A semana passada vimos:
ð
Que João
selecionou sete sinais (milagres – feitos
extraordinários com um objetivo específico): 1º) A transformação da água em
vinho – 2.1-12; 2º) A
cura a distância de um rapaz – 4.46-54;
3º) A cura do paralítico – 5.1-47;
4º) A multiplicação dos pães e peixes – 6.1-14; 5º) Jesus anda sobre o mar – 6.15-21; 6º) A cura do cego de
nascença – 9.1-41; e 7º) A
ressurreição de Lázaro – 11.1-57.
ð
Que ele, João,
também usou sete reivindicações da divindade de Jesus feitas por Jesus: 1ª) Eu
sou o pão da vida – 8.12; 2ª) Eu
sou a luz do mundo – 8.12; 3ª) antes
de Abraão eu sou – 8.58; 4ª) Eu
sou o bom pastor – 10.11; 5ª) Eu
sou a ressurreição e a vida – 11.25;
6ª) Eu sou o caminho, a verdade e a vida – 14.6; e 7ª) Eu sou a videira verdadeira – 15.1.
ð
Que as principais
características do Evangelho são: 1ª)
É um evangelho de festas – quase
todos os eventos e discursos estão relacionados com as festas judaicas – 2.13, 23; 6.4; 7.2; 10.2; 11.55; 12.1;
13.2-10; 18.28; 2ª) É um evangelho de testemunhos –
exemplos: João Batista – 1.34, Natanael – 1.49, Pedro – 6.69, Jesus – 10.36, Marta – 11.27; Tomé – 20.28; 3ª) É um evangelho com simbolismos – números
e metáforas; 4ª) É um evangelho de fé – (1.12; 20.30, 31) sua base (ouvir e
receber a Palavra) e os seus resultados (liberdade, descanso, paz, poder e vida
eterna); 5ª) É um evangelho da encarnação – Deus se fez homem e habitou entre
nós – 1.1-18.[1]
ð
Que por isso,
João começa o seu evangelho apresentando a identidade de Jesus. Tudo o que ele
escreve a respeito de Jesus, no decorrer de sua narrativa, está em síntese nos
dezoito versículos inicias: 1º) 1.1-3 –
Jesus é Deus – cinco aspectos: ele é o verbo, é eterno, é uma pessoa, é
Deus e é o Criador; 2º) 1.4, 5 – Jesus é
a vida e a luz – duas palavras chaves que ensinam verdade profundas: vida – ela tem origem e Jesus e se
encontra nele (8.12; 14.6), e luz – a luz é uma manifestação
resplandecente da vida (12.46; 3.19-21);
3º) Jesus é homem perfeito – ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente
homem, de forma inconfundível, imutável, indivisível e inseparável. Jesus
assumiu a natureza humana e viveu sem pecar até a sua morte. Ele se identificou
conosco em todas as nossas fraquezas (4.6,7;
6.53; 8.40; 11.33-35; 12.27; 13.21; 19.28).[2]
Na
mensagem em João 2.1-12, a
transformação da água em vinho, aprendemos três lições: 1ª) A presença de Jesus no
casamento requer convite – vv.1, 2;
2ª) A presença de Jesus no casamento não impede que coisas desagradáveis
aconteçam – vv.3-5; 3ª) A
presença de Jesus no casamento é funcional – vv.6, 7; e 4ª) A presença de Jesus no casamento é
transformadora – vv.8-11.
Hoje, nosso texto é João 4.43-54
que, João chama de o segundo milagre – A
cura de um filho de um oficial do rei, a distância – Jesus fez este segundo milagre, quando ia da Judéia para a Galiléia. (v.54)
Olhemos o seu contexto:
ð
Após a festa de casamento em Caná da Galileia, Jesus foi ao templo e a festa da Páscoa em
Jerusalém – 2.13-25.
E, estando ele em Jerusalém pela páscoa,
durante a festa, muitos,
vendo os sinais que fazia, creram no seu
nome.
