No
estudo da introdução ao Credo Apostólico vimos:
ü
Que o Credo, “como
a palavra indica, trata-se de uma declaração de fé. É uma tentativa de resumir
os pontos principais daquilo em que os cristãos creem.”[1] Portanto,
“é um resumo de ensinos bíblicos aceitos pelos cristãos.”[2] “É a síntese dos pontos
fundamentais da fé com o objetivo de afirmar ou defender a fé.”[3]
ü
Que o Credo
surgiu da necessidade da Igreja, nos primeiros séculos de sua história, “de
definir os pontos fundamentais que deveriam ser aceitos por todos que
desejassem filiar-se a ela.”[4]
ü
Que a Bíblia
apresenta diversas confissões que consistem em expressões de fé, as quais eram
ensinadas e que após a morte dos apóstolos, quando a igreja precisou formalizar
suas crenças e seus procedimentos, forma escritas regras de fé que culminaram no Credo Apostólico, isto é, credo ou
confissão de fé com base no ensino dos apóstolos. Primitivamente, ele, foi
empregado doutrinariamente, liturgicamente.
ü
Que, naquele
contexto, além do Credo Apostólico, foram elaborados outros três credos
considerados importantes: o Credo
Atanasiano, o Credo
Niceno-Constantinopolitano e o Credo
de Calcedônia.
ü
Que uma analogia
feita por P. Schaff (1819-1893) sobre o Credo Apostólico parece resumir bem o
seu significado: “Como a Oração do Senhor e a Oração das orações, o Decálogo, a Lei das
leis, também o Credo dos Apóstolos e o Credo dos credos.”[5]
ü
Que o Credo foi datado,
originalmente, em seus manuscritos, entre os séculos II e IV e sendo o mais
conhecido de todos os credos, tem sido repetidamente proferido por mais de
1.500 anos de historia.
ü
Que todas as
denominações que estão inseridas dentro do que chamamos de religiões cristãs o
reconhecem e o proferem como um resumo fiel dos ensinos dos apóstolos. Nesse sentido, não é um credo católico
romano ou evangélico, mas um resumo da fé cristã.[6]
ü
O Credo é uma
resposta do homem à Palavra de Deus, sumariando os artigos essenciais da fé
cristã. Desta forma, eles pressupõem fé; mas não a geram; esta é obra do
Espirito Santo através da Palavra. (Rm 10.17). O Credo baseia-se na Palavra,
porém não é a Palavra, nem jamais foi isso cogitado pelos seus formuladores;
ele não pode substituir a Palavra de Deus; somente ela gera vida pelo poder de
Deus (1Pe 1.23; Tg 1.18). O Credo tem a sua autoridade decorrente da Palavra de
Deus; em outras palavras, o seu valor não e intrínseco, mas sim extrínseco. Ele
deve ser recebido e crido enquanto permanece fiel à Escritura.[7]
ü
Terminamos observando
que o Credo Apostólico pode ser dividido em quatro partes: 1) Deus Pai Todo-poderoso;
2) Deus Filho: a História da Redenção; 3) Deus Espírito Santo; 4) A
Igreja e os benefícios que Deus nos tem concedido.
Nosso
estudo de hoje é sobre a primeira parte do Credo: Deus Pai Todo-poderoso. Veremos isso em dois pontos: 1º) O Deus Único é uma Trindade;
2º) Deus Pai Todo-poderoso.
Deus
é único e pessoal. Ele também é eterno e autoexistente. Portanto, não há outros deuses além dele, ele se
relaciona conosco em uma aliança, ele sempre existiu e nunca precisou de
ninguém para existir; tudo existe por causa dele, mas ele não existe por causa
de nada. (cf. Gn 17.1; Êx 3.14; Is
46.9; 1Tm 1.17)
Esse
Deus único é descrito no Credo como uma Trindade: Creio em Deus Pai... Creio em Jesus Cristo... Creio no Espírito
Santo... Há, na verdade, uma relação de paternidade entre Deus o Pai e Deus
o Filho, por isso Jesus é chamado de Filho de Deus. Filho gerado pelo Pai
Eterno. Portanto, podemos afirmar que Deus o Filho é eternamente gerado por
Deus o Pai. E o Espírito Santo, por sua vez, procede do Pai e do Filho. (cf. Sl 2.7; Jo 1.18; Hb 5.5; Jo 15.26.)
É
como se existisse um movimento: o Filho sendo gerado eternamente pelo Pai e o Espírito
Santo eternamente sendo enviado pelo Pai e pelo Filho. Esse é o movimento da
Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, mas, a ordem não implica em diferença de
importância ou dignidade, e sim uma simples processão.
No
passado, os servos de Deus, resumiram esse ensino do seguinte modo: Deus possui uma só substância e subsiste em
três pessoas. Sendo assim, a igreja adota, para referir-se a Deus, a
expressão Triúno. O ensino sobre a
Trindade não é irracional, mas está além de nossa capacidade de compreensão (é
suprarracional) é um mistério da fé.
Infelizmente, hoje, muitos não consideram importante
prestar atenção e conhecer quem Deus é de verdade, mas, se interessam mais pelo
que Deus faz do que pelo ser de Deus propriamente dito, e assim desconsideram a
Palavra de Deus – Então
conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR...
.(Os
6.3a)
Quando conhecemos o que é verdadeiro, estamos aptos para detectar o que
é fraudulento. Por isso o saudável para
a fé cristã é dedicar-se a conhecer o Deus vivo e verdadeiro, antes de qualquer
outra coisa.
II. Deus Pai
Todo-poderoso
O Credo começa com a seguinte declaração: Creio em Deus Pai Todo-poderoso ,
Criador do céu
e da terra.
