1João 5.13
Visão Panorâmica das
Epístolas
Vinte
e um dos vinte e sete livros do Novo Testamento são do gênero epistolar. São
cartas escritas com a finalidade de dirigir, aconselhar e instruir nos seus
primeiros desenvolvimentos as igrejas recém-formadas ou para ajudar os
responsáveis por pastoreá-las e administrá-las. O Novo Testamento, além das
epistolas que compõem o cânon, inclui a cópia de outras duas no livro de Atos –
At 15.23-29 e 23.26-30, além das
sete dirigidas às igrejas da Ásia Menor – Ap
2-3.
De
acordo com certas características comuns, podemos agrupar as epístolas do NT da
seguinte maneira:
1. Epístolas Paulinas
(13)
a. Primeiras Epístolas
1
Tessalonicenses
2
Tessalonicenses
b. Grandes Epístolas
Romanos
1
Coríntios
2
Coríntios
Gálatas
c. Epístolas da Prisão
Efésios
Filipenses
Colossenses
Filemom
d. Epístolas Pastorais
1
Timóteo
2
Timóteo
Tito
2. Epístolas aos Hebreus
(1)
3. Epístolas Universais
(7)
Tiago
1
Pedro
2
Pedro
1
João
2
João
3
João
Judas
O
título que recebe cada grupo está inspirado no tema ou propósito geral das
cartas que integram, ou nas circunstâncias que rodearam a sua redação. A
pergunta mais frequente sobre as cartas é porque elas são classificadas dessa
forma. Por isso é necessário um esclarecimento desse tipo de classificação:
Primeiras Epístolas – Porque faz referência à época em
que foram escritas. Não somente se considera que são os escritos mais antigos
de Paulo, mas também de todo o Novo Testamento.
Grandes Epístolas – São as consideradas de grande
extensão de texto. Mas entre elas está inclusa a de Gálatas. A razão está no
seu estreito parentesco com Romanos.
Epístolas da Prisão – Porque quando Paulo redigiu estas
cartas, se encontrava preso em algum lugar que a tradição sugere terem sido
dois: Roma e Éfeso.
Epístolas Pastorais – Foram escritas no tempo em que o
Cristianismo, tendo já progredido na fixação da doutrina e na elaboração da estrutura
eclesiástica, precisava ordenar administrativa e pastoralmente a sua vida e
trabalho.
Epístolas Universais
(Gerais) – Este
título foi dado no Século II, quando o cânon do Novo Testamento ainda estava
sendo formado. Significa que estas cartas não são dirigidas a um destinatário
determinado, mas aos crentes em geral.
I. Autoria e Data de 1
João
A
Primeira Carta de João está tão relacionada com o Evangelho quanto ao
pensamento, conteúdo e estilo que, praticamente, não há dúvida de que a mesma
pessoa escreveu os dois livros.
Evidências Externas – As mesmas tradições que atribuem o
quarto Evangelho ao apóstolo João também atribuem a carta a ele. Policarpo,
discípulo de João, Papias que era ouvinte de João e companheiro de Policarpo,
Eusébio, historiador da igreja e Clemente de Alexandria escreveram e se
referiram a João, o apóstolo, como o autor de 1ª João.
Evidências Internas – O conteúdo da carta revela alguns
fatos acerca do autor. Ele testificou que foi testemunha ocular de Cristo,
tendo ouvido, visto e tocado o Verbo da vida – 1Jo 1.1. A carta está muito próxima do Evangelho de João, tanto por
razões de redação como pela ternura com que trata o leitor. Percebe-se isso
claramente em expressões como filhinhos,
filhos ou meus filhinhos – 1Jo 2.1,
12, 14, 18, 28; Jo 13.33; 21.5; e nas frequentes notas como lhes escrevo, escrevo-lhes, escrevi-lhes
– 1Jo 2.7-26; 5.13. Na verdade, não
se encontra na carta nenhuma menção do autor, destinatário, introdução,
saudações e despedida.
A
histórica tradição afirma que João, o apóstolo, foi para Éfeso na época da
queda de Jerusalém em 70 d.C. Depois de vários anos foi banido para a ilha de
Patmos e antes da sua morte foi-lhe permitido passar os seus últimos anos em
Éfeso. A falta de referências pessoais da carta indica que ela foi escrita em
estilo homilético para os crentes da Ásia Menor. Por isso muitos eruditos a
consideram como um sermão ou um discurso teológico. Foi escrito depois do
Evangelho e antes da perseguição desfechada por Domiciano em 95 d.C., o que coloca
sua composição por volta do final da década de 80 d.C. ou princípio da de 90
d.C.. Uma vez que a epístola parece referir-se à narrativa do Evangelho em
vários lugares, uma data, logo após o Evangelho ter sido escrito, por volta de
90 d.C., parece encaixar as circunstâncias prováveis.
II. Propósito e
Estrutura de 1 João
João
menciona quatro razões por que escreveu esta carta: 1) 1Jo 1.4 – para que a
alegria fosse completa; 2) 1Jo 2.1
– para guardá-los do pecado; 3) 1Jo 2.26 – para adverti-los acerca dos falsos mestres; 4) 1Jo 5.13 – para fortalecer
a fé e dar certeza da vida eterna.
Contudo,
é necessário ir além destas expressões de objetivo, a fim de estabelecer mais
compreensivelmente os vários objetivos, além dos declarados, que João tinha em
mente, ao enviar esta carta para as igrejas. Tais objetivos podem ser
declarados do seguinte modo:
1) Para
advertir contra os falsos mestres, cujas ideias distorcidas a respeito de Jesus
Cristo, ameaçavam a comunhão;
2) Pelo
simples gozo de partilhar a maravilhosa experiência que tivera de associação
pessoal com Jesus Cristo;
3) Para
estabelecer alguns importantes testes de discipulado, como: a) andar
na luz – 1Jo 1.7; 2.3-6; b) guardar
o mandamento do amor – 1Jo 2.9-11;
3.10, 15, 16; 4.7, 20; 5.1, 2; c)
ter fé em Jesus Cristo como o Filho de
Deus – 1Jo 2.23; 4.15; 5.1, 5, 10,
12, 13; d) viver uma vida vitoriosa sobre o pecado – 1Jo 3.4-10; 5.18; e) reconhecer a presença do Espírito de Deus na
vida – 1Jo 3.24; 4.13;
4) Dar
a sua interpretação do amor que havia experimentado na vida e ensino de Jesus.
Concluindo
Esta
pode ser chamada, também, de a carta das certezas. Começa com uma
declaração positiva do conhecimento pessoal de Jesus Cristo – 1Jo 1.1-3. Dá grande ênfase ao
conhecimento espiritual que os crentes podem obter. A palavra saber,
ou seu equivalente, aparece mais de trinta vezes. Há sete casos importantes
onde aparecem as palavras sabeis ou sabemos. De acordo com 1Jo, os crentes sabem:
1) Que
a vida reta indica regeneração – 1Jo
2.29; 5.18.
2) Que
seremos semelhantes a Cristo quando ele vier – 1Jo 3.2;
3) Que
Cristo veio tirar os nossos pecados – 1Jo
3.5;
4) Que
o amor fraternal indica que temos passado da morte para a vida –
1Jo
3.14;
5) Que
ele vive em nós pelo Espírito Santo
– 1Jo 3.24;
6) Que
temos a vida eterna – 1Jo 5.13;
7) Que
nossas orações são respondidas – 1Jo
5.15.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBLAJP – fev/2017
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