A rebelião
humana, a reação divina, o governo divino e a responsabilidade humana
Introdução
Assim como os outros 65 livros que formam a
Bíblia, o livro dos Salmos e inspirado pelo Espírito Santo. O próprio Davi
afirmou isso – 2Sm 23.1-3, Jesus confirmou
a inspiração divina de Davi – Mc 12.36,
e Pedro em seu sermão no Pentecoste também – At 1.16. O conteúdo dos Salmos é tão importante e poderoso como os
dos outros livros do AT e quem lhe atribui essa importância é próprio Senhor Jesus em Lucas 24.44.
Os Salmos Messiânicos são identificados do
seguinte modo: 1º) Contém referências diretas ao Messias e;
2º) Essas referências diretas são repetidas no Novo Testamento apontando
inequivocamente para Jesus. São 20 os
Salmos Messiânicos, mas, isto não quer dizer que não há referências em
outros salmos ao Messias.
No Novo Testamento há 224 passagens diferentes de
103 salmos e mais 54 citações menores, formando um total de 280 citações de
salmos em todo o seu texto. Isso nos mostra, de um modo geral, que o Livro dos
Salmos tem como tema o Messias e o seu Reino Eterno.
De acordo com Norbert Lieth, em seu livro Salmos
Messiânicos, “quase toda a obra neotestamentária de Jesus é mostrada nos
salmos, por exemplo:
ð
Jesus veio para cumprir a vontade de Deus – Salmo 40.6-8;
ð
Ele é o Bom Pastor – Salmo 23;
ð
Ele é a pedra rejeitada que se tornou angular – Salmo 118.22;
ð
Seu zelo pelo Templo o consumirá (a purificação do Templo) – Salmo
69.9;
ð
Ele falou em parábolas – Salmo 78.2;
ð
Ele acalmou a tempestade – Salmo 89.9;
ð
O povo o aclamou com hosana – Salmo 118.26;
ð
Cristo foi rejeitado – Salmo 22.7; 69.18-21;
ð
Ele foi odiado sem motivo e sem motivo tinha inimigos – Salmo 69.4;
ð
Ele não foi compreendido pelos da sua família – Salmo 69.8;
ð
Ele foi traído – Salmo 41.9;
ð
Ele foi escarnecido – Salmo 22.15; 89.50, 51;
ð
Ele foi espancado – Salmo 129.3;
ð
Ele foi afrontado – Salmo 69.7,
20;
ð
Ele foi abandonado por Deus – Salmo 22.1;
ð
Ele foi pregado numa cruz – Salmo 22.16;
ð
Ele sentiu sede – Salmo 22.15;
ð
Deram-lhe vinagre para beber na cruz – Salmo 69.21;
ð
Lançaram sortes sobre suas vestes – Salmo 22.18;
ð
Seus ossos não foram quebrados – Salmo 34.20;
ð
Ele ressuscitou dos mortos – Salmo 16.10; 47.5;
ð
A substituição de Judas o traidor – Salmo 109.8;
ð
Seu Evangelho e seu decreto será proclamado – Salmo 2.7; 40.9, 10;
ð
Ele foi elevado ao Céu – Salmo 47.5, 8; 68.18;
ð
Ele está assentado a direita de Deus – Salmo 110.1;
ð
Ele está assentado no seu trono – Salmo 47.5, 8;
ð
Ele é o Sumo Sacerdote – Salmo 110.4;
ð
Ele julgará os povos – Salmo 2.12; 96.10;
ð
Seu reino é um Reino Eterno – Salmo 45.6; 89.35-37;
ð
Ele é o Filho de Deus – Salmo 2.7, 12;
ð
Ele é o Filho do homem – Salmo 8.4;
ð
Ele é o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque – Salmo 110.4;
ð
Ele é o Rei – Salmo 2.6;
ð
Ele é o Ungido – Salmo 2.2;
ð
Ele é Deus – Salmo 45.6, 7; 47.5, 8;
ð
Ele é abençoado eternamente – Salmo 45.2, 17;
ð
Ele voltará em glória – Salmo 102.16;
ð
Todas as nações se submeterão a Ele e todo joelho se dobrará diante
dEle – Salmo 47.8, 9; 102.15; 110.1.”[1]
Com a certeza de que o Livro dos Salmos dão uma
importante ênfase à vida completa de Jesus, o Messias, quero estudar o primeiro
deles com vocês – o Salmo 2.
Este salmo, como muitos outros, foi escrito por
Davi. E quem afirma a autoria dele a Davi é a Igreja do Novo Testamento na
oração em Atos 4.25 – ... que
disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu
servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
O Salmo 2 tem como base histórica 2Samuel 7, onde está a promessa divina “feita
a Davi de um nome supremo, um relacionamento de filiação com o Senhor e uma
linhagem eterna”[2] (vv.8-17). Por conta disso, esse salmo também
é chamado de Salmo Real e “era usado para
saudar cada um dos reis da linhagem davídica em sua ascensão ao trono, como
lembrete do ideal”[3].
