domingo, 9 de novembro de 2014

Panorama do AT – Números (2) Segunda Parte: Desobediência – uma experiência amarga – Nm 11-25

Números 1-36 (11-25)

No estudo anterior, no livro de Números:

ü Vimos que o livro serve ao propósito de demonstrar como Deus age em fidelidade para com a Sua Aliança, apesar da resistência obstinada do povo escolhido, e para mostrar como Deus usou o deserto para preparar uma geração disposta a confiar Nele e cumprir a Sua vontade em plena dependência.

ü Vimos, também, que Números contém três divisões distintas baseadas na resposta de Israel à Palavra de Deus: 1ª) Obediência – a experiência da primeira geraçãoNm 1-10; 2ª) Desobediência – uma experiência amarga Nm 11-25; e 3ª) Obediência Renovada – a experiência da segunda geração Nm 26-36.

ü E, estudamos a primeira parte com o tema “Obediênciaa experiência da primeira geração”, terminando com três lições: 1ª) Deus não somente cumpre as suas promessas bíblicas, mas ele prepara tudo para que seja para a sua glória e para o bem do seu povo; 2ª) Deus só exige uma coisa do seu povo – obediência à sua Palavra; e 3ª) Durante o nosso tempo aqui no mundo, até que Cristo volte, o Senhor é o nosso caminho, a nossa verdade e a nossa vida.

Hoje, vamos estudar a segunda parte com o tema: Desobediência – uma experiência amarga Nm 11-25.

Antes de rebelar-se contra Deus e à sua liderança estabelecida na pessoa de Moisés, “finalmente, de maneira ordeira e obediente, Israel, em sua primeira geração, partiu do Sinai como o Senhor ordenara a Moisés – 10.11-36”.[1]

ð vv.11-13 – Treze meses depois de ter saído do Egito e onze meses depois da chegada ao Sinai, Israel começou a marcha rumo a Terra Prometida. O v.12 dá um resumo de como Deus guiou Israel do Sinai até Cades.

ð vv.14-28 – Aqui, a ordem para Israel marchar é obedecida e está exatamente de acordo com os detalhes dados em 2.1-34. “A ordem da marcha segue a distribuição do acampamento de Israel, com o tabernáculo sendo desmontado, transportado e armado antes da chagada do povo”[2].

ð vv.29-32 – Moisés busca a ajuda de Hobabe, seu cunhado, que conhecia bem o deserto e poderia servir como guia (v.31).

ð vv.33-36 – A direção era fornecida pela arca do Senhor, à medida que Moisés invocava a proteção militar de Deus durante o dia e a Sua presença durante a noite.[3]

 Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-te, SENHOR, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam. E, pousando ela, dizia: Volta, ó SENHOR, para os muitos milhares de Israel.
vv.35, 36

Em contraste com os primeiros dez capítulos, uma importante mudança acontece a partir do capítulo 11. De obediente, Israel passou para desobediente, isto é, murmurador e rebelde – 11.1; 14.2, 27, 29, 36; 16.1-3, 41; 17.5. Em resposta à desobediência do povo, a ira do Senhor se manifestou e Israel foi disciplinado rigorosamente – 11.1, 10, 33, 37; 12.9, 46-50; 14.18; 25.3, 4, 8-9, 18.

I. A desobediência de Israel e sua rejeição, por parte de Deus, foram o auge de vários episódios de incredulidade e ingratidão – 11.1-14.45.

1.  As primeiras reclamações acerca das dificuldades da viagem e sua punição – 11.1-3. Deus em sua graça consumiu apenas aqueles que estavam na última parte de Israel (v.1b) e ouviu a oração de Moises pelo povo – v.2.

2. A ingratidão para com a provisão de Deus gera murmuração, por parte de um grupo semita que havia acompanhado Israel na saída do Egito – 11.4, 5. A disciplina da parte de Deus veio após a provisão divina – 11.6-35.

3. O desprezo e sedição para com a liderança divina por meio de Moisés, fez com que Miriã e Arão desafiassem sua autoridade em rebeldia à autoridade de Deus – 12.1-16.

a. O próprio Deus sai em defesa de Moisés (vv.4-8) e ouve a oração deste em favor de sua irmã – vv.9-16.

4. Por incredulidade o povo não confia em Deus para a conquista de Canaã e isso gera uma rejeição da parte de Deus sobre essa geração – 13.1-14.45.

a. Doze espias são nomeados para uma missão de inteligência geográfica, militar e agrícola na Terra Prometida – 13.1-25.

b. O relato pessimista e incrédulo dos espias, com exceção de Josué e Calebe – 13.26-33.

c. A disciplina divina pela incredulidade e desprezo de Israel, traz o juízo da perda irreversível das promessas relativas a posse da terra pela primeira geração de Israel – 14.1-45.

ð A incredulidade e murmuração de Israel é absurda – vv.1-5.
ð O testemunho, a fé e a coragem de Josué e Calebe são rejeitados – vv.6-10.
ð A decisão divina e a intercessão de Moisés – vv.11-25.
ð O juízo sobre a primeira geração de Israel foi a morte no deserto como eles mesmos desejaram – vv.2, 26-35.
ð Como sinal de certeza do juízo vindouro, os dez espias que fizeram o povo questionar sua fé foram feridos pela praga e morreram[4]v.36-38.
ð A derrota dos israelitas diante dos amalequitas pela falta da presença de Deus – vv.39-45.