1. Deus Pai
Todo-poderoso[9] – Essa afirmação de fé nós leva a Isaías 46.9-11 onde lemos sobre a
plenipotência divina.
Com
base no texto de Isaías, dizemos que Deus tem a capacidade de anunciar o futuro
porque é Todo-poderoso: ele estabelece um
plano e o cumpre (v.10). Que conselho é tudo aquilo que Deus decreta ou delibera. O que ele decide fica de
pé e ele faz a sua vontade, com quem quer e quando quer (v.11). Ele é soberano. O fato de Deus ser Todo-poderoso
não significa que ele faz qualquer coisa de modo irresponsável, pois, ele
não pecar. Sua santidade na combina com o pecado e ele jamais é o
autor do pecado. Ele pode fazer todas as coisas que sejam consistentes com o
seu caráter. (cf. Lv
11.45; Tg 1.13; Gn 1.31)
Portanto,
o poder absoluto de Deus está intrinsecamente ligado a sua vontade. A vontade
de Deus pode ser definida como a perfeição
de seu ser que é a causa da existência e da preservação de todas as coisas.
Mas a vontade divina pode ser identificada por diferentes aspectos: 1) Decretiva – aspecto pelo qual, desde
toda a eternidade e para a sua própria glória, ele preordenou, de maneira
imutável, tudo o que acontece – Jó 42.2;
2) Preceptiva – aspecto pelo
qual ele prescreve a norma de vida para as suas criaturas morais. São os
preceitos do Senhor revelados na Lei e no Evangelho – Êxodo 20.1-17; Mateus 5-7;
1 Tessalonicenses 5.17; 3) Secreta ou específica – é o aspecto
que diz respeito às questões específicas e de interesse pessoal de cada
individual. Para se discernir a vontade não revelada de Deus, dois fatores
precisam ser sempre levados em conta: 1º)
Fazer um exame global das circunstâncias
que envolvem a questão; 2º) Verificar a inclinação e a paz de Deus no
coração. (Romanos 12.2); e 4) Revelada – abrange todo o conteúdo
da vontade preceptiva e decretiva que está revelada na Escritura. Isso inclui quem Deus é quem nós somos e o que ele quer
que sejamos – 1 João 2.17.
2. Criador
do céu e da terra. (Hb 11.3)
[10]Criar o visível a partir de coisas que não aparecem –
a vida da não vida é impossível aos
homens. Somente Deus pode
fazê-lo. Isso é aceito por fé,
daí, creio.
A
crença em Deus não é contrária à razão; nossa especulação racional decorre
desta primeira sentença do Credo. A Bíblia é verdade absoluta; a declaração Deus é o criador afeta nossa ideia
de ciência. O cristianismo bíblico não
teme a ciência, pois a ciência estuda o que foi criado por Deus e nada jamais
foi descoberto, nem será, que contrarie a Escritura.
Deus
não apenas cria, mas, também, sustenta
o que criou. Isso significa que pertencemos
a ele. Não somos donos de nossos narizes. Se uma pessoa achar que ela é
quem faz as coisas em sua vida; ela não
está dando a Deus a glória devida e não tem como prosseguir saudável em sua
vida cristã. (cf. Sl 100.3)
Crer
em Deus como criador e fonte de toda boa dádiva é a base da verdadeira adoração. Em Apocalipse lemos sobre vinte e quatro anciãos que se prostram diante de Deus e lhe oferecem
adoração porque ele é o criador – Ap
4.11.
O
discipulado exige a noção de um grande Deus. Deus é Senhor e não servo. Não podemos “decretar”, ele é quem dá as ordens – ao admitir
isso iniciamos a nossa vida cristã. Nossa vida não é o registro de nossas
façanhas, mas o registro das grandes
obras de Deus.
Quem
considera o Credo uma síntese doutrinária seca ou ingênua, não desfruta
das preciosas verdades nele contidas. O Credo pode e deve ser declamado como um derramamento de nossas almas, como
um reconhecimento amoroso de quem Deus
é: o nosso Deus Pai Todo-poderoso.
Concluindo
Assim,
“nós não pensamos em Deus apenas no passado, no relato de Gênesis, mas o
consideramos como dono de nossas vidas, o soberano que, hoje, recebe nossa
gratidão e adoração”.[11]
Ó
profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? ou
quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu
primeiro a ele, para que lhe seja recompensado?
Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém.
Romanos
11.33-36
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 17/01/15
[1] McGrath, Alister E. Creio – um
estudo sobre as verdades essências da fé cristã no Credo Apostólico. Vida
Nova, SP, 2013, p. 13.
[2] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do
discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 33.
[3] Borges, Rev. Luciano. Estudos Bíblicos no Credo
Apostólico para Escola Bíblica Dominical, Estudo 1. IPB Bethel em Limeira.
[4] Clássicos da Escola Dominical. Série “Descoberta da Fé
– O Credo Apostólico”, 4ºTR73, Editora Cultura Cristã, Lição 1, p. 5.
[5] Costa, Hermisten Maia Pereira. Eu Creio no Pai, no
Filho e no Espírito Santo. Parakletos, SP, 2002, p. 30.
[6] Patrocínio, Rev. Jorge Luiz. Série de Estudo no Credo
Apostólico, Estudo 1 – Uma Análise Histórica.
[7] Costa, p. 70.
[8] Nascimento, p. 37-39. (Esse ponto segue a ordem do
texto nas páginas indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[9] Nascimento, p. 40. (Esse ponto segue a ordem do texto
na página indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[10] Nascimento, p. 40, 41. (Esse ponto segue a ordem do
texto na página indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[11] Nascimento, p. 41.
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