Filemom 8-16
Introdução
Nos estudos anteriores, vimos o seguinte:
1º) A Introdução ao Estudo
da Carta de Paulo aos Filipenses:
Que segundo Carlos Oswaldo Pinto em seu livro Foco e Desenvolvimento
no Novo Testamento, o propósito de Filemom é “encorajar a aplicação completa do princípio da igualdade dos irmãos em
Cristo por meio do perdão de Onésimo, o escravo, por Filemom, um senhor de
escravos”.
Que a carta foi escrita por volta de 62 (61) d.C. quando Paulo estava
em sua primeira prisão em Roma. Outras cartas
escritas neste período foram: Efésios, Filipenses e Colossenses.
Que, possivelmente, Filemom, juntamente com Arquipo eram líderes
(anciãos) da igreja em Colossos. O que se vê na carta, também, é que Filemom
colocava a sua casa a disposição da igreja – (v.2)... e à igreja que está em tua casa...
Que o assunto principal da carta é
um escravo chamado Onésimo, nome grego comum que significa útil. Ele era
escravo de Filemom e tinha fugido de casa, possivelmente roubando alguma coisa,
ou, tinha fugido por roubar algo (v.18, 19), o que lhe custaria a vida, segundo
as leis romanas.
2º) Na primeira exposição
dos versículos de 1 à 3 sobre o tema “Cativo pelo Amor”, vimos:
Que no v.1 Paulo vê: Jesus acima de si, Filemom diante de si e
Timóteo ao seu lado.
No v.2 quem era Áfia,
Arquipo e a Igreja em Colossenses.
E no final, no v.3, graça e
paz – charis shalom!
3º) Na segunda exposição dos versículos de 4 à 7,
sobre o tema “Marcas do Verdadeiro Cristianismo”, vimos:
No v.4 – vida de oração;
No v.5 – Pratica da fé pelo
amor;
No v.6 – Comunhão de fé
eficaz e;
No v.7 – Vida Cristã
Prática.
Hoje, vamos expor os versículos de 8 à 16 sobre o
tema “O Sentido e o Poder Transformador do Evangelho”.
I. O
Sentido do Evangelho – v.8-10
Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar
o que convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor,
sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo
Jesus; sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.
(v.8-10)
“A intercessão em favor de Onésimo que Paulo que dirige a Filemom é um
retrato de como nós, filhos pródigos e perdidos, somos novamente aceitos por
Deus pela obra de Jesus na cruz e por sua intercessão em nosso favor”.
Norbert Lieth[1]
1. Pois
bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém... (v.8) – um argumento
poderoso.
a.
Por meio da obra redentora de Cristo na cruz, Deus abriu um caminho
para nos receber de volta como filhos pródigos.
Colossenses 2.14 – tendo
cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças,
o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz;
Hebreus 12.2 – olhando firmemente para o Autor e Consumador
da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da
ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
João 14.6 – Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
b.
Agora pense: se para Deus, pecadores perdidos podem ser aceitos de
novo, “quanto mais nós temos a obrigação de nos aceitarmos mutuamente em Jesus
Cristo!”.[2]
19Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo
sangue de Jesus, 20pelo novo e vivo caminho
que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela
sua carne, 21e tendo
grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22aproximemo-nos,
com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má
consciência e lavado o corpo com água pura. 23Guardemos
firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. 24Consideremo-nos também
uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras. 25Não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
Hebreus 10.19-25
c.
Como se pode rejeitar alguém que foi aceito por Jesus Cristo?
2. ... prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o
velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus... (v.9) – um argumento do
amor
Paulo tinha um objetivo: Que Onésimo fosse aceito de volta por Filemom e a sua família. O
apóstolo poderia usar sua autoridade e dar uma ordem, mas seria uma aceitação forçada.
Obediência forçada não traz resultados duradouros.
Por isso, Paulo, usou outro argumento, o
argumento do amor de Deus. Ele sabia que o amor não consegue se omitir. E sabia,
também, que o amor pelos irmãos era uma característica abençoada de Filemom –
... estando
ciente do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e todos os santos...
(v.5)
1 Pedro 4.8 – Acima de tudo,
porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão
de pecados.
Provérbios 10.12 – O ódio excita
contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.
1 Coríntios 13.4-8a – O amor é
paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se
ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses,
não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas
regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor jamais acaba...
A obediência motivada pelo amor, que Paulo
esperava de Filemom, ajudaria na reintegração de Onésimo não somente no seu
serviço (escravo), mas também entre a sua família!
