Em
nosso estudo anterior:
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Vimos sobre o terceiro mandamento “um nome para ser honrado”.
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Destacamos três maneiras de usar impropriamente o nome
de Deus, que estão proibidas neste mandamento: 1ª) Conduta profana; 2ª) Obras
ímpias; e 3ª) Juramento falso.
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Observamos alguns
motivos para não tomarmos o nome de Deus
em vão: 1º) Deus é o Juiz; e 2º) Deus ama o seu povo.
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Terminamos
afirmando que: Jesus, por meio do
ministério do Espirito Santo, nos ajuda a tomar o nome de Deus e honrá-lo. Pois,
o Espírito Santo aplica as virtudes de Jesus em nosso coração.
Nosso
estudo de hoje é sobre o quarto
mandamento – Êxodo 20.8-11 – Lembra-te
do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua
obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum
trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua
serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em
seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao
sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o
santificou.
No
início dos nossos estudos sobre o Decálogo vimos que, nele, há deveres para com
Deus e para com os homens. Por isso, eles podem ser agrupados em duas
categorias gerais: a vertical – princípios para o relacionamento do ser
humano com Deus (vv.3-11) e a horizontal
– princípios para o relacionamento do ser
humano com o seu próximo ou com a comunidade (vv.12-17).
Assim,
estudando a categoria vertical ‘princípios
para o relacionamento do ser humano com Deus’ (vv.3-11), vimos que “nos
primeiros dois mandamentos o foco é Deus no centro do coração. O terceiro
estabelece uma linguagem que reflete o amor. Agora, o quarto abre espaço para a
devoção. Um dia dentre sete deve ser separado para deixar-se de lado todo o resto a fim de
deleitar-se em Deus”.[1]
Vejamos
o que consta no quarto mandamento: 1º)
O sábado deve ser lembrado (v.8a) – o termo usado por Moisés tem um
sentido mais extenso do que meramente recordar esporadicamente, ele significa estabelecer um memorial ou manter na lembrança, ou seja, algo que não deve ser esquecido; e 2º) O
sábado deve ser santificado (v.8b)
– a afirmação da Escritura é separar,
consagrar ou tratar como sagrado, e a base para essa santificação é o registro
da Criação (v.11) – Gn 2.3; Êx 31.17.
Mas,
para entendermos melhor o quarto mandamento, que talvez seja o mais controverso
dentre os dez, vamos observar o que o
Antigo Testamento tem a dizer, que
leitura faz o Novo Testamento e como
o cristão, que assume a Bíblia como única regra de fé e prática e é apegada
à herança da Reforma Protestante do século 16, deve cumprir esse mandamento.
I. O que o Antigo Testamento tem a dizer
sobre o 4º Mandamento
1. Êxodo 16 – Antes da promulgação da Lei, nesse texto onde Deus
é destacado como a fonte e garantidor do sustento, o povo de Israel é ensinado
a guardar o sétimo dia, como dia de descanso – vv.4, 5, 22-27.
2. Êxodo 23.12 (cf. Lv 23.3) – Aqui temos uma nota importante para a
guarda do sábado, tanto pessoas como animais precisam de um dia para tomar
alento, ou seja, revigorar-se para uma nova semana de trabalho.
3. Êxodo 31.12-18 – O sábado é apresentado aqui como sinal da relação do
povo com o Deus que santifica (v.13)
em uma grande solenidade. É para ser guardado como aliança perpetua em cada
geração do povo de Israel – v.16.
4. Levítico 16.31 – O Dia da Expiação é um sábado de descanso solene.
5. Deuteronômio 5.11-15 – Repetição das palavras de Êxodo 20, com um
acréscimo: o descanso relaciona-se ao
alívio da escravidão sob os egípcios (v.15).
6. Em Neemias 9.4-6, 14 temos
dos piedosos do povo, um louvor a Deus que lhes havia feito conhecer o santo
sábado.
7. Isaias 56.1-8 – Para o profeta era bem aventurado o que guardava o
sábado.
8. Jeremias, Ezequiel e Amós também mencionam o sábado em seus escritos
– Jr 17.27; Lm 2.6; Ez 46.1, 4, 12; Am 8.4-7.
A
inserção da guarda do sábado à lista de mandamento de Êxodo 20 simplesmente
corrobora as ordenanças criacionais do Redentor de Israel e a expectativa dos
profetas é de um tempo em que, sob o domínio messiânico, todos os povos adorem
o Senhor, de um sábado a outro sábado[2] – Is 66.23.
