Na
introdução ao Estudo dos Dez Mandamentos, vimos que:
ð
O cristão precisa
se relacionar de modo correto com a Lei de Deus, sem cair nos extremos do
legalismo ou do antinomismo;
ð
O cristão precisa
entender quais as funções da Lei, que consiste em apontar para Cristo, refrear
o mal no mundo e ser instrumento de santificação;
ð
O cristão observa
a Lei não para ser salvo, mas porque ele já foi salvo e, portanto, é dever dele
buscar conhecer cada vez mais como viver de modo a agradar a Deus;
ð
Os Dez
Mandamentos tem deveres para com Deus e para com os homens;
ð
A felicidade
consiste em alinhar-se à verdade tal qual é descrita por Deus; e
ð
Os Dez
Mandamentos são pilares existenciais, válidos
para nós hoje.
Terminamos
a introdução com a seguinte pergunta: Será
que em nossa profissão de fé diante da Igreja e em nosso testemunho de vida
diariamente estamos resolvidos a seguir os preceitos da Lei de Deus, deixando
de fazer o que Ele nos proíbe em sua Palavra, e fazendo toda a sua vontade
auxiliados por sua graça?
A
descrição geral dos dez mandamentos também receberam de Moisés o título de as “dez palavras”. (Êx 34.28; Dt 4.13) Com a
ênfase em Deus falando essas palavras, todas as teorias sobre que Israel tenha
emprestado padrões ou conceitos legais de outros povos vizinhos são
inaceitáveis.[1]
(Dt 5.12-16, 22, 32, 33)
Vemos
que, após o prólogo histórico introdutório no v.2, o decálogo é formado como um
preceito ou mandamento diretamente dado na segunda pessoa. Diferentemente dos
Códigos legais antigos do Oriente Próximo que eram, na maior parte,
“casuísticos ou formados por jurisprudência quanto à forma, ou seja, uma
construção ‘se... então’ escrita na terceira pessoa, na qual uma suposta ofensa
era seguida por uma afirmação de uma ação a ser formada ou uma penalidade a ser
aplicada”[2].
Pelo
decálogo, “a verdadeira teologia e o verdadeiro culto, o nome de Deus e o
sábado, a honra familiar, a vida, o casamento, a propriedade, a verdade e a
virtude estão bem protegidos”[3].
Nos
Dez Mandamentos, como afirmamos na introdução ao seu estudo, há deveres para
com Deus e para com os homens. Por isso, eles podem ser agrupados em duas
categorias gerais: a vertical – princípios para o relacionamento do ser humano
com Deus (vv.3-11) e a horizontal
– princípios para o relacionamento do ser
humano com o seu próximo ou com a comunidade (vv.12-17).
Hoje,
vamos estudar o primeiro mandamento “Não
terás outros deuses diante de mim.” (v.3)
Este
mandamento é de suma importância, pois o contexto dele mostra que “o povo de
Israel tinha habitado por um longo período no Egito, convivendo de perto com
uma religião politeísta, e que a terra para qual Deus estava conduzindo o seu
povo era também permeada pela crença em vários deuses. Assim, Deus, deixa claro
ao seu povo que eles não deveriam confiar em nenhum outro deus além Dele (Dt
11.16; 7.25)”[4].
Mas,
infelizmente, ao olharmos para a história de Israel, percebemos que a idolatria
foi um dos grandes pecados que a marcaram, trazendo consequências desastrosas
para o povo. Exemplos disso foi que, ainda no deserto, “antes mesmo que Moises
descesse do Monte Sinai, o povo já havia se voltado para adoração de outros
deuses, possivelmente ao deus Ápis, ao fazerem para si o bezerro de ouro (Êx
32.1-4), dando a ele o louvor pela libertação do Egito. Outro momento de grande
enfraquecimento espiritual da nação de Israel foi durante o reinado de Acabe, o
qual incentivou o culto a Baal, no território israelita”[5] (1Rs
16.30-33).