Essa obediência marcada pelo amor é o ensino
sobre o amor, como prática de vida no Novo Testamento!
Romanos 5.5 – Ora, a esperança
não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado.
Romanos 5.8 – Mas Deus prova o
seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo
nós ainda pecadores.
2 Coríntios 4.15 – Porque todas
as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne
abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus.
1 Tessalonicenses 4.9 – No
tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto
vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros;...
2 Tessalonicenses 1.3 – Irmãos,
cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois
a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros
vai aumentando,...
1 João 4.7 – Amados, amemo-nos
uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido
de Deus e conhece a Deus.
1 João 13.34 – Novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos
ameis uns aos outros.
3. ... sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.
(v.10) – a estratégia do advogado espiritual
O apóstolo não deixa de lado nenhum argumento
nessa sua intercessão pelo escravo Onésimo, como o objetivo de conseguir sua aceitação
de volta à casa de Filemom.
A sabedoria e a estratégia que Paulo usa para
ajudar Onésimo são especiais:
1º) Ele usa o sacrifício de Cristo, o argumento
mais importante (v.8);
2º) Ele usa o amor de Deus, o maior mandamento
(v.9a);
3º) Ele usa sua própria pessoa – seu ministério,
sua idade e seu aprisionamento (v.9b);
4º) Ele usa paternidade espiritual – ... solicito-te em favor de meu filho Onésimo...
(v.10a);
5º) Ele usa o próprio Onésimo – ... Onésimo, que gerei entre algemas.
(v.10b)
Agora no v.10, pela primeira vez, Paulo menciona
Onésimo e o faz como seu último argumento. Observe que Paulo só menciona
Onésimo no final de sua argumentação, para que Filemom tivesse tempo de
refletir sobre o assunto e assim agir pelo amor cristão e não pelas emoções
humanas.
Paulo foi fervoroso em sua argumentação a favor
do perdão para Onésimo e de sua aceitação de volta para casa de seu senhor. “Era
o amor de Cristo que o impelia. Com o amor de Cristo no coração ele fundava
igrejas, suportava as mais perigosas viagens e fadigas, ele se apresentou
diante dos governadores e do imperador romano e intercedeu por um escravo!”[3]
Escute o que ele disse sobre isso: “Pois o amor de Cristo nos constrange...”
2 Coríntios 5.14.
II. O Poder
Transformador do Evangelho – v.11-16
Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim. Eu
to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração. Eu queria
conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego
por causa do evangelho; nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para
que a tua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade.
Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o
recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como
irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti,
quer na carne, quer no Senhor.
Agora, Paulo, antes de continuar sua intercessão,
apresenta o poder transformador do Evangelho. O conhecimento sobre o poder salvador
do Evangelho é a maior motivação para intercessão, perdão e aceitação.
1. Ele,
antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim. (v.11) – o poder transformador
do Evangelho torna útil o que era inútil.
Onésimo significa útil, mas claramente pelo texto
esse escravo, antes de sua conversão a Cristo, era tudo, menos útil ao seu
senhor. Possivelmente era dissimulado, mentiroso e ladrão. Ele era exatamente o
oposto do que o seu nome afirmava ser. Agora ele tinha encontrado Jesus e
experimentado o poder do Evangelho em sua vida. “A partir daquele momento ele
passou a fazer jus ao seu nome. Ele havia se tornado útil”.[4]
O pode do Evangelho de Jesus Cristo pode
transformar completamente a vida de uma pessoa, seja ela quem for, relembre
comigo alguns exemplos:
Marcos 5.5, 15 – o possesso e liberto e transformado!
João 4.17, 18, 29, 39 – a mulher samaritana é transformada!
Colossenses 4.9 – Onésimo é transformado!
Eu e você!
O Evangelho é o poder de Deus que salva,
transforma, cria novas pessoas:
1 Coríntios 12.2 – Sabeis que,
outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo
éreis guiados.
Efésios 2.13 – Mas, agora, em
Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de
Cristo.
2 Coríntios 5.17 – E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas
já passaram; eis que se fizeram novas.
Essa lembrança boa traz uma advertência clara: Devemos nos empenhar na produção de frutos,
pois no Reino de Deus não pode haver inúteis. Cada crente recebeu pelo menos um
dom espiritual e cada um é necessário para a Igreja.
João 15.5 – Eu sou a videira,
vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer.
João 15.8 – Nisto é glorificado
meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.
