sábado, 12 de abril de 2014

A influência do cristão

Mateus 5.13-16

Em nossos estudos anteriores, vimos que:

ð O Sermão do Monte é um autêntico pronunciamento de Jesus. Seu conteúdo é relevante para o mundo moderno e seus padrões foram estabelecidos para serem cumpridos pelos cidadãos do Reino, aqueles que passaram pelo novo nascimento e fazem parte da família de Deus.[1]

ð O valor e a autoridade do Sermão do Monte está no Mestre que o proferiu. Ele é mais importante que o seu próprio ensino e precisamos tomar consciência disso e aceitar e praticar os Seus ensinos.

ð Na sua introdução em Mateus 5.1, 2, temos a identidade e a personalidade do Mestre Jesus, a identificação de seus ouvintes primários e a sua pedagogia.

ð O significado da expressão bem-aventurança: aquela alegria ou felicidade interior, independentemente das coisas externas da vida. Essa expressão aparece nove vezes nesse texto e chamou muito a atenção dos ouvintes primários e a nossa também.

ð As quatro verdades que a Bíblia ensina sobre as bem-aventuranças: PrimeiraBem-aventurança é algo que somente Deus pode dar – Sl 144.15; SegundaBem-aventurança é um estado que Deus deseja que seu povo desfrute – Gn 1.27, 28; Nm 6.24-26; TerceiraBem-aventurança não depende das circunstancias da vida – Fp 4.10, 11; 2Co 7.4; 12.10; QuartaBem-aventurança está relacionada à obediência a Palavra de Deus – Lc 11.27, 28; Sl 1.1.

ð A primeira bem-aventurança e a última fazem a mesma promessa – “porque deles é o reino dos céus” – Mt 5.3, 10. Sobre esse reino prometido por Jesus, consideramos quatro fatos: PrimeiroEle é um reino eterno; Segundo Ele é um reino espiritual; TerceiroEle é um reino contemporâneo; QuartoEle é um reino dinâmico.

ð Podemos estudar as bem-aventuranças em dois pontos: 1º) As primeiras quatro, tratam do relacionamento do cristão com Deus; e 2º) As últimas quatro, do relacionamento do cristão com o seu próximo.

ð Lutero afirmou: É preciso ter uma fome e sede de justiça que jamais possam ser reprimidas, ou sustadas, ou saciadas, que não procurem nada e não se importem com nada a não ser com a realização e a manutenção do que é justo, desprezando tudo o que possa impedir a sua consecução. Se você não puder tornar o mundo completamente piedoso, então faça o que você puder.

Terminamos com a seguinte afirmação: “Façamos do padrão de Jesus o nosso padrão de vida. Falemos a Palavra com autoridade. Tenhamos um caráter integro: Amemos mesmo quando não esperamos receber amor, façamos o bem sem esperar recompensas. Tenhamos como objetivo supremo da nossa vida fazer a vontade do Pai, obedecer à Sua Palavra, obedecer aos Seus ensinamentos”.[2]

Hoje, vamos estudar sobre a influência do cristão – Mt 5.13-16. As metáforas do sal e da luz falam da influência que os cristãos podem e devem exercer no mundo.

Assim, [3]em seguida às bem-aventuranças, que descrevem o caráter do cristão, Jesus passou a dizer aos seus discípulos que eles poderiam exercer uma forte influência sobre o mundo, se cultivassem aquele caráter. Usando metáforas conhecidas, disse-lhes: “Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo...” A necessidade da luz é óbvia. E o sal tem uma variedade de usos. É condimento e preservativo. No passado, antes do invento da refrigeração, ele era usado principalmente para preservar a carne do apodrecimento. E na verdade ainda o é, como na charque e na carne-de-sol. É o sal que o conserva e lhe dá sabor.

1. Igreja e mundo: duas comunidades distintas

As duas comunidades são diferentes, mas relacionadas. A diferença é radical e imprescindível; a relação é necessária. Explicando:

ü O sal tem características próprias, que o distinguem da carne e outros alimentos. Só é útil fora do saleiro e quando nos alimentos; é assim que lhes dá sabor e os preserva.

ü A luz possui suas próprias características, que a distinguem das trevas. Só é útil quando nas trevas; é assim que as dissipa.

