domingo, 17 de março de 2013

A glória de Deus e a dignidade humana


Salmo 8

Em nosso primeiro estudo sobre os Salmos Messiânicos, enfatizamos que eles são identificados diante dos outros salmos do seguinte modo: 1º) Contém referências diretas ao Messias e; 2º) Essas referências diretas são repetidas no Novo Testamento apontando inequivocamente para Jesus.

O primeiro dos salmos messiânicos que estudamos foi o Salmo 2, que tem como base histórica 2 Samuel 7, onde está a promessa divina “feita a Davi de um nome supremo, um relacionamento de filiação com o Senhor e uma linhagem eterna”[1] (vv.8-17). Por conta disso, esse salmo também é chamado de Salmo Real e “era usado para saudar cada um dos reis da linhagem davídica em sua ascensão ao trono, como lembrete do ideal”[2].

Nosso salmo de hoje é o Salmo 8. Logo que o lemos percebemos que ele é um salmo de louvor. É o que sugere os vv.1 e 9 – As aclamações do magnífico nome! Mas, muito do seu conteúdo o qualifica como um salmo da criação e também há uma importante ênfase na dignidade do homem na criação.

As referências diretas e repetições no Novo Testamento que o identificam como Salmo Messiânico são: 1º) Salmo 8.2 – Mateus 21.16; 2º) Salmo 8.4-6 – 1Coríntios 15.27-28; Efésios 1.22; Hebreus 2.5-10 (está citação se refere ao que foi escrito no salmo).

Este salmo é um hino que atinge alturas majestosas raramente atingidas pelo homem finito. Há um desenvolvimento de ideias sobre a grandeza do trono de Deus nos céus até o menor animal da terra. O homem é descrito como o centro da criação de Deus. O poema está artisticamente colocado entre um refrão no começo e outro no fim. Este refrão serve como introdução e conclusão.[3]

Nosso tema de hoje no Salmo 8 é: A glória de Deus e a dignidade humana.

I. A glória de Deus – vv.1, 2, 9

1. v.1a – Ó Senhor, Senhor nosso... – esses “dois nomes são usados para tratamento direto a Deus, mas o primeiro é seu nome especialmente revelado (Êx 3.14), e o segundo coloca ênfase em sua soberania”[4] (‘Adôn – Adonai). “O nome de Deus refere-se à revelação de sua pessoa, envolvendo todos os seus atributos”[5].

2. v.1b – ... quão magnífico em toda a terra é o teu nome! – essa aclamação que ocorre aqui e no v.9, tratam do reconhecimento e da honra de que só o Senhor Soberano é digno.

3. v.1c – Pois expuseste nos céus a tua majestade. – Essa terceira parte do verso 1 fala da existência de um Deus Soberano e Criador – Salmo 19.1-5.

4. v.2 – este verso trata de um contraste entre a verdadeira e a falsa adoração. Mas, também trata de um contraste entre aquele que depende de Deus e aquele que se julga autosuficiente. (Conf.: 1Coríntios 1.18-31)

5. v.9 – Podemos chamar esse verso de a doxologia do Salmo 8 – Quão magnífico ... é o teu nome... – “O refrão torna a chamar a atenção do homem para a majestade de Deus para que não fique absorvido por pensamentos sobre a sua grandeza pessoal. O homem tem dignidade, mas só Deus é majestoso”[6].

II. A dignidade humana – vv.3-8

1. v.3 – “A grandeza de Deus transcende aos céus e Seu poder é inimaginavelmente grande”[7]. “Os céus e tudo o que neles há foram criados por Deus – Salmo 33.6, 9; 102.25; 136.5”[8]. MacArthur escreveu “o antropomorfismo de ‘teus dedos’ transforma a imensidão do universo em uma miniatura na presença do Criador”[9]. (Sl 147.4; 2Cr 2.6).

2. v.4 – A cena noturna suscita este louvor à glória de Deus nos céus. Quando o homem ('enôsh – homem frágil) se compara com todo o espaço acima, como parece insignificante. Ele é verdadeiramente apenas o filho da humanidade (‘adam – homem genérico). “Mas, a contraparte em aramaico dessa frase está em Daniel 7.13, 14, que tem profundas implicações messiânicas”[10]. Essa é a designação favorita de Jesus no Novo Testamento – Mt 9.6; 12.8; 18.11; Mc 10.45; Lc 9.56; 19.10.

3. v.5, 6 – Deus criou o ser humano e lhe conferiu dignidade. “Três coisas designara a posição do homem: seu relacionamento com a divindade, sua dignidade (glória e honra) e o seu domínio”[11].

4. v.7, 8 – Esses versos mostram a área de domínio humano, delegada por Deus na criação (Gn 1.26-28). Eles esclarecem o domínio do v.6 – Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste. As criaturas da terra, do ar e do mar estão incluídas nesta referência óbvia à história da criação em Gênesis 1.

Concluindo

Na carta aos Hebreus 2.5-10, onde o Salmo 8 é mencionado, há um belo adendo onde o foco é desviado do homem e dirigido para Jesus. Em Jesus, na sua vida, ministério e sacrifício, o homem readquire a posição prevista para ele, por Deus, na criação. Isto supera em muito a posição original prevista para Adão. (Ef 1.21-22; 1Co 15.27; Mt 28.18; Fp 2.9; 1Pe 3.22).


Pr. Walter Almeida Jr.
CBL Limeira – 17/03/13


[1] Carson, D. A. – Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, 2009, p. 740.
[2] Ibid., p. 740.
[3] Comentário Bíblico Moody. Salmos, p. 20, 21.
[4] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 685.
[5] Ibid., p. 865.
[6] Moody, p. 21.
[7] Lieth, Norbert. Salmos Messiânicos, Actual Edições, 2010, p. 31.
[8] MacArthur, p. 865.
[9] Lieth, p. 32.
[10] MacArthur, p. 685.
[11] Moody, p. 21.

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