II. A leitura do Novo Testamento do 4º
Mandamento
O
Senhor Jesus, no que falou e no que fez, não revogou o quarto mandamento.
Antes, tanto cumpriu quanto atualizou as promessas do AT – Mt 5.17, 18; 2Co 1.20. “Ele trouxe a novidade do reino, que não foi
crida nem abraçada pelos religiosos do seu tempo”[3] – Mc 2.18-22.
Jesus
declarou: Porque o Filho do Homem até do
sábado é Senhor – Mt 12.8 (acf). “Além disso, Jesus acentuou que a guarda
do Dia do Senhor, bem como todos os regulamentos religiosos de Israel deve ir
muito além do apego a regras legalistas”[4] – o sábado é uma instituição divina para
beneficiar o homem, abençoar o próximo e para aproximar-se de Deus – Mt 12.1-14; Mc 2.27; 1.21; Lc 4.16.
Uma
coisa importante para considerar no NT é “a menção da consumação do trabalho de
Jesus em uma sexta-feira, o descanso
de seu corpo na sepultura no sábado e
sua ressurreição no domingo (Jo
19.30, 31; 38-42; 20.1, 19). Esses dados bíblicos preparam o terreno para uma
mudança completada no restante do NT.”[5]
A
novidade trazida pela ressurreição do Senhor Jesus no domingo toma lugar não
apenas na mente e no coração dos crentes, mas também no calendário cristão. Os
irmãos, agora, se reúnem para partir o pão no primeiro dia da semana – At 20.7.
Assim,
da criação à ressurreição, o dia designado para descanso e devoção era o
sétimo. A partir da ressurreição, os cristãos passaram a reunir-se para cultuar
a Deus no primeiro dia da semana. Para esclarecer, o termo sábado não significa
sétimo, e sim, descanso.[6] (Jo
20.1; At 20.7)
III. Como o cristão deve cumprir esse
mandamento
Esse
dia, para o cristão, prefigura o descanso eterno. “A busca de Deus no domingo é
propicia para refletirmos em nossa vida futura, e na necessidade de caminharmos
com o Senhor todos os dias da semana, com fé e santificação”[7] – Cl 3.1-3.
Vejamos
o que diz o Catecismo de Heidelberg
e o Breve Catecismo de Westminster:
Catecismo de Heidelberg – Pergunta 103: O que Deus
ordena no quarto mandamento?
“... Que eu, especialmente no domingo, ou seja, no dia
de descanso, devo ir à igreja de Deus para ouvir a sua Palavra, participar dos
sacramentos, invocar o nome de Deus publicamente e contribuir para aliviar a
situação dos necessitados.
Em segundo lugar, devo, todos os dias de minha vida,
desistir das más obras e entregar-me ao Senhor, para que ele atue em mim pelo
seu Santo Espírito, e assim, começar nesta vida o descanso eterno.”
Breve
Catecismo de Westminster – Pergunta 60: De
que modo o domingo deve ser santificado?
“O domingo deve ser santificado como um santo repouso
durante todo esse dia, até mesmo das ocupações e recreações temporais que são
permitidas nos outros dias, empregando todo o tempo em exercícios públicos e
particulares de adoração a Deus, exceto o tempo suficiente para as obras de
pura necessidade de misericórdia.”
Concluindo
É
impressionante como Deus exige poucas coisas de nós: Que o amemos acima de tudo, que o amemos como ele é e não a um ídolo
forjado por nossa imaginação, que falemos dele com amor e respeito e, por fim,
que dediquemos tempo a ele e ao seu reino. Observe comigo a progressão: Coração, fala e tempo santificados.
Somos
bem-aventurados e livres na medida em que reconhecemos ao Senhor como centro,
relacionando-nos com ele intensa e verdadeiramente. Os cristãos antigos
chamavam isso de deleitar-se na glória de Deus. Tudo o mais é passageiro e
ilusório.[8]
Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira, 22/02/14
[1] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do
discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 13.
[2] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da
Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 6, p. 27.
[3] Ibid., p. 27.
[4] Ibid., p. 27.
[5] Ibid., p. 27.
[6] Nascimento, p. 13.
[7] Ibid., p. 14.
[8] Ibid., p. 14.