domingo, 2 de agosto de 2015

Estudos Bíblicos na Carta aos Hebreus (1) - Introdução ao Estudo da Carta aos Hebreus e Introdução da Carta: Jesus Cristo é a Revelação Superior

Hebreus 1.1-4

A Carta aos Hebreus foi escrita com o propósito de encorajar os cristãos perseguidos por causa da sua fé no início do cristianismo. Esses destinatários originais eram judeus convertidos que estavam sofrendo agressões físicas e o roubo de seus bens materiais (Hb 10.32-34). Alguns deles, por conta disso, não estavam suportando e já começavam a negligenciar a sua salvação, deixando de crescer espiritualmente, se endurecendo pelo engano do pecado e deixando de congregar-se (Hb 2.1; 3.13; 5.11, 12; 10.25).

O autor de Hebreus exorta aos cristãos a permanecerem na fé cristã, sendo fiéis ao ensino do Evangelho (Hb 13.22), pois as consequências da apostasia são irreversíveis e horríveis (Hb 6.4-8; 10.31).

O estudo da Carta aos Hebreus é relevante, para nós hoje, pelo menos por três razões: 1ª) Por sua relevância teológica – “ela ensina a teologia da pessoa e da obra de Jesus Cristo, como cumprimento do ensino teológico do Antigo Testamento”[1]. “Há 29 citações diretas do AT, além de 53 alusões claras e várias outras passagens”[2]. Ela exorta por meio do ensino bíblico e teológico. Nela Jesus é o Profeta, o Sacerdote e o Rei; 2ª) Por sua relevância pastoral – “ela começa como um tratado, procede como um sermão e termina como uma carta”[3] pastoral. O autor a chama de palavra de exortação (13.22); 3ª) Por sua relevância apologética – a carta defende que Jesus Cristo é superior a tudo e a todos.

Hebreus foi escrita, ao que tudo indica, por evidências internas e externas, no final da década de 60 d.C. Nela não há indicação de autoria e muitas opiniões se tem dado a respeito de quem seria seu autor. Os nomes mais indicados são: Paulo, Apolo, Lucas, Barnabé, Àquila e Priscila, Clemente de Roma e Silas. No seu último capítulo, o das saudações finais, a carta dá três informações importantes sobre sua autoria: 1ª) O autor da carta é um pastor que envia uma exortação escrita para o seu rebanhov.22; 2ª) O autor conhecia Timóteo e mantinha relacionamento fraternal com elev.23; e 3ª) O autor escreveu de Roma ou a seus leitores que residiam em Romav.24.

O tema da carta é “A superioridade de Cristo”. Em seu esboço, a carta, mostra como esse “tema é desenvolvido ao provar que Jesus Cristo é superior tanto em sua pessoa quanto em seu sacerdócio”[4].

Os versículos de abertura apresentam os assuntos centrais que serão tratados nesta carta. O autor fala de revelação: Deus falou... (1.1); fala de uma pessoa: Deus falou por meio de seu filho (1.1, 2); fala de uma obra: Deus o constituiu herdeiro (1.3).[5]

Um esboço simples e prático é o usado por Charles C. Ryrie na Bíblia Anotada Expandida: 1) A superioridade da Pessoa de Cristo1.1-4.16; 2) A superioridade do sacerdócio de Cristo5.1-10.39; 3) A superioridade do poder de Cristo11.1-13.25.

Hoje, vamos estudar os vv.1-4 do capítulo 1, com o seguinte tema: Jesus Cristo é a Revelação Superior.

“Revelação é o ato de Deus comunicar a sua existência e a sua vontade aos homens. A Teologia Sistemática ensina que Deus se revela de quatro maneiras”[6]: 1ª) Deus se revela através da criaçãoSl 19.1-6; Rm 1.19-21; 2ª) Deus se revela na consciência dos homensRm 2.14, 15; 3ª) Deus se revela pela Bíblia – 2Tm 3.16; Jo 5.39; 4ª) Deus se revela por intermédio de JesusJo 1.18.

