terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Série: 7 Sinais - (1) Lições Transformadoras - João 2.1-12

João 2.1-12

Dentre as muitas, quero citar, apenas duas razões para estudarmos o Evangelho de Jesus Cristo Segundo João: 1ª) Ele foi escrito para produzir ou gerar fé para a salvação20.30,31; 2ª) Ele foi escrito para defesa da fé – fé salvadora e divindade de Jesus Cristo.

João foi usado por Deus para defender os cristãos da heresia gnóstica. O gnosticismo influenciava o pensamento religioso do 1º Século. Os gnósticos negavam abertamente a divindade de Jesus e, consequentemente, todos os resultados espirituais do seu sacrifício na cruz.[1] Por isso, João, tem como um dos objetivos do seu evangelho provar que Jesus é Deus.

João selecionou sete sinais (milagres – feitos extraordinários com um objetivo específico): 1º) A transformação da água em vinho2.1-12; 2º) A cura a distância de um rapaz4.46-54; 3º) A cura do paralítico 5.1-47; 4º) A multiplicação dos pães e peixes6.1-14; 5º) Jesus anda sobre o mar6.15-21; 6º) A cura do cego de nascença9.1-41; e 7º) A ressurreição de Lázaro11.1-57.

Ele, João, também usou sete reivindicações da divindade de Jesus feitas por Jesus: 1ª) Eu sou o pão da vida8.12; 2ª) Eu sou a luz do mundo8.12; 3ª) antes de Abraão eu sou 8.58; 4ª) Eu sou o bom pastor10.11; 5ª) Eu sou a ressurreição e a vida11.25; 6ª) Eu sou o caminho, a verdade e a vida14.6; e 7ª) Eu sou a videira verdadeira15.1.

As principais características do Evangelho são: 1ª) É um evangelho de festas – quase todos os eventos e discursos estão relacionados com as festas judaicas – 2.13, 23; 6.4; 7.2; 10.2; 11.55; 12.1; 13.2-10; 18.28; 2ª) É um evangelho de testemunhos – exemplos: João Batista1.34, Natanael 1.49, Pedro6.69, Jesus10.36, Marta11.27; Tomé20.28; 3ª) É um evangelho com simbolismos – números e metáforas; 4ª) É um evangelho de fé – (1.12; 20.30, 31) sua base (ouvir e receber a Palavra) e os seus resultados (liberdade, descanso, paz, poder e vida eterna); 5ª) É um evangelho da encarnação – Deus se fez homem e habitou entre nós – 1.1-18.[2]

Por isso, João começa o seu evangelho apresentando a identidade de Jesus. Tudo o que ele escreve a respeito de Jesus, no decorrer de sua narrativa, está em síntese nos dezoito versículos inicias: 1º) 1.1-3 – Jesus é Deus – cinco aspectos: ele é o verbo, é eterno, é uma pessoa, é Deus e é o Criador; 2º) 1.4, 5 – Jesus é a vida e a luz – duas palavras chaves que ensinam verdade profundas: vida – ela tem origem e Jesus e se encontra nele (8.12; 14.6), e luz – a luz é uma manifestação resplandecente da vida (12.46; 3.19-21); 3º) Jesus é homem perfeito – ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, de forma inconfundível, imutável, indivisível e inseparável. Jesus assumiu a natureza humana e viveu sem pecar até a sua morte. Ele se identificou conosco em todas as nossas fraquezas (4.6,7; 6.53; 8.40; 11.33-35; 12.27; 13.21; 19.28).[3]

João e os outros discípulos afirmam que viram. Duas razões porque viram: 1ª) porque a graça e a verdade vieram por meio de Jesus1.16, 17; 2ª) porque Jesus revelou a si mesmo e o Pai1.18.[4]

Nossa série de mensagens será nesse evangelho, especificamente, nos sete sinais narrados por João para a glória de Deus e para que creiamos em Jesus como Deus e Salvador.
Hoje, nossa exposição é em João 2.1-12 que fala da transformação da água em vinho. Essa passagem fala da presença de Jesus em três lugares: 1º) No casamento em Caná da Galileiavv.1-12; 2º) No templovv.13-22; e 3º) Na festa da Páscoavv.23-25.

Nosso texto é a narração do primeiro milagre (sinal) de Jesus,
segundo João, e é numa festa de casamento:

v.1 Ao terceiro dia – frase relacionada à narrativa anterior – 1.43 – a vocação de Filipe e Natanael.