(v.23)
ð
Ainda era noite, e Jesus recebe a visita de um membro do Sinédrio
chamado Nicodemos – onde Ele ensina sobre o novo nascimento. Nessa passagem (3.1-36) Jesus é apresentado por João de
três modos: 1º) como, o Mestre – 3.1-21; 2º) como, o Noivo da Igreja – 3.22-30; e 3º) como, a Testemunha do Pai – 3.31-36.
ð
Voltando para Galileia Jesus teve três conversas significativas: 1ª) Com
uma mulher samaritana – 4.1-30; 2ª) com
seus próprios discípulos – 4.31-42;
e 3ª) com um oficial do Rei sobre a enfermidade e cura do seu filho –
4.43-54.
Nosso texto
de hoje – 4.43-54:
ð
vv.43-45 – Esses versículos falam
da entrada de Jesus na Galileia vindo da Judéia. Jesus ficou dois dias com os
samaritanos e depois foi para a Galileia, onde foi bem recebido pelos galileus.
Ele havia começado a viagem para Galileia no v.3.
· v.44 – A que terra Jesus estava se referindo? A sua terra natal Nazaré na
Galileia ou a sua terra em termos nacionais – Israel. 1º) Se ele estava se
referindo a Judéia em termos nacionalistas, a razão para a
ida à Galiléia seria devido à falta de hospitalidade e à hostilidade do povo,
na Judéia. Mas,
2º) se estava falando da Galileia é por que sabia que em sua terra
natal terá pouca aceitação e consequentemente também pouca publicidade. Ainda
não havia chegado a sua hora!
· v.45 – Mas, Jesus
recebe boa acolhida na Galiléia. A Páscoa congregava em Jerusalém judeus de toda a Palestina. Por isso muitas
pessoas da Galiléia também haviam presenciado a atuação de Jesus em Jerusalém.
No começo talvez tenham ficado orgulhosos de seu conterrâneo que realizava
sinais desse tipo, chamando a atenção geral. Por isso o acolheram de bom grado.[3]
ð
vv.46-50 – Essa é a segunda vez
que Jesus vai à Caná da Galileia após o início de seu ministério público.
·
v.46 – João deixa claro que é
o mesmo lugar onde ele transformara a água em vinho, em seu primeiro milagre. Chegando
em Caná, estava ali vindo de Cafarnaum um oficial do rei, ou seja, alguém de
confiança de Herodes Antipas, tetrarca da Galileia, de 4 a.C. a 49 d.C.[4]
·
v.47 – O oficial real não foi
a Caná da Galileia para resolver questões oficiais, mas pessoais – Ouvindo este que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele... O motivo era o seguinte: ... e rogou-lhe que descesse,
e curasse o seu filho, porque já estava à morte. Aquele pai viajou entre 25 e 32 km, para pedir a Jesus pela cura de seu
filho.
·
vv.48-49 – A resposta de Jesus ao
pedido daquele pai desesperado não foi somente dirigida a ele, mas a todos os
que estavam ali, os galileus – Se não virdes sinais e
milagres, não crereis. O que vemos aqui é Jesus sendo buscado como o milagreiro que precisa
ajudar na aflição da enfermidade, como os benzedeiros. Jesus, porém, acaba de
vir de Samaria, onde pessoas despertaram para a verdadeira fé nele como
Salvador do mundo sem qualquer sinal e prodígio (cf. 4.42). Esse fato deve ter influenciado na palavra dita
aqui. Os judeus, aos quais também pertencia o oficial da corte, não são capazes
do que os samaritanos foram.[5]
Mas, Jesus não despreza os que tem esse tipo de atitude, antes ele os procura
levar à fé verdadeira – a fé salvadora,
que crê nele acima das adversidades da vida.
·
v.50 – Aqui, num ato
miraculoso da graça divina, Jesus realiza a cura do filho daquele pai. Embora a
fé oficial estivesse apenas no que Jesus poderia fazer em termos físicos, Jesus
com esse milagre o traz à fé salvadora.
·
Diante dessas palavras de Jesus, há somente duas possibilidades: (1ª) distanciar-se, decepcionado, de um homem que tem apenas palavras, ou (2ª) agarrar com fé precisamente essa palavra. É
uma fé que não exige mais ver sinais e prodígios, mas que confia exclusivamente
na palavra e, assim, na própria pessoa que a profere. É essa a fé que Jesus
deseja ver. É a fé nele por meio da palavra.[6]
E essa foi a atitude de fé daquele homem!
