segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Deus está presente


Jonas 2

Introdução

Na mensagem anterior vimos que: Deus se revelou ao homem de três formas:

Através das obras da criação;
Através da condução da história e;
Através da Bíblia Sagrada, sua revelação escrita!

Na sua revelação escrita ao homem, a Bíblia, Deus revela o seu ser através de seus atributos. Atributos são qualidades, propriedades, virtudes ou características próprias de uma pessoa.

A classificação, que acredito ser, mais adequada é a que divide as qualidades de Deus em qualidades incomunicáveis e qualidades comunicáveis.

Qualidades Incomunicáveis – São aquelas que revelam características que somente Deus possui.

Qualidades Comunicáveis – São assim chamadas porque ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, aprouve a Deus comunicar-lhes ou transmitir-lhes essas qualidades, embora em medida infinitamente menor.

Então, ao expormos o livro do profeta Jonas, vamos fazê-lo com o propósito de compreendermos mais sobre a Pessoa do nosso Grande e Maravilhoso Deus. Assim, creio que, sabendo mais sobre Deus, poderemos aprender mais sobre nós mesmos e o que Deus quer que sejamos.

Esse livro é primeiramente um livro sobre Deus e não sobre um profeta, ou um peixe ou uma nação. Vamos, agora, observar o que ele ensina sobre Deus em cada um de seus capítulos?

1º) O capítulo 1 ensina que Deus é firme – Ele tem um propósito especial para a humanidade e para cada pessoa em particular. Deus é firme na realização da sua vontade.

2º) No capítulo 2 ensina que Deus está presente – Ele, em sua firmeza, se mostra presente em todas as situações no estabelecimento de sua vontade.

3º) Os capítulo 3 e 4 ensinam que Deus é poderoso e paciente – o arrependimento e a conversão de toda a cidade de Nínive é uma manifestação extraordinária do poder de Deus. E a maneira paciente de Deus tratar o profeta Jonas mostra sua maravilhosa longanimidade!

Podemos confiar completamente nEle para a realização dos seus propósitos, pois é firme, presente, poderoso e paciente. A firmeza, a presença, o poder e a paciência de Deus são, portanto, qualidades divinas que encontramos nós quatro capítulos de Jonas, um em cada capítulo em particular.

Meu tema de hoje é Deus está presenteEle, em sua firmeza, se mostra presente em todas as situações no estabelecimento de sua vontade. Vamos ver isso no capítulo 2 do livro, que descreve a experiência do profeta e atribui a sua salvação a Deus.

Observe o contraste desta experiência e da atitude de Jonas. Ele que não orou para decidir o que fazer1.3; que não orou quando veio a tempestade1.4; que não orou quando todos invocavam seus deuses1.5; que não orou quando a verdade sobre a sua fuga se tornou pública1.10, 11; que não orou quando os marinheiros oravam1.14; e que estando no navio, se recusava a levantar-se e invocar o nome de seu Deus 1.6, agora se sentia constrangido a orar ao Senhor seu Deus, do ventre do peixe 2.1.

Outra coisa para entendermos aqui é que a oração do profeta foi transformada em um Salmo de ação de graças, isto é, um cântico de louvor a Deus pela sua salvação. Jonas após a sua libertação do ventre do peixe transformou sua oração em um cântico. Isto é muito típico das narrativas do Antigo Testamento, um Salmo de ação de graças e celebração pela libertação e misericórdia do Senhor.

Desse fato da vida do profeta aprendemos que: 1º) Deus está presente em qualquer situação; 2º) Deus está presente quando oramos em qualquer lugar e; 3º) Deus está presente quando erramos e quando acertamos.

I. Deus está presente em qualquer situação – v.1, 2

1. v.1aventre do peixe – Jonas estava dentro de um grande peixe. Cientificamente só existe um tipo de animal marinho que poderia engolir Jonas inteiro e ele ainda ficar vivo, é a baleia do tipo “cachalote” encontrada no Mediterrâneo. Esse tipo não tem a garganta estreita como as outras baleias normais.

