sábado, 7 de fevereiro de 2015

Estudos no Credo Apostólico (4) - A Igreja e os benefícios que Deus tem nos concedido (1)

Mateus 16.13-20 (1Tm 3.15)

No estudo anterior do Credo Apostólico com o tema Deus Espírito Santo, vimos:

ü  Em dois pontos: 1º) A Obra do Espirito Santo e o Evangelho; 2º) A Obra do Espírito Santo na Regeneração.

ü  A obra da aplicação da salvação segue uma dinâmica ou ordem: ouvir a mensagem do Evangelho as verdades bíblicas da salvação, arrepender-se dos seus pecados e confessa-los abandonar a autossuficiência e voltar-se para Deus, crer em Cristo e recebe-lo invocá-lo de coração, reconhecendo-o como autoridade máxima e Salvador único e suficiente).

ü  “O Espírito Santo ilumina nossa mente (assim compreendemos sua mensagem), amolece o nosso coração (assim nos arrependemos). A própria fé que colocamos em Cristo é um presente que dele recebemos.”[1]

ü  Sem aceitar inteiramente a convicção de que a salvação pela graça e a Trindade são verdadeiras, é difícil imaginar alguém experimentando o crescimento espiritual autêntico de um cristão”. (Greg L. Hawkins e Cally Parkinson no livro Siga-me: O que vem a Seguir, p. 64)

ü  Terminamos com a pergunta 53 do Catecismo de Heidelberg: O que você crê sobre o Espírito Santo? Primeiro: creio que ele é verdadeiro e eterno Deus com o Pai e com o Filho. Segundo: que ele foi dado também a mim. Por uma verdadeira fé, ele me torna participante de Cristo e de todos os seus benefícios. Ele me fortalece e fica comigo para sempre.

Vamos estudar a quarta parte do Credo Apostólico (Creio... na santa igreja universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.), e faremos isso em dois estudos. O primeiro – A Igreja e os benefícios que Deus tem nos concedido (1), e o segundo – A Igreja e os benefícios que Deus tem nos concedido (2).

Portanto, nosso estudo de hoje, no Credo, é sobre a Igreja e os benefícios que Deus tem nos concedido e isso em dois pontos: 1º) Santa Igreja Universal; e 2º) A comunhão dos santos.

Vimos, em outras palavras, no estudo da terceira parte do Credo, que é o Deus Espírito Santo quem gera a Igreja e a comunhão dos santos, pois ele é o agente da aplicação da salvação da Trindade Santa.

I. Santa Igreja Universal

1. Santa

A palavra santa, usada aqui, significa que a igreja foi separada por Deus e para Deus, pois este é o significado da palavra santo no contexto bíblico – “tudo aquilo que é separado por Deus e para Deus”.

Quando o Credo afirma santa igreja universal ele está dizendo que existe no mundo inteiro um grupo de pessoas chamadas, separadas e consagradas por Deus para servi-lo. Portanto, a Igreja é constituída de pessoas que resolveram consagrar sua vida a Deus; elas se separaram, em obediência à chamada divina, para viverem de acordo com a vontade de Deus. Essa separação não é física ou material, mas espiritual.[2] (Cf. Gl 1.13; Ef 3.21; Cl 1.18; 1Tm 3.15) Quando Paulo tratou os irmãos das igrejas para quem escrevia, eles os chamou de santos, na certeza de que eles foram separados por Deus e para Deus – Rm 1.7; 1Co 1.2; 2Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.2.

Hoje em dia, quando usa-se a palavra santo ou santa, tem-se em mente duas ideias populares: 1ª) a de uma imagem de alguém que foi canonizado pela Igreja Católica Romana; e 2ª) a de pessoas perfeitas, sem nenhum defeito. Essas duas ideias são errôneas, pois contrariam a Palavra de Deus. (Cf. Rm 3.10-12, 23)

2. Igreja Universal

A palavra igreja significa uma assembleia divinamente convocada e descreve um evento através do qual Deus cumpre sua eleição através da chamada pessoal e abrange a totalidade dos cristãos. Por isso é chamada de católica ou universal, pois trata de todos os que seguem Jesus Cristo, sem considerar critério de tempo e espaço.[3] (Cf. Mt 16.18; Hb 12.22, 23)

Como a Igreja Universal é composta pelos salvos por Jesus Cristo, de todos os tempos, que não podem ser plenamente visualizados na atualidade, cujos nomes estão escritos no livro da vida e só Deus conhece plenamente quem são, ela é também chamada de Igreja Invisível.[4] (Cf. 2Tm 2.19)

Veja comigo o que diz o Manual de Fé dos Batistas Livres:
A igreja de Deus, ou os membros do corpo de Cristo, é o conjunto de todos os crentes ao redor do mundo e da qual só participam os indivíduos regenerados.[5]

Veja, também, o que diz a Confissão de Fé de Westminster, 25.1:
A igreja católica ou universal, consiste do número total dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo, sob Cristo, seu cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas.

