bel protege o Rei”.
ð  Hananias que significa “O Senhor é Gracioso”, recebeu o nome de Sadraque que significa “Ordem de Aku” outro deus babilônico.
ð  Misael que significa “Quem é como o Senhor”, recebeu o nome de Mesaque que significa “Quem é como Aku” ou uma antiga forma do nome da deusa Vênus.
ð  Azarias que significa “O Senhor é meu ajudador ou o que me auxilia”, recebeu o nome de Abede-Nego que significa “Servo de Nego” também chamado de Nebo, o deus da vegetação.

Olhando os quatro nomes originais dos jovens, vemos que dois deles terminam em “el”, que indica um dos nomes de Deus e dois que terminam em “ias”, uma versão abreviada do nome Jeová. Os babilônios alteraram os seus nomes para outros que se referiam as suas divindades pagas – Bel, Marduque, Vênus e Nebo.

O processo de reeducação alimentar, intelectual, psicológica e espiritual durava três anos. Afastados de seus lares, instruídos a esquecer de Deus e reeducados intensivamente numa cultura pagã, o que aconteceria a estes jovens? Resistiriam ales a pressão? Permaneceriam fieis ao seu Deus e ao que sabiam ser correto? Ou sucumbiriam?[16]

III. A posição ocupada por Daniel e seus três companheiros – vv.8-16

O que levou o povo para o cativeiro foi o pecado de idolatria. O exílio era um castigo por todos os pecados da nação. O principal pecado deles foi a idolatria.

Agora, diante daqueles jovens fora colocado um dos principais atos idolatras dos babilônios – suas refeições, que eram todas oferecidas aos seus deuses. Aqueles rapazes faziam parte do remanescente fiel, aquele pequeno grupo do povo de Deus, que se recusou à pratica da idolatria. Se não se envolveram antes com ela, não seria agora que o fariam.

A linguagem do v. 8 demonstra cautela. Daniel foi firme, mas foi educado e gentil! O caráter de Daniel é visto no fato de não ter desistido e não ter voltado atrás vv.11-14.

Os vv.15 e 16 mostram o efeito da dieta de Daniel e de seus companheiros. “Isso nos mostra que ninguém perde coisa alguma quando se recusa a comprometer sua fé.”[17]

Se Daniel e seus três companheiros tivessem se comprometido no início de suas vidas na Babilônia, como reagiriam ao serem confrontados mais tarde? “Por terem honrado a Deus em uma coisa pequena, puderam honrá-lo também nas questões mais importantes. Pessoas caem em pecados sérios somente porque aprenderam a tolerar pecados menores.”[18]

Concluindo – O resultado da ação corajosa e espiritual de Daniel e os três – vv.17-21

Nos vv.17 a 21 temos o resultado imediato da ação corajosa e espiritual dos jovens. O curso terminou e eles foram aprovados com louvor. Colocaram a Deus acima de todas as outras considerações e Ele os honrou despertando em suas vidas dons que nem imaginavam possuir. Mas a Daniel Deus, também, concedeu outro dom que se destacaria mais tarde na história. Escute o versículo na versão BLH – ... mas a Daniel deu também o dom de explicar visões e sonhos. (v.17b)

Se não vivermos para Deus agora, nenhum de nós poderá fazer com que uma posição mais elevada se torne valiosa para Ele. Se não estamos dispostos a permanecer firmes e comprometidos com Ele em coisas pequenas, como o faremos nas grandes? E possível ser fiel no muito, sem primeiro ter sido fiel no pouco? Se não podemos resistir a tentações comparativamente pequenas, o que faremos quando elas forem intensificadas?[19]

Para Olyott, o ensino central deste capítulo pode ser resumido em 1Samuel 2.30b – ... aos que me horam, honrarei, porém os que me desprezam serão desmerecidos.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBLAJP – 07/05/2017



[1] Olyott, Stuart. Ouse ser Firme – O Livro de Daniel, Editora Fiel, Segunda Edição 2011, p. 9.
[2] Ibid., p. 9.
[3] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1073.
[4] Olyott, p. 11.
[5] Olyott, síntese das páginas 11 a 13.
[6] Olyott, p. 13.
[7] Ibid., p. 14.
[8] Ibid., p. 14.
[9] Ibid., p. 15.
[10] Ibid., p. 15.
[11] Ibid., 15.
[12] Catecismo Maior de Westminster, Pergunta 104.
[13] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 12.
[14] Catecismo de Heidelberg, pergunta 95.
[15] Olyott, p. 19.
[16] Olyott, p. 21.
[17] Ibid., p. 23.
[18] Ibid., p. 24.
[19] Olyott, p. 26.

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