2. v.1borou ao Senhor, seu Deus – a estrutura literária da oração do profeta é típica de um Salmo de ações de graças:

Petição por livramento – v.2
Exposição do problema – v.3-6
Descrição da libertação – v.6, 7
Louvor pela libertação – v.8, 9

3. v.2ana minha angustia, clamei ao Senhor, e ele me respondeu
Pense um pouco na angustia, no desespero do profeta quando abriu os olhos e se viu dentro da barriga de um peixe.
Salmo 120.1; 118.5; Lamentações 3.55.

4. v.2bdo ventre do abismo, gritei, e tu me ouviste a voz – aqui temos um caso típico do paralelismo da poesia hebraica. Vamos comparar a primeira parte deste verso com a sua segunda parte.

a.     ventre do abismo – observe a diferença entre ventre do peixe e ventre do abismo. A palavra hebraica usada para ventre do abismo é sheol e significa lugar dos mortos ou inferno, pois era o lugar para onde iam as pessoas sem Deus, consideradas sem comunhão com Deus no Antigo Testamento. Pode também significar sepultura nas profundezas do mar.

b.     tu me ouviste a voz – O profeta enfatiza a presença de Deus naquele lugar de angustia, a ponto de ouvir sua voz.

Não importa onde você e eu estejamos se somos salvos, filhos de Deus, ele está conosco – Mateus 28.20b; Salmo 139.1-10; Hebreus 13.5.

II. Deus está presente quando oramos em qualquer lugar – v.3-8

1. Escute e leia na Bíblia como Jonas descreve o lugar onde ele estava:

v.3 – no profundo, no coração dos mares
v.4 – lançado estou de diante de teus olhos
 v.5 – o abismo me rodeou
v.6 – desci até aos fundamentos dos mares

Podemos entender claramente que o sofrimento de Jonas era resultado da disciplina divina sobre a sua desobediência! Deus ama os seus filhos e os disciplina corretivamente – Hebreus 12.4-13.

2. Jonas tinha pavor da morte e ainda mais quando estava em desobediência, pois morrer sem comunhão com Deus no Antigo Testamento significava separação eterna da presença de Deus – Salmo 88.4, 5, 10-12.

3. Jonas se lembra do templo de Deus, sinal de sua presença entre o povo – v.4b.

A pior coisa na vida de um crente em Cristo é lembrar-se do que fez e do que não faz mais para o Senhor por pura desobediência, como a de Jonas.

4. v.6bfizeste subir da sepultura a minha vida

Sepultura aqui é usada aqui para descrever o domínio da morte.
Aqui vemos também a misericórdia divina em restaurar Jonas à comunhão de Deus.

5. v.7, 8Estes dois versos mostram à resposta de Deus a oração de Jonas e o contrataste entre a idolatria vã e a fé genuína no Deus Vivo e Verdadeiro.

III. Deus está presente quando erramos e quando acertamos – v.9, 10

1. v.9acom voz do agradecimento – Um arrependimento sincero vem sempre acompanhado de ação de graças.

2. v.9beu te oferecerei sacrifícios – Na época de Jonas os sacrifícios eram de animais, hoje o sacrifício que Deus exige é o de Cristo já feito na cruz. Temos apenas que viver a nossa fé em obediência ao ensino de Jesus Cristo.

3. v.9co que votei pagarei – Na época de Jonas o povo de Deus fazia votos ou juramentos, hoje não necessitamos mais de fazer votos ou juramentos, temos apenas que viver o ensino de Jesus em Mateus 5.33-37.

4. v.9dAo Senhor pertence a salvação! – O profeta agora reconhece que só Deus é que salva. É interessante observarmos aqui o que acontece quando Deus leva o homem à salvação:

Jonas – da desobediência ao arrependimento.
Ninivitas – os levará da idolatria à fé – Jonas 3.5-10.
Homens de hoje – soberanamente, Deus, os leva ao arrependimento e a fé – Atos 11.17, 18.

5. v.10 – Este texto mais uma vez mostra a criação respondendo com obediência às ordens soberanas de Deus. Esta é a quarta vez que aparece este tipo de acontecimento no livro de Jonas – Jonas 1.4, 15, 17.