Bodas em Caná da Galileia – a celebração de um casamento em Israel poderia estender-se por uma semana. Caná da Galileia – localização exata ignorada, provavelmente Khirbet Qana, vila atualmente em ruínas, aproximadamente a 15 km de Nazaré.[5]

Estava ali a mãe de Jesus – João não cita o nome Maria nem outro, ao não ser o de Jesus, pelo fato de que Jesus é quem é o centro das atenções e tudo o que ensina e faz.

v.2 – Possivelmente, os discípulos que acompanharam Jesus ao casamento são os cinco do primeiro capítulo – André, Pedro, Filipe, Natanael e João. Eles foram, porque foram convidados.

vv.3-5 – O vinho que faltou era um vinho fermentado, mas o que Jesus providenciou pelo milagre, não estava sujeito as regras de fermentação da época, por isso foi identificado como melhor pelo mestre-sala.

A resposta de Jesus à sua mãe não foi rude, mas abrupto. A frase pergunta o que há de comum entra as duas partes. Jesus queria, com sua resposta, que sua mãe entendesse que agora, ele, entrara no objetivo de sua missão no mundo, de modo que havia subordinado todas as suas ações ao cumprimento dessa missão. Maria teria que reconhecê-lo não só como seu filho, a quem havia criado, mas como o prometido Messias e o Filho de Deus e Salvador.

A frase “ainda não é chegada a minha hora” está relacionada á paixão de Cristo – prisão, julgamento, sofrimento, morte, ressurreição e exultação (7.30; 8.20; 12.23, 27; 13.1; 17.1). Jesus estava cumprindo o plano divino da redenção decretado por Deus.

v.6 – seis jarros de água, que eram feitos de pedra por ser a pedra mais impermeável que o barro. Nesses jarros cabiam entre 80 e 120 litros de água. Eles eram usados para as purificações cerimoniais.

vv.7-10 – O milagre (sinal) acontece de forma imperceptível; água é colocada nas talhas por ordem de Jesus, e o que se retira delas e se bebe é vinho da melhor qualidade, de acordo com um especialista a festa.

v.11Sinais – o termo grego usado e traduzido aqui significa... O termo é usado claramente para caracterizar a ação de Jesus como uma demonstração visível do seu poder divino, miraculoso, que apontava para além do milagre em si, ao apresentar a identidade messiânica[6] e a divindade de Jesus. Portanto, refere-se a demonstrações importantes de poder que apontam para além delas mesmas para realidades divinas mais profundas, que podem ser percebidas pelos olhos da fé.[7]

v.12 – A expressão “depois disto” ou palavras semelhantes como “depois destas coisas”, é um frequente conectivo entre narrações como essas no evangelho de João (cf. 3.22; 5.1, 14; 6.1; 7.1; 11.7, 11). Portanto, essa frase foi usada por João como uma transição para explicar o deslocamento de Jesus de Caná da Galileia para Cafarnaum e sua chegada final a Jerusalém para a celebração da Páscoa.

O modo mais natural de ler a expressão “e seus irmãos” é como uma referência aos irmãos de Jesus, nascidos do relacionamento entre José e Maria depois do nascimento de Jesus.

Lições do texto acerca da presença de Jesus no casamento:

1ª) A presença de Jesus no casamento requer convitevv.1, 2;

A missão de Jesus é uma obra de felicidade,
e por isso tem inicio com uma festa de casamento.”
C. H. Spurgeon

2ª) A presença de Jesus no casamento não impede que coisas desagradáveis aconteçamvv.3-5.

3ª) A presença de Jesus no casamento é funcionalvv.6, 7. Duas coisas importantes aqui: 1) sempre que Jesus dá uma ordem é sábio cumpri-la com zelo e determinação; 2) devemos usar os recursos que Jesus nos disponibilizar na sua obra.

4ª) A presença de Jesus no casamento é transformadoravv.8-11. Quatro lições aqui: 1) Jesus faz o milagre, a nossa parte é a obediência; 2) Jesus faz o milagre, a nossa parte é a colaboração; 3) Jesus faz o milagre da transformação completa, a nossa parte é viver em novidade de vida; e 4) Jesus faz o milagre da transformação sempre para melhor, a nossa parte é zelar pelo melhor.

Concluindo – Aplicações:

1ª) Jesus está presente em todos os momentos da nossa vida e em qualquer lugar onde estivermos.

2ª) Jesus age no tempo determinado por ele mesmo – o tempo certo para as coisas acontecerem de forma transformadora.

3ª) Jesus realiza milagres de transformação sempre para melhor. O que ele transforma está transformado e tem qualidade superior a tudo que há no mundo e o que ele possa fazer.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBLA – Jd. Das Palmeiras.
11 de Dezembro de 2016


[1] Casimiro, Arival Dias. Estudos Bíblicos em João – A verdade que liberta, Z3 Editora, 2011, p. 3.
[2] Casimiro, p. 4.
[3] Casimiro, p. 4, 5.
[4] Casimiro, p. 6.
[5] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1383.
[6] Bíblia de Estudo Brasileira, Editora Hagnos, 1ª Edição 2016, p. 1452.
[7] MacArthur, p. 1384.

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