sábado, 31 de janeiro de 2015

Estudos no Credo Apostólico (3) - Deus Espírito Santo

João 14.16, 17

No estudo anterior do Credo Apostólico com o tema Deus Filho, vimos:

ü  A segunda parte do Credo: Deus Filho – a história da redenção em três pontos: 1º) Jesus Cristo nosso Redentor; 2º) Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem; 3º) Jesus Cristo que morreu, ressuscitou e voltará.

ü  Terminamos com a convicção de que o Credo confirma a centralidade do Senhor Jesus Cristo na obra de salvação. Como Profetaaquele que traz a Palavra do Pai, como Sacerdoteaquele que se oferece como sacrifício e intercede por nós, e como Reiaquele que é a cabeça da igreja, ele consuma a nossa redenção. (1Timóteo 2.5)

Nosso estudo de hoje é sobre a terceira parte do Credo: Deus Espírito Santo (Creio no Espírito Santo). Veremos isso em dois pontos: 1º) A Obra do Espirito Santo e o Evangelho; 2º) A Obra do Espírito Santo na Regeneração.

I. A Obra do Espirito Santo e o Evangelho

Como vimos no estudo da primeira parte do Credo sobre o movimento da Trindade: O Pai envia o Filho para realizar a obra da redenção e o Pai e o Filho enviam o Espírito Santo para realizar a obra da aplicação da salvação.

A obra da aplicação da salvação segue uma dinâmica ou ordem: ouvir a mensagem do Evangelho as verdades bíblicas da salvação, arrepender-se dos seus pecados e confessa-los abandonar a autossuficiência e voltar-se para Deus, crer em Cristo e recebe-lo invocá-lo de coração, reconhecendo-o como autoridade máxima e Salvador único e suficiente). Aqueles que são salvos passam por essa experiência que chamamos de conversão. A conversão é justamente a resposta do homem ao evangelho. (Cf. Ef 1.13; Rm 10.8-10, 13; At 2.38; Jo 3.16; Hb 3.7, 8; Sl 119.59; Jr 33.3)

Que o homem deve responder a Deus após ouvir o evangelho está claro na Bíblia, “o problema é que, por causa da queda ele não consegue fazer isso”[1]. O homem que está morto em suas ofensas e pecados não consegue compreender o evangelho, arrepender-se de seus pecados e crer em Jesus Cristo como seu Salvador Suficiente. (Cf. 1Co 2.14; 2Co 4.3, 4; Rm 3.10-12)

É aqui que entra a obra do Espírito Santo no Evangelho, Jesus afirmou: E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; E do juízo, porque o príncipe deste mundo está julgado. (João 16.8-11)

Paulo esclarece esse processo em Efésios 1.13, 14 – Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória.

II. A Obra do Espírito Santo na Regeneração

“O Espírito Santo ilumina nossa mente (assim compreendemos sua mensagem), amolece o nosso coração (assim nos arrependemos). A própria fé que colocamos em Cristo é um presente que dele recebemos.”[2] (Cf. Jr 31.18, 19a; 2Co 4.6; Hb 12.2)

O Espírito Santo como aquele que aplica a salvação na vida do pecador é o cumprimento das promessas e garante o desfrute da redenção Ez 36.26, 17; Jo 16.7, 8.

Assim, “pelo Espírito Santo nascemos de novo, ou seja, recebemos uma nova vida. O novo nascimento, que a Bíblia também chama de regeneração, é uma aplicação da Palavra em nossos corações.”[3] (Cf. Jo 3.5-8; Ef 2.4-7; 1Ts 1.5; 1Pe 1.23)

A obra de regeneração produzida pela Palavra de Deus na instrumentalidade do Espírito Santo confirma uma verdade fundamental do cristianismo bíblico: a salvação é unicamente pela graça mediante a fé. Deus opera no homem de tal modo que somente ele é glorificado pela salvação. (Cf. Ef 2.8-10; Is 45.15)

Greg L. Hawkins e Cally Parkinson no livro Siga-me: O que vem a Seguir, p. 64, dizem:

Sem aceitar inteiramente a convicção de que a salvação pela graça e a Trindade são verdadeiras, é difícil imaginar alguém experimentando o crescimento espiritual autêntico de um cristão”.

Concluindo

Veja comigo a pergunta 53 do Catecismo de Heidelberg (CH):

O que você crê sobre o Espírito Santo?
Primeiro: creio que ele é verdadeiro e eterno Deus com o Pai e com o Filho. Segundo: que ele foi dado também a mim. Por uma verdadeira fé, ele me torna participante de Cristo e de todos os seus benefícios. Ele me fortalece e fica comigo para sempre.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 31/01/15




[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 49.
[2] Nascimento, p. 49.
[3] Ibid., p. 50.

Estudos no Credo Apostólico (2) - Deus Filho – A história da redenção

Efésios 2.1-3; Isaías 53.4-12

No estudo anterior do Credo Apostólico sobre o tema Deus Pai Todo-poderoso, vimos:

ü A primeira parte do Credo: Deus Pai Todo-poderoso em dois pontos: 1º) O Deus Único é uma Trindade; 2º) Deus Pai Todo-poderoso.

