domingo, 18 de janeiro de 2015

Estudos no Credo Apostólico (1) - Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

Isaías 46.9; 1Timóteo 1.17

No estudo da introdução ao Credo Apostólico vimos:

ü Que o Credo, “como a palavra indica, trata-se de uma declaração de fé. É uma tentativa de resumir os pontos principais daquilo em que os cristãos creem.”[1] Portanto, “é um resumo de ensinos bíblicos aceitos pelos cristãos.”[2] “É a síntese dos pontos fundamentais da fé com o objetivo de afirmar ou defender a fé.”[3]

ü Que o Credo surgiu da necessidade da Igreja, nos primeiros séculos de sua história, “de definir os pontos fundamentais que deveriam ser aceitos por todos que desejassem filiar-se a ela.”[4]

ü Que a Bíblia apresenta diversas confissões que consistem em expressões de fé, as quais eram ensinadas e que após a morte dos apóstolos, quando a igreja precisou formalizar suas crenças e seus procedimentos, forma escritas regras de fé que culminaram no Credo Apostólico, isto é, credo ou confissão de fé com base no ensino dos apóstolos. Primitivamente, ele, foi empregado doutrinariamente, liturgicamente.

ü Que, naquele contexto, além do Credo Apostólico, foram elaborados outros três credos considerados importantes: o Credo Atanasiano, o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo de Calcedônia.

ü Que uma analogia feita por P. Schaff (1819-1893) sobre o Credo Apostólico parece resumir bem o seu significado: “Como a Oração do Senhor e a Oração das orações, o Decálogo, a Lei das leis, também o Credo dos Apóstolos e o Credo dos credos.”[5]

ü Que o Credo foi datado, originalmente, em seus manuscritos, entre os séculos II e IV e sendo o mais conhecido de todos os credos, tem sido repetidamente proferido por mais de 1.500 anos de historia.

ü Que todas as denominações que estão inseridas dentro do que chamamos de religiões cristãs o reconhecem e o proferem como um resumo fiel dos ensinos dos apóstolos. Nesse sentido, não é um credo católico romano ou evangélico, mas um resumo da fé cristã.[6]

ü O Credo é uma resposta do homem à Palavra de Deus, sumariando os artigos essenciais da fé cristã. Desta forma, eles pressupõem fé; mas não a geram; esta é obra do Espirito Santo através da Palavra. (Rm 10.17). O Credo baseia-se na Palavra, porém não é a Palavra, nem jamais foi isso cogitado pelos seus formuladores; ele não pode substituir a Palavra de Deus; somente ela gera vida pelo poder de Deus (1Pe 1.23; Tg 1.18). O Credo tem a sua autoridade decorrente da Palavra de Deus; em outras palavras, o seu valor não e intrínseco, mas sim extrínseco. Ele deve ser recebido e crido enquanto permanece fiel à Escritura.[7]

ü Terminamos observando que o Credo Apostólico pode ser dividido em quatro partes: 1) Deus Pai Todo-poderoso; 2) Deus Filho: a História da Redenção; 3) Deus Espírito Santo; 4) A Igreja e os benefícios que Deus nos tem concedido.

Nosso estudo de hoje é sobre a primeira parte do Credo: Deus Pai Todo-poderoso. Veremos isso em dois pontos: 1º) O Deus Único é uma Trindade; 2º) Deus Pai Todo-poderoso.

I. O Deus Único é uma Trindade[8]

Deus é único e pessoal. Ele também é eterno e autoexistente. Portanto, não há outros deuses além dele, ele se relaciona conosco em uma aliança, ele sempre existiu e nunca precisou de ninguém para existir; tudo existe por causa dele, mas ele não existe por causa de nada. (cf. Gn 17.1; Êx 3.14; Is 46.9; 1Tm 1.17)

Esse Deus único é descrito no Credo como uma Trindade: Creio em Deus Pai... Creio em Jesus Cristo... Creio no Espírito Santo... Há, na verdade, uma relação de paternidade entre Deus o Pai e Deus o Filho, por isso Jesus é chamado de Filho de Deus. Filho gerado pelo Pai Eterno. Portanto, podemos afirmar que Deus o Filho é eternamente gerado por Deus o Pai. E o Espírito Santo, por sua vez, procede do Pai e do Filho. (cf. Sl 2.7; Jo 1.18; Hb 5.5; Jo 15.26.)

É como se existisse um movimento: o Filho sendo gerado eternamente pelo Pai e o Espírito Santo eternamente sendo enviado pelo Pai e pelo Filho. Esse é o movimento da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, mas, a ordem não implica em diferença de importância ou dignidade, e sim uma simples processão.

No passado, os servos de Deus, resumiram esse ensino do seguinte modo: Deus possui uma só substância e subsiste em três pessoas. Sendo assim, a igreja adota, para referir-se a Deus, a expressão Triúno. O ensino sobre a Trindade não é irracional, mas está além de nossa capacidade de compreensão (é suprarracional) é um mistério da fé.

Infelizmente, hoje, muitos não consideram importante prestar atenção e conhecer quem Deus é de verdade, mas, se interessam mais pelo que Deus faz do que pelo ser de Deus propriamente dito, e assim desconsideram a Palavra de Deus – Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR... .(Os 6.3a)

Quando conhecemos o que é verdadeiro, estamos aptos para detectar o que é fraudulento.  Por isso o saudável para a fé cristã é dedicar-se a conhecer o Deus vivo e verdadeiro, antes de qualquer outra coisa.

