Dentre
as muitas, quero citar, apenas duas razões para estudarmos o Evangelho de Jesus
Cristo Segundo João: 1ª) Ele foi escrito para produzir ou gerar fé
para a salvação – 20.30,31; 2ª) Ele
foi escrito para defesa da fé – fé salvadora e divindade de Jesus Cristo.
João
foi usado por Deus para defender os cristãos da heresia gnóstica. O gnosticismo
influenciava o pensamento religioso do 1º Século. Os gnósticos negavam
abertamente a divindade de Jesus e, consequentemente, todos os resultados
espirituais do seu sacrifício na cruz.[1] Por
isso, João, tem como um dos objetivos do seu evangelho provar que Jesus é Deus.
João
selecionou sete sinais (milagres – feitos
extraordinários com um objetivo específico): 1º) A transformação da água
em vinho – 2.1-12; 2º) A
cura a distância de um rapaz – 4.46-54;
3º) A cura do paralítico – 5.1-47;
4º) A multiplicação dos pães e peixes – 6.1-14; 5º) Jesus anda sobre o mar – 6.15-21; 6º) A cura do cego de
nascença – 9.1-41; e 7º) A
ressurreição de Lázaro – 11.1-57.
Ele,
João, também usou sete reivindicações da divindade de Jesus feitas por Jesus: 1ª) Eu
sou o pão da vida – 8.12; 2ª) Eu
sou a luz do mundo – 8.12; 3ª) antes
de Abraão eu sou – 8.58; 4ª) Eu
sou o bom pastor – 10.11; 5ª) Eu
sou a ressurreição e a vida – 11.25;
6ª) Eu sou o caminho, a verdade e a vida – 14.6; e 7ª) Eu sou a videira verdadeira – 15.1.
As
principais características do Evangelho são: 1ª) É um evangelho de festas
– quase todos os eventos e discursos estão relacionados com as festas judaicas
– 2.13, 23; 6.4; 7.2; 10.2; 11.55; 12.1;
13.2-10; 18.28; 2ª) É um evangelho de testemunhos –
exemplos: João Batista – 1.34, Natanael – 1.49, Pedro – 6.69, Jesus – 10.36, Marta – 11.27; Tomé – 20.28; 3ª) É um evangelho com simbolismos – números
e metáforas; 4ª) É um evangelho de fé – (1.12; 20.30, 31) sua base (ouvir e
receber a Palavra) e os seus resultados (liberdade, descanso, paz, poder e vida
eterna); 5ª) É um evangelho da encarnação – Deus se fez homem e habitou entre
nós – 1.1-18.[2]
Por
isso, João começa o seu evangelho apresentando a identidade de Jesus. Tudo o que
ele escreve a respeito de Jesus, no decorrer de sua narrativa, está em síntese
nos dezoito versículos inicias: 1º)
1.1-3 – Jesus é Deus – cinco aspectos: ele é o verbo, é eterno, é uma
pessoa, é Deus e é o Criador; 2º) 1.4, 5
– Jesus é a vida e a luz – duas palavras chaves que ensinam verdade
profundas: vida – ela tem origem e
Jesus e se encontra nele (8.12; 14.6),
e luz – a luz é uma manifestação
resplandecente da vida (12.46; 3.19-21);
3º) Jesus é homem perfeito – ele é verdadeiramente Deus e verdadeiramente
homem, de forma inconfundível, imutável, indivisível e inseparável. Jesus assumiu
a natureza humana e viveu sem pecar até a sua morte. Ele se identificou conosco
em todas as nossas fraquezas (4.6,7;
6.53; 8.40; 11.33-35; 12.27; 13.21; 19.28).[3]
João
e os outros discípulos afirmam que viram. Duas razões porque viram: 1ª) porque
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus – 1.16, 17; 2ª) porque Jesus revelou a si mesmo e o Pai
– 1.18.[4]
Nossa
série de mensagens será nesse evangelho, especificamente, nos sete sinais
narrados por João para a glória de Deus e para que creiamos em Jesus como Deus
e Salvador.
Hoje, nossa exposição é em João 2.1-12 que fala da transformação da água em vinho. Essa
passagem fala da presença de Jesus em três lugares: 1º) No casamento em Caná da
Galileia – vv.1-12; 2º) No
templo – vv.13-22; e 3º) Na
festa da Páscoa – vv.23-25.
Nosso texto
é a narração do primeiro milagre (sinal) de Jesus,
segundo
João, e é numa festa de casamento:
v.1 – Ao terceiro dia – frase
relacionada à narrativa anterior – 1.43
– a vocação de Filipe e Natanael.
