1 João 2.3-27
Estamos
estudando o texto de 1João do ponto de vista da comunhão que Deus preparou para o
seu povo. Já expomos dois pontos da carta:
ð 1º)
Onde Começa a Nossa Comunhão – 1 João 1.1-4 – 1) Ela começa com Deus; 2) Nos
leva à comunhão na Igreja e; 3) Nos dá Plena Alegria.
ð 2º)
As Condições Para a Comunhão – 1 João 1.5-2.2 – 1) Conformidade com um Padrão e 2) Confissão
de Pecados.
Hoje,
vamos começar nosso terceiro ponto no estudo de 1João, com o tema: A conduta na comunhão. Faremos isso em
três estudos: 1º) O Caráter de Nossa Conduta – Seguir (imitação) – 2.3-11;
2º) O Mandamento para a Nossa Conduta – Separação – 2.12-17; e 3º) O
Credo para a nossa Conduta – 2.18-27.
I. O caráter de nossa conduta
– Seguir (imitação) – 2.3-11
1. vv.3-6 – João deixa claro para os seus
contemporâneos que a evidência da certeza de que o crente experimentou a
Cristo, isto é, nasceu de novo, é a
obediência aos seus mandamentos. Ele
queria dizer que a obediência aos mandamentos de Cristo é o teste definitivo da
fé do cristão autêntico.
v.3 – E nisto
sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Duas perguntas que naturalmente
surgem do texto: 1ª) Nisto o que?
Que mandamentos e de quem?
v.4 – Aquele
que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele
não está a verdade. Pergunta:
Onde está a verdade? Esse termo
verdade aparece 25 vezes na carta de João.
v.5a – Mas
qualquer que guarda a sua palavra...
– a verdade sobre o conhecimento real de Cristo encontra-se na Bíblia.
No
entendimento de João, o conhecer a Cristo só era verdadeiro quando esse
conhecer levava a pessoa a ter uma conduta igual a de Cristo. Um dos significados
do verbo grego ginõskõ, traduzido
aqui como conhecer, significa ter não
somente um conhecimento teórico mais sim uma experiência intima com alguém.
Os
gnósticos da época de João diziam ter um conhecimento místico de Deus e
revelações especiais de Deus. Alguns grupos que se dizem crentes, hoje, também,
admitem esse tipo de experiência gnóstica. Precisamos tomar cuidado!
v.5b – ... o amor
de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado... – aqui pela primeira vez João usa o
termo grego ágape – que é usado para
expressar o amor de Deus, um amor incondicional. João diz então que: se alguém tem um conhecimento teórico e
experimental de Cristo através de sua Palavra, a vida dessa pessoa é
caracterizada pelo aperfeiçoamento do amor de Deus, isto é, sua fé e conduta
transcendem os sentimento e emoções, mas é expressa em ação, na pratica!
v.5c – nisto
conhecemos que estamos nele. Uma pergunta: Nisto o que?
v.6 – Aquele
que diz que está nele, também deve andar como ele andou. A
certeza de que o crente está em Cristo deve estar sujeito a este teste: Observar se estamos nos conduzindo com Jesus
Cristo. Isso significa que cada membro da comunhão deve modelar sua vida
diária pela vida de Jesus – 1Pe 2.21; Cl
2.6, 7. É
como disse Paulo em 1Co 11.1.
2. v.7-11 – Agora, João, coloca diante dos
crentes que a conduta cristã está baseada e firmada no amor de Deus em Jesus
Cristo, que ele chama de antigo e novo mandamento.
v.7 – Irmãos,
não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o princípio
tivestes. João quer que os crentes entendam que
o mandamento do amor que eles devem evidenciar em suas vidas é aquele mesmo que
eles conheceram e experimentaram na conversão pela Palavra. Ele chama esse amor
de primeiro amor em Apocalipse 2.4.
v.8a – Outra
vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele e em vós... – o novo mandamento do amor a que João
se refere está em: Jo 13.34 – um amor igual ao de Jesus; Rm 13.8-10 – um amor que cumpri a lei (Tg
2.8); Rm 12.9-21 – um amor pratico, vivo; 1Jo 3.16 – o novo mandamento consiste em dar a vida pelos irmãos.
v.8b – ... porque vão passando as trevas, e já a
verdadeira luz ilumina. Aqui,
João coloca a vitória continua da luz, o amor de Deus em Jesus Cristo, sobre as
trevas. Veja referências sobre essa vitória da luz: Jo
1.5 – as trevas não prevaleceram contra ela – ela é
a luz que resplandece; Ef 5.8-10
– a vitória da luz e seus frutos.
v.9 –
esse versículo mostra claramente a incompatibilidade entre a luz e as trevas. Não tem como estar na luz e odiar.