II. Deus Pai Todo-poderoso

O Credo começa com a seguinte declaração: Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

1. Deus Pai Todo-poderoso[9] – Essa afirmação de fé nós leva a Isaías 46.9-11 onde lemos sobre a plenipotência divina.

Com base no texto de Isaías, dizemos que Deus tem a capacidade de anunciar o futuro porque é Todo-poderoso: ele estabelece um plano e o cumpre (v.10). Que conselho é tudo aquilo que Deus decreta ou delibera. O que ele decide fica de pé e ele faz a sua vontade, com quem quer e quando quer (v.11). Ele é soberano. O fato de Deus ser Todo-poderoso não significa que ele faz qualquer coisa de modo irresponsável, pois, ele não pecar. Sua santidade na combina com o pecado e ele jamais é o autor do pecado. Ele pode fazer todas as coisas que sejam consistentes com o seu caráter. (cf. Lv 11.45; Tg 1.13; Gn 1.31)

Portanto, o poder absoluto de Deus está intrinsecamente ligado a sua vontade. A vontade de Deus pode ser definida como a perfeição de seu ser que é a causa da existência e da preservação de todas as coisas. Mas a vontade divina pode ser identificada por diferentes aspectos: 1) Decretiva – aspecto pelo qual, desde toda a eternidade e para a sua própria glória, ele preordenou, de maneira imutável, tudo o que acontece – Jó 42.2; 2) Preceptiva – aspecto pelo qual ele prescreve a norma de vida para as suas criaturas morais. São os preceitos do Senhor revelados na Lei e no Evangelho – Êxodo 20.1-17; Mateus 5-7; 1 Tessalonicenses 5.17; 3) Secreta ou específica – é o aspecto que diz respeito às questões específicas e de interesse pessoal de cada individual. Para se discernir a vontade não revelada de Deus, dois fatores precisam ser sempre levados em conta: 1º) Fazer um exame global das circunstâncias que envolvem a questão; 2º) Verificar a inclinação e a paz de Deus no coração. (Romanos 12.2); e 4) Revelada – abrange todo o conteúdo da vontade preceptiva e decretiva que está revelada na Escritura. Isso inclui quem Deus é quem nós somos e o que ele quer que sejamos1 João 2.17.

2. Criador do céu e da terra. (Hb 11.3)

[10]Criar o visível a partir de coisas que não aparecem – a vida da não vida é impossível aos homens. Somente Deus pode fazê-lo. Isso é aceito por fé, daí, creio.

A crença em Deus não é contrária à razão; nossa especulação racional decorre desta primeira sentença do Credo. A Bíblia é verdade absoluta; a declaração Deus é o criador afeta nossa ideia de ciência. O cristianismo bíblico não teme a ciência, pois a ciência estuda o que foi criado por Deus e nada jamais foi descoberto, nem será, que contrarie a Escritura.

Deus não apenas cria, mas, também, sustenta o que criou. Isso significa que pertencemos a ele. Não somos donos de nossos narizes. Se uma pessoa achar que ela é quem faz as coisas em sua vida; ela não está dando a Deus a glória devida e não tem como prosseguir saudável em sua vida cristã. (cf. Sl 100.3)

Crer em Deus como criador e fonte de toda boa dádiva é a base da verdadeira adoração. Em Apocalipse lemos sobre vinte e quatro anciãos que se prostram diante de Deus e lhe oferecem adoração porque ele é o criador – Ap 4.11.

O discipulado exige a noção de um grande Deus. Deus é Senhor e não servo. Não podemos “decretar”, ele é quem dá as ordens – ao admitir isso iniciamos a nossa vida cristã. Nossa vida não é o registro de nossas façanhas, mas o registro das grandes obras de Deus.

Quem considera o Credo uma síntese doutrinária seca ou ingênua, não desfruta das preciosas verdades nele contidas. O Credo pode e deve ser declamado como um derramamento de nossas almas, como um reconhecimento amoroso de quem Deus é: o nosso Deus Pai Todo-poderoso.

Concluindo

Assim, “nós não pensamos em Deus apenas no passado, no relato de Gênesis, mas o consideramos como dono de nossas vidas, o soberano que, hoje, recebe nossa gratidão e adoração”.[11]

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Romanos 11.33-36

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 17/01/15




[1] McGrath, Alister E. Creio – um estudo sobre as verdades essências da fé cristã no Credo Apostólico. Vida Nova, SP, 2013, p. 13.
[2] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 33.
[3] Borges, Rev. Luciano. Estudos Bíblicos no Credo Apostólico para Escola Bíblica Dominical, Estudo 1. IPB Bethel em Limeira.
[4] Clássicos da Escola Dominical. Série “Descoberta da Fé – O Credo Apostólico”, 4ºTR73, Editora Cultura Cristã, Lição 1, p. 5.
[5] Costa, Hermisten Maia Pereira. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Parakletos, SP, 2002, p. 30.
[6] Patrocínio, Rev. Jorge Luiz. Série de Estudo no Credo Apostólico, Estudo 1 – Uma Análise Histórica.
[7] Costa, p. 70.
[8] Nascimento, p. 37-39. (Esse ponto segue a ordem do texto nas páginas indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[9] Nascimento, p. 40. (Esse ponto segue a ordem do texto na página indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[10] Nascimento, p. 40, 41. (Esse ponto segue a ordem do texto na página indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[11] Nascimento, p. 41.

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