O comentário de rodapé da Bíblia de Estudo de Genebra diz o seguinte sobre este texto: “O peixe, que poderia ter sido a arma de Deus para a morte do profeta, pela graça se tornou em instrumento de libertação”.

Conclusão

1)    Deus está presente em qualquer situação;
2)    Deus está presente quando oramos em qualquer lugar;
3)    Deus está presente quando erramos e quando acertamos.

Pr. Walter Almeida Jr.
PIBLI Limeira
Agosto de 2012

O Sentido e o Poder Transformador do Evangelho


Filemom 8-16

Introdução

Nos estudos anteriores, vimos o seguinte:

1º) A Introdução ao Estudo da Carta de Paulo aos Filipenses:

Que segundo Carlos Oswaldo Pinto em seu livro Foco e Desenvolvimento no Novo Testamento, o propósito de Filemom é “encorajar a aplicação completa do princípio da igualdade dos irmãos em Cristo por meio do perdão de Onésimo, o escravo, por Filemom, um senhor de escravos”.

Que a carta foi escrita por volta de 62 (61) d.C. quando Paulo estava em sua primeira prisão em Roma. Outras cartas escritas neste período foram: Efésios, Filipenses e Colossenses.

Que, possivelmente, Filemom, juntamente com Arquipo eram líderes (anciãos) da igreja em Colossos. O que se vê na carta, também, é que Filemom colocava a sua casa a disposição da igreja – (v.2)... e à igreja que está em tua casa...

Que o assunto principal da carta é um escravo chamado Onésimo, nome grego comum que significa útil. Ele era escravo de Filemom e tinha fugido de casa, possivelmente roubando alguma coisa, ou, tinha fugido por roubar algo (v.18, 19), o que lhe custaria a vida, segundo as leis romanas.

2º) Na primeira exposição dos versículos de 1 à 3 sobre o tema “Cativo pelo Amor”, vimos:

Que no v.1 Paulo vê: Jesus acima de si, Filemom diante de si e Timóteo ao seu lado.
No v.2 quem era Áfia, Arquipo e a Igreja em Colossenses.
E no final, no v.3, graça e paz – charis shalom!

3º) Na segunda exposição dos versículos de 4 à 7, sobre o tema “Marcas do Verdadeiro Cristianismo”, vimos:

No v.4 – vida de oração;
No v.5 – Pratica da fé pelo amor;
No v.6 – Comunhão de fé eficaz e;
No v.7 – Vida Cristã Prática.

Hoje, vamos expor os versículos de 8 à 16 sobre o tema “O Sentido e o Poder Transformador do Evangelho”.

I. O Sentido do Evangelho – v.8-10

Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar
o que convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor,
sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus; sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.
(v.8-10)

A intercessão em favor de Onésimo que Paulo que dirige a Filemom é um retrato de como nós, filhos pródigos e perdidos, somos novamente aceitos por Deus pela obra de Jesus na cruz e por sua intercessão em nosso favor”.
Norbert Lieth[1]

1. Pois bem, ainda que eu sinta plena liberdade em Cristo para te ordenar o que convém... (v.8) – um argumento poderoso.

a.     Por meio da obra redentora de Cristo na cruz, Deus abriu um caminho para nos receber de volta como filhos pródigos.
Colossenses 2.14 – tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz;
Hebreus 12.2 – olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
João 14.6 – Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

b.     Agora pense: se para Deus, pecadores perdidos podem ser aceitos de novo, “quanto mais nós temos a obrigação de nos aceitarmos mutuamente em Jesus Cristo!”.[2]

19Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, 20pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, 21e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. 23Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. 24Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. 25Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
Hebreus 10.19-25

c.      Como se pode rejeitar alguém que foi aceito por Jesus Cristo?

2. ... prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de Cristo Jesus... (v.9) – um argumento do amor

Paulo tinha um objetivo: Que Onésimo fosse aceito de volta por Filemom e a sua família. O apóstolo poderia usar sua autoridade e dar uma ordem, mas seria uma aceitação forçada. Obediência forçada não traz resultados duradouros.