Veja comigo a pergunta 54 do Catecismo de Heidelberg:
O que você crê sobre “a santa igreja universal de Cristo”?
Creio que o Filho de Deus reúne, protege e conserva, dentre todo o gênero humano, sua comunidade eleita para a vida eterna. Isso ele faz por seu Espírito e sua Palavra, na unidade da verdadeira fé, desde o princípio do mundo até o fim. Creio que sou membro vivo dessa igreja, agora e para sempre.

A igreja invisível é ainda chamada de igreja triunfante, porque é formada pelos espíritos dos justos aperfeiçoados (Hb 12.23), ou seja, daqueles que já foram libertos e, nos céus, triunfam depois de ter vencido todas as coisas, e, continuamente, exultam diante do Senhor.[6]

A Igreja Universal é una, mas se manifesta historicamente de forma plural em sua expressão visível. Essas manifestações visíveis da igreja são locais e denominacionais e por isso são chamadas de Igreja visível.

Veja comigo o que diz o Manual de Fé dos Batistas Livres:
Uma igreja cristã é um grupo organizado de crentes em Cristo que se reúne regularmente a fim adorar a Deus, observando as ordenanças do evangelho segundo as Escrituras. Os crentes são admitidos nessa igreja apresentando provas de sua fé em Cristo, obtendo o consentimento do grupo, sendo batizado e
recebendo a destra de comunhão.[7]

(Cf. 1Co 1,1, 2; Fp 1.1; 1Ts 1.1)

A igreja visível também é intitulada de igreja militante, pois ainda se encontra na terra e luta contra a carne, o mundo, o diabo, o pecado e a morte. Por isso a igreja em sua forma visível é defeituosa em dois aspectos: 1º) ela é composta de cristãos ainda pecadores; e 2º) ela possui em seu meio pessoas não convertidas. (Cf. 1Co 3.1-3; 5.1, 2; Jd vv.3, 4; Rm 6.11-13; 7.18-25)

II. A comunhão dos santos

A expressão comunhão dos santos no Credo tem dois significados: 1º) Que desfrutamos comunhão com Deus; e 2º) Que desfrutamos de comunhão com a Igreja.

1. A comunhão com Deus – por meio da operação do Espírito Santo temos comunhão com Deus o Pai e com Deus o Filho, ou seja, com a Trindade. (Cf. 1Jo 1.3; Ef 3.16, 17; 2Co 13.13)

2. A comunhão com a Igreja – a nossa comunhão com a Trindade e “a igreja invisível sugere a comunhão com a igreja visível, em suas expressões local e denominacional”[8]. Assim, a fé em Cristo nos coloca em contato com uma congregação local e “unidos nesta comunhão visível, assumimos responsabilidades. Comparecemos e cooperamos, compartilhamos bênçãos e cumprimos deveres públicos e particulares que edificam a todos”[9]. (Cf. At 2.37, 38; 16.5; 4.32; Ef 4.3-6; Rm 12.6; 1Co 12.7; Hb 10.24, 25; 1Pe 4.10)

Concluindo

Então, diante disso, como distinguir, dentre tantas seitas, a santa igreja universal e a comunhão dos santos? Creio que a autenticidade da Igreja está ligada a três marcas: A pregação fiel da Palavra de Deus, a administração correta das ordenanças e o exercício bíblico da disciplina. (Cf. Mt 28.18-20)

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 07/02/15




[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 49.
[2] Clássicos da Escola Dominical. Série “Descoberta da Fé – O Credo Apostólico”, 4ºTR73, Editora Cultura Cristã, Lição 1, p. 24.
[3] Nascimento, p. 53.
[4] Ibid., p. 53.
[5] Manual de Fé e Prática dos Batistas Livres do Brasil, 4ª Edição, 2014, p. 24, 25.
[6] Nascimento, p. 54, citando a Segunda Confissão Helvética, 17, na Harmonia das Confissões Reformadas, por Beeke e Ferguson.
[7] Manual de Fé e Prática dos Batistas Livres do Brasil, 4ª Edição, 2014, p. 24.
[8] Nascimento, p. 56.
[9] Nascimento, p. 56.

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