João 15.16 – Não fostes vós que
me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos
designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que
tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
Romanos 1.13 – Porque não
quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no
que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum
fruto, como também entre os outros gentios.
Romanos 6.22 – Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna;
Colossenses 1.6 – que chegou
até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal
acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus
na verdade;
Hebreus 13.15 – Por meio de
Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de
lábios que confessam o seu nome.
Aqui podemos citar os três inimigos do útil:
1º)
Falsidade
– Onésimo era falso antes da conversão, enganava o seu senhor! Tomemos cuidado
para não agirmos assim como ele. Uma coisa pela frente e outra pelas costas.
Gálatas 4.18-20 – É bom ser
sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente convosco, meus
filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em
vós; pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz;
porque me vejo perplexo a vosso respeito.
2º) Vida
cristã egocêntrica – É viver em função de si mesmo e não piedosamente que é a proposta
do Reino de Deus. A vida cristã tem que ser cristocêntrica e não egocêntrica ou
antropocêntrica.
Tito 2.12 – educando-nos para
que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século,
sensata, justa e piedosamente,
Romanos 15.1 – Ora, nós que
somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós
mesmos.
2 Coríntios 4.5 – Porque não
nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como
vossos servos, por amor de Jesus.
3º) Brigas
e contendas
– “um grande inimigo do que é útil são as discussões e as brigas desnecessárias
a respeito de coisas insignificantes, de interpretações bíblicas ou opiniões
doutrinárias”.[5]
Romanos 14.5 – Um faz diferença
entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem
definida em sua própria mente.
Tito 3.8-11 – Fiel é esta
palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação,
confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de
boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens. Evita
discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não
têm utilidade e são fúteis. Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo
primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive
pecando, e por si mesma está condenada.
2 Timóteo 2.14, 15 – Recomenda
estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem
contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos
ouvintes. Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
1 Timóteo 6.3-6 – Se alguém
ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus
Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem
mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação,
difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é
pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De
fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos
trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele.
2. Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração.
(v.12) – o poder transformador do Evangelho restaura.
a. O poder
transformador do Evangelho é uma obra da graça de Deus – Vemos neste versículo
como a obra de restauração do Evangelho da graça de Deus é completa. Paulo
mostra aqui que Onésimo ocupa a mesma posição de graça que ele. Isso deixa
claro que aquele escravo experimentou uma transformação real.
Devemos ver nossos irmãos também nessa posição em
Cristo e não julgamos conforme a procedência e classe social ou de acordo com o
que eram no passado, antes de se converterem a Cristo!
Para isso nós também devemos ter experimentado
essa obra da graça em nossas vidas e vivermos em constante transformação da
nossa mente.
Romanos 12. 1, 2 – Rogo-vos,
pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não
vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus.
b. O poder
transformador do Evangelho é uma obra que restabelece a justiça – “com certeza Onésimo não
foi mandado de volta apenas para dar um exemplo da graça, mas também para
mostrar que é preciso praticar a justiça”.[6]
A graça inclui
restauração
– essa é uma ação divina!
A justiça inclui
reparação
– essa é uma ação humana!
A redenção cancela o
castigo e o poder do pecado, mas não nos redime da responsabilidade por aquilo
que fizemos. A injustiça praticada precisa, sempre que possível, se reparada,
dívidas pendentes precisam ser saldadas. Onésimo tinha fugido, agora ele
precisava reapresentar-se.[7]
Norbert Lieth
3. Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas
algemas que carrego por causa do evangelho; (v.13) – o poder transformador
do Evangelho esclarece.
a. O poder transformador do
Evangelho esclarece que o dever esta
acima dos desejos pessoais – Eu queria conservá-lo comigo mesmo...
– Paulo poderia ter ficado com Onésimo em sua companhia e usá-lo em seu benefício.
Mas o que era realmente correto e importante? Ele coloca aquilo que é
necessário acima de seus próprios desejos. Será que estamos dispostos a abrir
mãos de certo conforto e auxílio, pelo fato da justiça do Senhor ser mais
importante para nós?
b. O poder transformador do Evangelho produz igualdade – ... para, em teu lugar, me
servir... nessa afirmação
Paulo estabelece a igualdade entre os filhos de Deus em Cristo Jesus – Onésimo
é colocado no mesmo nível de Filemom.
Gálatas 3.28 – Dessarte, não
pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
1 Coríntios 12.13 – Pois, em um
só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos,
quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.