ü Terminamos refletindo que “nós não pensamos em Deus apenas no passado, no relato de Gênesis, mas o consideramos como dono de nossas vidas, o soberano que, hoje, recebe nossa gratidão e adoração”.[1] (Romanos 11.33-36)

Nosso estudo de hoje é sobre a segunda parte do Credo: Deus Filho – a história da redenção. Veremos esse assunto em três pontos: 1º) Jesus Cristo nosso Redentor; 2º) Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro homem; 3º) Jesus Cristo que morreu, ressuscitou e voltará.

I. Jesus Cristo nosso Redentor[2]

Nessa parte do Credo é necessário a reflexão sobre o que é a salvação e quem é o Salvador. A palavra salvação significa libertação do poder do pecado e é sinônimo de redenção. Precisa ser liberto quem é escravo ou está sob um poder opressor. A pessoa sem Cristo está morta em seus pecados e segue o curso do mundo, do diabo e da carne. (Cf. Efésios 2.1-3)

Mas Deus prometeu enviar um Redentor que pagaria, com seu próprio sangue, o preço pelos pecados cometidos. (Cf. Isaías 53.4-12)

Vejamos essa parte do Credo Apostólico:

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao céu; está assentado à mão direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

O Credo Apostólico após apresentar Deus Pai como onipotente criador, coloca diante de nós o Deus Filho como Redentor. Jesus Cristo é o Redentor prometido no AT. Ele é o “Verbo” (a Palavra encarnada) de Deus que traz vida e luz aos homens. (Mateus 1.21; João 1.1-4)

Aqui, o Credo, resume o ensino bíblico sobre o Senhor Jesus Cristo afirmando que ele é o verdadeiro Deus e verdadeiro homem que morreu, ressuscitou, foi exaltado e voltará.

II. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem

1. Jesus Cristo – verdadeiro Deus

Ele é o “único Filho” de Deus – somente ele é gerado pelo Pai. Ele “nosso Senhor” – deve ser adorado como Deus. (João 1.12; Romanos 8.15; Filipenses 2.9-11)

Veja comigo a pergunta 33 do Catecismo de Heidelberg (CH):

Por que Cristo é chamado “o único Filho de Deus”, se também somos filhos de Deus? Porque só Cristo é, por natureza, o Filho eterno de Deus. Nós, porém, somos filhos adotivos de Deus pela graça, por causa de Cristo.

A revelação de sua divindade é reforçada pelo fato dele ter sido concebido por obra do Espírito Santo e nascido da virgem Maria, daí ele ser chamado de ente santo. (Lucas 1.34, 35; 1João 5.10)

2. Jesus Cristo – verdadeiro homem

De acordo com o Credo, Jesus Cristo padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado. Essas afirmações mostram que o Senhor Jesus Cristo tornou-se carne, ou seja, plenamente humano. (João 1.14; Gálatas 4.4)

Por que Jesus tornou-se homem?

Para nos representar diante de Deus e oferecer ao Pai plena obediência (cumprindo Mandamentos) tomando sobre si o castigo que era destinado a nós (assumir as maldições e sentenças da lei). (Fp 2.5-8; 2Co 5.21; Gl 3.10, 13; 1Co 15.3) No sacrifício do Redentor encontra-se a chave para nossa consagração a Deus.

Veja comigo a pergunta 43 do Catecismo de Heidelberg (CH):

Que importância o sacrifício e a morte de Cristo na cruz têm para nós?
Pelo poder de Cristo, nosso velho homem é crucificado, morto e sepultado com ele, para que os maus desejos da carne não mais nos dominem, mas que nos ofereçamos a ele como sacrifício de gratidão.

III. Jesus Cristo que morreu, ressuscitou e voltará

1. Em sua morte Jesus desceu ao Hades

Depois de ter sido crucificado, morto e sepultado, Jesus desceu ao Hades. Esse termo significa o lugar dos mortos ou, ainda, o inferno. Isso significa que Jesus, nosso Redentor, suportou grande angústia ao entregar-se por nós. Por seu sofrimento e morte fomos libertos do tormento infernal na eternidade. Jesus percorreu o caminho do homem pecador. Por isso, por ele somos perdoados e considerados justos e temos a cesso ao pai. (Rm 8.1; Cl 1.13, 14; Rm 5.1)

Veja comigo a pergunta 44 do Catecismo de Heidelberg (CH):

Por que se acrescenta: “desceu ao inferno”?
Porque meu Senhor Jesus Cristo sofreu, principalmente na cruz, inexprimíveis angústias, dores e terrores. Por isso, até nas minhas mais duras tentações, tenho a certeza de que ele me libertou da angústia e do tormento do inferno.

