domingo, 2 de novembro de 2014

Panorama do AT – Números (1) Primeira Parte: Obediência – a experiência da primeira geração – Nm 1-10

Números 1-36 (1-10)

Nos estudos anteriores, no livro de Levítico:

ü Vimos o propósito geral do livro que é a instrução sobre a adoração reverente nacional e individual a Deus em sua santidade, apresentando as condições para que Israel se aproximasse d’Ele e preservasse Sua presença santa entre o povo. E que a sua ênfase principal é a santidade de Deus e a Sua exigência de santidade por parte de seu povo.

ü O estudo panorâmico de Levítico foi dividido em três partes: 1ª) A maneira apropriada para aproximar-se de Deus e cultuá-lo Lv 1-10; 2ª) A maneira apropriada para a pureza física, moral e espiritualLv 11-16; e 3ª) A maneira apropriada para a consagração de toda a vida a DeusLv 17-27.

Hoje, vamos começar o estudo panorâmico no livro de Números, fazendo uma breve introdução ao livro e vendo a sua primeira parte.

I. Introdução ao Livro de Números

Assim como os outros livros da Lei, Números, também, tem o seu nome em português vindo da Septuaginta e da Vulgata enfatizando os dois recenseamentos nele registrados (Nm 1-4, 26). O nome hebraico vem da quinta palavra do texto hebraico de Nm 1.1b – “... no deserto de...”. Esse nome enfatiza a história de Israel em seus 40 anos de peregrinação no deserto. Um outro nome que alguns pais da igreja usavam para o livro está baseado na primeira palavra do texto hebraico em Nm 1.1a – “E falou...”, dando ênfase ao fato de o livro registrar a Palavra de Deus para Israel.

Os primeiros cinco livros da Bíblia, dos quais Números é o quarto, são atribuídos a Moisés em toda a Escritura – Js 8.1; 2Rs 14.6; Ne 8.1; Mc 12.26; Jo 7.19. No próprio livro de Números temos referências aos escritos de Moisés – 33.2; 36.13. “O livro deve ter sido escrito por volta de 1405 a.C., antes da importante transição na liderança, de Moisés para Josué”[1].

Números combina história e legislação como nenhum outro livro do Pentateuco, mas utiliza tríades e obedece a um estilo que aparece em outros livros da Lei. Por exemplo: Há três locais de revelação – Sinai, Cades e as planícies de Moabe; três incidentes de murmuração; seis oráculos de Balaão, divididos em dois grupos de três; e a lista de paradas durante a peregrinação de Israel pelo deserto com 42 nomes dispostos em três grupos distintos – 33.3-9; 33.10-36; 33.37-49.[2]

O livro registra as experiências de duas gerações de israelitas. A primeira geração participou do êxodo para fora do Egito, e a história dela vai de Êx 2.23 até Números 14, quando recusou-se a entrar na Terra Prometida (14.1-10) e foi sentenciada a morrer no deserto por essa rebelião ao seu Deus (14.26-38todos os homens de 20 anos para cima, exceto Josué e Calebe, pereceram no deserto).

Entre os capítulos 15 e 25 as duas gerações se sobrepõem e a primeira se extingue quando a segunda se torna adulta. Assim, com a segunda contagem do povo, começa a história da segunda geração que foi a guerra e herdou a terra – 26.1-56; vv.2, 52-56. A história da segunda geração estende-se pelos livros de Deuteronômio e Josué.

O livro de Números serve ao propósito de demonstrar como Deus age em fidelidade para com a Sua Aliança, apesar da resistência obstinada do povo escolhido. A promessa de conceder a terra de Canaã a Israel será cumprida, ainda que seja retardada pela incredulidade e infidelidade do povo. Números mostra, também, como Deus usou o deserto para preparar uma geração disposta a confiar Nele e cumprir a Sua vontade em plena dependência.[3]

Números contém três divisões distintas baseadas na resposta de Israel à Palavra de Deus: 1ª) Obediência – a experiência da primeira geraçãoNm 1-10; 2ª) Desobediência – uma experiência amarga Nm 11-25; e 3ª) Obediência Renovada – a experiência da segunda geração Nm 26-36.[4] São esses os pontos que vamos usar para o nosso estudo do livro.

