Nos
estudos anteriores, no livro de Números, vimos que:
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O livro registra
as experiências de duas gerações de israelitas. A primeira geração participou
do êxodo para fora do Egito, e a história dela vai de Êx 2.23 até Números 14, quando recusou-se a entrar na Terra Prometida
(14.1-10) e foi sentenciada a morrer
no deserto por essa rebelião ao seu Deus (14.26-38
– todos os homens de 20 anos para cima,
exceto Josué e Calebe, pereceram no deserto).
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Entre os capítulos 15 e 25 as duas gerações se
sobrepõem e a primeira se extingue quando a segunda se torna adulta. Assim, com
a segunda contagem do povo, começa a história da segunda geração que foi a
guerra e herdou a terra – 26.1-56; vv.2,
52-56. A história da segunda geração estende-se pelos livros de
Deuteronômio e Josué.
ü
O livro de
Números serve ao propósito de demonstrar como Deus age em fidelidade para com a
Sua Aliança, apesar da resistência obstinada do povo escolhido. Mostra, também,
como Deus usou o deserto para preparar uma geração disposta a confiar Nele e
cumprir a Sua vontade em plena dependência.[1]
ü
Números contêm
três divisões distintas baseadas na resposta de Israel à Palavra de Deus: 1ª) Obediência – a experiência da
primeira geração – Nm 1-10; 2ª) Desobediência – uma
experiência amarga – Nm 11-25; e
3ª) Obediência Renovada – a
experiência da segunda geração – Nm
26-36.[2] São
esses os pontos que vamos usar para o nosso estudo do livro.
Hoje, vamos começar o estudo panorâmico no livro de Deuteronômio, fazendo uma breve
introdução ao livro e vendo a sua primeira parte.
Introdução ao Livro de Deuteronômio
O
título hebraico do livro “estas são as
palavras”, provem das duas primeiras palavras hebraicas deste. Já o título
em português, vem da Septuaginta e da Vulgata e significa “translado ou cópia
desta Lei” com base em Dt 17.18.
O
livro é de autoria mosaica e datado de 1405 a.C., mas, concordando Carlos
Osvaldo, “com a ressalva de que houve um mínimo de atividade editorial,
provavelmente ainda no tempo de Josué (cf. Dt
2.10 e o relato da morte de Moises em Dt
34)”[3].
A
forma literária de Deuteronômio, segundo os padrões dos tratados de suserania,
é significativa para a determinação da mensagem e a compreensão da teologia no
livro e revela que, uma das preocupações de Moisés foi enfatizar o caráter e as
ações de Deus, como autoridade suprema, e as responsabilidades de Israel, como
servo.[4]
Assim
como outros textos de caráter normativo no Pentateuco, Deuteronômio expressa o
que Deus requer do seu povo escolhido, e o faz explicando concretamente o
mandamento que Jesus qualificou de o principal – Dt 6.5; Mc 12.30. Estas palavras são a coluna vertebral de todo o
discurso mosaico, que agora assume um caráter mais pessoal do que quando o povo
o ouvia no Sinai.[5]
Deuteronômio
registra os acontecimentos sucedidos nas últimas semanas de vida de Moisés: 1) A comunicação verbal da revelação divina por
Moisés para o povo (1.1-30.20;
31.30-32.47; 33.1-29); 2) Moisés
registrando a Lei num livro (Dt
31.1-13, 19-30); 3) a nomeação de
Josué como novo líder do povo (Dt
31.14-18); e 4) a morte de Moisés
(Dt 34.5-12).
Ao
lado do livro de Salmos e do de Isaías, Deuteronômio fala muito sobre os
atributos de Deus e por isso é citado mais de 40 vezes em 17 dos 27 livros do Novo
Testamento. O próprio Senhor Jesus citou
este livro ao responder e triunfar sobre o Diabo (Mt 4.1-11) e ao defender sua autoridade messiânica, resumindo e
definindo o que é mais importante na Lei (Mt
22.34-40).