Não
somente no passado do povo de Israel e da humanidade, mas, ainda hoje vemos
isso nas diferentes concepções sobre Deus. O ateísmo propaga que Deus não
existe, o agnosticismo opta por afirmar que Deus não pode ser conhecido, o
deísmo afirma que Deus não esta ativo no mundo, o panteísmo não faz distinção
entre Deus e o mundo, pois para eles Deus está permeado na criação e o
politeísmo que, continua mais vivo do nunca, pois uma matéria publicada pela
Revista Superinteressante[6], aponta
que no hinduísmo indiano existe oficialmente mais de 330 milhões de deuses.
Diante
disso, precisamos entender que, quando Deus exige adoração exclusiva, Ele não
está preocupado com a concorrência nem protegendo a si mesmo, mas, protegendo o
coração humano de suas próprias fantasias, porque não existem outros deuses.
Eles são apenas a imaginação dos homens e a reprodução do próprio desejo do seu
coração pecaminoso, uma verdadeira fabrica de ídolos[7] – 1Cr
16.26; 2Cr 32.19; 1Co 8.4-6.
Na
concepção cristã reformada, o cumprimento deste mandamento não se restringe
apenas em não ter oficialmente um deus além do nosso, mas vai além. O Breve
Catecismo de Westminster ao definir quais sãos os deveres exigidos no primeiro
mandamento afirma: Os deveres exigidos no
primeiro mandamento são: conhecer e reconhecer Deus como único verdadeiro Deus,
e nosso Deus; cultuá-lo e glorifica-lo como tal, pensar e meditar nele,
lembrar-nos dele, altamente apreciá-lo, honrá-lo, adorá-lo, escolhê-lo, amá-lo,
desejá-lo e teme-lo; crer nele, confiando, esperando, deleitando-nos e
regozijando-nos nele; ter zelo por ele; invocá-lo, dando-lhe todo louvor e
agradecimentos, prestando-lhe toda obediência e submissão do homem todo; ter
cuidado de o agradar em tudo, e tristeza quando ele é ofendido em qualquer
coisa; e andar humildemente com ele.[8]
Portanto,
quando Deus proíbe substituí-lo por outros deuses, que de fato só existem na
mente e no coração humano, Ele conduz à reflexão sobre a necessidade de um
relacionamento pessoal e exclusivo de amor supremo com o Ele, o único Deus vivo
e verdadeiro.
A
conclusão a que chegamos é que o primeiro mandamento tem a ver com o nosso
coração, e assim, mostra um dos maiores problemas sobre o nosso relacionamento
com Deus: a nossa dificuldade para amá-lo
acima de todas as coisas.
Existe
uma conexão entre o primeiro mandamento e a necessidade do ser humano amar a
Deus, pois o amor a Deus é uma decorrência necessária do fato de que somente
ele é Deus. Na verdade, Deus se impõe como o valor máximo da nossa existência.[9]
Moisés
falando ao povo sobre a Lei, disse: Ouve,
Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão
no teu coração... (Dt 6.4-6)
Jesus,
ao resumir a Lei afirmou: Amarás, pois,
o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. (Mc 12.30, 31)
Concluindo
O
primeiro mandamento nos ensina que “nada
deve ser considerado como mais amável ou importante do que Deus. Colocar
qualquer coisa à sua frente é idolatria”.[10] E
idolatria “é inventar ou ter alguma coisa
em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus,
que se revelou na sua Palavra”.[11]
Pr. Walter Almeida Jr.
Limeira, 25/01/14.
[1] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 117.
[2] Ibid., p. 118.
[3] Ibid., p.118.
[4] Dias, Thiago de S. Como se relacionar com Deus à luz
dos 4 primeiros mandamentos, p. 1.
[5] Ibid., p. 2.
[6]
http://super.abril.com.br/religiao/hinduismo-330-milhoes-divindades-619195.shtml.
[7] Lição “Os Dez Mandamentos – Os Preceitos do Deus da
Aliança”, Editora Cultura Cristã, 1º Trimestre de 2014, Lição 3, p. 10.
[8] Catecismo Maior de Westminster, Pergunta 104.
[9] Lição, p. 11.
[10] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do
discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 12.
[11] Catecismo de Heidelberg, pergunta 95.
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