2. Jesus ressuscitou

Ele “ressurgiu dos mortos” a fim de confirmar a nossa justificação e nos ressuscitar para uma nova vida. Por ele temos a garantia de também ressuscitarmos em glória. (Rm 4.25; Cl 3.1-3; 1Co 15.20-23)

3. Jesus exaltado

O Senhor Jesus está no céu, assentado junto de Deus Pai todo-poderoso. Ele intercede por nós junto do Pai e nos governa como cabeça. Uma vez que nós somos o seu corpo, estaremos com ele eternamente. Para garantir isso ele nos enviou o Espírito Santo. (Rm 8.34; Ef 1.20-23; Jo 14.2, 3; 2Co 5.5)

4. Jesus voltará

Por meio da promessa de sua volta, enfrentamos todas as tribulações e infortúnios certos de que, como Justo Juiz, ele virá dos céus, e nos levará para a glória celestial. (Mateus 25.31-34)

Concluindo

Em todas estas afirmações, o Credo confirma a centralidade do Senhor Jesus Cristo na obra de salvação. Como Profetaaquele que traz a Palavra do Pai, como Sacerdoteaquele que se oferece como sacrifício e intercede por nós, e como Reiaquele que é a cabeça da igreja, ele consuma a nossa redenção. (1Timóteo 2.5)


Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 24/01/15


[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 41.
[2] A partir daqui o estudo segue o esboço dos slides do livro “Os primeiros passos do discípulo” de Misael Batista do Nascimento, adaptados a nossa realidade local e com cortes e acréscimos que julguei necessário, p. 43-46.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Estudos no Credo Apostólico (1) - Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

Isaías 46.9; 1Timóteo 1.17

No estudo da introdução ao Credo Apostólico vimos:

ü Que o Credo, “como a palavra indica, trata-se de uma declaração de fé. É uma tentativa de resumir os pontos principais daquilo em que os cristãos creem.”[1] Portanto, “é um resumo de ensinos bíblicos aceitos pelos cristãos.”[2] “É a síntese dos pontos fundamentais da fé com o objetivo de afirmar ou defender a fé.”[3]

ü Que o Credo surgiu da necessidade da Igreja, nos primeiros séculos de sua história, “de definir os pontos fundamentais que deveriam ser aceitos por todos que desejassem filiar-se a ela.”[4]

ü Que a Bíblia apresenta diversas confissões que consistem em expressões de fé, as quais eram ensinadas e que após a morte dos apóstolos, quando a igreja precisou formalizar suas crenças e seus procedimentos, forma escritas regras de fé que culminaram no Credo Apostólico, isto é, credo ou confissão de fé com base no ensino dos apóstolos. Primitivamente, ele, foi empregado doutrinariamente, liturgicamente.

ü Que, naquele contexto, além do Credo Apostólico, foram elaborados outros três credos considerados importantes: o Credo Atanasiano, o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo de Calcedônia.

ü Que uma analogia feita por P. Schaff (1819-1893) sobre o Credo Apostólico parece resumir bem o seu significado: “Como a Oração do Senhor e a Oração das orações, o Decálogo, a Lei das leis, também o Credo dos Apóstolos e o Credo dos credos.”[5]

ü Que o Credo foi datado, originalmente, em seus manuscritos, entre os séculos II e IV e sendo o mais conhecido de todos os credos, tem sido repetidamente proferido por mais de 1.500 anos de historia.

ü Que todas as denominações que estão inseridas dentro do que chamamos de religiões cristãs o reconhecem e o proferem como um resumo fiel dos ensinos dos apóstolos. Nesse sentido, não é um credo católico romano ou evangélico, mas um resumo da fé cristã.[6]

ü O Credo é uma resposta do homem à Palavra de Deus, sumariando os artigos essenciais da fé cristã. Desta forma, eles pressupõem fé; mas não a geram; esta é obra do Espirito Santo através da Palavra. (Rm 10.17). O Credo baseia-se na Palavra, porém não é a Palavra, nem jamais foi isso cogitado pelos seus formuladores; ele não pode substituir a Palavra de Deus; somente ela gera vida pelo poder de Deus (1Pe 1.23; Tg 1.18). O Credo tem a sua autoridade decorrente da Palavra de Deus; em outras palavras, o seu valor não e intrínseco, mas sim extrínseco. Ele deve ser recebido e crido enquanto permanece fiel à Escritura.[7]

ü Terminamos observando que o Credo Apostólico pode ser dividido em quatro partes: 1) Deus Pai Todo-poderoso; 2) Deus Filho: a História da Redenção; 3) Deus Espírito Santo; 4) A Igreja e os benefícios que Deus nos tem concedido.

Nosso estudo de hoje é sobre a primeira parte do Credo: Deus Pai Todo-poderoso. Veremos isso em dois pontos: 1º) O Deus Único é uma Trindade; 2º) Deus Pai Todo-poderoso.