Por isso, Paulo, usou outro argumento, o argumento do amor de Deus. Ele sabia que o amor não consegue se omitir. E sabia, também, que o amor pelos irmãos era uma característica abençoada de Filemom – ... estando ciente do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e todos os santos... (v.5)

1 Pedro 4.8 – Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.
Provérbios 10.12 – O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões.
1 Coríntios 13.4-8a – O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba...

A obediência motivada pelo amor, que Paulo esperava de Filemom, ajudaria na reintegração de Onésimo não somente no seu serviço (escravo), mas também entre a sua família!

Essa obediência marcada pelo amor é o ensino sobre o amor, como prática de vida no Novo Testamento!

Romanos 5.5 – Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.

Romanos 5.8 – Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

2 Coríntios 4.15 – Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus.

1 Tessalonicenses 4.9 – No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros;...

2 Tessalonicenses 1.3 – Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando,...

1 João 4.7 – Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

1 João 13.34 – Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.

3. ... sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas. (v.10) – a estratégia do advogado espiritual

O apóstolo não deixa de lado nenhum argumento nessa sua intercessão pelo escravo Onésimo, como o objetivo de conseguir sua aceitação de volta à casa de Filemom.

A sabedoria e a estratégia que Paulo usa para ajudar Onésimo são especiais:

1º) Ele usa o sacrifício de Cristo, o argumento mais importante (v.8);
2º) Ele usa o amor de Deus, o maior mandamento (v.9a);
3º) Ele usa sua própria pessoa – seu ministério, sua idade e seu aprisionamento (v.9b);
4º) Ele usa paternidade espiritual – ... solicito-te em favor de meu filho Onésimo... (v.10a);
5º) Ele usa o próprio Onésimo – ... Onésimo, que gerei entre algemas. (v.10b)

Agora no v.10, pela primeira vez, Paulo menciona Onésimo e o faz como seu último argumento. Observe que Paulo só menciona Onésimo no final de sua argumentação, para que Filemom tivesse tempo de refletir sobre o assunto e assim agir pelo amor cristão e não pelas emoções humanas.

Paulo foi fervoroso em sua argumentação a favor do perdão para Onésimo e de sua aceitação de volta para casa de seu senhor. “Era o amor de Cristo que o impelia. Com o amor de Cristo no coração ele fundava igrejas, suportava as mais perigosas viagens e fadigas, ele se apresentou diante dos governadores e do imperador romano e intercedeu por um escravo!”[3]

Escute o que ele disse sobre isso: “Pois o amor de Cristo nos constrange...” 2 Coríntios 5.14.

II. O Poder Transformador do Evangelho – v.11-16

Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim. Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração. Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho; nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade. Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre, não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti,
quer na carne, quer no Senhor.

Agora, Paulo, antes de continuar sua intercessão, apresenta o poder transformador do Evangelho. O conhecimento sobre o poder salvador do Evangelho é a maior motivação para intercessão, perdão e aceitação.

1. Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim. (v.11) – o poder transformador do Evangelho torna útil o que era inútil.

Onésimo significa útil, mas claramente pelo texto esse escravo, antes de sua conversão a Cristo, era tudo, menos útil ao seu senhor. Possivelmente era dissimulado, mentiroso e ladrão. Ele era exatamente o oposto do que o seu nome afirmava ser. Agora ele tinha encontrado Jesus e experimentado o poder do Evangelho em sua vida. “A partir daquele momento ele passou a fazer jus ao seu nome. Ele havia se tornado útil”.[4]

O pode do Evangelho de Jesus Cristo pode transformar completamente a vida de uma pessoa, seja ela quem for, relembre comigo alguns exemplos:

Marcos 5.5, 15 – o possesso e liberto e transformado!
João 4.17, 18, 29, 39 – a mulher samaritana é transformada!
Colossenses 4.9 – Onésimo é transformado!
Eu e você!

O Evangelho é o poder de Deus que salva, transforma, cria novas pessoas:

1 Coríntios 12.2 – Sabeis que, outrora, quando éreis gentios, deixáveis conduzir-vos aos ídolos mudos, segundo éreis guiados.

Efésios 2.13 – Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo.

2 Coríntios 5.17E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.

Essa lembrança boa traz uma advertência clara: Devemos nos empenhar na produção de frutos, pois no Reino de Deus não pode haver inúteis. Cada crente recebeu pelo menos um dom espiritual e cada um é necessário para a Igreja.

