Em nossos estudos anteriores, vimos que:
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O Sermão do Monte é
um autêntico pronunciamento de Jesus. Seu conteúdo é relevante para o mundo
moderno e seus padrões foram estabelecidos para serem cumpridos pelos cidadãos
do Reino, aqueles que passaram pelo novo nascimento e fazem parte da família de
Deus.[1]
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O valor e a
autoridade do Sermão do Monte está no Mestre que o proferiu. Ele é mais importante
que o seu próprio ensino e precisamos tomar consciência disso e aceitar e
praticar os Seus ensinos.
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Na sua introdução em Mateus 5.1, 2,
temos a identidade e a personalidade do
Mestre Jesus, a identificação de seus ouvintes primários e a sua pedagogia.
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O
significado da expressão bem-aventurança: aquela
alegria ou felicidade interior, independentemente das coisas externas da vida.
Essa expressão aparece nove vezes nesse texto e chamou muito a atenção dos
ouvintes primários e a nossa também.
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As
quatro verdades que a Bíblia ensina sobre as bem-aventuranças: Primeira – Bem-aventurança é algo que somente Deus pode dar – Sl 144.15; Segunda – Bem-aventurança é um estado que Deus deseja que seu povo desfrute –
Gn 1.27, 28; Nm 6.24-26; Terceira – Bem-aventurança não depende das
circunstancias da vida – Fp 4.10, 11; 2Co 7.4; 12.10; Quarta – Bem-aventurança está
relacionada à obediência a Palavra de Deus – Lc 11.27, 28; Sl 1.1.
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A
primeira bem-aventurança e a última fazem a mesma promessa – “porque deles é o reino dos céus” – Mt
5.3, 10. Sobre esse reino prometido por Jesus, consideramos quatro fatos: Primeiro – Ele é um reino eterno; Segundo
– Ele é um reino espiritual; Terceiro – Ele é um reino contemporâneo; Quarto
– Ele é um reino dinâmico.
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Podemos
estudar as bem-aventuranças em dois pontos: 1º) As primeiras quatro,
tratam do relacionamento do cristão com Deus; e 2º) As últimas quatro, do
relacionamento do cristão com o seu próximo.
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Lutero
afirmou: É preciso ter uma fome e sede de
justiça que jamais possam ser reprimidas, ou sustadas, ou saciadas, que não
procurem nada e não se importem com nada a não ser com a realização e a
manutenção do que é justo, desprezando tudo o que possa impedir a sua
consecução. Se você não puder tornar o mundo completamente piedoso, então faça
o que você puder.
Terminamos com a seguinte afirmação: “Façamos do padrão de Jesus o nosso padrão de
vida. Falemos a Palavra com autoridade. Tenhamos um caráter integro: Amemos
mesmo quando não esperamos receber amor, façamos o bem sem esperar recompensas.
Tenhamos como objetivo supremo da nossa vida fazer a vontade do Pai, obedecer à
Sua Palavra, obedecer aos Seus ensinamentos”.[2]
Hoje, vamos estudar sobre a influência do cristão – Mt 5.13-16. As metáforas do sal
e da luz falam da influência que os cristãos podem e devem exercer no mundo.
Assim, [3]em
seguida às bem-aventuranças, que descrevem o caráter do cristão, Jesus passou a
dizer aos seus discípulos que eles poderiam exercer uma forte influência sobre
o mundo, se cultivassem aquele caráter. Usando metáforas conhecidas,
disse-lhes: “Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo...” A
necessidade da luz é óbvia. E o sal tem uma variedade de usos. É condimento e
preservativo. No passado, antes do invento da refrigeração, ele era usado
principalmente para preservar a carne do apodrecimento. E na verdade ainda o é,
como na charque e na carne-de-sol. É o sal que o conserva e lhe dá sabor.
1. Igreja e mundo: duas
comunidades distintas
As duas comunidades são
diferentes, mas relacionadas. A diferença é radical e imprescindível; a relação
é necessária. Explicando:
ü O
sal tem características próprias, que o distinguem da carne e outros alimentos.
Só é útil fora do saleiro e quando nos alimentos; é assim que lhes dá sabor e
os preserva.
ü A
luz possui suas próprias características, que a distinguem das trevas. Só é útil
quando nas trevas; é assim que as dissipa.
Evidentemente, a humanidade é
insossa e está apodrecendo; precisa do sal.
O mundo é tenebroso e perdido e
precisa de luz.