I. O Deus Único é uma Trindade[8]

Deus é único e pessoal. Ele também é eterno e autoexistente. Portanto, não há outros deuses além dele, ele se relaciona conosco em uma aliança, ele sempre existiu e nunca precisou de ninguém para existir; tudo existe por causa dele, mas ele não existe por causa de nada. (cf. Gn 17.1; Êx 3.14; Is 46.9; 1Tm 1.17)

Esse Deus único é descrito no Credo como uma Trindade: Creio em Deus Pai... Creio em Jesus Cristo... Creio no Espírito Santo... Há, na verdade, uma relação de paternidade entre Deus o Pai e Deus o Filho, por isso Jesus é chamado de Filho de Deus. Filho gerado pelo Pai Eterno. Portanto, podemos afirmar que Deus o Filho é eternamente gerado por Deus o Pai. E o Espírito Santo, por sua vez, procede do Pai e do Filho. (cf. Sl 2.7; Jo 1.18; Hb 5.5; Jo 15.26.)

É como se existisse um movimento: o Filho sendo gerado eternamente pelo Pai e o Espírito Santo eternamente sendo enviado pelo Pai e pelo Filho. Esse é o movimento da Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, mas, a ordem não implica em diferença de importância ou dignidade, e sim uma simples processão.

No passado, os servos de Deus, resumiram esse ensino do seguinte modo: Deus possui uma só substância e subsiste em três pessoas. Sendo assim, a igreja adota, para referir-se a Deus, a expressão Triúno. O ensino sobre a Trindade não é irracional, mas está além de nossa capacidade de compreensão (é suprarracional) é um mistério da fé.

Infelizmente, hoje, muitos não consideram importante prestar atenção e conhecer quem Deus é de verdade, mas, se interessam mais pelo que Deus faz do que pelo ser de Deus propriamente dito, e assim desconsideram a Palavra de Deus – Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR... .(Os 6.3a)

Quando conhecemos o que é verdadeiro, estamos aptos para detectar o que é fraudulento.  Por isso o saudável para a fé cristã é dedicar-se a conhecer o Deus vivo e verdadeiro, antes de qualquer outra coisa.

II. Deus Pai Todo-poderoso

O Credo começa com a seguinte declaração: Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

1. Deus Pai Todo-poderoso[9] – Essa afirmação de fé nós leva a Isaías 46.9-11 onde lemos sobre a plenipotência divina.

Com base no texto de Isaías, dizemos que Deus tem a capacidade de anunciar o futuro porque é Todo-poderoso: ele estabelece um plano e o cumpre (v.10). Que conselho é tudo aquilo que Deus decreta ou delibera. O que ele decide fica de pé e ele faz a sua vontade, com quem quer e quando quer (v.11). Ele é soberano. O fato de Deus ser Todo-poderoso não significa que ele faz qualquer coisa de modo irresponsável, pois, ele não pecar. Sua santidade na combina com o pecado e ele jamais é o autor do pecado. Ele pode fazer todas as coisas que sejam consistentes com o seu caráter. (cf. Lv 11.45; Tg 1.13; Gn 1.31)

Portanto, o poder absoluto de Deus está intrinsecamente ligado a sua vontade. A vontade de Deus pode ser definida como a perfeição de seu ser que é a causa da existência e da preservação de todas as coisas. Mas a vontade divina pode ser identificada por diferentes aspectos: 1) Decretiva – aspecto pelo qual, desde toda a eternidade e para a sua própria glória, ele preordenou, de maneira imutável, tudo o que acontece – Jó 42.2; 2) Preceptiva – aspecto pelo qual ele prescreve a norma de vida para as suas criaturas morais. São os preceitos do Senhor revelados na Lei e no Evangelho – Êxodo 20.1-17; Mateus 5-7; 1 Tessalonicenses 5.17; 3) Secreta ou específica – é o aspecto que diz respeito às questões específicas e de interesse pessoal de cada individual. Para se discernir a vontade não revelada de Deus, dois fatores precisam ser sempre levados em conta: 1º) Fazer um exame global das circunstâncias que envolvem a questão; 2º) Verificar a inclinação e a paz de Deus no coração. (Romanos 12.2); e 4) Revelada – abrange todo o conteúdo da vontade preceptiva e decretiva que está revelada na Escritura. Isso inclui quem Deus é quem nós somos e o que ele quer que sejamos1 João 2.17.

2. Criador do céu e da terra. (Hb 11.3)

[10]Criar o visível a partir de coisas que não aparecem – a vida da não vida é impossível aos homens. Somente Deus pode fazê-lo. Isso é aceito por fé, daí, creio.

A crença em Deus não é contrária à razão; nossa especulação racional decorre desta primeira sentença do Credo. A Bíblia é verdade absoluta; a declaração Deus é o criador afeta nossa ideia de ciência. O cristianismo bíblico não teme a ciência, pois a ciência estuda o que foi criado por Deus e nada jamais foi descoberto, nem será, que contrarie a Escritura.

Deus não apenas cria, mas, também, sustenta o que criou. Isso significa que pertencemos a ele. Não somos donos de nossos narizes. Se uma pessoa achar que ela é quem faz as coisas em sua vida; ela não está dando a Deus a glória devida e não tem como prosseguir saudável em sua vida cristã. (cf. Sl 100.3)

Crer em Deus como criador e fonte de toda boa dádiva é a base da verdadeira adoração. Em Apocalipse lemos sobre vinte e quatro anciãos que se prostram diante de Deus e lhe oferecem adoração porque ele é o criador – Ap 4.11.