João 15.5 – Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

João 15.8 – Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos.

João 15.16 – Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.

Romanos 1.13 – Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios.

Romanos 6.22 – Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;

Colossenses 1.6 – que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade;

Hebreus 13.15 – Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome.

Aqui podemos citar os três inimigos do útil:

1º) Falsidade – Onésimo era falso antes da conversão, enganava o seu senhor! Tomemos cuidado para não agirmos assim como ele. Uma coisa pela frente e outra pelas costas.
Gálatas 4.18-20 – É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou presente convosco, meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós; pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz; porque me vejo perplexo a vosso respeito.
 
2º) Vida cristã egocêntrica – É viver em função de si mesmo e não piedosamente que é a proposta do Reino de Deus. A vida cristã tem que ser cristocêntrica e não egocêntrica ou antropocêntrica.

Tito 2.12 – educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente,

Romanos 15.1 – Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos.

2 Coríntios 4.5 – Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.

3º) Brigas e contendas – “um grande inimigo do que é útil são as discussões e as brigas desnecessárias a respeito de coisas insignificantes, de interpretações bíblicas ou opiniões doutrinárias”.[5]

Romanos 14.5 – Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.

Tito 3.8-11 – Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens. Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis. Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.

2 Timóteo 2.14, 15 – Recomenda estas coisas. Dá testemunho solene a todos perante Deus, para que evitem contendas de palavras que para nada aproveitam, exceto para a subversão dos ouvintes. Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

1 Timóteo 6.3-6 – Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele.
 
2. Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração. (v.12) – o poder transformador do Evangelho restaura.

a. O poder transformador do Evangelho é uma obra da graça de Deus – Vemos neste versículo como a obra de restauração do Evangelho da graça de Deus é completa. Paulo mostra aqui que Onésimo ocupa a mesma posição de graça que ele. Isso deixa claro que aquele escravo experimentou uma transformação real.

Devemos ver nossos irmãos também nessa posição em Cristo e não julgamos conforme a procedência e classe social ou de acordo com o que eram no passado, antes de se converterem a Cristo!

Para isso nós também devemos ter experimentado essa obra da graça em nossas vidas e vivermos em constante transformação da nossa mente.

Romanos 12. 1, 2 – Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

b. O poder transformador do Evangelho é uma obra que restabelece a justiça – “com certeza Onésimo não foi mandado de volta apenas para dar um exemplo da graça, mas também para mostrar que é preciso praticar a justiça”.[6]

 A graça inclui restauração – essa é uma ação divina!
A justiça inclui reparação – essa é uma ação humana!

A redenção cancela o castigo e o poder do pecado, mas não nos redime da responsabilidade por aquilo que fizemos. A injustiça praticada precisa, sempre que possível, se reparada, dívidas pendentes precisam ser saldadas. Onésimo tinha fugido, agora ele precisava reapresentar-se.[7]
Norbert Lieth

3. Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que carrego por causa do evangelho; (v.13) – o poder transformador do Evangelho esclarece.

a. O poder transformador do Evangelho esclarece que o dever esta acima dos desejos pessoaisEu queria conservá-lo comigo mesmo... – Paulo poderia ter ficado com Onésimo em sua companhia e usá-lo em seu benefício. Mas o que era realmente correto e importante? Ele coloca aquilo que é necessário acima de seus próprios desejos. Será que estamos dispostos a abrir mãos de certo conforto e auxílio, pelo fato da justiça do Senhor ser mais importante para nós?

b. O poder transformador do Evangelho produz igualdade... para, em teu lugar, me servir... nessa afirmação Paulo estabelece a igualdade entre os filhos de Deus em Cristo Jesus – Onésimo é colocado no mesmo nível de Filemom.

Gálatas 3.28 – Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

1 Coríntios 12.13 – Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.

  4. ... nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a ser como que por obrigação, mas de livre vontade. (v.14) O poder transformador do Evangelho respeita a nossa vontade.