Ser crente e ter esse tipo de sentimento. Para João, depois da incredulidade, o pecado mais terrível que ele menciona em sua
carta é o ódio de uma pessoa para com outra. A conclusão inevitável a que João chegou é que quem odeia a seu irmão
está nas trevas.
v.10a – Aquele
que ama a seu irmão está na luz... – João então mostra que o fruto da luz é
o amor que um irmão sente pelo outro.
v.10b – ... e nele
não há escândalo (tropeço – ARA). Essa parte do
versículo pode ser entendida de duas maneiras: 1ª) referindo-se a luz –
não há escândalo (tropeço) na luz; ou 2ª)
referindo-se a pessoa que está na luz
– não há escândalo (tropeço) na vida dessa pessoa.
O
termo grego para tropeço skandalon
era o artifício colocado em uma armadilha preparada para animais... A nossa
palavra escândalo tem origem aqui.
v.11a – Mas
aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para
onde deva ir... (para onde vai – ARA)
– que condição
terrível João descreve aqui para uma pessoa que se diz crente. Essa é a
condição de um pecador que ainda está perdido! Veja o restante do que o texto
diz:
v.11b - ... porque
as trevas lhe cegaram os olhos. Quem é cego espiritualmente é um pecador perdido – cf. 2Co 4.4.
O
que João quer ensinar aqui é que não existe zona neutra entre o ódio e o amor.
Ou a pessoa está e anda na luz ou está e anda nas trevas!
Uma
pessoa que tem uma experiência pessoal com Cristo está na luz e sua conduta na
comunhão é a de viver como Cristo viveu! Como ele viveu? cf. Atos 10.38:
Como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou
fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.
II. O mandamento para a
nossa conduta – Separação – 2.12-17
João,
aqui nesta passagem (vv.12-17), tem
como objetivo lembrar aos crentes as suas vitórias na fé cristã, reafirmar-lhes
a aprovação em relação a firmeza na fé e enfatizar a separação daquele que vive
uma fé cristã autêntica do estilo de vida mundano.
1. Ao dirigir-se aos cristãos ele usa
quatro termos:
a.
Dois
desses termos são de uso genérico para afeição ou que expressão afeição. Termos
que ele usa em outras partes na carta.
v.12 – filhinhos – grego teknia
v.14 – filhinhos ou meninos – grego paidia
b.
As
outras duas palavras, pais e jovens, são usadas com significado
especializado, da seguinte maneira:
v.13a – Pais – o termo grego usado refere-se aos primeiros membros da
comunhão (igreja), os crentes mais antigos, convertidos a mais tempo.
v.13b – Jovens – o termo grego usado refere-se aos mais novos na fé.
2. Uma coisa interessante a se observar
é que João mostra uma espécie de progresso que deve haver na vida cristã e que
ele quer que aconteça, e ele mesmo tem observado naquele grupo de crentes a
quem escreveu, mas que deve ser verificado na vida cristã de cada membro da
igreja de todos os tempos:
v.12 – perdão de pecados – João lembra aqui aos seus leitores
que eles foram perdoados. Toda pessoa que se converte a Cristo recebe o perdão
dos pecados passados. Também do presente o perdão é garantido mediante
confissão diária.
v.13a – conhecimento de
Deus, o Pai – ele
repete por três vezes essa afirmação de conhecimento de Deus. Duas vezes
refere-se aos crentes mais maduros (v.13a
e 14b) e uma vez refere-se aos mais jovens, mostrando que quanto mais eu
permaneço na fé mais eu devo conhecer a Deus.
v.13b – vitória sobre o
maligno – o
interessante nesta afirmação de João, é que ele diz aos mais novos que eles
venceram o maligno e isso por duas vezes – v.14.
Por que ele não diz isso dos mais velhos? Porque é uma coisa óbvia. Aqui ele
reconhece o progresso do crente em santidade.
v.14c – força pela
palavra que permanece
– João então mostra que o perdão dos pecados, o conhecimento de Deus e a
vitória sobre o maligno tem uma causa – a
força que vem pela Palavra de Deus.
