Promessas Cumpridas (1)
Em
nossa introdução ao estudo da profecia bíblica vimos que ela tem dois
significados, um mais abrangente –
“tudo que Deus tem a dizer para Suas criaturas racionais pela Bíblia”, e um
mais especifico – a profecia como
predição de Deus, ou seja, “as revelações que nos permitem saber o que vai
acontecer, isto é, a habilidade de Deus, com a Escritura, de prever o futuro
que está em quase um terço da Escritura”.
Vimos
também que, quase todas as profecias preditivas falam sobre o povo de Israel e
a vinda do Messias, Jesus Cristo. Em Isaías 43.10, 11 vimos que a profecia
declara o plano de Deus de antemão. E o propósito é que nós todos possamos conhecê-lo, crer nEle e entender que
somente Ele é Deus.
Olhando
a profecia deste modo, afirmamos que: “Deus é o Deus da Profecia. Ele é também
o Deus da nossa salvação; e a Profecia sublinha e aponta para a salvação.
Israel foi escolhido por Deus para o propósito primário de trazer o Messias ao
mundo”[1] “...
para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.17).
Ao
estudarmos as profecias ou promessas da 1º vinda de Jesus Cristo, ou a sua
encarnação, consideramos que a “sua vinda ao mundo nada teve de casual, e nem
mesmo de inesperada. O plano divino da encarnação tinha sido, desde os
primórdios da raça humana, anunciado de muitas formas e maneiras, por
intermédio de muitas pessoas inspiradas diretamente pelo próprio Deus”[2].
Assim,
em nosso primeiro estudo, tratamos da preexistência de Cristo, defendendo que a
preexistência de Cristo significa que ele existia antes de nascer, e não
somente isso, mas que ele existia antes da criação e antes do tempo.[3]
Estudamos o assunto em três pontos: (1º) as evidências da preexistência de Cristo, (2º) a eternidade do Cristo pré-existente, e (3º) as atividades do Cristo pré-existente. Concluímos com Gálatas 4.4,
afirmando que “quando as precisas condições religiosas, culturais e politicas
exigidas pelo seu plano (plano de Deus) perfeito haviam atingido o auge, Jesus
veio ao mundo”[4],
e que o fato de o Pai ter enviado seu filho, Jesus, “ao mundo ensina a respeito
de sua preexistência como o eterno membro da trindade!”.[5]
Hoje,
começando pela primeira promessa em Gênesis
3.15, vamos estudar as promessas de Deus para a vinda do Salvador no Antigo
Testamento e seu cumprimento na história do Novo Testamento.
O
texto de Gênesis 2.4-4.26, “descreve
três etapas em que a sociedade humana se degenerou de sua perfeição
apresentada”[6]
em Gênesis 1.31: 1º) O
desafio ao mandamento divino – Gn
3.6; 2º) O primeiro assassinato – Gn
4.8; e 3º) A vingança 77 vezes maior realizada por Lameque – Gn 4.24. Essa passagem nos ajuda a
entender e explicar os efeitos do pecado de forma simples, mas ao mesmo tempo
profunda.
Observemos
o texto do seguinte modo: 1º) A criação e o Criador – Gn 2.4-24; 2º) A mais triste passagem da
Bíblia – Genesis 3.1-24; e 3º) As
consequências da queda na humanidade – Gênesis
4.1-26; 4º) A primeira promessa do salvador – Gn 3.15.
I. A criação e o Criador – Genesis 2.4-24
1. Gênesis 2.4 – Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram
criados, quando o SENHOR Deus os criou.
a.
Aqui o texto
volta à situação antes da humanidade ser criada – 1.1-25.
b.
A expressão
“Senhor Deus” revela duas coisas importantes sobre Deus em sua ação criadora e
seu relacionamento com a humanidade.
ð
Primeira – o
termo “Deus” que se refere a Deus como o Criador e que é usado no capítulo 1 de
Gênesis e em toda a vez que a Bíblia fala sobre a criação – Gn 1.1-2.3.
ð
Segunda – o
termo “Senhor” que se refere ao nome pessoal de Deus (YHWH – Yahweh – Javé) revelado
a Israel (Êxodo 3.14; 6.13) e que se encontra 6.823 vezes no texto do Antigo
Testamento e está associado à sua santidade e à sua bondosa providência de salvação
– Levítico 11.44, 45; Isaías 53.1, 5, 6, 10.
ð
Assim fica claro
para nós, que Deus é tanto criador dos
céus e da terra, como da humanidade com quem mantinha e providenciou meios para
continuar em comunhão.
2. Gênesis 2.5-7 – Por meio dessa passagem temos os detalhes da
criação do primeiro homem e de modo implícito “que as pessoas são, por
natureza, mais que matérias, também possuem um elemento espiritual soprado por
Deus”[7].
3. Gênesis 2.8-17 – Temos aqui, outra vez, ressaltado o interesse de
Deus nas necessidades humanas, coisa que já tinha sido mencionado em Gn 1.29. Também observamos duas coisas
importantes:
a.
Primeira –
Tudo o que havia no jardim aponta para o que havia de mais importante ali – a
presença de Deus!
b.
Segunda – as
duas árvores: (v.9)
ð
v.9b – A árvore
da vida, “uma árvore real com propriedades especiais de sustentar a vida
eterna”[8] ou que
proporciona vida eterna e que um dia também estará nos novos céus e na nova
terra – Ap 22.2.