O discipulado exige a noção de um grande Deus. Deus é Senhor e não servo. Não podemos “decretar”, ele é quem dá as ordens – ao admitir isso iniciamos a nossa vida cristã. Nossa vida não é o registro de nossas façanhas, mas o registro das grandes obras de Deus.

Quem considera o Credo uma síntese doutrinária seca ou ingênua, não desfruta das preciosas verdades nele contidas. O Credo pode e deve ser declamado como um derramamento de nossas almas, como um reconhecimento amoroso de quem Deus é: o nosso Deus Pai Todo-poderoso.

Concluindo

Assim, “nós não pensamos em Deus apenas no passado, no relato de Gênesis, mas o consideramos como dono de nossas vidas, o soberano que, hoje, recebe nossa gratidão e adoração”.[11]

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.
Romanos 11.33-36

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 17/01/15




[1] McGrath, Alister E. Creio – um estudo sobre as verdades essências da fé cristã no Credo Apostólico. Vida Nova, SP, 2013, p. 13.
[2] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 33.
[3] Borges, Rev. Luciano. Estudos Bíblicos no Credo Apostólico para Escola Bíblica Dominical, Estudo 1. IPB Bethel em Limeira.
[4] Clássicos da Escola Dominical. Série “Descoberta da Fé – O Credo Apostólico”, 4ºTR73, Editora Cultura Cristã, Lição 1, p. 5.
[5] Costa, Hermisten Maia Pereira. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Parakletos, SP, 2002, p. 30.
[6] Patrocínio, Rev. Jorge Luiz. Série de Estudo no Credo Apostólico, Estudo 1 – Uma Análise Histórica.
[7] Costa, p. 70.
[8] Nascimento, p. 37-39. (Esse ponto segue a ordem do texto nas páginas indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[9] Nascimento, p. 40. (Esse ponto segue a ordem do texto na página indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[10] Nascimento, p. 40, 41. (Esse ponto segue a ordem do texto na página indicadas com grifos, cortes e acréscimos pessoais)
[11] Nascimento, p. 41.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Introdução ao Estudo do Credo Apostólico

Salmo 78.1-8

Quero iniciar nosso estudo observando três verdades significativas no texto:

1ª) O salmista fala que a fé é aprendidav.3Os quais temos ouvido e sabido, e nossos pais no-los têm contado.

2ª) O salmista fala do compartilhamento da fév.4Não os encobriremos aos seus filhos, mostrando à geração futura os louvores do SENHOR, assim como a sua força e as maravilhas que fez.

3ª) O salmista fala de compartilhar a fé de maneira pedagógicav.4b – ... mostrando à geração futura os louvores do SENHOR, assim como a sua força e as maravilhas que fez. O salmista está falando de preparação e isso de forma didática. No caso aqui, a melhor maneira seria preparar um credo, uma confissão de fé que pudesse ser transmitida, encaminhada, ensinada de forma estruturada e sadia.

Creio que, como cristãos, devemos compartilhar a nossa fé e estarmos preparados para responder a todos os que perguntarem sobre o que cremos. Mas, nossas afirmações e respostas devem estar fundamentadas no fato de que a fé cristã é uma fé bíblica e histórica. (cf. Mt 28.18-20; 1Co 15.1-8; 1Pe 3.15)

Em nosso estudo de hoje vamos ver a definição e a origem do Credo Apostólico, sua necessidade e importância, e sua relação com a Bíblia.

I. Definição e Origem do Credo Apostólico

1. Definição

A palavra Credo vem do latim e significa eu creio ou simplesmente creio. Tal expressão fala de “uma postura de confiança perene em Deus e aparece três vezes no Credo.”[1] Credo “refere-se ao ato pelo qual o homem reconhece e confessa a realidade e o conteúdo da sua fé.”[2]

“Como a palavra indica, trata-se de uma declaração de fé. É uma tentativa de resumir os pontos principais daquilo em que os cristãos creem. Não é um texto exaustivo, nem é essa sua intenção.”[3]

Um Credo, portanto, “é um resumo de ensinos bíblicos aceitos pelos cristãos.”[4] “É a síntese dos pontos fundamentais da fé com o objetivo de afirmar ou defender a fé.”[5]

2. Origem

O Credo Apostólico não surgiu da noite para o dia, mas da necessidade da Igreja, nos primeiros séculos de sua história, “de definir os pontos fundamentais que deveriam ser aceitos por todos que desejassem filiar-se a ela.”[6] Por isso, inicialmente ele foi elaborado para a confissão de fé batismal dos que iam se tornando cristãos e tendo “sido conservado pelos cristãos, ecoado através dos séculos como uma profissão de fé em que se define a doutrina base da Igreja.”[7]