3. A partir daí João coloca diante dos
crentes vitoriosos pela fé e que estão firmes em sua caminhada de progresso
cristão, que a separação do mundo é a melhor opção para uma vida cristã
vitoriosa e que isto é um mandamento para a nossa conduta na comunhão.
v.15a – a palavra amor usada aqui por João significa amor a coisas, objetos. Diferente
da palavra que se refere ao amor do Pai e ao amor cristão.
v.15b – mundo – o sistema organizado dirigido pelos homens e por Satanás,
caracterizado por rejeitar a de Deus e opor-se a Ele. 1Jo 5.19; Jo 3.19; Tg 4.4; Gl 6.14. João então faz uma afirmação
muito forte – Se alguém ama o mundo, o amor do Pai
não está nele – v.15c.
v.16 – neste versículo João informa aos
crentes o que o mundo oferece:
ð concupiscência
(cobiça) da carne – coisas que dão ou trazem prazer
momentâneo.
ð concupiscência
(cobiça) dos olhos – o materialismo avarento e transitório.
ð soberba
da vida – orgulho pelo que é e pelo que possui.
Estas
coisas não procedem de Deus, mas do mundo! Na verdade, os crentes vivem numa
batalha espiritual diária contra o diabo, o mundo e a carne.
v.17 – João encerra seu pensamento sobre o
mandamento da nossa conduta na comunhão, a separação, falando sobre a
transitoriedade do mundo e sua cobiça em contrates com indestrutibilidade
daquele que faz a vontade de Deus.
III. O credo para a
nossa conduta – Afirmação – 2.18-27
João
após colocar diante dos seus leitores que eles devem viver como Cristo e
separados do mundo, enfatiza a ortodoxia, isto é, a afirmação da fé que uma vez foi dada aos
santos – Jd v.3.
1. v.18a – ... já é a última hora... – para os leitores originais de João os
termos gregos que ele usou querem dizer que está última hora era uma hora
crítica que, de fato podia ser a última hora. João ouviu dos lábios de Jesus
uma afirmação sobre a hora final que ele não poderia esquecer – Mc 13.32. Observe uma exortação de
Paulo sobre a hora final – Rm 13.11-14.
2. v.18b – ... e, como ouvistes que vem o anticristo... – João se refere aqui ao homem do pecado a que Paulo se refere em 2Ts 2.1-12.
3. v.18c – ... também agora muitos se têm feito
anticristos... –
esses anticristos a que João se refere são os falsos profetas mencionados por
Jesus, por Paulo e por Pedro – Mt 24.5; 1Tm
4.1; 2Tm 3.1; 2Pe 2.1.
4. v.19 – João indica de onde procedem esses
anticristos – Saíram de nós, mas não eram de nós...
5. vv.20-21 – Aqui João reafirma que, aqueles a
quem estava escrevendo eram crentes de verdade, tinham o Espírito Santo e o
conhecimento de Deus, e que destes não poderia surgir um falso profeta.
6. vv.22-23 – aqui estão características
doutrinárias do anticristo e dos falsos profetas: Negar que Jesus Cristo é Filho de Deus – divindade de Jesus; e Docetismo
– Jesus só tinha aparência humana e não natureza.
7. v.24 – Portanto,
o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que
desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. A exortação aqui é para permanecer firme no Evangelho
que nos fez nascer de novo – cf. Jo
14.23. Paulo é duro neste assunto de permanecer no Evangelho de Cristo – cf.
Gl 1.6-9; 5.1, 13.
8. v.25 – A promessa da vida eterna é para
aqueles que estão em Cristo.
9. vv.26-27 – João fala sobre aqueles que querem
enganar e sobre o Espírito Santo que recebem os verdadeiros seguidores de
Jesus. Por que? Na época de João os falsos mestres do gnosticismo diziam que
recebiam uma unção espiritual que lhes davam conhecimento e percepção profética
superior a verdade cristã.
A
unção que o cristão recebe é o Espírito Santo e é ele que ensina todas as
coisas – cf. Jo 14.26; 14.17. João
não está dizendo que o crente não precisa de ensino bíblico, mas que ele não
precisa do ensino falso, porque já tem o verdadeiro.
João
conclui seu pensamento e seu ensino sobre a conduta na comunhão com a afirmação
“... como ela vos ensinou, assim
nele permanecereis”.
Conclusão
“A
Conduta na Comunhão”, observando o seguinte:
1º) O Caráter de Nossa Conduta – Seguir (Imitação) – 2.3-11.
2º) O Mandamento para a Nossa Conduta – Separação – 2.12-17.
3º) O Credo para a Nossa Conduta – Afirmação – 2.18-27.
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