II. Primeira Parte: Obediência – a experiência da primeira geração – Nm 1-10

Esses dez primeiros capítulos relatam os preparativos finais de Israel, necessários para a conquista da terra de Canaã. Aqui, Deus falou a Israel por intermédio de Moisés e Moisés e Israel responderam de maneira obediente.[5]

1. Israel foi organizado logisticamente para seu tempo de caminhada e acampamento no deserto – 1.1-4.49.

a.  A avaliação do poderio militar de Israel – 1.1-54.

ð A ordem e as orientações para o senso vem de Deus – vv.1-16.

ð Os resultados do senso mostram uma mudança de status do povo, de um clã para uma nação – vv.17-46.

ð A tribo de Levi é separada para servir a Deus no tabernáculo – vv.47-54.

b. A organização das doze tribos de Israel é feita com o tabernáculo como seu centro – 2.1-34.

ð O tabernáculo na posição central e as tribos ao seu redor – vv.1, 2;

ð A leste do tabernáculo – Judá, Issacar e Zebulom – vv.3-9;

ð Ao sul do tabernáculo – Rubén, Simeão e Gade – vv.10-16;

ð A tribo de Levi deveria cercar o tabernáculo – v.17;

ð A oeste do tabernáculo – Efraim, Manasses e Benjamim – vv.18-24;

ð Ao norte do tabernáculo – Dá, Aser e Naftali – vv.25-31;

A organização do acampamento de Israel foi realizado de acordo com as orientações de Deus à Moisés – vv.32-34.

2. Um censo especial é feito para definir a posição e o papel dos levitas entre o povo – 3.1-4.49.

ü 3.38 – Moisés, Arão é suas famílias recebem um lugar dentro do acampamento próximo ao tabernáculo, como ministros especiais de Israel.[6]

3. Antes de Israel partir do Sinai é declarada a importância da pureza e dedicação a Deus em uma legislação específica – 5.1-6.27.

a. A sociedade de Israel, em todas as suas esferas, precisa ser caracterizada pela pureza – 5.1-31.

b. A devoção a Deus no seu serviço precisa ser caracterizado por um estilo de vida de consagração de acordo com as condições Dele – 6.1-27.

4. Dedicação nacional e um sistema de pronta resposta às orientações de Deus são os últimos preparativos para a peregrinação – 7.1-10.10.

a. Antes de prosseguir a viagem deveria haver uma dedicação nacional de Israel – 7.1-9.14.

b. A Páscoa deveria ser celebrada em lembrança da libertação de Israel do Egito – 9.1-14.[7]

c. Um sistema de orientação divina e pronta resposta da nação é desenvolvida – 9.15-10.10.[8]

ð A orientação divina era dada por meio de uma coluna de nuvem de dia e uma coluna de fogo de noite, que pairava sobre o tabernáculo – 9.15-23.

ð A resposta do povo era direcionada por toques claros de duas cornetas de prata, que também indicavam as ocasiões especiais na vida de Israel – 10.1-10.[9]

Concluindo – Lições da primeira parte:

1)  Deus não somente cumpre as suas promessas bíblicas, mas ele prepara tudo para que seja para a sua glória e para o bem do seu povo.

2)  Deus só exige uma coisa do seu povo – obediência à sua Palavra.

3)  Durante o nosso tempo aqui no mundo, até que Cristo volte, o Senhor é o nosso caminho, a nossa verdade e a nossa vida.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBL Limeira – 31/10/14




[1] Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, Editora Hagnos, Primeira Edição, 2006, p. 122.
[2] Ibid., p. 124.
[3] Ibid., p. 121.
[4] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 182.
[5] Ibid., p. 183.
[6] Pinto, p. 141.
[7] Ibid., p. 143.
[8] Ibid., p. 144.
[9] Pinto, p. 144.

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