Hebreus 11
O
que vimos no estudo anterior, no capítulo 10?
ð
“Jesus
realizou um sacrifício superior” em
três pontos:
1º) O sistema sacrificial
da Lei – vv.1-4;
2º) A eficácia do
sacrifício de Jesus Cristo – vv.5-18;
e
3º) Decisões
motivadas pelo sacrifício de Jesus Cristo – vv.19-39.
Terminamos com a afirmação:
A única ação
segura para quem professa ser cristão, e a única ação feliz, é progredir
espiritualmente a cada dia, conforme a carta aos Hebreus nos ensina,
até que nosso
Senhor Jesus Cristo volte.
Até
aqui aprendemos que o crente verdadeiro é uma pessoa de fé que, tendo recebido
a Cristo como único e suficiente Salvador, nunca o abandonará, apesar de suas
deficiências. Ele crê e continua crendo. O autor dá ênfase a esse assunto
porque alguns dos irmãos hebreus estavam cansados e queriam desistir da fé.
Mas
o que é a fé? Como é uma pessoa de fé? Como a fé se demonstra? Se o crente
souber responder a tais perguntas, ele, saberá, também, responder questões
vitais como: Eu tenho fé? A minha fé é real? Minha fé perdurará por toda a
minha vida, me susterá até em minha morte e me conduzirá em segurança até o
céu?[1]
Todas
essas perguntas importantes a respeito da fé são respondidas no capítulo 11 de
Hebreus. Estudaremos o capítulo em dois pontos: 1º) A verdadeira fé definida
e ilustrada – vv.1-16; e 2º) A
verdadeira fé é perseverante – vv.17-40.[2]
I. A verdadeira fé definida e ilustrada
– vv.1-16
Vemos
que, “hebreus mostra o elo entre a fé, esperança, obediência e perseverança,
ilustrando que a fé é mais do que concordância intelectual com algumas crenças.
A fé que honra a Deus leva a sério o que Deus diz e vive em expectativa e
obediência no presente, esperando que ele cumpra as suas promessas”[3].
Simon
Kistemaker diz: “Para o autor, fé é aderir às promessas de Deus, confiar na
Palavra de Deus e permanecer fiel ao Filho de Deus”.[4]
1. vv.1-3, 6 – A fé definida.
a. v.1 – Temos
aqui os traços essências da fé: a fé
trata de coisas futuras – coisas que
se esperam, e coisas não vistas –
coisas que se não vêem. A ênfase é
na fé como expressão da nossa confiança nas promessas de Deus.
A
fé é a certeza daquilo que não enxergamos, ou seja, daquilo que é invisível.
Essas coisas invisíveis estão em duas categorias: 1ª) algumas coisas são
invisíveis porque ainda não aconteceram ou porque ainda não as alcançamos.
Por exemplo, a Palavra de Deus promete a todo crente que após a sua morte ou,
se estiver vivo até a segunda vinda de Cristo, ele vai para o céu (cf. Jo 14.1, 2; 1Ts 4.13-18), cremos nisso
porque foi Deus quem prometeu – a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam; 2ª) algumas
coisas não são vistas porque não podem ser vistas. Por exemplo, com relação
a Deus, a quem não podemos ver, e, também, quanto a todo o mundo
espiritual. Todo o crente tem certeza de
que Deus existe e é o Deus da Bíblia, assim como os anjos e os demônios também.
A confiança cristã se baseia naquilo que Deus revelou em sua Palavra – a prova das coisas que se não vêem.
A fé é a
certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem
coisas que não podemos ver.
v.1 NTLH
b. v.2, 3, 6 – vemos também que a fé é
imprescindível para se obter um bom testemunho (v.2), para entender a revelação de Deus (v.3) e para agradar e receber as bênçãos de Deus (v.6).
c. v.3 – A fé em Deus como o Criador de tudo
que existe é fundamental para a perspectiva bíblica da realidade. Pois, a fé
discerne que o universo do espaço e do tempo tem uma origem invisível e que ele
continua dependente da Palavra de Deus. Se Deus está no controle da natureza e
da história, passada e presente, cada geração de crentes pode confiar nas suas
promessas acerca do futuro, não importa o que isso lhes custar.[5] (cf. v.1b; 3b)
2. A fé ilustrada (como a fé é
demostrada) – vv.4-16
No v.2 foi
mencionado, de modo geral, que pessoas do passado viveram e morreram pela fé,
alcançando, assim, bom testemunho. Agora, o autor, dá uma lista dessas pessoas
e mostra que elas tinham certeza das duas maneiras que mencionamos, levando em
conta as realidades futuras e invisíveis em seu modo de viver.
