domingo, 9 de fevereiro de 2014

Segundo Mandamento

Êxodo 20.4-6

Terminamos nosso estudo do primeiro mandamento com as seguintes afirmações: O primeiro mandamento nos ensina que “nada deve ser considerado como mais amável ou importante do que Deus. Colocar qualquer coisa à sua frente é idolatria”.[1] E idolatria “é inventar ou ter alguma coisa em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus, que se revelou na sua Palavra”.[2]

Hoje, vamos estudar o segundo mandamento “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” (vv.4-6)

Ao estudarmos os mandamentos devemos ter em mente que, eles, não apenas exigem que não façamos algo, mas, que também possuem aspectos positivos.

Vemos que a proibição no segundo mandamento “é toda inclusiva e proíbe a fabricação de quaisquer imagens – do que há no céu, na terra, ou no mar. A proibição é abrangente e toda inclusiva, mas não se trata de um cerceamento da criatividade humana”.[3] Pois, de acordo com o contexto da passagem e o contexto histórico, não implica, da parte de Deus, uma proibição quanto ao exercício da criatividade humana, como a arte pictórica ou escultural. Um bom exemplo disso é o que temos no decorrer dos capítulos 25 a 31 de Êxodo, onde Deus ordenou a construção do tabernáculo e ele mesmo entregou o modelo, exigindo que tudo fosse feito segundo o que ele mostrasse no monte a Moisés – Êx 25.9; 26.30; 27.8. Algumas imagens faziam parte do tubérculo – Êx 37.7; 19, e em Êxodo 35.30-35, Deus mesmo habilitou homens para a ornamentação estética do tabernáculo.

O que, então, proíbe o segundo mandamento?  Proíbe a idolatria, isto é, a fabricação de imagens para a adoração. Observe o texto comigo: duas ordens: não faras imagens (v.4) e não as adorarás (v.5). O que temos aqui é que a segunda ordem explica a primeira.

O segundo mandamento está intimamente ligado ao primeiro, por isso deve ser compreendido à luz dele. “No primeiro mandamento, Deus proíbe que o povo tenha outros deuses, que não o Senhor. No segundo, ele proíbe que o povo cultue ou revele sua devoção a qualquer outro deus, se curvando diante de uma imagem de escultura[4].

Esse segundo mandamento proíbe também a falsa adoração. Ele não apenas proíbe adoração a outros deuses, mas também proíbe uma adoração errada ao verdadeiro Deus. Assim, o verdadeiro Deus não deve ser adorado por meio de imagens – Dt 4.15-18.

Enquanto o primeiro mandamento diz a quem devemos adorar, o segundo diz de que modo deve ser essa adoração. Portanto, o segundo mandamento, também, está relacionado com a pureza do culto a Deus.

A adoração a Deus, no culto público, não pode ser determinado simplesmente pela popularidade. Muitas vezes surge à tentação de se incluir certas práticas no culto a Deus por ser uma coisa comum em muitos lugares e círculos religiosos. E o argumento é: mas todas as igrejas estão fazendo o mesmo. O mandamento nos ensina que a popularidade não justifica a inclusão de qualquer prática na adoração a Deus.

Então, no segundo mandamento, Deus, proíbe tanto a idolatria como o culto falso e, também, “exige a exclusividade de nossa adoração e a pureza de nosso serviço cúltico”[5].

O Breve Catecismo de Westminster, pergunta 50, fala o seguinte sobre o segundo mandamento: O segundo mandamento exige que recebamos, observemos e guardemos puros e íntegros todo culto e ordenanças religiosas que Deus instituiu em sua Palavra.

Todo o decálogo está fundamentado no caráter de Deus. Por isso, cada um dos mandamentos, de modo específico, está relacionado aos atributos de Deus e isso significa que Deus “é a razão principal pela qual a Lei deve ser obedecida”[6].

Esse mandamento fundamenta-se na soberania de Deus, pois nele “o Criador se apresenta como o Senhor absoluto e soberano sobre o seu povo”[7] e exige ser adorado exclusivamente por ele. As razões anexas, que notamos no v.5, que ajudam na percepção desse fundamento, são expostas na pergunta 52 do Breve Catecismo de Westminster: a soberania de Deus sobre nós, a sua propriedade em nós, e o zelo que ele tem pelo seu próprio culto.

Também “é interessante pensar em como o segundo mandamento nos protege de uma falsa compreensão sobre nós mesmos e a realidade. João Calvino, no primeiro livro das Institutas da Religião Cristã, afirma que todo o conhecimento verdadeiro depende de um duplo conhecimento anterior: o conhecimento de Deus e o conhecimento de nós mesmos[8].

Assim, “o segundo mandamento nos ajuda a manter nossa visão sobre nós mesmos, livrando-nos de pensar de nós além do que convém, o que está diretamente relacionado à moderação e, consequentemente, à sabedoria (Rm 12.3)”[9].

Concluindo

Por causa do pecado, há uma tendência humana de se aproximar de Deus de um modo que lhe pareça mais palpável. Nós, os cristãos, também temos essa tendência, e isso é uma tentação. Por isso, muitos têm lançado mão de práticas não bíblicas e até idolatras como meio de se aproximar mais de Deus.

Percebemos isso no pedido de Filipe em João 14.8 – Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Veja a resposta de Jesus: Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?

Jesus é a resposta definitiva para a necessidade humana de se aproximar mais de Deus. Ele é a expressão exata do ser de Deus – Hb 1.3. “Por isso, quem deseja se aproximar de Deus não precisa de qualquer imagem, senão da pessoa de Jesus Cristo. É por meio da fé no testemunho daqueles que estiveram com ele e viram sua obra, que nos aproximamos de Deus”[10]. (Jo 20.30, 31; 1Jo 1.1-4)

Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira, 07/02/2014



[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 12.
[2] Catecismo de Heidelberg, pergunta 95.
[3] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 4, p. 15.
[4] Ibid., p. 16.
[5] Ibid., p. 17.
[6] Ibid., p. 17.
[7] Ibid., p. 17.
[8] Ibid., p. 18.
[9] Ibid., p. 18.
[10] Ibid., p. 19.

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