Simão,
que foi alcançado para o Senhor Jesus pelo seu irmão André, a quem o próprio
Jesus deu o nome de Pedro ou Cefas – João 1.40-42; Mateus 16.18.
Esse
Pedro, através de Silvano (em latim) ou Silas (em grego), escreveu sua primeira
carta, Primeira Pedro, para “...
resumidamente, exortando e testificando, de novo, que esta é a genuína graça de
Deus; nela estai firmes.” (1Pedro 5.12)
Pedro
foi o discípulo de Jesus que proferiu frases, durante e após o ministério
terreno de Jesus, que deram origem a declarações de fé cristãs, como:
ü
Mateus 16.16
– Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
ü
João 6.68, 69
– Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da
vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.
ü
Atos 2.38, 39
– Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome
de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para
todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus,
chamar.
ü
Atos 3.19-21
– Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos
pecados, fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que
envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o
céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou
por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade.
ü
Atos 10.34-43
– Então, falou Pedro, dizendo: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção
de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é
justo lhe é aceitável. Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel,
anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor
de todos. Vós conheceis a palavra que se divulgou por toda a Judéia, tendo
começado desde a Galiléia, depois do batismo que João pregou, como Deus ungiu a
Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte,
fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;
e nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém;
ao qual também tiraram a vida, pendurando-o no madeiro. A este ressuscitou Deus
no terceiro dia e concedeu que fosse manifesto, não a todo o povo, mas às
testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus, isto é, a nós que
comemos e bebemos com ele, depois que ressurgiu dentre os mortos; e nos mandou
pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de
vivos e de mortos. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de
seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados.
Pedro
escreveu também essa Segunda Carta para “fortalecer
a fé e a esperança cristã, e combater o falso ensino e as atitudes destrutivas
decorrentes desse ensino destrutivo”. Em 2 Pedro 3.1, 2 ele diz: “Amados, esta é, agora, a segunda epístola
que vos escrevo; em ambas, procuro
despertar com lembranças a vossa mente esclarecida, para que vos recordeis
das palavras que, anteriormente, foram
ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador,
ensinado pelos vossos apóstolos”
Nos vv.1, 2
temos o prefácio e a saudação de Pedro, onde aprendemos as seguintes lições e aplicações
práticas:
1) Reconhecer quem éramos sem
Cristo e quem somos com Cristo! 2) Ter comunhão com todos os que professam a nossa mesma fé!; e 3) Viver
pela graça e pela paz do Senhor no pleno conhecimento de Deus e Salvador Jesus
Cristo!
Hoje, vamos expor ou
estudar 2 Pedro 1.3-11 com o
seguinte tema: Fortalecimento da Fé
Cristã (1) – 1º) Pelo conhecimento completo – vv.3, 4; 2º) Pelas sete virtudes que
procedem da fé – vv.5-9; 3º) Pela
confirmação da vocação e eleição – vv.10,
11.
I. Pelo conhecimento completo – vv.3, 4
Pedro, inspirado pelo
Espírito Santo, espera nesta carta fortalecer a fé cristã de todos os que obtiveram fé igualmente preciosa (1.1), pelo pleno conhecimento (1.2)
ou conhecimento completo (1.3b) da nossa salvação em Jesus
Cristo. O cristão recebe força para viver a vida cristã pelo conhecimento completo do que Deus fez, faz e fará por ele:
1.
Foi pelo divino poder que o crente recebeu a vida
eterna e é pelo mesmo poder que ele pratica a piedade, isto é, vive como herdeiro da vida eterna aqui no mundo –
João 1.12; Romanos 1.16; 1 Timóteo 3.16; 4.8; 6.3; Tito 1.1; 2.12; 2Pedro 3.11.
2. Pelo divino poder,
também, o crente se torna participante da glória
e virtude de Deus. Paulo diz isso
mesmo em 1Tessalonicenses 2.12 - exortamos, consolamos e admoestamos, para
viverdes por modo digno de Deus, que vos
chama para o seu reino e glória.
3. Pelo divino poder o
crente recebe de Deus a doação das suas
preciosas e mui grandes promessas. Em Jesus, Paulo diz que temos o sim em
todas as promessas de Deus – 2Coríntios 1.20 – “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim;
porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio.