A Bíblia apresenta diversas confissões que consistem em expressões de fé, as quais eram ensinadas. Parece haver acordo entre os estudiosos no que diz respeito às evidências neotestamentárias referentes a um corpo doutrinário específico, considerado como “depósito sagrado da parte de Deus”.[8]

No Antigo Testamento encontramos: o Shemá (ouve), o credo judeu, que consistia na leitura de Dt 6.4-9; 11.13-21 e Nm 15.37-41. O Shemá era repetido três vezes ao dia, sendo usado liturgicamente na Sinagoga e, possivelmente, Dt 26.5-9.44.[9]

No Novo Testamento deparamo-nos com abundante material que indica a existência de um corpo doutrinário fixo da igreja cristã. Temos referências às tradições (2Ts 2.15), à doutrina dos apóstolos (At 2.42), à palavra da vida (Fp 2.16); à forma de doutrina (Rm 6.17), à palavra (Gl 6.6), à pregação (Rm 16.25; 1Co 1.21), à fé evangélica (Fp 1.27), à (Ef 4.5; Cl 2.6-7; 1Tm 6.20-21), às sãs palavras (2Tm 1.13), ao bom depósito (2Tm 1.14; 1Tm 6.20), à sã doutrina (2Tm 4.3; 1Tm 4.6; Tt 1.9), à verdade (Cl 1.5; 2Ts 2.13; 2Tm 2.18, 25; 4.4), à tradição (dos apóstolos) (1Co 11.2;C1 2.6; 1Ts 4.1; 2Ts 2.15), ao evangelho (1Co 15.1; Gl 1.9), à confissão (Hb 3.1; 4.14; 10.23), à fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 3; 1Tm 1.19; Tt 1.13) e à fé santíssima (Jd 20).[10]

Outros textos parecem indicar as primeiras confissões da Igreja, tais como: Jesus, o Cristo (At 5.42); Jesus Cristo é Senhor (Fp 2.11; 1Co 12.3); Senhor e Deus (Jo 20.28); Deus e Salvador Jesus Cristo (At 2.13); Senhor e Cristo (At 2.36); Jesus Cristo Filho de Deus (At 8.37; Mt 16.16; 1Jo 4.15).[11]

Após a morte dos apóstolos, quando a igreja precisou formalizar suas crenças e seus procedimentos, forma escritas regras de fé que culminaram no Credo Apostólico, isto é, credo ou confissão de fé com base no ensino dos apóstolos.

Primitivamente, foi empregado do seguinte modo: 1) Doutrinariamente – como ensino proposicional a respeito da fé cristã, ao mesmo tempo em que combatia ênfases ou ensinamentos essencialmente errados; 2) LiturgicamenteNo Batismo – os fiéis declaravam, responsivamente, sua fé na ocasião do batismo (cf. At 8.37; Rm 10.9); Na Ceia do Senhor – a Igreja declarava sua fé através de hinos, orações e exclamações devocionais (cf. 1Co 12.3; 16.22; Fp 2.5-11); e no Culto – ao que parece, a partir do quarto século, o credo passou a ser usados nos cultos regulares, sendo recitado após a leitura das Escrituras.

Mas, naquele contexto, além do Credo Apostólico, foram elaborados outros três credos considerados importantes:

1) O Credo Atanasiano – Segundo a tradição, foi escrito por Atanásio (295-373), Bispo de Alexandria (328-373), conhecido como o Pai da Ortodoxia. A ênfase deste Credo foi à defesa da Cristologia e da doutrina da Trindade conforme foi definida nos Concílios de Nicéia (325), Constantinopla (381) e Calcedônia (451), refletindo visivelmente a teologia de Agostinho (354-430).[12]

2) O Credo Niceno-Constantinopolitano – foi elaborado no Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia (20/05/325), na Bitínia, no ano 325. O Concílio, depois de amplo debate, declarou a igualdade essencial entre o Pai e o Filho. Os ensinamentos de Ário (arianismo) foram condenados e ele foi deportado para o Ulírico. O Credo Niceno-Constantinopolitano e usado liturgicamente pela Igreja romana e pelas Igrejas Luteranas e Anglicanas.[13]

3) O Credo de Calcedônia – sua declaração teológica foi rascunhada por uma comissão presidida por Anatólio de Constantinopla (458). Calcedônia rejeitou o Nestorianismo (duas pessoas e duas naturezas) e o Eutiquianismo (uma pessoa e uma natureza), afirmando que Jesus Cristo e uma Pessoa, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem (uma pessoa e duas naturezas).[14]

Com o passar do tempo, os credos foram se tornando mais detalhados; isto por dois motivos: 1) Devido à compreensão mais aprimorada das doutrinas bíblicas; 2) Devido à necessidade de, através do ensino cristão, combater as heresias que surgiam, marcadamente, relacionadas com a Pessoa de Cristo. Os Credos também tiveram outra utilidade: Devido ao medo da perseguição, ao invés de serem escritos, eram memorizados e, quando necessário, recitados como testemunho de sua fé.[15]