4. ... nada,
porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a
ser como que por obrigação, mas de livre vontade. (v.14) – O poder transformador do Evangelho
respeita a nossa vontade.
Característica única do cristianismo – ... nada, porém, quis fazer sem o teu
consentimento... No Novo Testamento “não há domínio ditatorial ou
obediência forçada, mas se dá valor à espontaneidade, à comunhão fraternal, à
atitude espiritual e à disposição do próximo. Busca-se o respeito mutuo”.[8]
“O Novo testamento espera que por amor nos submetamos às ordens de
Deus, que sejamos obedientes e espirituais, que busquemos sempre o melhor para
o próximo e estejamos sempre dispostos a fazer o bem”.[9]
O Novo Testamento apela para a nossa livre vontade, mas pressupõe
obediência, já que o Espírito Santo vive em nós. E o Espírito santo nos
constrange – 2 Coríntios 5.14 – Pois o amor
de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos
morreram.
O Novo Testamento espera de nós obediência voluntária e total entrega[10]
– Romanos 12.1 – Rogo-vos, pois, irmãos,
pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
O Senhor quer nossa
obediência, nossa dedicação, nossas boas obras, mas ele não nos força, deixando
a decisão por nossa conta, por isso traz bons frutos – 2 Coríntios 9.7 – Cada um contribua segundo tiver proposto no
coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com
alegria.
1 Pedro 5.1-3 – Rogo, pois, aos
presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos
sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada:
pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas
espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;
nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos
do rebanho.
5. Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim
de que o recebas para sempre,... (v.15) – O poder transformador do
Evangelho traz ao coração do crente a confiança na soberania de Deus. Ele está
no controle de tudo em nossas vidas.
Como filhos de Deus e criaturas do Senhor não
dependemos do acaso ou do bel prazer de um deus qualquer. Quem vive de forma
dedicada a Deus, como Filemom, vê que em sua vida Deus sempre trabalha para que
as circunstâncias contribuam para o bem:[11]
Sabemos que todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito. (Romanos 8.28)
No Senhor sempre encontramos um significado mais
profundo para tudo aquilo que nos acontece. Tanto na obra do Senhor como em
nossa vida pessoal é muito importante sempre acreditar, pela fé, que:
Não há tempo perdido quando trabalhamos e buscamos sinceramente o
reino de Deus;
O Senhor controla tudo, até mesmo aquelas coisas que nós pensamos ter
perdido de vista;
Deus pode transformar uma aparente perda em lucro eterno.[12]
6. ... não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão
caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer
no Senhor. (v.16) – O poder transformador do Evangelho elimina todas as
diferenças.
O Evangelho tem o poder de mudar nossa posição anterior e de
instituir-nos em uma nova posição.
1 Coríntios 7.22 – Porque o que
foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o
que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo.
A ênfase de Paulo agora é que Onésimo será duplamente útil para
Filemom, tanto no mundo natural, como escravo, como no mundo espiritual como
irmão em Cristo.
Onésimo agora vai servir ainda melhor a seu senhor. Ele vai ser mais
esforçado, disciplinado, pontual, atencioso, obediente e confiável.
Filemom agora vai olhar para Onésimo, não somente como escravo, mas
como irmão no Senhor.
Um texto que regulamenta essa questão é Efésios 6.5-9:
5Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne
com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, 6não
servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo,
fazendo, de coração, a vontade de Deus; 7servindo de boa vontade,
como ao Senhor e não como a homens, 8certos de que cada um, se fizer
alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer
livre. 9E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles,
deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos
céus e que para com ele não há acepção de pessoas. 10Quanto ao mais,
sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
Conclusão
1º) Qual o
sentido do Evangelho para Paulo aqui em Filemom?
É a obra redentora de Cristo na cruz que redimi o pecador e em amor o torna
filho de Deus e parte da sua família. Devendo, assim, ser aceito pelos membros
da família de Deus sem nenhum ressentimento.
2º) O que
faz o poder transformador do Evangelho, segundo Paulo, aqui em Filemom?
O poder transformador do Evangelho torna útil o que era inútil.
O poder transformador do Evangelho restaura.
O poder transformador do Evangelho esclarece.
O poder transformador do Evangelho respeita a nossa vontade.
O poder transformador do Evangelho traz ao coração do crente a
confiança na soberania de Deus. Ele está no controle de tudo em nossas vidas.
O poder transformador do Evangelho elimina todas as diferenças.
Pr. Walter Almeida Jr.
PIBLI Limeira - Agosto de 2012
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