Dentre
as passagens importantes do livro podemos citar: Dt 5.5-21 – Os Dez Mandamentos; Dt 6.4-9 – O Shema (Ouve, Israel); Dt 13.1-5 – sobre os falsos profetas; Dt 18.9-15 – sobre os adivinhos e feiticeiros; e Dt 29.1-30.20 – a Aliança Palestina.
As
divisões naturais do livro estão nos três discursos ou sermões de Moisés. Para
nosso estudo panorâmico de Deuteronômio vamos dividir o livro, também, em três
partes, seguindo as divisões dos sermões mosaicos: Introdução – 1.1-4; 1º) Primeiro Sermão de Moises – 1.5-4.43; 2º) Segundo Sermão de Moisés
– 4.44-28.68; 3º) Terceiro Sermão de Moisés
– 29.1-30.20; Conclusão – 31.1-34.12.
I. Introdução e Primeiro Sermão de Moisés
– 1.1-4.43
1.
O livro
começa com um preâmbulo, o qual apresenta Moisés como o mediador da aliança e
as circunstâncias, históricas e geográficas, em que essa mediação acontece[6] – 1.1-4.
a.
v.3 – Moisés
agiu sob a autoridade de Deus, pois as suas palavras estavam conforme a tudo o
que o Senhor lhe mandara acerca deles.
b.
v.3 – A
expressão “acerca deles” ou “a todo o Israel” “é usada 12 vezes nesse livro e
enfatiza a unidade de Israel e a aplicação universal dessas palavras”[7].
c.
Essa
introdução fornece, também, o proposito do livro: Preparar Israel para a prosperidade e permanência na Terra Prometida
por meio da obediência em amor à aliança com Deus.
2.
Primeiro Sermão de Moisés – 1.4-4.43
Recapitulação histórica das obras graciosas de Deus e
convocação para obediência em amor à aliança feita pelo Senhor no Sinai.
a.
A história de
Israel, do Sinai até Cades-Barnéia, mostra a desobediência e rebeldia do povo e
como isso provocou a ira de Deus – 1.5-46.
b.
A
peregrinação de Israel no deserto culmina com a conquista dos amorreus e seus
territórios, após a desobediência em que até mesmo Moisés fora punido – 2.1-3.29.
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A proibição da
entrada de Moisés na Terra Prometida é o ápice da disciplina sobre a primeira
geração de Israel e abre caminho para Josué e a geração que obedecerá a Deus – 3.21-29.
c.
Na aliança a
exigência fundamental para Israel era a obediência completa a Deus frente a
idolatria desenfreada que certamente ameaçaria o usufruto da Terra Prometida – 4.1-40.
ü
A obediência às
exigências da aliança era encorajada com base no caráter de Deus manifestado nos
seus atos – vv.1-14.
ü
A obediência às
exigências da aliança devido à insensatez e à punição da idolatria – vv.15-31.
ü
A obediência às
exigências da aliança era encorajada em virtude dos privilégios singulares que
Israel havia recebido – vv.32-40.
d.
vv.41-43 –
Esse primeiro sermão de Moisés foi proferido quando ele separou as cidades de
refúgio a leste do Jordão, Bezer, Ramote e Golã.
Concluindo – Lições da introdução e primeira parte do
livro de Deuteronômio:
1)
Deus, não apenas nos dá mandamentos para seguirmos,
ele, explica por que e como vivermos por eles (1.5).
2)
Obediência é um tema predominante aqui e em todo
Pentateuco, dada a sua importância na Aliança de Deus com Israel.
3)
Nosso processo redentivo, a iniciativa sempre é divina.
Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira
[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento
no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 121.
[2] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB,
2010, p. 182.
[3] Pinto, p. 161.
[4] Ibid., p. 163.
[5] Bíblia de Estudo Almeida, SBB, 1999, p. 201.
[6] Pinto, p. 171.
[7] MacArthur, p. 231.
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