Mas, uma analogia feita por P. Schaff (1819-1893) sobre o Credo Apostólico parece resumir bem o seu significado: “Como a Oração do Senhor e a Oração das orações, o Decálogo, a Lei das leis, também o Credo dos Apóstolos e o Credo dos credos.”[16]

Datado, originalmente, em seus manuscritos entre os séculos II e IV, o Credo Apostólico é o mais conhecido de todos os credos e tem sido repetidamente proferido por mais de 1.500 anos de historia. Todas as denominações que estão inseridas dentro do que chamamos de religiões cristãs o reconhecem e o proferem como um resumo fiel dos ensinos dos apóstolos. Nesse sentido, não é um credo católico romano ou evangélico, mas um resumo da fé cristã.[17]

A Reforma valorizou este Credo, sendo ele usado liturgicamente em muitas igrejas reformadas ainda na atualidade. Mas, os Credos da Reforma são as Confissões de Fé e Catecismos que surgiram no período da Reforma ou por inspiração daquele movimento, refletindo uma teologia semelhante. O que os séculos 4º e 5º foram para a elaboração dos Credos, os séculos 16 e 17 foram para a confecção das Confissões e Catecismos. A razão nos parece evidente: na Reforma, as Igrejas logo sentiram a necessidade de formalizar sua fé, apresentando sua interpretação sobre diversos assuntos que as distinguiam da igreja romana; com o passar do tempo, surgem outras denominações dentro da Reforma que discordavam entre si sobre alguns pontos, dai a necessidade de se estabelecer cada um de per si seus princípios doutrinários.[18]

II. A Necessidade e Importância do Credo Apostólico

1. Necessidade

É essencial que os crentes entendam a necessidade de confessar a sua fé (cf. Mt 10.32; Rm 10.9). Confessamos a nossa fé no batismo, na Ceia do Senhor, ao testificar aos incrédulos, ao dar bom testemunho na vida pública e privada. Toda confissão pública da fé deve ser feita com sinceridade, e deve vir acompanhada de uma vida de compromisso com os valores do reino de Deus.

Algumas igrejas evangélicas não dão valor ao Credo Apostólico, não se interessam em estudá-lo, nem em confessar a sua fé através dele. Esta atitude surge de três erros: 1º) as pessoas se enganam ao identificar o Credo com a Igreja Católica Romana, crendo que é um documento inventado por ela; 2º) como a Igreja Católica Romana tem a prática de conferir autoridade divina a muitos de suas tradições, então, se teme que ela conceda tanta importância ao Credo dos apóstolos, que se lhe estime na mesma altura que a Bíblia; e 3º) uma boa parte da igreja evangélica carece de consciência histórica. Se existe algum interesse pelo passado, este se concentra no período da Igreja primitiva, a qual se pretende chegar passando por toda a história que media entre nós e a Igreja do livro de Atos.[19]

Quero citar algumas razões que tornam necessário o Credo Apostólico para a Igreja de hoje:

1)   [20]A natureza da Igrejaa igreja de Cristo sempre foi confessante, porque a fé do coração deve ser expressa em proposições, em termos lúcidos, de forma que todos possam saber claramente em que a igreja crê.

2)   O ataque de outras tradições religiosas – a igreja de Cristo tem que possuir um norte teológico a ser seguido, ela não pode permanecer neutra em questões espirituais, éticas e morais.

3)   O espírito do tempo presente – o ambiente teológico atual é de indefinição teológica e de pluralismo religioso, onde as pessoas fogem de verdades objetivamente afirmadas.

4)   O experiencialismo vigente em nossos dias – o subjetivismo de nossa geração com seu experiencialismo desenfreado onde os sentimentos tem sido a medida de todas as coisas, chama a igreja de volta aos padrões confessionais.

5)   A pureza doutrinária – a pureza da doutrina é uma questão prioritária e fundamental para a igreja em todas as épocas, especialmente quando ela se encontra debaixo de tantos ataques. (cf. Fp 1.27; Jd 3; 2Pe 3.16)

2. Importância

Lloyd-Jones disse: Uma das primeiras coisas que você deve aprender nesta vida cristã e nesta guerra é que, se você estiver errado em sua doutrina, estará errado em todos os aspectos da sua vida. Provavelmente estará errado em sua prática e em sua conduta; e certamente estará errado em sua experiência.

Quero relacionar alguns elementos que atestam a importância do Credo:[21]

1)   Facilita a confissão publica de nossa fé.

2)   Oferece-nos de forma abreviada o resultado de um processo cumulativo da história, reunindo as melhores contribuições de diversos servos de Deus na compreensão da verdade.

3)   É uma exigência natural da própria unidade da Igreja, que exige um acordo doutrinário (Ef 4.11-14; Fp 1.27; 1Co 1.10; Jd 3; Tt 3.10; Gl 1.8, 9; 1Tm 6.3-5).

4)   Visto que o cristianismo e um modo de vida fundamentado na doutrina, o Credo oferece uma base sintetizada para o ensino das doutrinas bíblicas, facilitando a sua compreensão, a fim de que todos os crentes sejam habilitados para a obra de Deus.