Nas três primeiras formas em que Deus se revela ao homem, ele dá o conhecimento de sua existência, mas, somente por intermédio de Jesus Cristo, ele se dá a conhecer pessoalmente e concede a vida eterna aos homens que nele creem.

Uma coisa que não devemos esquecer é que a revelação divina é progressiva, começa no Antigo Testamento e termina no Novo Testamento. Por isso o autor começa falando do passado até chegar ao presente.

I. No v.1 – seis lições importantes sobre a revelação divina no passado:

1. Quem falou? – v.1a – Deus. Assim o conhecimento que temos de Deus não é por nossa busca pessoal, mas por sua revelação.

2. Quando ele falou? – v.1b – antigamente – Refere-se a todo o tempo de revelação feita antes de Jesus.

3. Quantas vezes ele falou – v.1c – muitas vezes. Literalmente em muitas partes ou porções.

4. Como ele falou – v.1d – de muitas maneiras. Significa usando diversos métodos.

5. Para quem ele falou – v.1e – aos pais. A ênfase aqui é aos primeiros destinatários, ou seja, aos nossos ancestrais começando por Adão.

6. Por quem ele falou – v.1f – pelos profetas. Isso mostra que Deus fez uso do instrumento humano para se comunicar com o ser humano. De Gênesis a Malaquias essa comunicação foi escrita como lei, história, salmos, provérbios e profecias. Os escritores da Escritura receberam a revelação de Deus.

II. No v.1 – três destaques importantes sobre a revelação divina por meio de Jesus:

1. Quando ele falou? – v.1 – nestes últimos dias. Esse é o período que começou com a primeira vinda de Jesus e terminará com a sua segunda vinda.

2. A quem ele falou? – v.1 – a nós falou-nos. O alvo dessa revelação são todas as gerações desde a primeira vinda de Cristo até a sua segunda vinda. Nós somos esse alvo.

3. Como ele nos falou? – v.1 – pelo Filho. Jesus é superior a todos os profetas que existiram antes dele. Ele é o Filho de Deus que nos trouxe a revelação definitiva e completa.

III. Nos vv.2-4 – a superioridade da revelação de Jesus Cristo

O autor de Hebreus demonstra quanto à nova revelação está acima da velha, afirmando sete coisas pelas quais o Filho de Deus se mostra superior àqueles por quem Deus falara no passado.

1. v.2a Jesus é o herdeiro de todas as coisas Sl 2.8; Gl 4.7; Rm 11.36; Cl 1.16; Mt 28.18; Fp 2.6-9.

2. v.2b Jesus é o criador de tudoJo 1.2, 3.

3. v.3aJesus é o resplendor da glória de DeusJo 1.14.

4. v.3bJesus é a expressão exata da divindadeJo 1.1; Cl 1.15.

5. v.3cJesus é o sustentador de todas as coisasCl 1.17.

6. v.3dJesus é quem nos purifica de todo o pecadoAt 2.38.

7. v.3eJesus está assentado à direita de Deus1Pe 1.22; Rm 8.34; Hb 4.16.

Concluindo

O autor termina sua argumentação afirmando que Jesus recebeu um nome superior ao dos anjos – v.4. Que nome é esse? Creio que é Senhor (Fp 2.9-11).

Para sermos encorajados a não desistirmos da fé, como os primários leitores da Carta as Hebreus, “precisamos olhar para a superioridade de Jesus. Ele é o Filho de Deus, o profeta, o herdeiro, o criador, o resplendor, o sustentador, o salvador e o Senhor. Ele é incomparável, insuperável e insubstituível”[7].

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 01/08/15




[1] Casimiro, Arival Dias. Revista Exposição Bíblica – Estudos Expositivos na Carta aos Hebreus, Z3 Editora, 2013, 1ª Lição, p. 4.
[2] Ryrie, Charles. A Bíblia Anotada e Expandida, Mundo Cristão e SBB, 2007, p. 1196.
[3] Casimiro, p. 4.
[4] Ryrie, p. 1196.
[5] Olyott, Stuart. A carta aos Hebreus bem explicadinha, Cultura Cristã, SP, 2012, p. 11.
[6] Casimiro, p. 7.
[7] Casimiro, p. 10.

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