II. A desobediência de Israel e sua rejeição para com o melhor que Deus lhe oferecera, gera novas legislações e mais juízos divinos – 15.1-19.22.

Embora os israelitas tivessem se rebelado contra o Senhor e estivessem sob o juízo, ainda assim o Senhor planejou dar-lhes a terra de Canaã. Essas leis assumiam que Israel entraria na Terra Prometida[5]15.2, 17.

1. As ofertas suplementares deveriam ser trazidas com as ofertas normais em Canaã, com sua quantidade variando de acordo com o tamanho da oferta principal – 15.1-16.[6]

2. Os pecados não intencionais, coletivos e individuais, exigiam sacrifícios de expiação e dedicação (15.17-29), mas, o intencional, equivalente a blasfemar contra Deus, não era passível de expiação e deveria ser punido com a morte, conforme ilustrado por aquele que violasse o sábado – 15.30-41.[7]

3. Uma rebelião político-religiosa contra Moisés e Arão trazem consequências desoladoras para o povo – 16.1-50.

a. Os instigadores da revolta foram um levita (religioso – Coré) e alguns rubenitas (políticos – Datã, Abirão e Om)) – vv.1-15.

b. O juízo divino sobre os líderes, os duzentos e cinquentas homens de posição em Israel e sobre todos os quer aderiram a eles – 16.16-50.

4. A reafirmação da escolha de Arão como sacerdote de Deus e a afirmação, mais uma vez, dos deveres e do sustento dos sacerdotes – 17.1-18.32.

5. O grande número de mortes resultantes da rebelião de Coré levou à instituição de uma legislação para a purificação dos que entrassem em contato com cadáveres – 19.1-22. “Durante um período de 38 anos e meio, mais de 1,2 milhões de pessoas morreram no deserto por causa dos julgamentos de Deus”[8].

III. A desobediência de Israel e sua rejeição do plano de Deus, condena à morte toda a sua primeira geração (geração do êxodo) e prepara uma nova para a conquista da Terra Prometida – 20.1-25.18.

1. A morte de Miriã, a desobediência de Moisés e a morte de Arão mostram a fragilidade humana diante da seriedade do projeto divino – 20.1-29.

2. As primeiras vitórias militares de Israel mostram a bondade de Deus em dar-lhes a terra de Canaã – 21.1-22.1

a. A punição das serpentes venenosas contra a nova murmuração do povo, ensina uma lição de dependência para com Deus – vv.4-9.

b. A peregrinação disciplina de Israel se encerra nas planícies de Moabe, para além do Jordão, perto de Jericó, à vista da Terra Prometida – 22.1.[9]

3. O compromisso de Deus em estabelecer Israel na Terra Prometida é demonstrado na proteção contra maldições e na punição por traição à aliança – 22.2-25.18.

a. O medo que Moabe tinha de Israel leva Balaque a pedir ajuda a um adivinho da Mesopotâmia, chamado Balaão, conhecido por ser eficiente em suas predições de destino[10]22.2-24.25.

ð As emoções conflitantes de Balão são confrontadas por Deus, quando o seu anjo corrige o profeta pagão por meio de uma jumenta[11]22.21-35.
ð Balaão é recebido com grandes honras por Balaque, mas anuncia sua condição como porta-voz de Deus e em seus oráculos confirma as antigas bênçãos divinas para Israel, em lugar de amaldiçoar a nação escolhida[12]22.36-24.25.
ü No primeiro oráculo, ele confirma a promessa de crescimento de Israel, como um povo separado (vv.1-12); no segundo, confirma a promessa de segurança e triunfo para Israel (vv.13-26); no terceiro, confirma as promessas de prosperidade e vitória diante dos reis (23.27-24.9); e, no quarto, ele prediz a vinda de um poderoso governante em Israel, que conquistará Moabe e Edom (24.10-19).
ü 24.20-25 – aqui, temos mais três oráculos onde Balaão descreve a derrota definitiva das outras nações que teriam contato com Israel.

b. A punição que elimina os culpados de traição da aliança – 25.1-18.

ð Traição moral pela adoração a Baal, um deus midianita – vv.1-3.
ð O juízo de Deus foi uma praga que cessaria apenas com a execução dos líderes da traição – vv.4, 5.
ð A praga cessa após um ato zeloso de Finéias (morrem 24 mil pessoas) – vv.6-15.
ð Os midianita são condenados a morte como inimigos de Israel após sua tentativa enganosa para destruir Israel “por meio de seus esquemas de sedução sexual e idolatra”[13]vv.16-18.

Conclusão – Lições da segunda parte:

1ª) A desobediência deliberada aos princípios morais absolutos da Palavra de Deus afasta Deus do seu povo (Is 59.1-5);

2ª) A desobediência em rejeitar a vontade de Deus nas Escrituras para o seu povo gera uma incredulidade crescente (Hb 3);

3ª) A desobediência que não é abandonada pelo arrependimento sincero e a confissão contrita não é perdoada e passível de disciplina divina (Hb 10.19-39; 12.1-29).

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira 08/11/14



[1] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 197.
[2] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 144.
[3] Ibid., p. 144.
[4] MacArthur, p. 202.
[5] Ibid., p. 203.
[6] Pinto, p. 147
[7] Pinto, p. 147.
[8] MacArthur, p. 208.
[9] Pinto, p. 152.
[10] Ibid., p. 152.
[11] Ibid., p. 152.
[12] Ibid., p. 152.
[13] MacArthur, p. 216.

Nenhum comentário:

Postar um comentário