ð
vv.51-54 – Um milagre com um
objetivo:
·
vv.51-53a – os milagres de Jesus,
algumas vezes, não têm uma explicação científica, mas eles podem ser
comprovados. Os milagres realizados por Jesus, sempre tem testemunhas oculares,
pessoas de boa fé e confiáveis que possam testemunhar.
Os milagres realizados
por Jesus eram para glória de Deus e para testificar a divindade de Jesus!
·
v.53b – quando uma pessoa crê
em Jesus de verdade, ele testemunha a sua fé a outras pessoas. Foi o que
aconteceu com todos os da casa daquele oficial – e creu ele,
e toda a sua casa.
O oficial da corte tivera fé na palavra de
Jesus e correra com fé para casa. Agora, porém, após a experiência plena do
poder e da graça de Jesus creu ele
de um modo abrangente. Agora ele olha com confiança permanente e
integral para Jesus. Ele leva toda a sua
casa nessa confiança. Sua mulher, o filho curado, os servos, que sem dúvida faziam parte de sua casa, todos eles reconhecem agora que Jesus é o
Salvador, que vence a morte e é capaz de conceder vida.[7]
·
v.54
– Este sinal aponta que Jesus é Deus onipotente e onipresente! O seu poder não
se limita ao espaço.[8]
Lições negativas e positivas:
1ª) Lições Negativas da fé do oficial do rei:
Aquele homem tinha uma fé defeituosa quando
veio a Jesus.
ð Ele tinha uma fé na fé dos outros
ð Ele tinha uma fé que exige sinais
ð Ele tinha uma fé egocêntrica
ð Ele tinha uma fé autoritária[9]
2ª) Lições positivas da fé que Jesus deu ao oficial do rei:
Jesus
concedeu àquele homem uma fé genuína!
ð
Uma fé pessoal – para que aquele homem não precisasse depender das experiências dos
outros. É isso que ele quer fazer com você!
ð
Uma fé generosa – para que aquele homem ao invés de exigir de Jesus o que precisava,
desfrutasse da graça maravilhosa de Deus em cuidar dele e de sua família.
ð
Uma fé cristocêntrica – para que aquele homem deixasse o egocentrismo que queria que Deus se
ajustasse à sua vontade, para conformar-se a vontade de Deus que é boa,
agradável e perfeita.
ð
Uma fé submissa – para que aquele homem abandonasse uma fé autoritária e se submetesse a
graça soberana de Deus.[10]
Aplicações
para nossa vida hoje:
1ª) Ouça a
Palavra de Deus – você precisa conhecer quem Deus
é, quem você realmente é e o que Deus quer para você!
2ª) Creia
na Palavra de Deus – Aceite de modo confiante o
que Deus fala em sua palavra para você e para a sua família!
3ª) Obedeça
a Palavra de Deus – Viva a sua fé. Seja
prático. “Coloque sua fé em ação. Siga a
orientação de Deus em sua Palavra.”[11]
4ª)
Descanse na Palavra de Deus – Viva tranquilo nessa
confiança na Palavra de Deus. Descanse e confie que Deus cumprirá as suas
promessas em relação ao povo de Israel, ao mundo, a igreja e a você em particular!
Pr. Walter Almeida Jr.
IBLA – Jd. das Palmeiras
18/12/2016
[1] Casimiro, Arival Dias. Estudos Bíblicos em João – A
verdade que liberta, Z3 Editora, 2011, p. 4.
[2] Casimiro, p. 4, 5.
[3] Boor, Werner de. Comentário Esperança – Evangelho de
João 1. Editora Evangélica Esperança, 2002, p. 71
[4] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 1391.
[5] Boor, p. 72.
[6] Boor, p. 72.
[7] Boor, p. 73.
[8] Casimiro, p. 27.
[9] Rogers, Adrian. Creia em Milagres, mas confie em
Jesus, Editora Eclesia, 2000, p. 70.
[10] Rogers, p. 70.
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