terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Estudo das Promessas Cumpridas sobre a 1ª Vinda de Jesus Cristo - Promessas Cumpridas (1)

Gênesis 2.4-3.24
Promessas Cumpridas (1)

Em nossa introdução ao estudo da profecia bíblica vimos que ela tem dois significados, um mais abrangente – “tudo que Deus tem a dizer para Suas criaturas racionais pela Bíblia”, e um mais especifico – a profecia como predição de Deus, ou seja, “as revelações que nos permitem saber o que vai acontecer, isto é, a habilidade de Deus, com a Escritura, de prever o futuro que está em quase um terço da Escritura”.

Vimos também que, quase todas as profecias preditivas falam sobre o povo de Israel e a vinda do Messias, Jesus Cristo. Em Isaías 43.10, 11 vimos que a profecia declara o plano de Deus de antemão. E o propósito é que nós todos possamos conhecê-lo, crer nEle e entender que somente Ele é Deus.

Olhando a profecia deste modo, afirmamos que: “Deus é o Deus da Profecia. Ele é também o Deus da nossa salvação; e a Profecia sublinha e aponta para a salvação. Israel foi escolhido por Deus para o propósito primário de trazer o Messias ao mundo”[1] “... para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3.17).

Ao estudarmos as profecias ou promessas da 1º vinda de Jesus Cristo, ou a sua encarnação, consideramos que a “sua vinda ao mundo nada teve de casual, e nem mesmo de inesperada. O plano divino da encarnação tinha sido, desde os primórdios da raça humana, anunciado de muitas formas e maneiras, por intermédio de muitas pessoas inspiradas diretamente pelo próprio Deus”[2].

Assim, em nosso primeiro estudo, tratamos da preexistência de Cristo, defendendo que a preexistência de Cristo significa que ele existia antes de nascer, e não somente isso, mas que ele existia antes da criação e antes do tempo.[3] Estudamos o assunto em três pontos: (1º) as evidências da preexistência de Cristo, (2º) a eternidade do Cristo pré-existente, e (3º) as atividades do Cristo pré-existente. Concluímos com Gálatas 4.4, afirmando que “quando as precisas condições religiosas, culturais e politicas exigidas pelo seu plano (plano de Deus) perfeito haviam atingido o auge, Jesus veio ao mundo”[4], e que o fato de o Pai ter enviado seu filho, Jesus, “ao mundo ensina a respeito de sua preexistência como o eterno membro da trindade!”.[5]

Hoje, começando pela primeira promessa em Gênesis 3.15, vamos estudar as promessas de Deus para a vinda do Salvador no Antigo Testamento e seu cumprimento na história do Novo Testamento.

O texto de Gênesis 2.4-4.26, “descreve três etapas em que a sociedade humana se degenerou de sua perfeição apresentada”[6] em Gênesis 1.31: 1º) O desafio ao mandamento divinoGn 3.6; 2º) O primeiro assassinatoGn 4.8; e 3º) A vingança 77 vezes maior realizada por LamequeGn 4.24. Essa passagem nos ajuda a entender e explicar os efeitos do pecado de forma simples, mas ao mesmo tempo profunda.

Observemos o texto do seguinte modo: 1º) A criação e o CriadorGn 2.4-24; 2º) A mais triste passagem da BíbliaGenesis 3.1-24; e 3º) As consequências da queda na humanidade Gênesis 4.1-26; 4º) A primeira promessa do salvadorGn 3.15.

I. A criação e o Criador – Genesis 2.4-24

1. Gênesis 2.4 – Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou.

a.    Aqui o texto volta à situação antes da humanidade ser criada – 1.1-25.

b.   A expressão “Senhor Deus” revela duas coisas importantes sobre Deus em sua ação criadora e seu relacionamento com a humanidade.

ð Primeira – o termo “Deus” que se refere a Deus como o Criador e que é usado no capítulo 1 de Gênesis e em toda a vez que a Bíblia fala sobre a criação – Gn 1.1-2.3.

ð Segunda – o termo “Senhor” que se refere ao nome pessoal de Deus (YHWH – Yahweh – Javé) revelado a Israel (Êxodo 3.14; 6.13) e que se encontra 6.823 vezes no texto do Antigo Testamento e está associado à sua santidade e à sua bondosa providência de salvação – Levítico 11.44, 45; Isaías 53.1, 5, 6, 10.

ð Assim fica claro para nós, que Deus é tanto criador dos céus e da terra, como da humanidade com quem mantinha e providenciou meios para continuar em comunhão.

2. Gênesis 2.5-7 – Por meio dessa passagem temos os detalhes da criação do primeiro homem e de modo implícito “que as pessoas são, por natureza, mais que matérias, também possuem um elemento espiritual soprado por Deus”[7].

3. Gênesis 2.8-17 – Temos aqui, outra vez, ressaltado o interesse de Deus nas necessidades humanas, coisa que já tinha sido mencionado em Gn 1.29. Também observamos duas coisas importantes:

a.    Primeira – Tudo o que havia no jardim aponta para o que havia de mais importante ali – a presença de Deus!

b.   Segunda – as duas árvores: (v.9)

ð  v.9b – A árvore da vida, “uma árvore real com propriedades especiais de sustentar a vida eterna”[8] ou que proporciona vida eterna e que um dia também estará nos novos céus e na nova terra – Ap 22.2.

