quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Reflexões nos Salmos - Salmo 2 - A rebelião humana, a reação divina, o governo divino e a responsabilidade humana

Salmo 2
A rebelião humana, a reação divina, o governo divino e a responsabilidade humana

Introdução

Assim como os outros 65 livros que formam a Bíblia, o livro dos Salmos e inspirado pelo Espírito Santo. O próprio Davi afirmou isso – 2Sm 23.1-3, Jesus confirmou a inspiração divina de Davi – Mc 12.36, e Pedro em seu sermão no Pentecoste também – At 1.16. O conteúdo dos Salmos é tão importante e poderoso como os dos outros livros do AT e quem lhe atribui essa importância é próprio Senhor Jesus em Lucas 24.44.

Os Salmos Messiânicos são identificados do seguinte modo: 1º) Contém referências diretas ao Messias e; 2º) Essas referências diretas são repetidas no Novo Testamento apontando inequivocamente para Jesus. São 20 os Salmos Messiânicos, mas, isto não quer dizer que não há referências em outros salmos ao Messias.

No Novo Testamento há 224 passagens diferentes de 103 salmos e mais 54 citações menores, formando um total de 280 citações de salmos em todo o seu texto. Isso nos mostra, de um modo geral, que o Livro dos Salmos tem como tema o Messias e o seu Reino Eterno.

De acordo com Norbert Lieth, em seu livro Salmos Messiânicos, “quase toda a obra neotestamentária de Jesus é mostrada nos salmos, por exemplo:

ð  Jesus veio para cumprir a vontade de Deus – Salmo 40.6-8;
ð  Ele é o Bom Pastor – Salmo 23;
ð  Ele é a pedra rejeitada que se tornou angular – Salmo 118.22;
ð  Seu zelo pelo Templo o consumirá (a purificação do Templo) – Salmo 69.9;
ð  Ele falou em parábolas – Salmo 78.2;
ð  Ele acalmou a tempestade – Salmo 89.9;
ð  O povo o aclamou com hosana – Salmo 118.26;
ð  Cristo foi rejeitado – Salmo 22.7; 69.18-21;
ð  Ele foi odiado sem motivo e sem motivo tinha inimigos – Salmo 69.4;
ð  Ele não foi compreendido pelos da sua família – Salmo 69.8;
ð  Ele foi traído – Salmo 41.9;
ð  Ele foi escarnecido – Salmo 22.15; 89.50, 51;
ð  Ele foi espancado – Salmo 129.3;
ð   Ele foi afrontado – Salmo 69.7, 20;
ð  Ele foi abandonado por Deus – Salmo 22.1;
ð  Ele foi pregado numa cruz – Salmo 22.16;
ð  Ele sentiu sede – Salmo 22.15;
ð  Deram-lhe vinagre para beber na cruz – Salmo 69.21;
ð  Lançaram sortes sobre suas vestes – Salmo 22.18;
ð  Seus ossos não foram quebrados – Salmo 34.20;
ð  Ele ressuscitou dos mortos – Salmo 16.10; 47.5;
ð  A substituição de Judas o traidor – Salmo 109.8;
ð  Seu Evangelho e seu decreto será proclamado – Salmo 2.7; 40.9, 10;
ð  Ele foi elevado ao Céu – Salmo 47.5, 8; 68.18;
ð  Ele está assentado a direita de Deus – Salmo 110.1;
ð  Ele está assentado no seu trono – Salmo 47.5, 8;
ð  Ele é o Sumo Sacerdote – Salmo 110.4;
ð  Ele julgará os povos – Salmo 2.12; 96.10;
ð  Seu reino é um Reino Eterno – Salmo 45.6; 89.35-37;
ð  Ele é o Filho de Deus – Salmo 2.7, 12;
ð  Ele é o Filho do homem – Salmo 8.4;
ð  Ele é o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque – Salmo 110.4;
ð  Ele é o Rei – Salmo 2.6;
ð  Ele é o Ungido – Salmo 2.2;
ð  Ele é Deus – Salmo 45.6, 7; 47.5, 8;
ð  Ele é abençoado eternamente – Salmo 45.2, 17;
ð  Ele voltará em glória – Salmo 102.16;
ð  Todas as nações se submeterão a Ele e todo joelho se dobrará diante dEle – Salmo 47.8, 9; 102.15; 110.1.”[1]

Com a certeza de que o Livro dos Salmos dão uma importante ênfase à vida completa de Jesus, o Messias, quero estudar o primeiro deles com vocês – o Salmo 2.

Este salmo, como muitos outros, foi escrito por Davi. E quem afirma a autoria dele a Davi é a Igreja do Novo Testamento na oração em Atos 4.25 – ... que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?