4. Pelo divino poder nos
tornamos coparticipantes da natureza
divina – Romanos 8.9, 17; Gálatas 2.20; 3.29.
5. Pelo divino poder
recebemos o livramento da corrupção das paixões que há no mundo – Gálatas 1.14;
5.24; 2Timóteo 4.8; Romanos 13.14; Efésios 4.22; Tito 2.12.
II. Pelas sete
virtudes que procedem da fé – vv.5-9
Pedro, após afirmar que o
pleno conhecimento de Deus em Jesus Cristo sobre a nossa salvação plena deve
fortalecer nossa fé, mostra, agora, que essa fé fortalecida deve gerar
disposição para o desenvolvimento de um caráter cristão maduro. Nessa
compreensão o apóstolo diz: ... por
isso mesmo, vós,... (v.5a)
– referindo-se ao ato divino de
livra-nos da corrupção das paixões que
há no mundo (v.4b),
... reunindo toda a vossa diligência... (v.5b) significando que o cristão deve ser cuidadoso e prudente no
desenvolvimento de virtudes cristãs que procedem de sua fé. Paulo disse aos
Romanos: No zelo, não sejais remissos;
sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor – Romanos 12.11.
Associai significa
adicionar ao que a pessoa já tem. No entendimento de Pedro, o crente já tem a fé para associar virtudes. Assim ele
concorda com Judas (v.3): Amados,
quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum
salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes,
diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.
A
essa fé que recebemos de uma vez por todas é que Pedro diz: associai.
Tendo a sua fé como alicerce, o crente deve acrescentar as sete virtudes ou qualidades, uma sobre a outra, em um
escala ascendente, até que o amor coroe o todo. A ideia é a da construção
de um edifício de vários andares, tendo a fé como alicerce e o amor como
telhado. Green, teólogo americano, desenvolveu o que ele chama de “a escada da fé”, tendo a fé como o degrau
inicial e o amor como o último degrau.
Para
Pedro, essas sete virtudes fortalecem a fé cristã porque procedem da fé. A fé é
a porta de entrada para a vida cristã, pois sem fé é impossível agradar a Deus – Hebreus 11.6; 2Pedro 1.1;
Romanos 10.17; Efésios 2.8. A Bíblia fala sobre três tipos de Fé: 1º) Fé
salvadora – Romanos 3.25-28; 5.1, 2; 2º)
Fé dom do Espírito Santo – 1
Coríntios 12.9; 3º) Fé como confissão de fé ou declaração
doutrinária (conjunto de doutrinas da fé) – Romanos 1.17; Efésios 4.13;
6.16; Filipenses 1.27; 1Tessalonicenses 3.2; 1Timóteo 4.1, 6. Por
isso, a fé é o alicerce sobre o qual tudo mais é erguido ou acrescentado para
fortalecimento e crescimento do cristão.
1. v.5b – ... associai com a vossa fé a virtude... – virtude significa
excelência moral ou vigor na vida cristã, que deve nos mover em direção a uma
vida reta diante de Deus. A fé coloca-nos em comunhão com Deus e a virtude
impulsiona-nos a viver esse relacionamento abençoado com Deus. (Filipenses 1.9;
1Pedro 1.22)
2. v.5c - ... com a
virtude, o conhecimento... –
conhecimento ou ciência que significa a compreensão ou sabedoria prática a fim
de que a virtude não seja direcionada na direção errada. (1Coríntios 2.6, 7;
Efésios 1.7, 8; Colossenses 1.9, 28; 3.16; 4.5; Tiago 3.17)
3. v.6a – ... com o
conhecimento, o domínio próprio... –
domínio próprio é a tradução do termo grego egkrateia que significa o poder de um individuo conter-se ou a
capacidade efetiva de controlar seu corpo e sua mente. É ele que permite ao
crente conhecer os seus limites e a viver de modo sábio, abstendo-se daquilo
que é nocivo à vida. Domínio próprio que também aparece no texto do NT como
temperança faz parte do fruto do Espírito descrito por Paulo em Gálatas 5.23.
