Nos
estudos anteriores, no livro de Gênesis, vimos:
ü
Que o conteúdo do
livro pode ser estudado em três partes: 1ª)
Primórdios – Gn 1-11 – que se resume em três expressões: Criação,
Dilúvio e Babel; 2ª) Patriarcas – Gn 12-36 – que se
resume em três nomes: Abraão, Isaque e
Jacó; e 3ª) Descida para o Egito – Gn 37-50 – que se resume em três fases: A família de Jacó (início da biografia de
José); Peregrinação e Ascensão de José; e A
descida da família de Jacó para o Egito.
Hoje,
vamos começar a estudar, panoramicamente, o livro de Êxodo, dividindo-o em três
partes: 1ª) A ação de Deus no livramento de Israel do cativeiro – Êx 1-18; 2ª) A ação de Deus oferecendo
a Israel uma regra para a vida sob a promessa – Êx 19-31; e 3ª) A ação de Deus fazendo-se presente no meio
do Seu povo – Êx 32-40.
I.
Introdução ao estudo do livro de Êxodo
O titulo Êxodo,
que significa a saída, dado ao segundo livro da Bíblia, foi atribuído pela Septuaginta (tradução grega da Bíblia
Hebraica – VT) e pela Vulgata
(tradução latina da Bíblia – VT e NT), pelo fato histórico dominante do livro –
a saída de Israel do Egito (cf. 12.51; 13.16-22; 19.1). Já o título
hebraico do livro é extraído das suas primeiras palavras “Estes pois são os nomes...” (1.1a
acf), com o objetivo de que o livro deve ser aceito como a continuação do livro
de Gênesis.
Moisés foi o escritor do livro e não faltam
evidências disso. Desde o tempo de Josué, o livro é atribuído a ele – Js 8.31-35; cf. Êx 20.25. Mais
importante ainda é a referência que o Senhor Jesus faz a passagens de Êxodo
como escritas por Moisés – Mc 7.10,
12.26. Em outros lugares no Pentateuco, Moisés é indicado como aquele
que... ...escreveu todas as palavras do
Senhor... (Êx 24.4a), como a
pessoa que registrou... ...as suas
saídas, segundo as suas jornadas, conforme o mandado do Senhor... (Nm 33.2a) e que... ...escreveu esta lei... (Dt 31.9a). Além disso, o texto indica
que o seu autor estava muito bem familiarizado com o tempo, os eventos e os
lugares mencionados no livro. A riqueza dos detalhes deixa claro que o autor
foi testemunha ocular do que descreve no livro.
A data mais aceita e de evidências mais concretas
é que Êxodo foi “escrito durante o período da peregrinação de Israel no
deserto”[1],
no século 15 a.C. (1445 a.C.). “Em algum momento durante os 40 anos como líder
de Israel (cf. Êx 7.7; Dt 34.7), Moisés escreveu o segundo, dos seus cinco
livros”[2].
Creio que o escreveu após o êxodo, nas planícies de Moabe.
Êxodo é um livro de libertação e estabelecimento,
pois, nele, vemos que a aliança estabelecida em Gênesis entre Deus e os
patriarcas transforma-se na história de Israel, à medida que Deus irrompe no
tempo e no espaço para libertar Israel da escravidão e estabelecê-lo como nação
com a posse permanente de Canaã e a presença dele no seu meio.[3]
Assim, concluímos que, o tema do livro “é a
libertação de Israel do Egito em cumprimento à promessa de Gênesis 15.13,
14”.[4]
Mas, precisamos, também, ter uma noção da
transição do livro de Gênesis para o livro de Êxodo. No final do livro de
Gênesis temos uma família indo para o Egito e se estabelecendo lá – Gn 46.27, 27 (70 pessoas). No início do
livro de Êxodo temos um povo saindo do Egito para se estabelecer em outra
terra, Canaã, a terra da promessa – Êx
12.37, 38 – (600 mil homens, sem contar crianças e mulheres). Aqui temos um
contraste: uma família protegida por Faraó numa terra privilegiada (Gn 47.5-12 – Gósen – terra fértil e
boa), mas, depois da transição, um povo perseguido por Faraó fabricando tijolos
como escravos (Êx 1.8-14).
