Êxodo 20.4-6
Terminamos
nosso estudo do primeiro mandamento com as seguintes afirmações: O primeiro
mandamento nos ensina que “nada deve ser
considerado como mais amável ou importante do que Deus. Colocar qualquer coisa
à sua frente é idolatria”.[1] E
idolatria “é inventar ou ter alguma coisa
em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus,
que se revelou na sua Palavra”.[2]
Hoje,
vamos estudar o segundo mandamento “Não
farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos
céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás,
nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito
a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que
me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e
guardam os meus mandamentos.” (vv.4-6)
Ao
estudarmos os mandamentos devemos ter em mente que, eles, não apenas exigem que
não façamos algo, mas, que também possuem aspectos positivos.
Vemos
que a proibição no segundo mandamento “é toda inclusiva e proíbe a fabricação
de quaisquer imagens – do que há no céu, na terra, ou no mar. A proibição é
abrangente e toda inclusiva, mas não se trata de um cerceamento da criatividade
humana”.[3] Pois, de
acordo com o contexto da passagem e o contexto histórico, não implica, da parte
de Deus, uma proibição quanto ao exercício da criatividade humana, como a arte
pictórica ou escultural. Um bom exemplo disso é o que temos no decorrer dos
capítulos 25 a 31 de Êxodo, onde Deus ordenou a construção do tabernáculo e ele
mesmo entregou o modelo, exigindo que tudo fosse feito segundo o que ele
mostrasse no monte a Moisés – Êx 25.9;
26.30; 27.8. Algumas imagens faziam parte do tubérculo – Êx 37.7; 19, e em Êxodo 35.30-35, Deus mesmo habilitou homens para a ornamentação
estética do tabernáculo.
O
que, então, proíbe o segundo mandamento?
Proíbe a idolatria, isto é, a
fabricação de imagens para a adoração. Observe o texto comigo: duas ordens:
não faras imagens (v.4) e não as adorarás (v.5). O
que temos aqui é que a segunda ordem explica a primeira.
O
segundo mandamento está intimamente ligado ao primeiro, por isso deve ser
compreendido à luz dele. “No primeiro mandamento, Deus proíbe que o povo tenha outros deuses, que não o Senhor. No
segundo, ele proíbe que o povo cultue ou
revele sua devoção a qualquer outro deus, se curvando diante de uma imagem de
escultura”[4].
Esse
segundo mandamento proíbe também a falsa adoração. Ele não apenas proíbe
adoração a outros deuses, mas também proíbe uma adoração errada ao verdadeiro
Deus. Assim, o verdadeiro Deus não deve ser adorado por meio de imagens – Dt 4.15-18.
Enquanto
o primeiro mandamento diz a quem devemos adorar, o segundo diz de que modo deve
ser essa adoração. Portanto, o segundo mandamento, também, está relacionado com
a pureza do culto a Deus.
A
adoração a Deus, no culto público, não pode ser determinado simplesmente pela
popularidade. Muitas vezes surge à tentação de se incluir certas práticas no
culto a Deus por ser uma coisa comum em muitos lugares e círculos religiosos. E
o argumento é: mas todas as igrejas estão fazendo o mesmo. O mandamento nos
ensina que a popularidade não justifica a inclusão de qualquer prática na
adoração a Deus.
Então,
no segundo mandamento, Deus, proíbe tanto a idolatria como o culto falso e,
também, “exige a exclusividade de nossa adoração e a pureza de nosso serviço
cúltico”[5].
O
Breve Catecismo de Westminster, pergunta 50, fala o seguinte sobre o segundo
mandamento: O segundo mandamento exige
que recebamos, observemos e guardemos puros e íntegros todo culto e ordenanças
religiosas que Deus instituiu em sua Palavra.
Todo
o decálogo está fundamentado no caráter de Deus. Por isso, cada um dos mandamentos,
de modo específico, está relacionado aos atributos de Deus e isso significa que
Deus “é a razão principal pela qual a Lei deve ser obedecida”[6].
Esse mandamento fundamenta-se na
soberania de Deus, pois nele “o
Criador se apresenta como o Senhor absoluto e soberano sobre o seu povo”[7] e exige
ser adorado exclusivamente por ele. As razões anexas, que notamos no v.5, que ajudam na percepção desse
fundamento, são expostas na pergunta 52 do Breve Catecismo de Westminster: a soberania de Deus sobre nós, a sua
propriedade em nós, e o zelo que ele tem pelo seu próprio culto.
Também
“é interessante pensar em como o segundo mandamento nos protege de uma falsa
compreensão sobre nós mesmos e a realidade. João Calvino, no primeiro livro das
Institutas da Religião Cristã, afirma que todo
o conhecimento verdadeiro depende de um duplo conhecimento anterior: o
conhecimento de Deus e o conhecimento de nós mesmos”[8].
Assim,
“o segundo mandamento nos ajuda a manter nossa visão sobre nós mesmos,
livrando-nos de pensar de nós além do que convém, o que está diretamente
relacionado à moderação e, consequentemente, à sabedoria (Rm 12.3)”[9].
Concluindo
Por
causa do pecado, há uma tendência humana de se aproximar de
Deus de um modo que lhe pareça mais palpável. Nós, os cristãos, também temos essa
tendência, e isso é uma tentação. Por isso, muitos têm lançado mão de práticas
não bíblicas e até idolatras como meio de se aproximar mais de Deus.
Percebemos
isso no pedido de Filipe em João 14.8 – Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Veja a resposta de Jesus: Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo
estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes
tu: Mostra-nos o Pai?
Jesus
é a resposta definitiva para a necessidade humana de se aproximar mais de Deus.
Ele é a expressão exata do ser de Deus – Hb
1.3. “Por isso, quem deseja se aproximar de Deus não precisa de qualquer
imagem, senão da pessoa de Jesus Cristo. É por meio da fé no testemunho
daqueles que estiveram com ele e viram sua obra, que nos aproximamos de Deus”[10]. (Jo 20.30, 31; 1Jo 1.1-4)
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira, 07/02/2014
[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do
discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 12.
[2] Catecismo de Heidelberg, pergunta 95.
[3] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da
Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 4, p. 15.
[4] Ibid., p. 16.
[5] Ibid., p. 17.
[6] Ibid., p. 17.
[7] Ibid., p. 17.
[8] Ibid., p. 18.
[9] Ibid., p. 18.
[10] Ibid., p. 19.
Nenhum comentário:
Postar um comentário