ð
v.9c – A árvore
do conhecimento do bem e do mal – o fruto dessa árvore foi proibido para
consumo, por que a sabedoria ou conhecimento obtido pela ingestão desse fruto
conduziria o ser humano a ser independente de Deus, enquanto a verdadeira
sabedoria começa com o termo do Senhor – Pv
1.7. A árvore “serviu de teste de obediência e pela qual nossos primeiros
pais foram tentados, se eles obedeceriam ou desobedeceriam a Deus”[9].
4. Genesis 2.18-24 – Por essa linda passagem temos os detalhes da criação
da mulher, sem a qual o homem não estaria completo. A expressão “uma
auxiliadora que lhe seja idônea” seria melhor traduzida por “ajudadora que o
complemente”, isto é, que supra o que lhe falta. Ela é a costela que falta a
ele.
a. Enquanto vemos em Gn 1.28 o
destaque na importância da procriação, em Gn
2.20-24 temos destaque na natureza do amor e companheirismo na união do
homem com a mulher.
II. A mais triste e mais esperançosa
passagem da Bíblia – Genesis 3.1-24
Temos
aqui a mais triste passagem da Bíblia, quando a “harmonia inocente do Éden foi
arruinada com a entrada do pecado”[10]. A
desobediência de Adão e Eva, por serem eles os pais da raça humana inteira,
teve as mais graves consequências que afetou toda a humanidade.
A
história da queda é a explanação da Escritura sobre o pecado e os males que
prejudicaram a sociedade, corromperam os relacionamentos pessoas, interpessoais
e internacionais, e nos condenou a morte física e espiritual.
Esse
capítulo faz uma abordagem sobre a
tentação – 3.1-6; o impacto do pecado no relacionamento do
homem com Deus e com outras pessoas – 3.7-13;
o registro do juízo divino e o impacto do
pecado na própria natureza humana – 3.14-20;
e a expulsão de Adão e Eva do Éden – 3.21-24.
III. As consequências da queda na
humanidade – Gênesis 4.1-26
As
consequências da queda agora se mostram nos descendentes de Adão e Eva: 1) Caim
mata seu irmão Abel – 4.1-18; 2) Lameque
quebra a monogamia estabelecida por Deus e estabelece a bigamia casando-se com
duas mulheres – 4.19-22; 3) Lameque tenta justificar o homicídio
que cometeu, tornando clara a inclinação pecaminosa da sociedade – 4.23, 24. Assim percebemos que a
sociedade estava se esfacelando e pronta para o juízo divino.
Mas,
apesar disso, Adão e Eva reestruturam suas vidas e tem outro filho a quem põem
“o nome de Sete porque, disse ela, Deus me
concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou. A Sete nasceu-lhe
também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do
SENHOR.” (vv.25, 26)
Agora,
com a compreensão correta da criação, do Criador e do homem e sua queda,
voltemos para a promessa de Deus sobre o Salvador, Jesus Cristo.
IV. A primeira promessa do salvador – Gn
3.15
Observamos
aqui, que a misericórdia de Deus alcança o homem antes de puni-lo por sua
transgressão. O Salvador foi prometido antes da promulgação das maldições oriundas
do pecado.
Temos,
também, aqui, um principio que é norteador para compreendermos a obra de Cristo
e nos identificarmos com sua pessoa: O Descendente da mulher, Cristo, esmagaria
a cabeça da antiga serpente, Satanás (cf. Ap
12.9), e este lhe feriria o calcanhar, já apontando para o sofrimento e
martírio do Messias. Esta é a primeira alusão à primeira vinda do Cristo.
Poderíamos
chamar esse texto de o primeiro Evangelho, profético é claro, “e se refere à
luta e ao respectivo resultado entre “a sua descendência” (Satanás e os
descrentes, que são chamados de filhos do diabo em Jo 8.44) e “o seu
descendente” (Cristo, descendente de Eva, e aqueles que estão nele) Cristo, que
mais tarde derrotaria a serpente. Satanás apenas conseguiria ferir o calcanhar
de Cristo (fazê-lo sofrer), enquanto Cristo esmagaria a cabeça de Satanás
(destruí-lo com um sopro fatal)”[11].
Durante
todo o Antigo Testamento, o fio condutor que liga os diferentes livros e os
torna uma impressionante unidade é a promessa da vinda do Messias (o Ungido),
Salvador.
O
cumprimento literal dessa primeira promessa encontrasse no Novo Testamento,
quando é narrado o nascimento, a vida, o sofrimento, o sacrifício, a morte e a
ressurreição de Jesus!
Concluindo – Gálatas 4.4, 5 deixa isso bem claro – “vindo,
porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de
que recebêssemos a adoção de filhos.
[1] T. A. MacMahon –
TBC – http:/www.chamada.com.br
[2] Oliveira, Kelson Mota T. – Cristologia – A Pessoa e a
Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo, pg. 1.
[3] Ryrie, Charles C. – Teologia Básica ao alcance de
todos, pg. 273.
[4] John MacArthur, Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010,
p. 1592.
[5] Ibid., p. 1592.
[6] D. A. Carson, Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
pg. 103.
[8] John MacArthur, Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010,
p. 19.
[9] Ibid., p. 19.
[11] MacArthur, p. 21, 22.
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