a. v.4 – O Deus
invisível era realidade para Abel, que desejava aproximar-se dele. Abel é prova
de que aqueles que se aproximam de Deus mediante a fé são aceitos.
b. vv.5, 6 –
Enoque viveu numa época em que quase todos procuravam agradar a si mesmos. Para
ele, o Deus eterno e o seu reino invisível eram a realidade suprema, e estava
determinado a agradá-lo. Aquele que tem a fé verdadeira só pode ter uma
ambição: agradar a Deus. Nada é mais importante do que isso em sua vida. É
assim que a fé se comporta.
c. v.7 – Noé
cresceu e vivia num mundo onde nunca tinha chovido, então, como é que sabia que
choveria? Ele creu no que Deus lhe disse, apesar de não haver evidências
palpáveis que pudessem fornecer provas. E, assim, agiu pela fé com base nessa
verdade invisível, e agindo com temos, Noé gastou um século construindo a arca
pela qual ele e sua família acabariam sendo salvos. Ele é um exemplo de alguém
que creu, creu e continuou crendo, apesar das circunstâncias e do mundo ao seu
redor!
d. vv.8-10 – Para
Abraão, o Deus invisível era tão real e a sua Palavra tão verdadeira que ele
não hesitou em obedecer. Deixou aquilo que outras pessoas chamam de certezas
pelo que tais pessoas chamam de incertezas, pois ele mesmo não via as coisas
dessa forma. Era homem de fé, portanto, a Palavra de Deus era para ele mais
segura do que qualquer outra coisa.
e. vv.11, 12 – Sara,
apesar das dúvidas sobre a sua condição física, demonstrou a mesma fé de Abraão,
porquanto teve por fiel aquele que lho
tinha prometido. Foi desse casal de idosos, com uma fé persistente,
que a nação de Israel veio a existir.
f. vv.13-16 – viver em verdadeira fé significa também
morrer na fé. Essas pessoas viveram e agiram do modo que fizeram porque
para eles o Deus invisível e o seu reino eram reais, e porque creram na palavra
dele. Todo o seu coração, todas as suas esperanças – estavam na chegada, com
segurança, à habitação eterna no céu. O que, acima de tudo mais, era real para
eles? Deus, o Deus invisível. De que, acima de tudo, eles tinham maior certeza?
De que a Palavra de Deus é confiável e verdadeira e que a glória eterna aguarda
aqueles que andam com o Senhor. Por isso também Deus não
se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma
cidade. Viveram na fé e morreram na fé!
II. A verdadeira fé é perseverante –
vv.17-40
O autor está focado no tema da fé, por isso explicou o que é a fé
e como ela se comporta. Agora, ele destaca um ponto especifico sobre o tema: a verdadeira fé não morre, isto é, nada pode destruí-la pois ela é perseverante. Agora, ele se ocupa em demonstrar isso e o faz dando ênfase
no seu ensino há duas verdades:
1. A fé olha para frente
mesmo quando não há mais nada para esperar – vv.17-28
a. vv.17-19 – Abraão creu
na Palavra de Deus e não duvidou que fosse se cumprir. O grande fato é este: em
determinado tempo da história humana, quando nenhuma pessoa morta tinha sido
ressuscitada, Abraão concluiu que era exatamente isso que Deus faria. É assim
que a verdadeira fé se manifesta. Ela jamais deixa de estar convencida de que
podemos confiar na Palavra de Deus.
b. v.20 – Mesmo avançado na idade, Isaque
estava olhando para a frente. Sua mente se fixava nas coisas que ainda estava
para vir – no tocante às coisas
futuras. Ele estava absolutamente convicto
de que as promessas de Deus se cumpririam, embora jamais tivesse chegado a ver
tal coisa por si mesmo. Isso é a fé!
c. v.21 – Nos últimos momentos de sua vida aqui na terra, Jacó, teve uma grande percepção da
presença do Deus invisível e abençoou os dois netos que seu filho José trouxera
à beira da sua cama. Ele tinha somente uns poucos momentos na terra, mas ainda
estava olhando para frente. Deus era real e sua Palavra certa. É assim que vemos
a manifestação da verdadeira fé.
d. v.22 – Durante a sua vida, José
passou por uma grande variedade de experiências. No entanto, em seus últimos
momentos, ainda olhava adiante! Ele viveu e morreu sem ver tudo o que Deus
prometera. Mas isso não o tornou cínico ou hesitante e cheio de dúvidas. Ele
tinha certeza de que o que Deus prometeu certamente aconteceria. E essa
convicção governou tanto o seu modo de viver quanto o modo como morreu. É o que
a fé autêntica faz!
e. vv.23-28 – Numa
época em que não havia futuro para os meninos hebreus, os pais de Moisés viam
as cosias de forma diferente e olhavam adiante pela fé... ...não temeram o mandamento do rei (v.23).