Característica única do cristianismo – ... nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento... No Novo Testamento “não há domínio ditatorial ou obediência forçada, mas se dá valor à espontaneidade, à comunhão fraternal, à atitude espiritual e à disposição do próximo. Busca-se o respeito mutuo”.[8]

 “O Novo testamento espera que por amor nos submetamos às ordens de Deus, que sejamos obedientes e espirituais, que busquemos sempre o melhor para o próximo e estejamos sempre dispostos a fazer o bem”.[9]

O Novo Testamento apela para a nossa livre vontade, mas pressupõe obediência, já que o Espírito Santo vive em nós. E o Espírito santo nos constrange – 2 Coríntios 5.14 – Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.

O Novo Testamento espera de nós obediência voluntária e total entrega[10] – Romanos 12.1 – Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

O Senhor quer nossa obediência, nossa dedicação, nossas boas obras, mas ele não nos força, deixando a decisão por nossa conta, por isso traz bons frutos – 2 Coríntios 9.7 – Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.

1 Pedro 5.1-3 – Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho.

5. Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para sempre,... (v.15) – O poder transformador do Evangelho traz ao coração do crente a confiança na soberania de Deus. Ele está no controle de tudo em nossas vidas.

Como filhos de Deus e criaturas do Senhor não dependemos do acaso ou do bel prazer de um deus qualquer. Quem vive de forma dedicada a Deus, como Filemom, vê que em sua vida Deus sempre trabalha para que as circunstâncias contribuam para o bem:[11] Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. (Romanos 8.28)

No Senhor sempre encontramos um significado mais profundo para tudo aquilo que nos acontece. Tanto na obra do Senhor como em nossa vida pessoal é muito importante sempre acreditar, pela fé, que:

Não há tempo perdido quando trabalhamos e buscamos sinceramente o reino de Deus;
O Senhor controla tudo, até mesmo aquelas coisas que nós pensamos ter perdido de vista;
Deus pode transformar uma aparente perda em lucro eterno.[12]

6. ... não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor. (v.16) – O poder transformador do Evangelho elimina todas as diferenças.

O Evangelho tem o poder de mudar nossa posição anterior e de instituir-nos em uma nova posição.

1 Coríntios 7.22 – Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente, o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo.

A ênfase de Paulo agora é que Onésimo será duplamente útil para Filemom, tanto no mundo natural, como escravo, como no mundo espiritual como irmão em Cristo.

Onésimo agora vai servir ainda melhor a seu senhor. Ele vai ser mais esforçado, disciplinado, pontual, atencioso, obediente e confiável.
Filemom agora vai olhar para Onésimo, não somente como escravo, mas como irmão no Senhor.
Um texto que regulamenta essa questão é Efésios 6.5-9:

5Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, 6não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; 7servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens, 8certos de que cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer livre. 9E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus e que para com ele não há acepção de pessoas. 10Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.

Conclusão

1º) Qual o sentido do Evangelho para Paulo aqui em Filemom?

É a obra redentora de Cristo na cruz que redimi o pecador e em amor o torna filho de Deus e parte da sua família. Devendo, assim, ser aceito pelos membros da família de Deus sem nenhum ressentimento.

2º) O que faz o poder transformador do Evangelho, segundo Paulo, aqui em Filemom?

O poder transformador do Evangelho torna útil o que era inútil.
O poder transformador do Evangelho restaura.
O poder transformador do Evangelho esclarece.
O poder transformador do Evangelho respeita a nossa vontade.
O poder transformador do Evangelho traz ao coração do crente a confiança na soberania de Deus. Ele está no controle de tudo em nossas vidas.
O poder transformador do Evangelho elimina todas as diferenças.


Pr. Walter Almeida Jr.
PIBLI Limeira - Agosto de 2012


[1][1] Norbert Lieth, Estudo da Epistola a Filemom – Actual Edições – p. 31.
[2] Ibid., p. 32.
[3] Ibid., p.34.
[4] Ibid., p. 36.
[5] Ibid., p. 42.
[6] Ibid., p. 46.
[7] Ibid., p. 46.
[8] Ibid., p. 48.
[9] Ibid., p. 48.
[10] Ibid. p. 49.
[11] Ibid., p. 50.
[12] Ibid., p. 51.