Hebreus 1.1-4
A
Carta aos Hebreus foi escrita com o propósito de encorajar os cristãos
perseguidos por causa da sua fé no início do cristianismo. Esses destinatários
originais eram judeus convertidos que estavam sofrendo agressões físicas e o
roubo de seus bens materiais (Hb 10.32-34).
Alguns deles, por conta disso, não estavam suportando e já começavam a negligenciar
a sua salvação, deixando de crescer espiritualmente, se endurecendo pelo engano
do pecado e deixando de congregar-se (Hb
2.1; 3.13; 5.11, 12; 10.25).
O
autor de Hebreus exorta aos cristãos a permanecerem na fé cristã, sendo fiéis
ao ensino do Evangelho (Hb 13.22),
pois as consequências da apostasia são irreversíveis e horríveis (Hb 6.4-8; 10.31).
O
estudo da Carta aos Hebreus é relevante, para nós hoje, pelo menos por três
razões: 1ª) Por sua relevância teológica – “ela ensina a teologia da pessoa e
da obra de Jesus Cristo, como cumprimento do ensino teológico do Antigo Testamento”[1]. “Há 29
citações diretas do AT, além de 53 alusões claras e várias outras passagens”[2]. Ela
exorta por meio do ensino bíblico e teológico. Nela Jesus é o Profeta, o Sacerdote
e o Rei; 2ª) Por sua relevância pastoral – “ela começa como um tratado, procede
como um sermão e termina como uma carta”[3]
pastoral. O autor a chama de palavra de exortação (13.22); 3ª) Por sua relevância apologética – a carta
defende que Jesus Cristo é superior a tudo e a todos.
Hebreus
foi escrita, ao que tudo indica, por evidências internas e externas, no final
da década de 60 d.C. Nela não há indicação de autoria e muitas opiniões se tem
dado a respeito de quem seria seu autor. Os nomes mais indicados são: Paulo,
Apolo, Lucas, Barnabé, Àquila e Priscila, Clemente de Roma e Silas. No seu
último capítulo, o das saudações finais, a carta dá três informações
importantes sobre sua autoria: 1ª) O autor da carta é um pastor que envia uma
exortação escrita para o seu rebanho – v.22;
2ª) O autor conhecia Timóteo e mantinha relacionamento fraternal com ele
– v.23; e 3ª) O autor escreveu de Roma
ou a seus leitores que residiam em Roma – v.24.
O
tema da carta é “A superioridade de Cristo”. Em seu esboço, a carta, mostra
como esse “tema é desenvolvido ao provar que Jesus Cristo é superior tanto em
sua pessoa quanto em seu sacerdócio”[4].
Os
versículos de abertura apresentam os assuntos centrais que serão tratados nesta
carta. O autor fala de revelação: Deus falou... (1.1); fala de uma pessoa: Deus falou por meio de seu filho (1.1, 2); fala de uma obra: Deus o
constituiu herdeiro (1.3).[5]
Um
esboço simples e prático é o usado por Charles C. Ryrie na Bíblia Anotada
Expandida: 1) A superioridade da Pessoa de Cristo – 1.1-4.16; 2) A superioridade do sacerdócio de Cristo
– 5.1-10.39; 3) A superioridade do poder
de Cristo – 11.1-13.25.
Hoje,
vamos estudar os vv.1-4 do capítulo 1,
com o seguinte tema: Jesus Cristo é a Revelação Superior.
“Revelação
é o ato de Deus comunicar a sua existência e a sua vontade aos homens. A
Teologia Sistemática ensina que Deus se revela de quatro maneiras”[6]: 1ª) Deus
se revela através da criação – Sl
19.1-6; Rm 1.19-21; 2ª) Deus se revela na consciência dos homens
– Rm 2.14, 15; 3ª) Deus se revela pela Bíblia – 2Tm 3.16; Jo 5.39; 4ª) Deus se revela por intermédio de Jesus –
Jo 1.18.