Estes esclarecimentos são
importantes porque, hoje em dia, é simpático e teologicamente mais elegante
deixar indefinidas as fronteiras e as diferenças entre as duas comunidades,
igreja e mundo.
2. O sal da terra (5.13)
Isto significa que os crentes
verdadeiros, os que têm ou estão desenvolvendo as características referidas nas
bem-aventuranças, são como o sal: têm um tremendo
poder de penetração e transformação. Ao
passo que a humanidade é como a carne em processo de deterioração ou
apodrecimento. Os cristãos podem retardar esse processo ou mesmo
revertê-lo, ainda que não totalmente.
Deus estabeleceu outras influências
restringentes na humanidade, tais com o Estado e a Família. Estas e outras
instituições exercem uma influência sadia sobre a sociedade. Entretanto, Deus
planejou que a mais poderosa força inibidora do pecado fosse a Igreja.
A eficácia do sal está
condicionada à sua salinidade (Veja 5.13b). O sal (cloreto de sódio) é um
produto químico estável, resistente. Não obstante, pode ser contaminado por
impurezas, tornando-se, então, inútil e até perigoso. Da mesma forma o cristão.
A salinidade do cristão é o seu caráter conforme descrito nas bem-aventuranças;
é discipulado cristão verdadeiro, visível em atos e palavras. Se o cristão for
contaminado pelas impurezas do mundo, ele perde a salinidade, ou seja, sua
capacidade de influenciar e mudar o mundo à sua volta.
3. A luz do mundo (5.14-16)
Jesus disse também: “Vocês são a luz para o mundo...” Mais
tarde ele diria: “Eu sou a luz do mundo...”
(Jo 8.12). Portanto, nós somos a luz
do mundo por derivação, brilhamos com a luz de Cristo, como a Lua brilha com a
luz do Sol (Fp 2.15). Isso acontece
por meio das nossas “boas obras” ou “coisas boas que fazemos” (v. 16). Essas “boas obras” envolvem tudo o que fazemos por amor a Cristo e aos
nossos semelhantes, e também nossa
maneira de ser, agir e reagir. É a
luz de Cristo brilhando no mundo através de nós! A eficácia da luz está
condicionada à sua intensidade e posição. Jesus acrescentou: “Ninguém acende uma lamparina para colocá-la
debaixo de um cesto. Pelo contrário, ela é colocada no lugar próprio para que
ilumine a todos os que estão na casa” (vv.14-15
BLH). A luz de Cristo, que está em nós, não pode ser escondida dentro da
igreja. Ela é útil lá fora, no mundo, nas trevas.
Concluindo
– Responsabilidade
dupla
Nossa
responsabilidade é dupla: “O sal e a luz
têm coisas em comum: eles se dão e se gastam, e isto é o oposto do que acontece
com qualquer tipo de religiosidade egocentralizada” (P. Thielicke).
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O
mundo está apodrecendo! (cf. Rm 1). Como sal, os cristãos têm a responsabilidade de inibir ou
mesmo impedir a deterioração da família, da igreja e da sociedade. Têm que
expressar-se, indignar-se e protestar mais... (Ação negativa)
ð
O
mundo está nas trevas! Como luz, os cristãos têm a responsabilidade de mostrar, pela
pregação da Palavra de Deus e por suas obras, que tudo pode ser diferente e
melhor, e mostrar o Caminho. (Ação
positiva).
Perguntas para reflexão: 1) Quais são as funções do
sal e da luz, respectivamente? 2)
Qual é a função do cristão no mundo, como
sal e luz? 3) Por que é importante, hoje em dia, enfatizar
que Igreja e Mundo são comunidades totalmente diferentes? 4) A
que estão condicionadas a eficácia do sal, da luz e a do cristão, no mundo?
5) Você diria que tem sido sal da terra e luz do mundo?
Pr.
Walter Almeida Jr.
CBL
Limeira – 12/04/14
[1] Stott, John R. W.
Contracultura Cristã, A mensagem do Sermão do Monte, ABU Editora, 1981, p. 11.
[2] Oliveira, Profa. Odila
Braga de. O Sermão do Monte, Lição 1, Editora Cristã Evangélica, p.7-9.
[3] A
partir daqui, segue um resumo e adaptação livre do livro de John Stott, A
Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 2ª edição, 1997. Pr.
Éber Lenz Cesar, para Escolas Dominicais, 2001.
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