5)   Preserva a doutrina bíblica das heresias surgidas no decorrer da história, revelando-se de grande utilidade, especialmente nas questões controvertidas, dando-nos uma exposição sistemática e norteadora a respeito do assunto.

6)   No que se refere a compreensão bíblica, permite distinguir as nossas Igrejas das demais.

7)   Serve como elemento regulador do ensino ministrado na Igreja bem como de seu governo, disciplina e liturgia.

8)   Serve como desafio para que continuemos nossa caminhada na preservação da doutrina e na aplicação das verdades bíblicas aos novos desafios de nossa geração, integrando-nos assim à nobre sucessão daqueles que amam a Deus e a sua Palavra e que buscam entendê-la e aplicá-la, em submissão ao Espírito, a vida da Igreja.

III. O Credo Apostólico e a Bíblia

O Credo Apostólico não possui autoridade maior do que a Bíblia. Nossa única regra de fé e pratica é a Palavra de Deus. Todas as ideias e tradições humanas, mesmo as mais excelentes, devem sujeitar-se às Sagradas Escrituras. Isso não significa que devemos desconsiderar toda a tradição, pois a fé bíblica é histórica e, portanto tradicional.

O melhor é entendermos que a Bíblia está acima da tradição, mas está última tem o seu valor. Para amadurecermos temos de olhar para as Escrituras e também para a história. Não devemos sentir vergonha de sermos chamados de tradicionais.[22]

O ato de depreciar um Credo significa deixar de usufruir das contribuições dos servos de Deus no passado referentes à compreensão bíblica e uma negação prática da direção que no passado deu o Espírito Santo à Igreja. John Stott afirmou: “Desrespeitar a tradição e a teologia histórica e desrespeitar o Espírito Santo que tem ativamente iluminado a Igreja em todos os séculos”.[23]

Por outro lado, temos de entender que o Credo tem o seu limite. O Credo é uma resposta do homem á Palavra de Deus, sumariando os artigos essenciais da fé cristã. Desta forma, eles pressupõem fé; mas não a geram; esta é obra do Espirito Santo através da Palavra. (Rm 10.17).

O Credo baseia-se na Palavra, porém não é a Palavra, nem jamais foi isso cogitado pelos seus formuladores; ele não pode substituir a Palavra de Deus; somente ela gera vida pelo poder de Deus (1Pe 1.23; Tg 1.18).

O Credo tem a sua autoridade decorrente da Palavra de Deus; em outras palavras, o seu valor não e intrínseco, mas sim extrínseco. Ele deve ser recebido e crido enquanto permanece fiel à Escritura.[24]

Concluindo – O Credo Apostólico

Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto, e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao céu; está assentado à mão direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.  Creio no Espírito Santo; na santa igreja universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.[25]

O Credo Apostólico pode ser dividido em quatro partes:

1)      Deus Pai Todo-poderoso;
2)      Deus Filho: a História da Redenção;
3)      Deus Espírito Santo;
4)      A Igreja e os benefícios que Deus nos tem concedido.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 10/01/15


[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 33.
[2] Costa, Hermisten Maia Pereira. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Parakletos, SP, 2002, p. 7.
[3] McGrath, Alister E. Creio – um estudo sobre as verdades essências da fé cristã no Credo Apostólico. Vida Nova, SP, 2013, p. 13.
[4] Nascimento, p. 33.
[5] Borges, Rev. Luciano. Estudos Bíblicos no Credo Apostólico para Escola Bíblica Dominical, Estudo 1. IPB Bethel em Limeira.
[6] Clássicos da Escola Dominical. Série “Descoberta da Fé – O Credo Apostólico”, 4ºTR73, Editora Cultura Cristã, Lição 1, p. 5.
[7] Costa, p. 7 (Prefácio de Alceu Davi Cunha).
[8] Costa, p. 25.
[9] Ibid., p. 25.
[10] Ibid., p.25, 26.
[11] Ibid., p. 26.
[12] Costa, p. 31.
[13] Ibid., p. 32-34.
[14] Ibid., p. 34-38.
[15] Ibid., p. 28.
[16] Ibid., p. 30.
[17] Patrocínio, Rev. Jorge Luiz. Série de Estudo no Credo Apostólico, Estudo 1 – Uma Análise Histórica.
[18] Costa, p. 46.
[19] http://www.monergismo.com/textos/credos/introducao_credo_apostolico.htm
[20] Campos, Heber Carlos de. A Relevância dos Credos e Confissões, Fides Reformata 2/2, 1997. (Essas cinco necessidades seguem a ordem do artigo de Heber Carlos de Campos.)
[21] Costa, p. 73-75. (Esse ponto segue a ordem do texto nas páginas indicadas)
[22] Nascimento, p. 33.
[23] Stott, John R.W. Cruz de Cristo, Editora Vida, Miami, 1991, p. 8.
[24] Costa, p. 70.
[25] Nascimento, p. 33.