Evidentemente, a humanidade é insossa e está apodrecendo; precisa do sal.
O mundo é tenebroso e perdido e precisa de luz.

Estes esclarecimentos são importantes porque, hoje em dia, é simpático e teologicamente mais elegante deixar indefinidas as fronteiras e as diferenças entre as duas comunidades, igreja e mundo.

2. O sal da terra (5.13)

Isto significa que os crentes verdadeiros, os que têm ou estão desenvolvendo as características referidas nas bem-aventuranças, são como o sal: têm um tremendo poder de penetração e transformação. Ao passo que a humanidade é como a carne em processo de deterioração ou apodrecimento. Os cristãos podem retardar esse processo ou mesmo revertê-lo, ainda que não totalmente.
Deus estabeleceu outras influências restringentes na humanidade, tais com o Estado e a Família. Estas e outras instituições exercem uma influência sadia sobre a sociedade. Entretanto, Deus planejou que a mais poderosa força inibidora do pecado fosse a Igreja.

A eficácia do sal está condicionada à sua salinidade (Veja 5.13b). O sal (cloreto de sódio) é um produto químico estável, resistente. Não obstante, pode ser contaminado por impurezas, tornando-se, então, inútil e até perigoso. Da mesma forma o cristão. A salinidade do cristão é o seu caráter conforme descrito nas bem-aventuranças; é discipulado cristão verdadeiro, visível em atos e palavras. Se o cristão for contaminado pelas impurezas do mundo, ele perde a salinidade, ou seja, sua capacidade de influenciar e mudar o mundo à sua volta.

3. A luz do mundo (5.14-16)

Jesus disse também: “Vocês são a luz para o mundo...” Mais tarde ele diria: “Eu sou a luz do mundo...” (Jo 8.12). Portanto, nós somos a luz do mundo por derivação, brilhamos com a luz de Cristo, como a Lua brilha com a luz do Sol (Fp 2.15). Isso acontece por meio das nossas “boas obras” ou “coisas boas que fazemos” (v. 16). Essas “boas obras” envolvem tudo o que fazemos por amor a Cristo e aos nossos semelhantes, e também nossa maneira de ser, agir e reagir. É a luz de Cristo brilhando no mundo através de nós! A eficácia da luz está condicionada à sua intensidade e posição. Jesus acrescentou: “Ninguém acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto. Pelo contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine a todos os que estão na casa” (vv.14-15 BLH). A luz de Cristo, que está em nós, não pode ser escondida dentro da igreja. Ela é útil lá fora, no mundo, nas trevas.

Concluindo – Responsabilidade dupla

Nossa responsabilidade é dupla: “O sal e a luz têm coisas em comum: eles se dão e se gastam, e isto é o oposto do que acontece com qualquer tipo de religiosidade egocentralizada” (P. Thielicke).

ð O mundo está apodrecendo! (cf. Rm 1). Como sal, os cristãos têm a responsabilidade de inibir ou mesmo impedir a deterioração da família, da igreja e da sociedade. Têm que expressar-se, indignar-se e protestar mais... (Ação negativa)

ð O mundo está nas trevas! Como luz, os cristãos têm a responsabilidade de mostrar, pela pregação da Palavra de Deus e por suas obras, que tudo pode ser diferente e melhor, e mostrar o Caminho. (Ação positiva).

Perguntas para reflexão: 1) Quais são as funções do sal e da luz, respectivamente? 2) Qual é a função do cristão no mundo, como sal e luz? 3) Por que é importante, hoje em dia, enfatizar que Igreja e Mundo são comunidades totalmente diferentes? 4) A que estão condicionadas a eficácia do sal, da luz e a do cristão, no mundo? 5) Você diria que tem sido sal da terra e luz do mundo?

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 12/04/14




[1] Stott, John R. W. Contracultura Cristã, A mensagem do Sermão do Monte, ABU Editora, 1981, p. 11.
[2] Oliveira, Profa. Odila Braga de. O Sermão do Monte, Lição 1, Editora Cristã Evangélica, p.7-9.
[3] A partir daqui, segue um resumo e adaptação livre do livro de John Stott, A Mensagem do Sermão do Monte, Ed. ABU, São Paulo, SP, 2ª edição, 1997. Pr. Éber Lenz Cesar, para Escolas Dominicais, 2001.

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