Nas
três primeiras formas em que Deus se revela ao homem, ele dá o conhecimento de
sua existência, mas, somente por intermédio de Jesus Cristo, ele se dá a conhecer
pessoalmente e concede a vida eterna aos homens que nele creem.
Uma
coisa que não devemos esquecer é que a revelação divina é progressiva, começa
no Antigo Testamento e termina no Novo Testamento. Por isso o autor começa
falando do passado até chegar ao presente.
I. No v.1 – seis lições importantes
sobre a revelação divina no passado:
1. Quem falou? – v.1a – Deus. Assim o conhecimento que temos de Deus não é por nossa busca pessoal,
mas por sua revelação.
2. Quando ele falou? – v.1b – antigamente – Refere-se a todo o tempo de revelação feita antes
de Jesus.
3. Quantas vezes ele falou – v.1c – muitas vezes. Literalmente em muitas partes ou porções.
4. Como ele falou – v.1d – de muitas maneiras. Significa usando diversos métodos.
5. Para quem ele falou – v.1e – aos pais. A ênfase aqui é aos primeiros destinatários, ou
seja, aos nossos ancestrais começando por Adão.
6. Por quem ele falou – v.1f – pelos profetas. Isso mostra que Deus fez uso do instrumento humano
para se comunicar com o ser humano. De Gênesis a Malaquias essa comunicação foi
escrita como lei, história, salmos, provérbios e profecias. Os escritores da
Escritura receberam a revelação de Deus.
II. No v.1 – três destaques importantes sobre
a revelação divina por meio de Jesus:
1. Quando ele falou? – v.1 – nestes últimos dias. Esse é o período que começou com a primeira vinda de
Jesus e terminará com a sua segunda vinda.
2. A quem ele falou? – v.1 – a nós falou-nos. O alvo dessa revelação são todas as gerações desde a
primeira vinda de Cristo até a sua segunda vinda. Nós somos esse alvo.
3. Como ele nos falou? – v.1 – pelo Filho. Jesus é superior a todos os profetas que existiram
antes dele. Ele é o Filho de Deus que nos trouxe a revelação definitiva e
completa.
III. Nos vv.2-4 – a superioridade da
revelação de Jesus Cristo
O autor de Hebreus demonstra quanto à nova revelação
está acima da velha, afirmando sete coisas pelas quais o Filho de Deus se
mostra superior àqueles por quem Deus falara no passado.
1. v.2a – Jesus é o
herdeiro de todas as coisas – Sl 2.8; Gl 4.7; Rm 11.36; Cl 1.16; Mt
28.18; Fp 2.6-9.
2. v.2b – Jesus é o
criador de tudo – Jo 1.2, 3.
3. v.3a – Jesus é o
resplendor da glória de Deus – Jo
1.14.
4. v.3b – Jesus é a
expressão exata da divindade – Jo
1.1; Cl 1.15.
5. v.3c – Jesus é o
sustentador de todas as coisas – Cl
1.17.
6. v.3d – Jesus é quem
nos purifica de todo o pecado – At
2.38.
7. v.3e – Jesus está
assentado à direita de Deus – 1Pe
1.22; Rm 8.34; Hb 4.16.
Concluindo
O
autor termina sua argumentação afirmando que Jesus recebeu um nome superior ao
dos anjos – v.4. Que nome é esse?
Creio que é Senhor (Fp 2.9-11).
Para
sermos encorajados a não desistirmos da fé, como os primários leitores da Carta
as Hebreus, “precisamos olhar para a superioridade de Jesus. Ele é o Filho de
Deus, o profeta, o herdeiro, o criador, o resplendor, o sustentador, o salvador
e o Senhor. Ele é incomparável, insuperável e insubstituível”[7].
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 01/08/15
[1] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica –
Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 1ª Lição, p. 4.
[3] Casimiro, p.
4.
[4] Ryrie, p. 1196.
[5] Olyott, Stuart. A carta aos Hebreus bem explicadinha,
Cultura Cristã, SP, 2012, p. 11.
[6] Casimiro, p. 7.
[7] Casimiro, p. 10.
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