As referências
diretas e repetições no Novo Testamento que o identificam como Salmo
Messiânico são: 1º) Salmo 2.1 – Atos 4.25-27;
2º) Salmo 2.7 – Hebreus 1.5; e 3º) Salmo 2.9 – Apocalipse 12.5.
O assunto do Salmo 2 é desenvolvido em quatro pontos
que se equilibram: 1º) A rebelião humana (vv.1-3); 2º) A reação divina (vv.4-6); 3º) O governo divino (vv.7-9); e 4º) A responsabilidade humana (vv.10-12).
I. A
rebelião humana – vv.1-3
Historicamente, os reis da linhagem davídica
encontrava-se sempre sob ameaças do mundo ao redor e isso reflete,
profeticamente, a rebelião do mundo contra Deus e contra seu Filho Jesus.
1. vv.1, 2b – a ideia aqui é de
inquietação geral por parte mundo pagão e do povo de Israel em rejeição a Deus
e a Jesus – Atos 4.25, 27b.
2. v.2 – aqui temos a liderança
mundial, reis e príncipes, que juntos planejam e conspiram contra Deus e contra
seu Filho Jesus. (At 4.26, 27a)
3. v.3 – É assustador, mas
verdadeiro, que tanto os gentios como Israel tentarão se livrar de Deus. Essas
palavras descrevem tanto o desprezo de recusar, de despir e livrar-se de tudo o
que possa lembrar Deus e seu filho Jesus Cristo a quem devemos prestar contas,
como a apostasia interna do povo de Israel – Dn 8.23; 2Ts 2.3, 4; Jd vv.14-18.
II. A
reação divina (vv.4-6)
1. v.4 – esse verso é uma
afirmação clara da soberania divina em relação aos planos humanos. O Senhor e a tradução da palavra hebraica Adonai que significa Senhor Soberano. (Atos 4.28)
2. v.5 – Deus em sua ira divina
contra toda impiedade e perversão humana (Rm
1.18), tem determinado um dia em que julgará o mundo com justiça, por meio
de seu Filho, o Rei – Atos 17.31; 2Tm
4.1; Ap 6.16, 17.
3. v.6 – Mas, a resposta divina
diante da rebelião humana é mais do que punitiva, é o estabelecimento do seu
Rei messiânico, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores – Ap 14.1; 19.15, 16.
III. O
governo divino (vv.7-9)
1. v.7 – O decreto do Senhor
claramente proclamado aqui refere-se à promessa do reino davídico e profeticamente
ao reino de Jesus Cristo. O Novo Testamento usa esse verso “em referência ao
nascimento de Jesus (Hb 1.5-6) e
também à sua ressurreição (At 13.33, 34)
como confirmações terrenas”[4].
2. v.8 – aqui Deus mostra o
perímetro que será dado para o seu Rei governar – as nações e as extremidades
da terra, isto é, um reino global. O domínio de Cristo será sobre toda a terra.
(Ap 11.15-19)
3. v.9 – e aqui temos o
contraste entre o poder absoluto e a impotência total. A palavra usada para
vara aqui, em hebraico, tanto era usada para designar a vara de um pastor como
o cetro de um rei.
IV. A
responsabilidade humana (vv.10-12)
O tom desses versos é importantíssimo, pois “em
vez do julgamento imediato, o Senhor e seu Ungido oferecem uma oportunidade de
arrependimento. Cinco ordens colocam a responsabilidade sobre a humanidade
amotinada”[5].
1. v.10a – Agora, pois, ó reis,
sede prudentes... – parem um pouco,
reflitam...
2. v.10b – ... deixai-vos
advertir, juízes da terra. – corrijam-se,
aprendam...
3. v.11a – Servi ao Senhor com
temor... – convertam-se, dediquem-se...
4. v.11b – ... e alegrai-vos nele
com tremor. – louvem, adorem, celebrem...
5. v.12a – Beijai o Filho para
que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe
inflamará a ira. – Sejam humildes,
submetam-se, tenham satisfação no Senhor...
Concluindo
Tudo que vimos nesse salmo tem seu contexto
imediato na descendência davídica e seu contexto absoluto no Messias, Jesus
Cristo. Por isso, ele termina assim – Bem-aventurados todos os que nele se
refugiam – v.12b.
“Não há refúgio dele (para onde se possa fugir
dele); só há refúgio nele” (Kidner).[6]
Pr. Walter Almeida Jr.
IBLAJP – 08/01/17
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