ð  v.9c – A árvore do conhecimento do bem e do mal – o fruto dessa árvore foi proibido para consumo, por que a sabedoria ou conhecimento obtido pela ingestão desse fruto conduziria o ser humano a ser independente de Deus, enquanto a verdadeira sabedoria começa com o termo do Senhor – Pv 1.7. A árvore “serviu de teste de obediência e pela qual nossos primeiros pais foram tentados, se eles obedeceriam ou desobedeceriam a Deus”[9].

4. Genesis 2.18-24 – Por essa linda passagem temos os detalhes da criação da mulher, sem a qual o homem não estaria completo. A expressão “uma auxiliadora que lhe seja idônea” seria melhor traduzida por “ajudadora que o complemente”, isto é, que supra o que lhe falta. Ela é a costela que falta a ele.

a. Enquanto vemos em Gn 1.28 o destaque na importância da procriação, em Gn 2.20-24 temos destaque na natureza do amor e companheirismo na união do homem com a mulher.

II. A mais triste e mais esperançosa passagem da Bíblia – Genesis 3.1-24

Temos aqui a mais triste passagem da Bíblia, quando a “harmonia inocente do Éden foi arruinada com a entrada do pecado”[10]. A desobediência de Adão e Eva, por serem eles os pais da raça humana inteira, teve as mais graves consequências que afetou toda a humanidade.

A história da queda é a explanação da Escritura sobre o pecado e os males que prejudicaram a sociedade, corromperam os relacionamentos pessoas, interpessoais e internacionais, e nos condenou a morte física e espiritual.

Esse capítulo faz uma abordagem sobre a tentação3.1-6; o impacto do pecado no relacionamento do homem com Deus e com outras pessoas3.7-13; o registro do juízo divino e o impacto do pecado na própria natureza humana3.14-20; e a expulsão de Adão e Eva do Éden3.21-24.

III. As consequências da queda na humanidade – Gênesis 4.1-26

As consequências da queda agora se mostram nos descendentes de Adão e Eva: 1) Caim mata seu irmão Abel4.1-18; 2) Lameque quebra a monogamia estabelecida por Deus e estabelece a bigamia casando-se com duas mulheres4.19-22; 3) Lameque tenta justificar o homicídio que cometeu, tornando clara a inclinação pecaminosa da sociedade – 4.23, 24. Assim percebemos que a sociedade estava se esfacelando e pronta para o juízo divino.

Mas, apesar disso, Adão e Eva reestruturam suas vidas e tem outro filho a quem põem “o nome de Sete porque, disse ela, Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou. A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do SENHOR.” (vv.25, 26)

Agora, com a compreensão correta da criação, do Criador e do homem e sua queda, voltemos para a promessa de Deus sobre o Salvador, Jesus Cristo.

IV. A primeira promessa do salvador – Gn 3.15

Observamos aqui, que a misericórdia de Deus alcança o homem antes de puni-lo por sua transgressão. O Salvador foi prometido antes da promulgação das maldições oriundas do pecado.

Temos, também, aqui, um principio que é norteador para compreendermos a obra de Cristo e nos identificarmos com sua pessoa: O Descendente da mulher, Cristo, esmagaria a cabeça da antiga serpente, Satanás (cf. Ap 12.9), e este lhe feriria o calcanhar, já apontando para o sofrimento e martírio do Messias. Esta é a primeira alusão à primeira vinda do Cristo.

Poderíamos chamar esse texto de o primeiro Evangelho, profético é claro, “e se refere à luta e ao respectivo resultado entre “a sua descendência” (Satanás e os descrentes, que são chamados de filhos do diabo em Jo 8.44) e “o seu descendente” (Cristo, descendente de Eva, e aqueles que estão nele) Cristo, que mais tarde derrotaria a serpente. Satanás apenas conseguiria ferir o calcanhar de Cristo (fazê-lo sofrer), enquanto Cristo esmagaria a cabeça de Satanás (destruí-lo com um sopro fatal)”[11].

Durante todo o Antigo Testamento, o fio condutor que liga os diferentes livros e os torna uma impressionante unidade é a promessa da vinda do Messias (o Ungido), Salvador.

O cumprimento literal dessa primeira promessa encontrasse no Novo Testamento, quando é narrado o nascimento, a vida, o sofrimento, o sacrifício, a morte e a ressurreição de Jesus!

Concluindo – Gálatas 4.4, 5 deixa isso bem claro – “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.



[1] T. A. MacMahon – TBC – http:/www.chamada.com.br
[2] Oliveira, Kelson Mota T. – Cristologia – A Pessoa e a Obra de Nosso Senhor Jesus Cristo, pg. 1.
[3] Ryrie, Charles C. – Teologia Básica ao alcance de todos, pg. 273.
[4] John MacArthur, Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1592.
[5] Ibid., p. 1592.
[6] D. A. Carson, Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, pg. 103.
[7] Ibid., pg. 104.
[8] John MacArthur, Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 19.
[9] Ibid., p. 19.
[10] D. A. Carson, pg. 104.
[11] MacArthur, p. 21, 22.

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