4. v.6b – ... com o
domínio próprio, a perseverança... –
perseverança que literalmente significa a capacidade para permanecer debaixo de
um grande peso, é a palavra neotestamentária básica para paciência. Perseverança,
como usada aqui, é a disposição mental que não é abalada pela dificuldade e
pela aflição, é o que não nos permite desistir diante das lutas. (Romanos 2.7;
Efésios 6.18)
5. v.6c – ... com a
perseverança, a piedade... – piedade
aqui, diferente do que se pensa hoje em dia, mas, significa o compromisso
cristão levado a sério e traz na sua etimologia a ideia de reverência e de uma
consciência prática da presença de Deus em todos os aspectos da vida. (2Pedro
1.3; 1Timóteo 4.8; 5.4; Tito 1.1; Hebreus 12.28)
6. v.7a – ... com a
piedade, a fraternidade... –
fraternidade do grego philadelphia
significa o afeto familiar entre os crentes como irmãos e irmãs na família de
Deus. Esse termo vem da raiz phileo
que significa calorosa afeição pessoal por outrem. Indica, aqui, que o caráter
cristão não deve ser visto como uma conquista individual, pelo contrario,
devemos nos unir aos demais na comunidade cristã a serviço do reino de Deus.
(Romanos 12.10; 1 Tessalonicenses 4.9; Hebreus 13.1; 1Pedro 1.22; 3.8)
7. v.7b – ... com a
fraternidade, o amor. – amor do
termo grego agapao significa dar
supremo valor a algo. Palavra da mesma
raiz do termo grego ágape que
significa amor de Deus é a principal característica da vida cristã e o ápice do
crescimento e fortalecimento da fé cristã. Esse tipo de amor, na verdade, já
foi derramado no coração do crente pelo Espírito Santo – “... o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” Romanos
5.5
Pedro
crê, e deixa claro, que se estas sete virtudes estiverem sendo uma prática
crescente na vida do crente,... existindo
em vós e em vós aumentando... (v.8a), isso fará com que o crente dê fruto e
fruto com abundância (João 15.5),... com
que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo. (v.8b)
Aqui
também é retratado o triste estado do crente que não tem na sua vida a
manifestação das virtudes da fé que fortalecem sua vida cristã – Pois aquele a quem estas coisas não estão
presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus
pecados de outrora. (v.9)
(Hebreus 3.12-14; 10.19-25; 10.32-39)
II. Pela confirmação da vocação e eleição – vv.10, 11
1. v.10a – Por isso, irmãos, procurai, com diligência
cada vez maior,... – aqui, Pedro, exorta os irmãos a que sejam zelosos no
cuidado da vida cristã e que isso demonstre a validade de sua experiência de
salvação em Jesus Cristo. É justamente o que Hebreus 2.1-4 diz com muita clareza.
2. v.10b – ... confirmar a vossa vocação e eleição...
– Pedro, assim como Paulo, sabia que aquele que começou boa obra (salvação pela
vocação e eleição divina) iria terminar. Em Filipenses 1.6 está escrito: Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. Mas,
aqui, Pedro está estimulando os crentes a confirmarem essa verdade. Ele está
aconselhando os irmãos a buscarem diligentemente, cada vez mais, a convicção da
vida eterna. Ler Hebreus 6.9-12.
3. v.10c – ... porquanto, procedendo assim, não tropeçareis
em tempo algum. – Se o crente viver de acordo com a vocação a que foi
chamado, pode ter certeza que não vacilará em sua fé – Romanos 11.29;
1Coríntios 7.20; Efésios 4.1; 2Tessalonicenses 1.11; Hebreus 3.1.
4. v.11 – Pois desta maneira é que vos será
amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. O apóstolo Pedro garante que se um cristão for firme em suas
convicções e elas forem confirmadas pela vocação e eleição de Deus, esse tal
crente desfrutará da entrada triunfal dos salvos no céu, que aqui ele chama de reino eterno de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo! (Filipenses 3.20)
Conclusão
Pedro
tinha convicção de que a fé dos crentes seria fortalecida se eles: 1º) Tivessem
o conhecimento completo do que Deus fez,
faz e fará por ele; 2º) Associassem à fé salvadora as sete virtudes que procedem dessa fé;
e 3º) Confirmassem a sua vocação e eleição através de um modo cristão digno
de viver.
Que Deus nos abençoe na
compreensão da sua Palavra na Segunda Carta de Pedro!
Pr. Walter Almeida Jr.
Limeira (SP), 29/12/13
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