Portanto, como já afirmei, vamos estudar, panoramicamente, o livro de Êxodo,
dividindo-o em três partes: 1ª) A ação de Deus no livramento de Israel do
cativeiro – Êx 1-18; 2ª) A
ação de Deus oferecendo a Israel uma regra para a vida sob a promessa – Êx 19-31; e 3ª) A ação de Deus fazendo-se
presente no meio do Seu povo – Êx
32-40. Hoje, nosso estudo será na primeira parte: A ação de Deus no livramento de
Israel do cativeiro – Êx 1-18.
Deus começa a cumprir sua promessa de uma descendência inumerável,
quando setenta pessoas se transformam em milhares – vv.1-7.
1. Incluía
a permissão divina para a opressão do Egito – 1.8-22
a.
Israel cresceu e passa a ser a maior força de trabalho escravo do
Egito – vv.8-14.
b.
O crescimento assustador de Israel leva Faraó a tomar uma mediada
radical, tentar o genocídio. Houve
duas tentativas: 1ª) a morte dos meninos na hora do parto – vv.15-21; 2ª) a campanha nacional para
eliminação dos meninos recém-nascidos – v.22.
2. Incluía
a preparação de um líder capaz – 2.1-4.31
a. O nascimento e a proteção sobrenatural de Moisés lhe trouxeram, ao
mesmo tempo, uma criação hebraica e instrução na corte egípcia – 2.1-10.
b.
A preparação de Moisés para a liderança exigia três coisas: 1ª) Treinamento
no deserto de Midiã por 40 anos – 2.1-14;
2ª) Ruptura com a vida e os costumes egípcios – 2.15; e 3ª) Adoção de um estilo de vida nômade, como
homem casado e pastor de ovelhas – 2.16-22.
c.
O chamado de Moisés – 2.23-4.17.
ð
O seu chamado foi a resposta de Deus à crescente opressão sofrida
pelos israelitas – 2.23-25.
ð
O seu chamado acontece em Horebe, onde Deus se manifesta como o Deus
da aliança – 3.1-10.
ð
O seu chamado é confirmado quando Deus refuta decisivamente suas
inadequadas objeções – 3.11-4.17.
d.
Moisés volta para o Egito como um líder plenamente qualificado de
acordo com a aliança abraâmica – 4.18-26.
e.
Moisés é reconhecido como líder por Arão, pelos Anciãos e pelo povo – 4.27-31.
3. Incluía um
confronto com Faraó e seus deuses – 5.1-11.10
a. O confronto resultou no crescente endurecimento do coração de Faraó e
em dificuldades para a vida dos israelitas – 5.1-7.13.
b.
O confronto resultou na completa humilhação de Faraó e seus deuses
diante do Deus vivo e verdadeiro – 7.14-11.10.
A completa humilhação veio por meio de dez julgamentos com os quais Deus
demonstra sua superioridade sobre Faraó e sobre os seus deuses:
ð
1º) A praga das águas transformadas em sangue – 7.14-25 – Que revelou a autoridade de Deus sobre o Nilo, o rio que sustentava a
vida no Egito; 2º) A Praga das rãs – 8.1-15 – Revelou a superioridade de Deus sobre a deusa
Hegt; 3º) A praga dos piolhos – 8.16-19 – Que revelam a superioridade de Deus sobre Set, deus do deserto ou
poeira; 4º) A praga das moscas – 8.20-32 – Que revelou a superioridade de Deus sobre o deus Uatchit e estabeleceu
a distinção entre Israel e o Egito; 5º)
A praga das pestes nos rebanhos –
9.1-7 – Que demonstrou a
superioridade de Deus sobre Ápis, o deus touro, e Hathor, a deusa vaca, ao
preservar o gado dos israelitas; 6º)
A praga das úlceras – 9.8-12 – Que demonstrou a superioridade de Deus sobre Ísis, a deusa da cura, sobre
Sekhmet, deusa dos remédios, e sobre Sunu, o deus da peste; 7º) A praga da saraiva – 9.13-35 – Que revelou a superioridade de Deus sobre
Nut, o deus do céu, sobre Osíris, o deus das colheitas e da fertilidade, e
sobre Set, o deus da tempestade; 8º)
A praga dos gafanhotos – 10.1-20
– Que revelou a superioridade de Deus
sobre Nut e Osíris; 9º) A praga das trevas – 10.21-29 – Que revelou a superioridade de Deus sobre Rá
e Hórus, divindades do sol, e sobre Nut; e 10º) A praga da morte dos
primogênitos – 11.1-10; 12.29-36 – Que
revelou a superioridade de Deus sobre Min, o deus da reprodução, sobre Isis,
deusa da cura, e sobre o herdeiro de Faraó, que era considerado divino pelos
egípcios.