Bodas em Caná da Galileia – a celebração de um casamento em Israel poderia
estender-se por uma semana. Caná da Galileia – localização exata ignorada,
provavelmente Khirbet Qana, vila atualmente em ruínas, aproximadamente a 15 km
de Nazaré.[5]
Estava ali a mãe de Jesus – João não cita o nome Maria nem outro, ao não ser o
de Jesus, pelo fato de que Jesus é quem é o centro das atenções e tudo o que
ensina e faz.
v.2 – Possivelmente, os discípulos que acompanharam Jesus ao casamento são
os cinco do primeiro capítulo – André,
Pedro, Filipe, Natanael e João. Eles foram, porque foram convidados.
vv.3-5 – O vinho que faltou era um vinho fermentado, mas o que
Jesus providenciou pelo milagre, não estava sujeito as regras de fermentação da
época, por isso foi identificado como melhor pelo mestre-sala.
A
resposta de Jesus à sua mãe não foi rude, mas abrupto. A frase pergunta o que
há de comum entra as duas partes. Jesus queria, com sua resposta, que sua mãe
entendesse que agora, ele, entrara no objetivo de sua missão no mundo, de modo
que havia subordinado todas as suas ações ao cumprimento dessa missão. Maria
teria que reconhecê-lo não só como seu filho, a quem havia criado, mas como o
prometido Messias e o Filho de Deus e Salvador.
A
frase “ainda não é chegada a minha hora”
está relacionada á paixão de Cristo – prisão, julgamento, sofrimento, morte,
ressurreição e exultação (7.30; 8.20;
12.23, 27; 13.1; 17.1). Jesus estava cumprindo o plano divino da redenção
decretado por Deus.
v.6 – seis jarros de água, que eram feitos de pedra por ser a pedra mais
impermeável que o barro. Nesses jarros cabiam entre 80 e 120 litros de água.
Eles eram usados para as purificações cerimoniais.
vv.7-10 – O milagre (sinal) acontece de forma imperceptível;
água é colocada nas talhas por ordem de Jesus, e o que se retira delas e se
bebe é vinho da melhor qualidade, de acordo com um especialista a festa.
v.11 – Sinais – o termo grego
usado e traduzido aqui significa... O termo é usado claramente para
caracterizar a ação de Jesus como uma demonstração visível do seu poder divino,
miraculoso, que apontava para além do milagre em si, ao apresentar a identidade
messiânica[6] e a
divindade de Jesus. Portanto, refere-se a demonstrações importantes de poder
que apontam para além delas mesmas para realidades divinas mais profundas, que
podem ser percebidas pelos olhos da fé.[7]
v.12 – A expressão “depois disto”
ou palavras semelhantes como “depois
destas coisas”, é um frequente conectivo entre narrações como essas no
evangelho de João (cf. 3.22; 5.1, 14;
6.1; 7.1; 11.7, 11). Portanto, essa frase foi usada por João como uma
transição para explicar o deslocamento de Jesus de Caná da Galileia para
Cafarnaum e sua chegada final a Jerusalém para a celebração da Páscoa.
O
modo mais natural de ler a expressão “e
seus irmãos” é como uma referência aos irmãos de Jesus, nascidos do
relacionamento entre José e Maria depois do nascimento de Jesus.
Lições do texto acerca da presença de
Jesus no casamento:
1ª) A presença de Jesus no casamento
requer convite – vv.1, 2;
“A missão de
Jesus é uma obra de felicidade,
e por isso
tem inicio com uma festa de casamento.”
C. H. Spurgeon
2ª) A presença de Jesus no casamento
não impede que coisas desagradáveis aconteçam – vv.3-5.
3ª) A presença de Jesus no casamento
é funcional – vv.6, 7. Duas coisas
importantes aqui: 1) sempre que Jesus dá uma ordem é sábio
cumpri-la com zelo e determinação; 2)
devemos usar os recursos que Jesus nos
disponibilizar na sua obra.
4ª) A presença de Jesus no casamento
é transformadora – vv.8-11.
Quatro lições aqui: 1) Jesus faz o milagre, a nossa parte é a obediência;
2) Jesus faz o milagre, a nossa parte é a colaboração; 3) Jesus
faz o milagre da transformação completa, a nossa parte é viver em novidade de
vida; e 4) Jesus faz o milagre da transformação sempre para melhor, a nossa parte
é zelar pelo melhor.
Concluindo – Aplicações:
1ª) Jesus está presente em todos os momentos da nossa vida e em qualquer
lugar onde estivermos.
2ª) Jesus age no tempo determinado por ele mesmo – o tempo certo para as
coisas acontecerem de forma transformadora.
3ª) Jesus realiza milagres de transformação sempre para melhor. O que ele
transforma está transformado e tem qualidade superior a tudo que há no mundo e
o que ele possa fazer.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBLA – Jd. Das Palmeiras.
11 de Dezembro
de 2016
[1] Casimiro, Arival Dias. Estudos Bíblicos em João – A
verdade que liberta, Z3 Editora, 2011, p. 3.
[2] Casimiro, p. 4.
[3] Casimiro, p. 4, 5.
[4] Casimiro, p. 6.
[5] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 1383.
[6] Bíblia de Estudo Brasileira, Editora Hagnos, 1ª Edição
2016, p. 1452.
[7] MacArthur, p. 1384.
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