Numa época em que não havia futuro fora da corte real do Egito, Moisés via as
coisas de forma diferente (vv.24-26).
Portanto, pela fé Moisés, sendo já
grande, recusou ser chamado filho
da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo
do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa.
O Deus invisível e seu reino eterno eram
mais reais para Moisés do que era o ditador de uma superpotência terrena, e ele
não demonstrou medo quando teve que confrontá-lo com a exigência de que o seu
povo fosse libertado da escravidão – porque ficou
firme, como vendo o invisível (v.27). Dá mesma forma,
na celebração da primeira Páscoa na noite anterior a saída de Israel do Egito,
Moisés tinha seu olhar fixo no futuro, baseado na Palavra de Deus que não
desaponta jamais (v.28).
O otimismo inabalável do crente não se
baseia em qualquer coisa vivível. As promessas de Deus são firmes e a certeza
de tais promessas traz ao crente sereno conforto e vibrante expectativa.
2. A fé segue em frente
mesmo quando tudo o mais falha – vv.29-40
a. v.29 – Veja o que aconteceu no Mar Vermelho. Parecia impossível
a travessia do mar. Era contra a razão. Mas a fé não morre em tais situações.
As dificuldades não matam a fé. Venha o que vier, a fé vai adiante.
b. vv.30-31 – Pense no povo de Israel diante dos muros da cidade de Jericó.
Também, parecia impossível tomar aquela cidade. Durante uma semana o povo
marchou em volta da cidade e nada aconteceu. Mas, Israel continuou crendo no
que Deus disse e obedeceram a cada palavra de suas instruções. A fé deles não
esvaeceu e após o grito de vitória e o tocar das trombetas os muros vieram
abaixo e completaram a conquista da cidade de Jericó.
E a situação de Raabe, mesmo nas aparentemente
impossíveis condições que se encontrava, ela creu no Deus dos hebreus espias.
Sua fé tinha consciência continua da realidade e confiabilidade de Deus, que
nunca abandonou o seu povo. Portanto, se a fé for autentica, ela continua em
frente e nada poderá apagá-la.
c. vv.32-38 –
Agora, o autor, admite não ter condições de mencionar todos os exemplos de fé
dados nas Escrituras e na história dos hebreus – Faltar-me-ia o tempo
contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de
Samuel e dos profetas (v.32). O
que eles têm de entender é que todos quantos foram heróis naquela nação, o
foram por serem pessoas de fé. Foi pela fé que fizeram o que fizeram!
O que eles fizeram? Leia os vv.33-38. Quando tudo estava contra eles, esses homens e mulheres permaneceram
fiéis a Deus. Para eles, Deus era a realidade! A certeza deles era maior que
qualquer outra coisa e, assim, jamais desistiram, jamais cederam, jamais
voltaram ao que era antes, jamais deram as costas para o seu Deus e jamais
viveram da mesma maneira que as outras pessoas.
d. vv.39-40 – Todos os homens e mulheres de fé das Escrituras do
Antigo Testamento viveram e morreram pela fé, mas, nunca tiveram em mãos
qualquer das coisas em que haviam firmado o coração. Deus não lhes permitiu
porque tinham que esperar por nós. Mas, nem por isso eles perderam a fé, e Deus
se agradou deles (v.6).
Concluindo
A prova
final da fé cristã autêntica do crente, será o fato dele permanecer nela até o
dia da sua morte. Nos seus últimos momentos, ainda permanecer olhando à frente.
Quando tiver perdido tudo o mais, até mesmo os últimos resquícios da sua saúde
e consciência – na fé permanecer!
Ora,
sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima
de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.
Hebreus
11.6
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 06/12/15
[1] Olyott, Stuart. A Carta aos Hebreus bem explicadinha,
Editora Cultura Cristã, 2012, p. 100.
[2] Olyott, p. 100-110. No esboço dos pontos sigo o
comentário do livro nas páginas citadas, com cortes e acréscimos que julguei
necessário.
[3] Carson, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova,
SP, 2009, p. 2019, 2020.
[4] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica –
Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 12ª Lição, p. 55.
[5] Carson, p. 2020.
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