4. Incluía
a celebração do livramento – 12.1-36
a. As instruções para a celebração do livramento incluíam a Páscoa, que é prescrita como um memorial
perpétuo – vv.14, 21-28, e a Festa dos Pães Ázimos com duração de
sete dias – vv.15-20.
b.
A Páscoa serve como uma bela ilustração da redenção realizada por
Cristo no Calvário – Jo 1.29; 1Co 5.7: 1ª)
A oferta deveria ser perfeita – 12.5; 1Pe 1.19; 2ª) O cordeiro precisava ser
morto – 12.6; Jo 12.24, 27; e 3ª)
O sangue tinha que ser aplicado – 12.7; Hb 9.22.[6]
c. A promessa divina de libertação do Egito com a riqueza da terra
acontece logo após a aplicação da última praga – vv.29-36. Os próprios egípcios encorajaram os israelitas a
partirem, dando-lhes seus objetos de valor – vv.33-37.
5. Incluía
a saída definitiva do Egito e demonstrações convincentes do poder de Deus para
proteger e suprir o seu povo a caminho da terra da promessa – 12.37-18.27
a.
Israel deixou o Egito, rumo a Canaã, sob o impacto da redenção divina
e da obrigação de viver como nação consagrada – 12.37-13.22.
b.
Deus dá provas convincentes de seu poder de proteger o seu povo usando
o Mar Vermelho, quando Israel passou a pés enxutos pelo meio do mar e os
exércitos de Faraó foram destruídos – 14.1-31.
c.
O livramento sobrenatural oferecido por Deus ao seu povo é celebrado
por Moisés e Miriã – 15.1-21.
d.
A caminhada do Mar Vermelho ao Sinai é marcada pela provisão fiel de
Deus a despeito das atitudes lamentáveis de Israel – 15.22-18.27
ð
Deus provê água potável e promete bem estar ao seu povo – 15.22-27; 17.1-7.
ð
Deus provê alimento saudável para seu povo – 16.1-36.
ð
Deus provê vitória sobre o traiçoeiro Amaleque – 17.8-16.
ð
Deus oferece conselho sábio, por meio de Jetro, para facilitar a
liderança de Moisés e aperfeiçoar a prática da justiça aos israelitas – 18.1-27.
Concluindo
– Lições da primeira parte do livro de Êxodo:
1)
Enquanto estivermos vivendo neste mundo enfrentaremos aflições (Jo
16.33);
2) Jesus é o nosso líder capaz e ele tem preparado outros líderes capazes
para a tarefa de conduzir a sua igreja na jornada até o céu (Ef 4.11-16);
3) Deus é o nosso provedor, ele é quem, definitivamente, supri as nossas necessidades
físicas, psicológicas e espirituais.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira - 24/08/14
[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento
no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 61.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 88.
[3] Pinto, p. 63.
[4] Ryrie, Charles C. A Bíblia Anotada, SBB e MC,
2007, p. 58.
[5] Pinto, p. 72-79 (Esse ponto segue o esboço das
páginas citadas com adaptações minhas ao contexto da igreja local)
[6] Ryrie, p. 72.
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