O Salmo 2 tem como base histórica 2Samuel 7, onde está a promessa divina “feita a Davi de um nome supremo, um relacionamento de filiação com o Senhor e uma linhagem eterna”[2] (vv.8-17). Por conta disso, esse salmo também é chamado de Salmo Real e “era usado para saudar cada um dos reis da linhagem davídica em sua ascensão ao trono, como lembrete do ideal”[3].

As referências diretas e repetições no Novo Testamento que o identificam como Salmo Messiânico são: 1º) Salmo 2.1 – Atos 4.25-27; 2º) Salmo 2.7 – Hebreus 1.5; e 3º) Salmo 2.9 – Apocalipse 12.5.

O assunto do Salmo 2 é desenvolvido em quatro pontos que se equilibram: 1º) A rebelião humana (vv.1-3); 2º) A reação divina (vv.4-6); 3º) O governo divino (vv.7-9); e 4º) A responsabilidade humana (vv.10-12).

I. A rebelião humana – vv.1-3

Historicamente, os reis da linhagem davídica encontrava-se sempre sob ameaças do mundo ao redor e isso reflete, profeticamente, a rebelião do mundo contra Deus e contra seu Filho Jesus.

1. vv.1, 2b – a ideia aqui é de inquietação geral por parte mundo pagão e do povo de Israel em rejeição a Deus e a Jesus – Atos 4.25, 27b.

2. v.2 – aqui temos a liderança mundial, reis e príncipes, que juntos planejam e conspiram contra Deus e contra seu Filho Jesus. (At 4.26, 27a)

3. v.3 – É assustador, mas verdadeiro, que tanto os gentios como Israel tentarão se livrar de Deus. Essas palavras descrevem tanto o desprezo de recusar, de despir e livrar-se de tudo o que possa lembrar Deus e seu filho Jesus Cristo a quem devemos prestar contas, como a apostasia interna do povo de Israel – Dn 8.23; 2Ts 2.3, 4; Jd vv.14-18.

II. A reação divina (vv.4-6)

1. v.4 – esse verso é uma afirmação clara da soberania divina em relação aos planos humanos. O Senhor e a tradução da palavra hebraica Adonai que significa Senhor Soberano. (Atos 4.28)

2. v.5 – Deus em sua ira divina contra toda impiedade e perversão humana (Rm 1.18), tem determinado um dia em que julgará o mundo com justiça, por meio de seu Filho, o Rei – Atos 17.31; 2Tm 4.1; Ap 6.16, 17.

3. v.6 – Mas, a resposta divina diante da rebelião humana é mais do que punitiva, é o estabelecimento do seu Rei messiânico, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores – Ap 14.1; 19.15, 16.

III. O governo divino (vv.7-9)

1. v.7 – O decreto do Senhor claramente proclamado aqui refere-se à promessa do reino davídico e profeticamente ao reino de Jesus Cristo. O Novo Testamento usa esse verso “em referência ao nascimento de Jesus (Hb 1.5-6) e também à sua ressurreição (At 13.33, 34) como confirmações terrenas”[4].

2. v.8 – aqui Deus mostra o perímetro que será dado para o seu Rei governar – as nações e as extremidades da terra, isto é, um reino global. O domínio de Cristo será sobre toda a terra. (Ap 11.15-19)

3. v.9 – e aqui temos o contraste entre o poder absoluto e a impotência total. A palavra usada para vara aqui, em hebraico, tanto era usada para designar a vara de um pastor como o cetro de um rei.

IV. A responsabilidade humana (vv.10-12)

O tom desses versos é importantíssimo, pois “em vez do julgamento imediato, o Senhor e seu Ungido oferecem uma oportunidade de arrependimento. Cinco ordens colocam a responsabilidade sobre a humanidade amotinada”[5].

1. v.10a – Agora, pois, ó reis, sede prudentes... – parem um pouco, reflitam...

2. v.10b – ... deixai-vos advertir, juízes da terra. – corrijam-se, aprendam...

3. v.11a – Servi ao Senhor com temor... – convertam-se, dediquem-se...

4. v.11b – ... e alegrai-vos nele com tremor. – louvem, adorem, celebrem...

5. v.12a – Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. – Sejam humildes, submetam-se, tenham satisfação no Senhor...

Concluindo

Tudo que vimos nesse salmo tem seu contexto imediato na descendência davídica e seu contexto absoluto no Messias, Jesus Cristo. Por isso, ele termina assim – Bem-aventurados todos os que nele se refugiam – v.12b.

“Não há refúgio dele (para onde se possa fugir dele); só há refúgio nele” (Kidner).[6]


Pr. Walter Almeida Jr.
IBLAJP – 08/01/17




[1] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 8-10.
[2] Carson, D. A. – Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 740.
[3] Ibid., p. 740.
[4] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 681.
[5] Ibid., p. 681.
[6] Carson, p. 741.

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